RESUMO. Canto Chorado 1



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Transcrição:

Canto Chorado 1 Amanda Gollo BORTOLINI 2 Amanda Bastos MACIEL 3 Amanda Padilha PIETA 4 André Luiz Justus CZOVNY 5 Luisa Araujo URBANO 6 Alexandre Torresoni de LARA 7 Universidade Estadual do Centro Oeste, Guarapuava, PR RESUMO Programas de complementação de renda sempre geraram polêmica no Brasil. Enquanto alguns defendem que esses programas trabalham para a integração do indivíduo na sociedade, outros pensam que eles são uma forma dos beneficiários ganharem dinheiro sem trabalhar. Desde a década de 80, o Brasil vem discutindo a implantação de auxílios à população carente. Atualmente, o Bolsa Família é realidade nas casas de milhares de famílias em todo o país. Em Guarapuava, cidade do centro oeste paranaense, duas distintas famílias são beneficiárias. Canto Chorado conta um pouco da rotina e história dessas famílias, e como elas administram o seu dinheiro. PALAVRAS-CHAVE: Bolsa família; beneficiárias; documentário; complementação de renda. 1 INTRODUÇÃO Há alguns anos, políticas que buscam a diminuição da desigualdade vem ganhando espaço entre os membros da sociedade. Martin Luther King, Nelson Mandela, a feminista Emmeline Pankhurst foram grandes nomes da história que lutaram por uma sociedade mais justa e igualitária. A partir da segunda metade do século XX, uma justa distribuição de renda e oportunidades igualitárias para todos começou a entrar em pauta nas rodas de discussões. John Rawls foi um dos líderes dessa luta. Não indo às ruas e protestando, como outros líderes. Mas sim teorizando o que caracterizaria uma sociedade justa e incentivando seus alunos e estudiosos a continuarem suas pesquisas. John Rawls nasceu em Baltimore, em 1921. Ele foi um importante filósofo político do século XX, dedicando parte de sua vida para a elaboração da teoria da justiça, à qual deu 1 Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria Jornalismo, modalidade Documentário Jornalístico e Grande Reportagem em vídeo e televisão. 2 Aluna líder do grupo e estudante do 3º. Ano do Curso de Jornalismo, email: amandabortolini@gmail.com. 3 Estudante do 3º. Ano do Curso de Jornalismo, email: amandamaciel01@hotmail.com. 4 Estudante do 3º. Ano do Curso de Jornalismo, email: amndpieta@gmail.com. 5 Estudante do 3º. Ano do Curso de Jornalismo, email: dejustus@gmail.com. 6 Estudando do 3º. Ano do Curso de Jornalismo, email: luuisa-u@hotmail.com. 7 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo, email: prof.alexandrelara@gmail.com. 1

o nome de Justiça como Equidade. Segundo sua teoria, as pessoas de menor renda deveriam ter as mesmas oportunidades e direitos básicos dos que ocupam o alto da pirâmide social. Para isso, justificaria mexer na distribuição de renda, até o momento em que essa redistribuição não causasse prejuízos para a sociedade como um todo. Partindo dessa teorização e luta pela diminuição da desigualdade social e econômica, Canto Chorado é um documentário que apresenta a história de duas famílias beneficiadas pelo programa do governo federal Bolsa Família. Muitos beneficiários de programas de complementação de renda são submetidos a preconceitos e julgamentos como o de não se preocuparem em trabalhar, pois no final do mês, o dinheiro oriundo do governo, estará disponível em suas contas. No entanto, muitas das famílias que recebem o auxílio o utilizam como um complemento de renda, que devido aos salários baixos de profissões marginalizadas pela sociedade ou muitas vezes ocupações como freelances dos pais e mães de família, se caracteriza como um expressivo complemento na hora de pagar despesas básicas como aluguel, luz e água e até mesmo os alimentos no supermercado. Nesse cenário, como mostrar à sociedade que os programas de complementação de renda as ações afirmativas, como chamava John Rawls são fundamentais para diminuir a desigualdade e a discrepância entre ricos e pobres existente no Brasil? 2 OBJETIVO Movidos pelo problema e questionamento apresentados acima, os alunos produtores do documentário Canto Chorado, acreditaram que acompanhar e divulgar em vídeo a rotina de famílias beneficiárias do Bolsa Família e explicar como eles conseguiram o auxílio e qual o seu destino, ajudaria diminuir preconceitos por parte de alguns indivíduos da sociedade. Além desse se caracterizar como o objetivo principal do trabalho, Canto Chorado também pretende apresentar um cenário social diferente do qual muitos dos quais assistem o documentário estão acostumados; aprimorar o conhecimento sobre diferentes estruturas sociais aos indivíduos; permitir uma experiência diferenciada aos alunos produtores do documentário e melhorar as técnicas de produção em direção, roteiro, edição, captura de imagem e som da equipe desenvolvedora. 3 JUSTIFICATIVA Canto Chorado justifica-se por ser um trabalho inovador, no cenário local de Guarapuava e Paraná, que mostra uma realidade pouca difundida pelas grandes mídias e 2

discute políticas polêmicas presentes na sociedade. Como um dos objetivos do trabalho é acender a vontade dos indivíduos por uma sociedade mais igualitária, dentro dos requisitos básicos defendidos pelo filósofo John Rawls, o documentário torna-se um importante veículo midiático a favor da paz, da mínima qualidade de vida à todos, e de oportunidades educacionais e profissionalizantes iguais para classes sociais distintas. Para John Rawls, direitos justos para todos não significa igualdade plena. Ele reconhece e defende que membros da sociedade com maior poder aquisitivo, por exemplo, deveriam ser taxados tributariamente de forma diferenciada às pessoas de classes menos favorecidas. Um de seus princípios é que: (...) as desigualdades sociais e econômicas devem satisfazer duas condições: primeiro, devem estar vinculadas a cargos e posições acessíveis a todos em condições de igualdade equitativa de oportunidades; e, em segundo lugar, têm de beneficiar ao máximo os membros menos favorecidos da sociedade (o princípio da diferença). (RAWLS, 1971) O documentário se caracteriza como um trabalho de representação social, não fictício. Bill Nichols, em sua obra Introdução ao documentário, afirma que: Esses filmes representam de forma tangível aspectos de um mundo que já ocupamos e compartilhamos. Tornam visível e audível, de maneira distinta, a matéria de que é feita a realidade social, de acordo com a seleção e a organização realizadas pelo cineasta. Expressam nossa compreensão sobre o que a realidade foi, é e o que poderá vir a ser. Esses filmes também transmitem verdades, se assim quisermos. Precisamos avaliar suas reivindicações e afirmações, seus pontos de vista e argumentos relativos ao mundo como o conhecemos, e decidir se merecem que acreditemos neles. Os documentários de representação social proporcionam novas visões de um mundo comum, para que as exploremos e compreendamos. (NICHOLS, 2001, p. 26-27) O modo poético escolhido para dirigir o documentário justifica-se pelo tema e enfoque desenvolvido, voltado para a história de pessoas, de suas rotinas. Com isso apresenta-se, em Canto Chorado, o lado humanitário dos atores sociais atuantes no documentário, sempre respeitando as questões éticas desse gênero do cinema. A caracterização como modo poético credita-se novamente a Bill Nichols, que define esse tipo como um documentário fragmentado e abstrato. O modo poético sacrifica as convenções da montagem em continuidade, e a ideia de localização muito específica no tempo e no espaço derivada dela, para explorar associações e padrões que envolvem ritmos temporais e justaposições 3

espaciais. Os atores sociais raramente assumem a forma vigorosa dos personagens com complexidade psicológica e uma visão definida do mundo. (NICHOLS, 2001, p. 138) A opção pelo modo poético explica a escolha de montagem e edição das imagens do documentário. O processo de edição baseou-se nas técnicas difundidas por Sheila Curran Bernard, em seu livro Documentário, técnicas para uma produção de alto impacto. O seguinte trecho retirado do livro de Curran relata muito dos princípios de edição utilizados para seleção das imagens pela equipe de Canto Chorado. À medida que você projetar as tomadas, passará a procurar os momentos que o afetem de alguma forma, emocional ou intelectualmente. Procure cenas e sequências que possam se valer por si próprias, trechos de entrevistas que pareçam fortes e claros, material que tenha potencial para revelar temas e questões que você queria suscitar e os momentos especiais que você espera que as pessoas discutam entre si no trabalho no dia seguinte. (BERNARD, 2008, p. 201) Já a construção do roteiro baseou-se nas obras O Cinema e a Produção, de Chris Rodrigues, e Manual do Roteiro, de Syd Field. Chris Rodrigues guiou os passos para desenvolvimento do roteiro: primeiramente a sinopse, seguido do argumento, do roteiro e do roteiro técnico inicial (sem os diálogos dos personagens) e final (já com todas as transcrições). De Syd Field, extraiu-se toda sua teoria desde a escolha do assunto, definição do paradigma, a relevância dos personagens, a sequência, o ponto de virada, até a escrita propriamente dita do roteiro com sua estrutura dramática. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Após o desafio de produzir um documentário para a disciplina de Telejornalismo, os acadêmicos se dedicaram a pesquisar assuntos de enforque local, mas que pudesse ter relevância em panorama regional ou mesmo abrangência nacional. Com essas pesquisas, constatou-se que não havia material que mostrasse a situação de beneficiários do Bolsa Família de cidades do Paraná. Quase definido que esse seria o tema trabalhado, foram necessárias novas pesquisas a respeito do assunto e de seu histórico. Posteriormente, os acadêmicos visitaram algumas famílias que continham o cartão do Bolsa Família e uma entidade beneficente em Guarapuava, aonde tiveram contato com várias famílias que recebiam o valor de acordo com os critérios estabelecidos pelo governo. Após conversar com várias famílias, conhecer suas casas e suas rotinas, e já construir uma prévia do roteiro, 4

foram selecionadas as que estavam mais dispostas a participarem como atores sociais de acordo com o tempo que a família tinha disponível. O próximo passo envolveu o desenvolvimento do roteiro. Primeiramente, seguindo os passos de Chris Rodrigues, desenvolveu-se a sinopse (a ideia geral da história e seus personagens), depois o argumento (ideias que formariam o roteiro com sequência, situação dramática...), seguido do roteiro (com as descrições necessárias), e por último do roteiro técnico (inicialmente, sem falas dos personagens). É hora de começarmos a gravar! As primeiras gravações foram com a família de Neusa. Apenas depois de feitas todas as imagens com Neusa foi que iniciaram as gravações com Jussara e sua família, que atuaram como atores sociais após uma adaptação e necessária mudança de personagens. Depois de filmadas todas as imagens e sons necessários, novamente foi alterado o roteiro, desta vez, com as cenas que iriam para a edição já separadas e com as trilhas sonoras sugeridas pelos membros do grupo. Todo o processo de edição foi realizado no programa Adobe Premiere Pro CS6, até resultar no produto apresentado no paper. 5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Canto Chorado é um documentário poético com duração de dezoito minutos e vinte e um segundos, filmado em HD e produzido pelos alunos do 2º ano de Jornalismo da Unicentro. O filme mostra a rotina de duas famílias beneficiadas pelo Bolsa Família que enfrenta diversos desafios diários na busca por uma melhor qualidade de vida. Também conta a ascensão que essas famílias tiveram após receber o complemento de renda. Canto Chorado possui direção de Amanda Bastos Maciel, roteiro de Amanda Gollo Bortolini, reportagem de Amanda Padilha Pieta, montagem e fotografia por Luisa Araujo Urbano, e como diretor de arte, André Luiz Justus Czovny. Apesar da divisão das funções, cada membro contou com o apoio e opiniões de todos os outros participantes do grupo, pois como afirma Syd Field, O cinema é um meio de comunicação que depende da colaboração; as pessoas trabalham juntas para criar um filme (FIELD, 1982, p.159). Além disso, a equipe contou com a supervisão de Alexandre Lara para a produção do documentário. Como atores sociais atuaram Agrocir Antônio de Oliveira Woidello, Bruno Oliveira Woidello, Elias Mateus de Lima Delgado, Gisele Oliveira Woidello, Isadora Kauane de 5

Lima Rodrigues, Jussara de Lima, Maria Eduarda de Santos Lima, Mateus Gabriel Padilha e Neusa Aparecida Oliveira. Canto Chorado está disponível online no site Youtube, com acesso pelo link https://www.youtube.com/watch?v=dlvtwo29yms. 6 CONSIDERAÇÕES Canto Chorado foi, primeiramente, um trabalho de autoconscientização social dos próprios acadêmicos desenvolvedores do projeto. O aprimoramento técnico em enquadramentos de filmagens, escrita de roteiro, edição e sonorização também foi visível pós o documentário. Após o vídeo ser divulgado num portal guarapuavano, foi possível observar que ele gerou a discussão objetivada inicialmente. Críticas positivas e negativas foram lidas pelos produtores, e felizmente, algumas transpareceram corresponder ao objetivo principal do trabalho: conscientizar os indivíduos sobre a importância de programas como o Bolsa Família para a população mais carente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto impacto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. FIELD, Syd. Manual do Roteiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas: Papirus, 2008. RAWLS, John. Justiça como equidade. São Paulo: Martins Fontes, 2003. RODRIGUES, Chris. O Cinema e a Produção: para quem gosta, faz ou quer fazer cinema. Rio de Janeiro: DP&A, 2007. 6