Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo: desigualdades e indicadores para as Políticas Sociais



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Transcrição:

Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo: desigualdades e indicadores para as Políticas Sociais Financiamento FINEP FNDTC/NEPP/Regiões Metropolitanas Estudos Regionais Pólo Econômico de São José dos Campos Organizadores: Claudio Dedecca, Lilia Montali, Rosana Baeninger Março/2009 FINEP/NEPP/NEPO/IE UNICAMP Pólo Econômico de São José dos Campos 1

Pólo Econômico de São José dos Campos 2

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...5 CAPÍTULO 1 ECONOMIA E MERCADO DE TRABALHO...7 Claudio Dedecca CAPÍTULO 2 - DINÂMICA DEMOGRÁFICA...25 Rosana Baeninger e Claudia Gomes de Siqueira INTRODUÇÃO...25 Evolução da População...27 Tendência do crescimento da população...34 Movimentos Migratórios inter e intra-regional...41 Estrutura Etária RG de São José dos Campos...51 Referências Bibliográficas...54 ANEXO I - Municípios da Região de Governo de São José dos Campos...55 CAPITULO 3 - A QUESTÃO SOCIAL NO PÓLO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS...57 Lilia Montali, Eugenia Troncoso Leone e Stella B. Silva Telles Introdução...57 1. Renda, Pobreza e Desigualdade Pólo de São José dos Campos...57 2. Mudanças no domicílio, na inserção domiciliar no mercado de trabalho e as políticas sociais...65 2.1. Mudanças nos arranjos domiciliares: configurações e tamanho...67 2.2. Mudanças nos arranjos domiciliares de inserção no mercado de trabalho e na provisão dos domicílios...79 2.3. Arranjos domiciliares mais suscetíveis ao empobrecimento...90 2.4. A mulher e a renda dos domicílios...105 3. Políticas Sociais no Pólo Regional de São José dos Campos...115 3.1. Os programas de transferência de renda no Pólo Regional de São José dos Campos - Mapeamento e Acesso...116 3.2. Educação Básica no Pólo Regional de São José dos Campos...131 3.3 Atenção Básica à Saúde e Acesso às Ações e Serviços de Saúde...148 Referências Bibliográficas...164 Pólo Econômico de São José dos Campos 3

Pólo Econômico de São José dos Campos 4

Apresentação Nesses últimos 20 anos, a dinâmica socioeconômica paulista não mais se associa a dualidade região metropolitana interior prevalecente até os anos 70. Novas regiões metropolitanas se consolidaram, outras se encontram em processo de formação e pólos regionais com algum grau de integração econômica vêm sendo constituídos. Essa nova configuração impõe tanto um melhor conhecimento da dinâmica espacial como a construção de instrumentos de política pública adequados da estrutura socioeconômica do Estado de São Paulo. A implantação de bases industriais em diversas regiões do interior do Estado e o revigoramento da atividade agrícola, nestes quase 30 anos, induziram um processo de transformação substantiva da configuração econômica e social do interior do Estado, que tem resultado em progressiva metropolização, bem como na constituição de diversos pólos econômicos com alguma integração e especialização no espaço local. Os desequilíbrios sociais hoje presentes no Estado exigem a construção de um diagnóstico mais integrado de sua diversidade regional, que apóie adequadamente a elaboração de políticas públicas mais consistentes para o desenvolvimento econômico e social paulista. Este projeto tem o propósito de produzir um mapa da dinâmica socioeconômica do Estado com foco nas regiões metropolitanas e em alguns pólos econômicos, que possibilite acesso estruturado e rápido à informação básica para a elaboração e implementação das políticas públicas para o desenvolvimento estadual. Três eixos temáticos são adotados na análise e no sistema informação produzidos: i. economia e trabalho, ii. dinâmica demográfica; e iii. proteção social. Os dois primeiros eixos articulam as dinâmicas econômica, social e demográfica. O último congrega, no âmbito das políticas públicas, o acesso dos segmentos específicos da população, a disponibilidade de equipamentos e de serviços pelos órgãos competentes e o perfil das recentes políticas de transferência de renda. Em suma, este projeto espera contribuir para a compreensão da complexidade econômica e social presente no Estado, bem como para o desenho e a gestão das políticas públicas voltadas para o Estado de São Paulo. Pólo Econômico de São José dos Campos 5

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Capítulo 1 Economia e Mercado de Trabalho 1 O pólo de São José dos Campos, de acordo com a Fundação Seade, teve sua população residente estimada em aproximadamente 930 mil pessoas, para o ano de 2005. Do total da população do Estado de São Paulo, o pólo de São José dos Campos representa cerca de 3,2%, sendo que os municípios mais expressivos são São José dos Campos, com mais de 62% da população, e Jacareí (22%). Isto é, 85% da população do pólo era residente nestes dois, apresentando a maior concentração populacional dentre as regiões e pólos analisados neste estudo. Ao observar a dinâmica demográfica e econômica dentro do Estado de São Paulo, na primeira metade da atual década, percebe-se que o pólo apresentou uma taxa anual de crescimento populacional de 1,8%, ficando pouco acima da média entre as regiões. Apesar de não possuir uma participação elevada no total da população e do produto, esse pólo tem se mostrado uma peça importante, especialmente em termos econômicos. Situado ao redor da principal ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo, o pólo congrega um segmento industrial importante, organizado por grandes empresas nacionais e internacionais dos complexos aeronáutico, automobilístico e eletro-eletrônico. Tabela 1 Evolução da População Residente Pólo de São José dos Campos, 2000-2005 População total Taxa anual de 2000 2005 crescimento Pólo de São José dos Campos 852.652 930.915 1,8 Caçapava 76.130 81.370 1,3 Igaratá 8.292 9.520 2,8 Jacareí 191.291 206.014 1,5 Jambeiro 3.992 4.423 2,1 Monteiro Lobato 3.615 3.764 0,8 Paraibuna 17.009 18.383 1,6 Santa Branca 13.010 14.509 2,2 São José dos Campos 539.313 592.932 1,9 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. 1 Ficha Técnica: Coordenação: Claudio Dedecca, Auxiliares de pesquisa: Adriana Jungbluth, Cassiano Trovão, Camila Ribeiro, Fernando Hajime. Pólo Econômico de São José dos Campos 7

Os municípios mais representativos, em termos populacionais, apresentaram taxas de crescimento anuais da ordem de 1,9% para São José dos Campos e 1,5% para Jacareí, sendo que o primeiro apresenta um crescimento médio superior ao do Estado e da RM de São Paulo. Mas, apesar do crescimento populacional se mostrar significativo, deve-se destacar que participação do pólo na atividade econômica do Estado de São Paulo não é muito alta e está diminuindo, tendendo se apropriar relativamente menos da recuperação da economia brasileira. Gráfico 1 - Participação do Valor Adicionado e da População do Pólo de São José dos Campos nos Totais do Estado de São Paulo, Estado de São Paulo, 2002/2005 3,6 3,6 3,5 3,4 Valor Adicionado População 3,3 3,2 3,1 3,2 3,1 3,0 3,0 2,9 2,8 2,7 2002 2005 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP, 2009. A configuração da relação entre crescimento da população e atividade econômica é antagônica, pois, enquanto a população segue uma tendência de aumento mais pronunciado, a economia se retrai, indo de encontro à tendência geral da economia brasileira que se recupera principalmente alavancada pelo setor industrial. O pólo apresentou um crescimento da população acima dá média, em comparação com as outras regiões, mas, sua participação, em termos de valor adicionado, se reduziu. Nesse sentido, percebe-se que há uma tendência de que a recuperação recente da economia, Pólo Econômico de São José dos Campos 8

principalmente da atividade industrial, não foi seguida por esse pólo e que a dinâmica econômica pode afetar negativamente o mercado de trabalho, na primeira metade da atual década. Esse movimento fica mais aparente quando se analisa da evolução recente do valor adicionado das diversas regiões metropolitanas e pólos, que são objeto deste estudo, permitindo situar absoluta e relativamente o desempenho econômico do Pólo de São José dos Campos, no âmbito do Estado. Gráfico 2 - Taxas Anuais de Crescimento do Valor Adicionado, segundo Regiões Geográficas e Pólos Econômicos, Estado de São Paulo, 2002-2005 Total 3,0 Demais municípios 1,2 Presidente Prudente (0,3) Araçatuba São José do Rio Preto 0,2 0,5 Bauru 4,2 Ribeirão Preto 3,8 RM de Campinas Sorocaba 5,6 5,4 São José dos Campos (2,2) RM da Baixada Santista 2,0 RM de São Paulo 3,8 (3,0) (2,0) (1,0) - 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Ao longo da recuperação econômica recente da economia brasileira, o Estado de São Paulo conheceu um crescimento anual de seu produto interno bruto da ordem de 3% ao ano. O pólo de São José dos Campos apresentou um crescimento negativo do valor adicionado de 2,2 %, ao ano. Esse movimento pode se refletir negativamente na incorporação da crescente Pólo Econômico de São José dos Campos 9

população no mercado de trabalho regional, principalmente no mercado formal, peça fundamental para a população que almeja melhores condições de inserção na atividade econômica. A recuperação substancial da economia brasileira no período recente é de suma importância para entender as dinâmicas econômicas e do mercado de trabalho, pois se sabe que o crescimento econômico é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento nacional. O pólo de São José dos Campos vem apresentando comportamento contrário ao observado para a média da economia brasileira e paulista. Apesar de contar com um setor industrial importante, este apresentou taxas negativas de evolução do produto. Gráfico 3 - Taxas Anuais de Crescimento do Valor Adicionado Pólo de São José dos Campos, 2002-2005 3,0 1,6 1,0-1,0-0,9-0,8-3,0-2,5-2,2-3,9-5,0 Agroindústria Indústria Serviços Total Setor Privado Administração Pública Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE; Fundação Seade. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Total O setor privado, em termos de produto, se retraiu a uma taxa de 2,5% ao ano, entre 2002 e 2005, com a atividade agrícola apresentando a menor perda, entre os setores. Nesse período, a atividade industrial, que representa mais da metade do produto total do pólo, foi a grande responsável pelo crescimento negativo da atividade econômica. Os resultados sugerem que a indústria, que se mostra peça chave na absorção do excesso de oferta de trabalho, principalmente no período recente de crescimento econômico, não pôde cumprir tal função. A Pólo Econômico de São José dos Campos 10

participação dos serviços nesse pólo é relevante, mas também mostrou-se em retração, indicando que este setor contribuiu de forma não favorável para o crescimento do produto. No que se refere aos fatores estruturais da dinâmica econômica da região, pode-se perceber que o contexto de crescimento e de recuperação econômica recente, fortalecendo o setor industrial e proporcionando um robusto crescimento anual, não pôde influenciar de forma positiva a conformação da estrutura econômica, cujos pilares mestres ainda são a indústria e o setor de serviços. No entanto, deve-se salientar que o crescimento industrial é de suma importância como fonte geradora de postos de trabalho e que se mostra como o carro-chefe entre os fatores que permitem alterações significativas sobre o mercado de trabalho regional. Gráfico 4 - Composição do Valor Adicionado e da população, segundo municípios Pólo de São José dos Campos, 2005 São José dos Campos Santa Branca Paraibuna Monteiro Lobato Jambeiro População Valor adicionado Jacareí Igaratá Caçapava - 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 Fonte: Fundação Seade. Elaboração Própria O gráfico 4 permite avaliar a dinâmica que existe entre população e produto. O município de São José dos Campos é o único que se encontra em posição favorável, no que se refere à participação do produto comparativamente àquela na estrutura da população. Ademais, deve-se ter em mente que o crescimento do produto, e a ampliação da relação produto-população são importantes, pois implicam no crescimento do número de postos de Pólo Econômico de São José dos Campos 11

trabalho, principalmente pela via da indústria, mas, o que se pôde notar é que isso não se verificou, no período. O fato relevante que se pode destacar é que o município de São José dos Campos, sozinho, representa mais de 75% de todo o valor adicionado da região. Concentrando parte elevada do valor adicionado da região, o município sede determina o crescimento regional. A relação população-produto apresenta-se, portanto, desfavorável para os demais municípios e, portanto, estes dependem economicamente da capacidade do município sede em dinamizar a estrutura produtiva da região. Tanto o crescimento da população em idade ativa quanto o da população economicamente ativa, ao longo dos anos 2000, aparecem como indicadores de que a região dependerá de um aumento razoável da atividade econômica para permitir tanto uma absorção adequada da oferta de trabalho como para viabilizar uma elevação das remunerações em seu mercado de trabalho. O resultado da compilação dos dados do Censo Demográfico de 2000, no que tange a estrutura do mercado de trabalho, neste pólo, mostra que, juntos, os municípios de São José dos Campos e Jacareí, representam pouco mais de 85% da PIA e da PEA. Vale destacar a elevada participação do município de São José dos Campos, que apresenta mais de 60% do total. Quando observadas as taxas de desemprego percebe-se que o principal município do pólo, com elevada participação do total da população economicamente ativa, apresenta um indicador de desemprego pouco abaixo da média, o que deve ser ressaltado, pois esse município é um dos mais representativos, tanto em termos de população quanto em termos de atividade econômica. Pólo Econômico de São José dos Campos 12

Tabela 2 Participação dos municípios, segundo indicadores de mercado de trabalho e taxas de desemprego Pólo de São José dos Campos, 2000 PIA PEA Taxa de Desemprego Pólo de São José dos Campos 100,0 100,0 18,4 Caçapava 9,0 8,5 20,2 Igaratá 0,9 1,0 10,0 Jacareí 22,6 22,1 20,4 Jambeiro 0,5 0,4 18,0 Monteiro Lobato 0,4 0,4 14,6 Paraibuna 1,9 2,0 13,7 Santa Branca 1,5 1,5 16,8 São José dos Campos 63,1 64,1 17,9 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Os municípios de Caçapava e de Jacareí apresentam as maiores taxas de desemprego da região (aproximadamente 20%), sinalizando a fragilidade das estruturas produtivas locais em termos de absorção de mão de obra. Uma recuperação do nível de atividade pode se traduzir em geração de novos postos de trabalho, mas pode também não atenuar os problemas de renda e mesmo aqueles do mercado de trabalho, em especial nos municípios com maior participação da PEA. Se a recuperação econômica poderia influenciar positivamente o mercado de trabalho, uma retração, que pôde ser observada entre 2000 e 2005, reitera a importância de se pensar em ações de fomento à atividade econômica e à geração de empregos em uma perspectiva regional. Tabela 3 Participação da população por município e por condição de migração Pólo de São José dos Campos, 2000 Natural Até 3 anos 4 a 9 anos 10 anos e mais Total Pólo de São José dos Campos 52,2 4,0 5,6 38,2 100,0 Caçapava 64,9 2,3 3,9 28,8 100,0 Igaratá 49,3 3,7 7,7 39,4 100,0 Jacareí 53,3 3,2 4,6 38,9 100,0 Jambeiro 44,2 2,9 7,4 45,5 100,0 Monteiro Lobato 59,4 3,8 3,7 33,0 100,0 Paraibuna 65,6 1,5 4,5 28,3 100,0 Santa Branca 59,8 2,9 6,2 31,1 100,0 São José dos Campos 49,5 4,7 6,2 39,7 100,0 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Pólo Econômico de São José dos Campos 13

O Censo demográfico de 2000 é capaz de mostrar como o pólo de São José dos Campos é composto por uma população predominantemente natural ou que reside em seus municípios a mais de 10 anos. Isso indica, assim, que a região não apresenta maior atratividade para a mão de obra imigrante. A população que reside na região a menos de 10 anos apresenta dimensão limitada. O município que mais se afasta dessa situação era Igaratá, que tinha cerca de 10% de pessoas com tempo de residência inferior a 10 anos (Tabela 3). Tomando-se o fato de que o crescimento econômico desse pólo não se mostrou compatível com o movimento geral da economia, cabe, nesse sentido, analisar o comportamento da evolução das remunerações do mercado de trabalho, ao longo do período atual. O foco, nesse sentido, é a diferenciação dos municípios, no que concerne aos estratos de renda, por meio de alguns indicadores capazes de identificar características importantes para se entender a estrutura de renda, no início dessa década. A taxa de formalização representa a proporção dos ocupados que contribui para a previdência social no total dos ocupados. De maneira geral, o que se pode perceber é que cerca de 69% dos trabalhadores da região de São José dos Campos estavam inseridos no mercado de trabalho formal. Tabela 4 Taxa de Formalização segundo Municípios e Intervalos decílicos de Renda Domiciliar Pólo de São José dos Campos, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total Pólo de São José dos Campos 44,3 59,1 61,4 65,7 66,6 66,4 72,1 75,1 78,0 79,2 69,5 Caçapava 46,9 54,0 67,7 64,9 70,6 74,8 76,0 78,0 78,4 80,9 71,8 Igaratá 43,7 45,4 46,0 41,5 43,3 45,1 58,0 37,8 59,7 68,4 46,9 Jacareí 45,6 61,1 63,4 64,3 67,4 68,4 73,1 75,7 77,4 77,4 69,3 Jambeiro 54,9 63,7 61,8 67,2 54,8 64,4 89,1 67,9 76,3 50,6 64,8 Monteiro Lobato 32,0 48,2 45,2 66,2 46,0 56,8 42,0 64,8 85,0 80,8 49,1 Paraibuna 30,9 42,3 36,6 47,4 49,1 48,3 67,0 64,7 65,9 71,5 48,6 Santa Branca 44,1 42,9 55,0 45,8 63,4 57,7 82,1 64,6 78,6 70,4 60,1 São José dos Campos 44,9 61,5 62,2 68,7 67,1 65,8 71,5 75,5 78,5 79,6 70,7 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Paraibuna e Igaratá são municípios cuja atividade informal de trabalho mostrava-se muito elevada, mais da metade dos ocupados dessas localidades não possuía contribuição para a previdência social no início da atual década. Já os municípios que apresentaram as maiores taxas de formalização foram os municípios de Caçapava e São José dos Campos, Pólo Econômico de São José dos Campos 14

cujas taxas ficavam próximas de 70%. O que se pode destacar é que a retração da atividade econômica, principalmente do setor industrial, pode ser desfavorável tanto para manter uma alta taxa de formalização quanto para dificultar a situação do mercado de trabalho, que ainda se mostra ligado à informalidade. O setor industrial aparece como um dos principais responsáveis pela geração de postos de trabalho formais, seja pela necessidade de formalização das empresas para obtenção de crédito, movimento atual e crescente na economia brasileira, seja pela própria eficácia de fiscalização da atividade industrial, que se mostra mais eficiente que na atividade dos serviços, por exemplo. Os indicadores referentes ao mercado de trabalho, quando analisados por classes de rendimento, representadas por intervalos decílicos, podem ser de suma importância para se identificar características próprias de cada segmento de renda. A tabela 4 indica uma tendência geral de que quanto maior o estrato de renda menor é a proporção dos ocupados que se encontram no mercado formal de trabalho. Pode-se observar que os estratos inferiores apresentam baixas taxas de formalização o que indica que municípios como Monteiro Lobato e Paraibuna apresentavam mais de 60% dos ocupados mais pobres como trabalhadores informais. Isso mostra que ocupações de baixa remuneração eram e são partes integrantes do setor informal da economia, quadro esse que pode se agravar, sob o advento da retração da econômica, no início da década atual. Fazem-se necessárias algumas considerações sobre a configuração do desemprego, no início da década atual, segundo classes de renda. Como apresentado anteriormente, o pólo de São José dos Campos apresentou elevadas taxas de desemprego, no entanto, a questão relevante que deve ser explicitada, refere-se às diferenças entre os estratos de renda. Nota-se uma tendência inexorável de que quanto menor a remuneração maior é a taxa de desemprego. Isso indica que o mercado de trabalho apresentava-se, em 2000, com problemas estruturais, pois a população com maiores dificuldades, em termos de remuneração, é aquela que mais sofre com a situação de elevado desemprego (tabela 5). Os primeiros e segundos intervalos decílicos, em média, apresentaram em média taxas de desemprego próximas a 40%. Já os 10% mais ricos da estrutura do mercado de trabalho deparam-se com uma taxa relativamente mais baixa de desemprego, inferior a 10%, com exceção do município de Paraibuna, onde os 10% mais ricos convivem com uma taxa de desemprego mais significativa. Pólo Econômico de São José dos Campos 15

Tabela 5 Taxa de Desemprego segundo Municípios e Decis de Renda Domiciliar Pólo de São José dos Campos, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total Pólo de São José dos Campos 41,0 28,9 25,4 20,4 19,6 18,9 16,0 13,1 10,4 6,4 18,4 Caçapava 37,8 29,5 30,0 23,2 21,9 20,0 15,4 15,7 12,0 7,7 20,2 Igaratá 20,4 6,2 10,2 1,6 9,8 12,7 9,2 3,2 13,9 5,5 10,0 Jacareí 45,4 28,3 27,1 21,4 21,1 20,3 16,7 14,5 9,2 7,8 20,4 Jambeiro 23,9 19,1 22,1 16,8 13,4 14,7 11,6 9,5 20,5-18,0 Monteiro Lobato 20,3 29,3 7,1 12,2 17,3 24,4 2,0 3,5 27,9-14,6 Paraibuna 25,3 10,8 11,1 14,9 16,4 12,4 10,4 5,8 8,3 10,1 13,7 Santa Branca 27,4 24,0 18,5 17,8 15,3 14,7 10,6 13,5 11,4-16,8 São José dos Campos 42,8 31,1 25,6 20,3 19,2 18,6 16,1 12,5 10,5 6,0 17,9 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Outro indicador que se deve observar é a taxa de assalariamento, que representa a participação dos trabalhadores empregados sobre o total dos ocupados. Pode-se perceber que, com exceção de Igaratá, os outros municípios que compõem o pólo de São José dos Campos possuem mais de 50% dos seus ocupados sob a forma de remuneração assalariada. Tabela 6 Taxa de Assalariamento segundo Municípios e Decis de Renda Domiciliar (1) Pólo de São José dos Campos, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total Pólo de São José dos Campos 51,6 66,8 67,0 69,1 71,7 71,6 73,5 75,0 73,7 63,0 69,4 Caçapava 50,7 58,6 70,2 68,9 74,6 70,7 73,2 73,9 73,9 57,9 69,0 Igaratá 41,8 43,6 44,0 55,6 52,7 51,9 52,0 45,9 57,4 40,4 48,1 Jacareí 53,6 68,9 70,3 71,2 73,5 72,7 77,1 75,2 74,3 64,2 71,3 Jambeiro 64,4 52,8 67,2 72,8 71,0 54,7 92,2 68,1 61,9 7,1 64,3 Monteiro Lobato 51,6 52,2 50,6 68,6 54,0 58,4 49,2 64,8 72,6 55,4 54,4 Paraibuna 45,4 51,6 54,2 59,2 64,8 64,5 63,5 67,2 62,4 55,9 57,4 Santa Branca 47,0 58,4 52,5 58,3 66,4 56,4 62,3 75,2 72,4 51,7 60,9 São José dos Campos 52,0 70,2 67,4 69,5 71,6 72,4 73,0 75,6 73,8 63,4 70,0 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. (1) Assalariados, exclusive o emprego doméstico, no total da população ocupada. Diferenças entre classes de rendimentos também podem ser observadas, tanto no âmbito do mercado de trabalho, quanto no que se refere à questão das condições de vida da população, mais precisamente, o acesso a bens públicos como no caso do tratamento geral de esgoto. Pólo Econômico de São José dos Campos 16

Tabela 7 Porcentagem de Domicílios com Rede Geral de Esgotamento Sanitário Pólo de São José dos Campos, 2000 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Total Pólo de São José dos Campos 70,0 73,9 77,9 82,8 85,8 88,2 90,3 92,2 93,0 95,0 85,4 Caçapava 61,1 59,9 75,5 79,1 85,7 83,7 90,7 92,4 91,9 93,2 82,0 Igaratá 24,7 24,6 28,1 31,7 42,8 42,3 36,5 33,7 56,2 28,1 32,1 Jacareí 73,1 77,3 76,2 81,4 81,7 85,6 86,6 88,9 90,8 88,4 82,9 Jambeiro 38,1 20,4 27,4 61,5 82,2 46,9 69,8 65,0 70,1 57,2 47,4 Monteiro Lobato 35,2 44,7 47,7 34,6 45,2 41,8 41,8 73,8 52,4 62,9 44,4 Paraibuna 20,8 28,8 35,2 45,1 49,7 61,0 63,5 68,5 66,2 65,4 42,7 Santa Branca 51,4 58,1 67,6 92,7 72,1 87,3 90,5 82,3 84,9 80,1 73,8 São José dos Campos 77,9 80,7 83,5 86,4 89,7 91,5 92,9 94,4 94,9 97,4 89,8 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Os dados do Censo de 2000 pressupõe que esta questão é importante para se entender as nítidas e presentes divergências e diferenças entre as diversas classes de renda. O que se pode perceber é que a população mais pobre ainda sofre com a falta de acesso aos bens necessários para que se tenha uma melhor qualidade de vida. No caso do acesso ao esgotamento geral, a parcela dos 10% mais pobres da população ainda se encontra em condições muito desfavoráveis. Isto se torna mais evidente quando são comparados os 10% mais pobres com os 10% mais ricos. Os mais pobres do pólo de São José dos Campos possuem cerca de 70% de pessoas com acesso ao esgotamento geral, enquanto que para os mais ricos esse valor sobe para 95%, indicando assim, a forte disparidade entre classes de renda. Os municípios que aparecem em melhores condições de acesso a esse bem são São José dos Campos, Jacareí e Caçapava, que em média chegam a atingir mais de 80% de pessoas atendidas. Porém as disparidades não desaparecem entre os municípios, pois a população mais pobre continua tendo participação insuficiente, no acesso a um sistema geral de coleta de esgoto. No entanto, a retração da economia desse pólo certamente pode proporcionar alterações negativas em todo o mercado de trabalho, basicamente sob três aspectos: crescimento da PEA, crescimento do número de ocupados e principalmente o incremento do emprego formal. Esses aspectos devem ser ressaltados e analisados, a partir das alterações que ocorreram sobre o mercado de trabalho da região, ao longo da atual década. Em 2000, a taxa de emprego formal no pólo correspondia a 51%, o que significa que, pouco menos da metade da população da região encontrava-se fora do mercado de trabalho assalariado formal. Pólo Econômico de São José dos Campos 17

Tabela 8 Taxa de crescimento do emprego formal, número de estabelecimentos e tamanho médio do estabelecimento Pólo de São José dos Campos, 2000-2005 Taxa de emprego formal (1) 2000 2005 Emprego formal Taxa anual de crescimento Número de estabelecimentos 2005 Tamanho médio do estabelecimento 2005 Pólo de São José dos Campos 51,0 164.900 195.232 3,4 14.836 13 Caçapava 43,4 11.618 12.661 1,7 1.221 10 Igaratá 26,5 895 1.004 2,3 115 9 Jacareí 43,0 30.049 33.474 2,2 2.791 12 Jambeiro 80,1 1.153 1.866 10,1 88 21 Monteiro Lobato 51,7 683 914 6,0 190 5 Paraibuna 40,5 2.665 2.701 0,3 321 8 Santa Branca 24,2 1.220 2.006 10,5 218 9 São José dos Campos 55,9 116.617 140.606 3,8 9.892 14 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE e Relação Anual de Informações Sociais 2000 e 2005. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. (1) Emprego formal informado pela RAIS sobre o total da ocupação encontrada no Censo Demográfico O indicador de taxa de emprego formal refere-se aos dados obtidos na RAIS sobre o total da população que pode ser encontrada no Censo. Pode-se perceber que apenas os municípios de Jambeiro, Monteiro Lobato e São José dos Campos apresentaram mais da metade da sua população residente trabalhando formalmente no município. A relação Anual de Informações Sociais (RAIS) permite mostrar a evolução do emprego formal, entre os anos de 2000 e 2005, segundo município. Em média, no pólo de São José dos Campos o número de empregos formais cresceu 3,4% a.a., entre 2000 e 2005, merecendo destaque as cidades de Jambeiro e Santa Branca, que apesar de representar uma pequena parcela dos trabalhadores formais do pólo cresceram, em número de empregos formais, a taxas significativas e superiores a 10% a.a. Nenhum dos municípios do Pólo, apesar das expectativas negativas, que uma retração econômica poderia supor, apresentou diminuições significativas no emprego formal do mercado de trabalho da região. No que se refere à dimensão das empresas que compõem os seus mercados de trabalho, os municípios que possuem empresas cujos tamanhos médios, em número de empregados, encontram-se acima da média da região foram, em 2005, Jambeiro e São José dos Campos, o que indica que este último ainda aparece como o centro dinâmico da região. A questão relevante que deve ser levantada diz respeito ao fato de que o emprego formal tem crescido consideravelmente, apesar da maioria dos municípios conviverem com taxas de desemprego respeitáveis e taxas de emprego formal muito aquém do desejável. O incremento do número de empregos formais, ao longo da presente década, revela algumas dinâmicas importantes: uma caracterizada pelo incremento da população economicamente ativa; outra determinada pelo aumento da ocupação em geral; e, por fim, a dinâmica de Pólo Econômico de São José dos Campos 18

crescimento do emprego formal. Estas questões parecem não apresentar especificidades espaciais, pelo contrário, nota-se que há a possibilidade de se ter um elevado crescimento do emprego formal pari passu a uma alta taxa de desemprego e a uma contração considerável do produto, movimentos observados com grande peso na maioria dos municípios da região. O Mercado de trabalho do pólo de São José dos Campos possui uma configuração complexa em termos de ocupação e desemprego, que se reflete nas informações obtidas sobre a renda. Há disparidades entre os municípios, mas o que mais chama a atenção é o fato de que todos os municípios com exceção de São José dos Campos, apresentaram rendas médias abaixo da média do pólo como um todo, de acordo com o Censo Demográfico, em 2000. Gráfico 5 - Rendimento médio, Pólo de São José dos Campos, 2000 Pólo de São José dos Campos 873 São José dos Campos 961 Santa Branca Paraibuna Monteiro Lobato Jambeiro 523 491 570 530 Jacareí 746 Igaratá 465 Caçapava 768-200 400 600 800 1.000 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. A Renda média do pólo (R$ 873,00) encontra-se muito abaixo da observada na RM de São Paulo, cujo valor estava em torno de R$ 1.028,00, em valores correntes. Vale destacar que na maioria dos municípios da região de São José dos Campos, o rendimento era bem menor que a metade da média da RMSP, o que mostra que há dificuldades a serem enfrentadas pelo mercado de trabalho, ainda mais num contexto de diminuição do produto do pólo. Os municípios em situações menos favoráveis eram Paraibuina e Igaratá, cujos rendimentos não alcançavam 500 reais, em valores correntes de 2000. Já o município de São Pólo Econômico de São José dos Campos 19

José dos Campos, fonte do maior número de trabalhadores e de pessoas é aquele que melhor aparece em termos de rendimento médio, R$ 961,00, apesar de ficar muito abaixo do salário médio da RMSP. Outra questão relevante para se entender a dinâmica da renda no interior do mercado de trabalho da região é a distinção entre salários e rendimentos médios, que apresentam divergências intermunicipais. Os rendimentos dizem respeito ao rendimento médio revelados pelo Censo Demográfico e abarca o total da ocupação residente em cada município, já os salários referem-se aos ganhos do emprego formal. O que se pode notar é a forte heterogeneidade entre os municípios da região, pois alguns apresentavam uma relação entre salário médio e rendimento médio, superior a 100%, o que significa que os ganhos do trabalho formal mostraram-se superiores aos ganhos médios do total da ocupação, no início da década. Em suma, os dados ressaltam uma configuração heterogênea da estrutura de renda no interior do pólo, além de identificar o papel diferenciado da dinâmica do mercado formal de trabalho para a composição da renda dos municípios. Tabela 9 Indicadores de Rendimento Médio, Salário Médio, Massa Total de rendimentos e Massa Total de Salários (1) Pólo de São José dos Campos, 2000-2005 Rendimento Médio 2000 Crescimento 2000 Salário Médio / anual do Salário Massa Total Rendimento Médio Médio Real 2000-2005 de Rendimentos Salário Médio Massa Total de Salários Crescimento Massa Total de anual da Massa Salários / Massa Real de Salários Total de 2000-2005 Rendimentos Pólo de São José dos Campos 873 1.034 118,5 0,5 282.069.792 170.544.803 60,5 3,9 Caçapava 768 846 110,1-2,4 20.549.376 9.827.355 47,8-0,7 Igaratá 465 437 93,9-1,3 1.567.515 390.858 24,9 1,0 Jacareí 746 889 119,1 0,2 52.137.194 26.704.203 51,2 2,4 Jambeiro 530 868 163,7-0,9 762.670 1.000.374 131,2 9,1 Monteiro Lobato 570 513 89,9-3,6 752.970 350.125 46,5 2,2 Paraibuna 491 475 96,7-2,0 3.233.726 1.264.749 39,1-1,7 Santa Branca 523 459 87,7 4,3 2.632.259 559.821 21,3 15,2 São José dos Campos 961 1.119 116,4 0,7 200.569.349 130.447.317 65,0 4,5 Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE e Relação Anual de Informações Sociais 2000 e 2005. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNI (1) Os dados sobre rendimentos tem como fonte o Censo Demográfico e aqueles de salários a Relação Anual de Informações Sociais Os municípios que melhor expressam essa dinâmica foram: Jambeiro, Jacareí Caçapava e São José dos Campos, cuja relação entre salário médio e rendimento médio foi superior a 110%. Nesse sentido, o setor formal pode contribuir positivamente para o comportamento do rendimento médio, na medida em que o emprego gerado abarque a população residente do próprio município. Pólo Econômico de São José dos Campos 20

Por outro lado, nos outros municípios, o setor formal contribuiu menos para a composição da renda, indicando que de forma geral o mercado de trabalho da região apresenta uma estrutura de remunerações complexa, em que os rendimentos médios mostram-se maiores que os salários médios. Esse fato indica que esses municípios sofrem menos influência do crescimento do emprego formal para a recuperação do mercado de trabalho como um todo. Considerando-se apenas o segmento formal do mercado de trabalho, pode-se perceber que este apresentou, em média, uma tendência não muito favorável à evolução do salário médio real, ficando estável durante todo o período. Porém a média esconde a complexidade interna do pólo, isto é, há diferenças significativas no seu interior. Os municípios que mais perderam em termos reais de salários foram: Monteiro Lobato e Paraibuna, mais de 2% ao ano. Há uma tendência de aproximação dos salários médios aos rendimentos médios, pois se verificou que, ao longo do período, alguns dos municípios que apresentaram relações elevadas entre salários e rendimentos sofreram perdas significativas reais de salário médio. Esse movimento traduz os problemas a serem enfrentados quanto à estrutura de remunerações, principalmente do emprego formal, que apesar de ter crescido significativamente durante todo o período, sofreu uma tendência de estagnação em termos de salário real. A dinâmica geral e mais importante que deve ser apreendida, no que concerne à estrutura e à configuração da renda no âmago do mercado de trabalho do pólo de São José dos Campos, entre 2000 e 2005, é um duplo movimento: por um lado observa-se uma estagnação no salário real médio e por outro há um considerável incremento na massa real de salários. Esse duplo movimento, que está na base da dinâmica da renda, desse período, revela que o crescimento do emprego formal, e não o aumento dos salários foi o determinante do incremento da massa de salários, na composição da renda da região. Em síntese, pode-se perceber que apesar do crescimento negativo do produto, se houver uma elevação nos níveis de rendimentos e/ou de salários e ao se somar ao crescimento nos níveis de emprego formal, poderá haver uma ampliação significativa da massa total de rendimentos/salários. Após a exploração das dimensões gerais do mercado de trabalho, algumas considerações devem ser feitas a respeito da dinâmica do mercado de trabalho regional, sob a ótica da estrutura setorial da atividade econômica. De maneira geral, como já mencionado anteriormente, o pólo de São José dos Campos, no que tange a estrutura setorial de emprego, apresenta um volume significativo de Pólo Econômico de São José dos Campos 21

trabalhadores no setor industrial, o que representa 31,5% do mercado formal de trabalho da região. O setor de Serviços (inclusive comércio) também tem um papel importantíssimo, pois é responsável por mais de 50% do total do emprego. Tabela 10 Estrutura e crescimento anual do número de trabalhadores do mercado de trabalho formal, segundo municípios e setores de Pólo de São José dos Campos, 2005 Estrutura de emprego, 2005 Servicos Ind. Indústria de Construção de Util. Transformação Civil Pública Comércio Serviços Administração Pública Agropecuária, Extração Vegetal Pólo de São José dos Campos 31,5 1,4 3,2 20,1 30,6 11,7 1,5 100,0 Caçapava 37,3 0,8 2,3 21,9 24,2 10,9 2,7 100,0 Igaratá 28,4 0,6 0,1 9,2 24,3 26,6 10,9 100,0 Jacareí 33,5 1,0 2,2 18,9 29,2 12,4 2,8 100,0 Jambeiro 50,6 0,2 3,4 12,5 12,5 12,5 8,2 100,0 Monteiro Lobato 5,1 0,5 1,9 23,0 37,2 18,6 13,7 100,0 Paraibuna 5,4 1,5 0,5 11,0 36,9 30,8 13,8 100,0 Santa Branca 29,2-0,6 8,1 29,5 21,3 11,3 100,0 São José dos Campos 31,0 1,6 3,7 20,7 31,7 11,0 0,4 100,0 Crescimento anual, 2000-2005 Pólo de São José dos Campos 1,6 4,1 1,3 6,5 2,2 9,6 (0,3) 3,5 Caçapava (0,2) (0,8) - 5,8 2,7 0,1 (1,8) 1,8 Igaratá (3,1) (3,0) - 0,2 25,3 0,5 (2,4) 2,3 Jacareí 2,8 0,4 (4,4) 5,5 0,5 1,8 3,1 2,2 Jambeiro 18,2 - - 67,5 4,2 7,4 9,3 11,1 Monteiro Lobato 14,4 - - 10,1 6,9 4,3 (1,5) 6,0 Paraibuna (5,5) (7,3) - 10,4 (5,8) 8,8 2,4 0,3 Santa Branca 25,8 - - 8,9 8,6 7,7 (0,7) 10,5 São José dos Campos 1,2 5,5 2,5 6,5 2,6 14,3 (5,7) 3,8 Fonte: Relação Anual de Informações Sociais 2000 e 2005. Microdados. Elaboração: Projeto Regiões Metropolitanas e Pólos Econômicos do Estado de São Paulo - Desigualdades e Indicadores para as Políticas Sociais, NEPP/NEPO/UNICAMP-FINEP. Total Deve-se destacar que é de suma importância a observação das diferenças entre os municípios, pois algumas características específicas do mercado formal de trabalho regional revelam a possibilidade de se avaliar a relevância das dimensões da participação de cada setor de atividade, na composição da estrutura municipal do mercado de trabalho, indicando possíveis alvos de políticas públicas de emprego e de valorização do mercado de trabalho. A dimensão não desprezível da participação da indústria de, em alguns municípios do pólo, que, segundo a RAIS, continua tendo seu nível de emprego crescendo durante o período analisado, mesmo com a expressiva diminuição do produto, aponta para a estimulação do crescimento econômico como forma de incorporação de parte da população ao mercado de trabalho. De modo geral, o setor de serviços, que apresenta muita relevância na estrutura do mercado de trabalho, percebeu uma tendência de crescimento do nível de emprego formal, durante todo o período, muito significativa e superior ao crescimento industrial. Ademais, tal Pólo Econômico de São José dos Campos 22

movimento foi reiterado e fortalecido pelo setor de comércio, que apresentou uma significante taxa de crescimento de 6,5% a.a. Em síntese, deve-se realçar que o pólo de São José dos Campos apresenta uma estrutura de emprego bastante diferenciada em seu interior. Isto é, os municípios guardam diferenças bastante significativas entre si em termos de estrutura de emprego, não se podendo identificar um padrão comum na região. Esta heterogeneidade de estruturas de emprego sustenta basicamente três tipos de dominância sobre a estrutura do mercado formal de trabalho: a do setor de Serviços (incluso administração públicas), a da Indústria de Transformação e a da agropecuária. Monteiro Lobato, Jambeiro e Paraibuna, apesar deste último não ser muito expressivo para essa dinâmica, são respectivamente três exemplos dessa tipologia. Segundo as informações da RAIS, vários municípios apresentaram, na primeira metade da década atual, taxas anuais de crescimento do emprego na Indústria de Transformação muito elevadas, pois quando observa o período como um todo se percebe que isso representa um incremento pesado do estoque de emprego formal encontrado no início do período. Mesmo alguns municípios apresentando taxas de crescimento negativas no setor industrial, é fundamental reconhecer que o pólo de São José dos Campos, ainda preserva e reproduz um espaço para o emprego industrial que deve não somente ser analisado, como pressupõe o cuidado que qualquer estratégia de política pública orientada para a atividade econômica ou para o mercado de trabalho deva ter. Por fim, cabe destacar que esse último movimento, o de crescimento do emprego formal industrial, vai de encontro à tendência de queda do produto regional, que por sua vez, se contrapõe à tendência geral de recuperação econômica do Brasil, no período que compreende a atual década. Pólo Econômico de São José dos Campos 23

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Capítulo 2 - Dinâmica Demográfica 2 Introdução O início da ocupação da Região do Vale do Paraíba ocorreu no século XVII, constituindo-se em uma das áreas de povoamento mais antigas do Estado de São Paulo. Esta ocupação foi beneficiada, principalmente, pela sua posição geográfica, transformando-se em uma área de passagem entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais 3. No século XIX, a expansão da lavoura cafeeira, sustentada pelo trabalho escravo, cujo apogeu ocorreu entre 1854 e 1886, trouxe consigo acentuado ritmo de crescimento populacional, que acompanhou de perto o enriquecimento desta região (Antico e Leal, 1993) Em fins daquele século e início deste, as repetidas crises decorrentes da abolição da escravatura, do próprio esgotamento do solo e da transferência do eixo da cafeicultura para terras mais férteis do Estado de São Paulo foram fatores que caracterizaram um período de decadência para as cidades tradicionais do Vale do Paraíba. As áreas rurais passaram a ser ocupadas por uma pecuária leiteira e uma agricultura de baixa produtividade. Poucas cidades, nesse período, puderam manter seus níveis populacionais. Em geral, apenas aquelas que se situavam nas proximidades dos principais pólos econômicos, caracterizando-se como pontos de interligação, foram capazes de diferenciar suas funções urbanas, dando início a uma incipiente atividade industrial. Data desta época a instalação da Tecelagem Parahyba (em 1925, no Município São José dos Campos), beneficiando-se da proximidade com a via férrea. A inauguração da via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, intensificou a localização privilegiada da Região na articulação dos principais centros metropolitanos do País, constituindo-se em um espaço estratégico para a expansão do setor industrial, além de 2 Ficha Técnica: Coordenação: Rosana Baeninger, Coordenação Adjunta:: Claudia Gomes de Siqueira; Auxiliares de Pesquisa: Juliana Arantes Dominguez, Kátia Isaías, Karina Silveira, Maria Ivonete Zorzetto Teixeira, Camila Matias, Natália Belmontti, Katiane Shishito, Flávia Cescon. 3 Este estudo consiste em versão atualizada e ampliada de Antico & Leal (1993). Texto NEPO 26 (1993). Migração em São Paulo 4. Região de Governo de São José dos Campos. Pólo Econômico de São José dos Campos 25

influenciar significativamente a aceleração do processo de urbanização dos municípios situados nesse eixo (Antico e Leal, 1993). A Região de Governo (RG) de São José dos Campos é composto por 8 municípios, sendo que, a sua maioria foi criada ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, e apenas dois municípios foram criados durante o século XX (Figura I). Figura I Desmembramentos de Municípios Região de Governo de São José dos Campos 1653-2000 Fonte: Fundação Seade. Memórias das Estatísticas Demográficas para municípios criados até 1990; Siqueira (2003), para municípios criados a partir de 1991. Pólo Econômico de São José dos Campos 26

Observa-se que apenas alguns municípios desta Região de Governo apresentaram um grande desenvolvimento industrial, em especial aqueles localizados próximos a Região Metropolitana de São Paulo e ao longo da via Dutra, enquanto os demais passaram por um processo de estagnação. Conseqüentemente, o crescimento populacional da Região ocorreu de forma diferenciada, assim como o seu processo de industrialização. O município de São José dos Campos, a partir da década de 50, passou a sediar várias indústrias de grande porte, como Johnson & Johnson (1953); Ericsson (1954); General Motors (1959); Alpargatas (1960); Amplimatic e Matarazzo (1964); Avibrás (1965); Embraer (1969); National (1970); Kodak (1972); Phillips, Hitachi e Engesa (1973); Monsanto (1975), dentre outras. Além da montagem de um dos mais importantes centros de desenvolvimento tecnológico do País, através de iniciativas governamentais, no setor aeronáutico (CTA - Centro Técnico Aeroespacial, em 1950) e, mais recentemente, no refino do petróleo (Refinaria Henrique Lage, em 1980) (Antico e Leal, 1993). Esse acelerado ritmo de crescimento industrial incentivou, portanto, o processo de urbanização da Região, contribuindo para profundas transformações econômicas, sociais e demográficas. Avançando basicamente ao longo da Via Outra, esta ocupação industrial levou alguns municípios, como São José dos Campos, Jacareí e Caçapava a atingirem elevados graus de urbanização e a responderem por expressiva parcela do contingente populacional da área (Antico e Leal, 1993). Evolução da População No período entre 1940 e 1991 a população total da Região de Governo de São José dos Campos apresentou um ritmo de crescimento expressivo, passando de 102.504 habitantes, em 1940, para 705.948, em 1991. O incremento populacional absoluto nesse período foi, portanto, de 607.370 habitantes, o que significou um aumento populacional expressivo durante esses cinqüenta anos (Tabela 1). Em 1940, a RG de São José dos Campos representava 1,43% do total da população do Estado de São Paulo. Essa participação apresentou ligeiros decréscimos entre 1940/1960; Pólo Econômico de São José dos Campos 27

retomando, a partir de então, índices mais elevados, chegou a representar 2,25% da população estadual em 1991 (Tabela 1). Por sua vez, nos anos de 2000 e 2007, apesar de taxas de crescimento populacional decrescentes (2,10%a.a. e 1,73%a.a., respectivamente), a Região de São José dos Campos aumentou sua participação na população estadual, representando, em 2000, 2,30% e, em 2007, 2,34% da população do estado. Tabela 1: Evolução da População Total Região de Governo de São José dos Campos e Estado de São Paulo 1940/2007 RG de São Ano José Campos Estado de São Paulo 1940 102.504 7.180.316 1,43 1950 122.541 9.134.423 1,34 1960 168.680 12.829.806 1,31 1970 270.659 17.771.948 1,52 1980 484.310 25.040.712 1,93 1991 705.948 31.436.273 2,25 2000 851.175 36.974.378 2,30 2007 959.548 41.029.414 2,34 Dist. Relat. Taxas de crescimento (% a.a.) RG/ESP (%) RG S José Campos Estado de S. Paulo 1,80 2,44 3,25 3,46 4,84 3,31 5,99 3,49 3,48 2,12 2,10 1,82 1,73 1,50 Fonte: Fundação IBGE. Censos Demográficos de 1940 a 2000; Fundação SEADE. Projeção populacional de 2007 A evolução da população urbana da área ilustra o intenso processo de urbanização por que vem passando a Região (Tabela 2). Os anos 40 registraram taxas de crescimento da população urbana de 4,3% a.a., elevando-se para 5,8% a.a, entre 1950/1960. Essa taxa alcançou seu ponto máximo entre 1960/70, com 8% a.a., declinando para 7,5% a.a., nos anos 70, e para 3,6% a.a., nos anos 80. O grau de urbanização da Região era de 59% em 1960, chegando a 93% o total de população vivendo em áreas urbanas, em 1991 (Tabelas 2). Pólo Econômico de São José dos Campos 28

As taxas de crescimento da população rural apresentaram oscilações nesse período de 50 anos, registrando índices negativos nas décadas de 60 e 70 (em torno de 2% a.a.) e retomando valor positivo nos anos 80 (Tabela 2). Tabela 2: Taxas de crescimento da População Total, Urbana e Rural Região de Governo de São José dos Campos 1940/2007 Taxas de Crescimento (% a.a.) Período Urbana Rural Total 1940/50 4,29 0,08 1,80 1950/60 5,77 0,51 3,25 1960/70 8,06-2,32 4,84 1970/80 7,52-2,82 5,99 1980/91 3,66 1,56 3,48 1991/2000 2,30-1,07 2,10 2000/2007 1,79 0,46 1,73 Fonte: Fundação IBGE. Censos Demográficos de 1940 a 1970 apud Antico & Leal (1993); Fundação SEADE. Informações municipais, 1980, 1991 e 2000, Projeção populacional de 2007 Comparando-se as taxas de crescimento da população total do Estado e da RG de 1940 a 1991 observa-se que, no período de 1940/50, a taxa de crescimento da população estadual era superior a da RG: 2,44% a.a. e 1,80% a.a., respectivamente. A partir de 1950, com a implantação de indústrias na área, as taxas de crescimento da Região de Governo de São José dos Campos deslancharam em relação às registradas pelo Estado. Até mesmo no período 1980/91, quando se assistiu a uma desaceleração no ritmo de crescimento de todas as regiões de São Paulo (BAENINGER, 1992), o Estado apresentou uma taxa de 2,1 % a.a. e a RG de São José dos Campos de 3,5% a.a. (vide tabela 1). A contagem de 2007 apontou, por sua vez, um total de 959.548 habitantes. O incremento populacional absoluto, no intervalo 1991/2007, foi de 253.600 pessoas. Observa-se, no período recente, uma diminuição no ritmo de crescimento da população, processo este iniciado já na década de 80 e bastante acentuado nos anos 2000, quando a taxa de crescimento da população atinge o marco de 1,73% a.a., número bem abaixo dos 5,99% a.a. Pólo Econômico de São José dos Campos 29