A construção da percepção do risco com o uso do Modelo APPEL



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Transcrição:

A construção da percepção do risco com o uso do Modelo APPEL Gisele Sandres 1, Paulo Roberto Souza Junior 1, Elaine Sigette 2 1 PEP/COPPE Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) 2 PESC/COPPE Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) {Sandres,Junior,Sigette},sandres.gisele@gmail.com,prjuniorbr@gmail.com elainesigette@gmail.com Abstract.This paper describes the perception d in articles and short papers for SBC conferences. For papers in English, you should add just an abstract while for the papers in Portuguese, we also ask for an abstract in Portuguese ( resumo ). In both cases, abstracts should not have more than 10 lines and must be in the first page of the paper. Resumo. Este artigo aborda a percepção sobre o risco ambiental como uma construção sociotécnica.utiliza como porta de entrada para esta análise, a ferramenta desenvolvida pelo Programa de Alerta e Preparação para Emergências em Nível Local (APELL) desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas (UNEP) para o preparo das comunidades com risco de acidentes e os pressupostos da teoria Ator-Rede (TAR). 1. Introdução No final dos anos 80, foi iniciado o Programa de Alerta e Preparação para Emergências em Nível Local (APELL), desenvolvido principalmente pela UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) com o objetivo de prevenir e preparar as comunidades com risco de acidentes químicos contra acidentes industriais. O APELL pode ser entendido também como uma ferramenta metodológica (UNEP), que consiste de um questionário a ser preenchido e aplicado a comunidade local para identificar riscos industriais, na tentativa de mitiga-los. A aplicação deste questionário é somente uma parte de um programa extenso, dividido em etapas e que envolve várias entidades (defesa civil, bombeiros, polícia) e também o cidadão local. Os especialistas em risco acreditam que a aplicação da ferramenta, aumenta a conscientização sobre os fatores que o representam e que através desta conscientização, passa a existir um aumento sobre a capacidade para respostas imediatas emergenciais. Ao empregar a metodologia APELL, o especialista constrói um cenário junto à comunidade, cuja percepção sobre os riscos existentes passam pelo framework desenhado pela ferramenta. Porém a aplicação deste framework em determinadas comunidades é falha, deixando claro que a implantação ou não do programa exige negociações entre especialistas, indústrias e habitantes locais. Essas negociações passam por questões macro, como a necessidade ou não de implantação do programa quantopor questões micro comoos termos do questionário percebido, muitas vezes, pelas diferentes entidades, de maneiras

subjetivas: o que é o perigoso?;como chegar a um consenso sobre uma quantidade para o que se designa ser frequente em comunidades diferentes? Além disso,o questionário carece de adaptações teóricas, uma vez que em seu escopo existem análises que não fazem parte dos potenciais riscos percebidos em solo Brasileiro. A apropriação de um programa montado para comunidades estrangeiras, um tanto distante das comunidades locais brasileiras, movimenta cientistas e engenheiros a criação de ferramentas locais. Ao observamos as fragilidades e indefinições que cercam a convergência da ferramenta como uma solução para a mitigação do risco,percebe-se que tanto o risco quanto a mitigação do mesmo são frutos de muitas negociações entre os atores envolvidos neste processo. Este trabalho tem como proposta principal, fazer um recorte da TAR no que diz respeito a conformação da rede, suas fragilidades e efeitos, seus atores, para dar um enfoque diferenciado a rede APELL. O entendimento das relações que fazem parte desta rede, assim como os efeitos dessas relações, possibilita um entendimento mais amplodas malhas que a sustentam, como: decretos municipais, leis ambientais, o interesse das indústrias... Utilizaremos a base teórica proposta por Bruno Latour: seguir cientistas em ação para observar o APELL não como um processo técnico aplicado pronto, mas como um processo dinâmico e mutável. Ao tecer a rede local APELL, problematizando a percepção sobre o risco, pretende-se contribuir com os estudos em CTS, apontando novos caminhos e abordagens sobre um tema já consolidado e difundido entre os engenheiros. A ampliação deste entendimento sob esta ótica é também uma tentativa de melhorar a compreensão sobre os problemas sociotecnicos que constituema adoção do programa na comunidade. 2. A rede APELL e a percepção do risco O entendimento da percepção do risco como uma construção através da ferramenta APELL,segundo os pressupostos da TAR (Teoria Ator-Rede, CALLON, LATOUR etat), desconstrói a noção do risco como algo consolidado que precisa ser descoberto (Figura 1). Segundo a TAR, a natureza não é dada e sim construída. Érealizada por muitos atores - entidades humanas e não-humanas. Essas entidades, uma vez que estejam interessadas, relacionam-se, modificam-se e formam provisoriamente uma rede. Conforme o quadro comparativo, na perspectiva da TAR, a percepção do riscona rede APELL, passa a ser construída junto e de forma não hierárquica, à comunidade e outros atores (Figura 2). Figura 1( esquema hierárquico do programa APELL) e Figura 2 ( Esquema sociotécnico para o entendimento do Ator-Rede APELL) O Programa APELL, introduzido em mais de 30 países, foi desenvolvido pelo UNEP em 1988 com o apoio de um grupo internacional e é regido de acordo com as diretrizes do seu corpo diretor. A UNEP possui parcerias com governos, representantes das indústrias e organizações particulares.como exemplo dessas parcerias pode citar a Índia, onde a iniciativa do Conselho Nacional de Segurança, promoveu um extensivo treinamento na área de transporte de acordo como programa TransAPELL.A UNEP presta assistência técnica para as autoridades interessadas em iniciar o APELL

localmente. A iniciativa busca se vincular a outros programas de gerenciamento do risco ambiental também, tanto a nível internacional, quanto nacional. Podemos mencionar o exemplo de Mumbai, onde foi desenvolvido o primeiro Centro Nacional de APELL. O Programa segue uma política de divulgação internacional, com a elaboração de um Manual principal e outros manuais técnicos, disponíveis na web. A publicação "APELL Worldwide" apresenta outros exemplos com detalhes da aplicação do programa.no Brasil, a ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química) promove o APELL junto às suas empresas afiliadas e possui um programa chamado "Atuação Responsável". Essa é uma ferramenta para elaboração de planos de emergência que aumenta a coordenação no atendimento a acidentes e promove a melhoria do diálogo entre a comunidade e a indústria. Outra iniciativapara reforçar o uso da ferramenta e manter atados os atores interessados nesta rede, consiste na prática de reuniões periódicas para que haja troca de experiências, adquiridas na implementação do APELL. Isso permite que stakeholders contribuam para o aperfeiçoamento contínuo do programa. A rede APELL se expande à medida que novos atores, entidades e Instituições são arregimentados e interessados a fazer parte da rede. É o caso dos parques industriais na China, na Tailândia e no Egito. Os princípios do APELL estão sendo introduzidos nesses parques industriais. O interesse dos atores assim como de outras Instituições internacionais reside no fato de passarem a enxergar na estrutura do programa uma forma de elaborar os seus próprios programas. 3. Abrindo a caixa-preta O conceito da Caixa-preta está relacionado a cibernética, onde a caixa-preta pressupõe-se um sistema objetivo, que possui dados de entrada, um processamento e uma saída esperada. Para os estudos da TAR, a expressão abrir a caixa-preta significa desconstruir e descrever o seu funcionamento. Até agora, observamos o Programa APELL como algo estável e aplicável. Ao abrir a caixa-preta APELL, olharemos o seu funcionamento e suas fragilidades. A Divisão de Tecnologia, Indústria e Economia - UNEP DTIE (2004) define que o programa APELL oferece informação e estrutura suficientes capazes de auxiliar o processo de tomada de decisão no enfrentamento dos riscos em comunidades.a atuação do Programa identifica os riscos potenciais e trabalha na construção de uma comunidade mais segura. O processo pode ser começado por qualquer pessoa voluntária que ao ter a percepção do risco riscos ambientais - aciona as autoridades locais ou a indústria. Um grupo composto pelas partes interessadas estabelece uma coordenação para a ação identificação inicial dos riscos locais e um plano de dez passos como o mostrado na figura 3. Os riscos a serem estudados estão dispostos no manual da APELL e são avaliados em uma escala de 1 a 5 em uma matriz, multi-risco,de acordo com parâmetros de frequência (figura ).A análise é caracterizada pela combinação da probabilidade de um evento em relação as suas consequências. A probabilidade de ocorrência do evento é expressa em termos de probabilidade ou frequência esperada e as suas consequências,

aequação nível zero de classificação de risco que possui dois critérios:1.a probabilidade de que o impacto atinge uma determinada comunidade; 2.como este impacto é quantificado (consequência). Algumas comunidades locais, seus moradores e autoridades, uma vez que já tenham passado por experiências de catástrofes desabamentos, inundações, terremotos, contaminação do solo...- se preparam para o enfrentamento de potenciais riscos. A metodologia APELL (UNEP DTIE, 2004), sugere uma série de ações que uma vez cumpridas, ajudam na percepção da construção de um ambiente mais seguro. Como exemplo disso, estão as ações que uma comunidade deve fazer para estar em segurança: 1.Conhecer os sinais de alarme;2. Seguir planos de evacuação; 3. Saber o que fazer em um acidente; 4. Adaptar suas residências... Figure 3. Os dez passos do Programa APELL Ref: brochura da UNEP Amatriz multi risco não permite um aprofundamento da percepção do risco pela comunidade, uma vez que a análise feita culmina em uma equação matemática, cujo entendimento passa pelos especialistas da área. A transcrição deste instrumento de análise mostra-se pouco eficiente como ferramenta de convencimento sobre a percepção do risco, perante a comunidade, pois esta, demanda uma linguagem direcionada. matriz multirisco Uma alternativa para atender a esta demanda, trazendo uma análise mais aprofundada, é a ferramenta chamada Community Risk Profile (CRP).A princípio, esta ferramenta foi projetada para atenderum grande númerode usuários, que estivessem envolvidos na avaliação de risco ou gerenciamento de comunidades. A aplicação seria restritaas seguradoras e agências na investigaçãodo risco de uma determinada área da

comunidade, e as autoridades das comunidades locais encarregadas das questões relacionadas com desastres e planejamento de uso da terra. Em um segundo momento, seu uso foi ampliado onde passou a ser empregado por Indústrias também. De acordo com o manual do CRP (2010), a ferramenta elenca vários tipos de risco que uma comunidade esta sujeita, direcionando a tomada de decisão. Ela ainda possibilita o desmembramento emoutras avaliações. Embora o CRP não seja uma ferramenta de avaliação de risco, ela apresenta ao executor uma perspectivaqualitativa do nível esperado de risco. Com esta informação, é possível decidir por um plano de ação ou o aprofundamento da avaliação. O CRP também é utilizado para atividades de conscientização e capacitação. Figura 3: Interpretação das escalas Fonte: manual docrp, 2008. A percepção sobre o risco recebe um tratamento em escala, o que nos remete a construção de certo controle sobre o mesmo. Quando o especialista avalia o risco e o coloca em escala, o ganho está no mapeamento e na construção de um cenário passível de ser medido. 3.1. O CRP e a fragilidade dos termos o que está fora da rede As inscrições realizadas pela ferramenta CRP irão detalhar em termos comuns as limitações e vulnerabilidades da comunidade estudada. Definimos aqui a expressão termos comuns como a linguagem utilizada para a realização das perguntas na ferramenta. Quando são apontados riscosem localidades,os coordenadores da ação estabelecem prioridades nos investimentos. A comparação entre planilhas CRP, no entanto, não se apresenta como uma boa opção para a hierarquização das comunidades por ordem de necessidade para o recebimento deste investimento de acordo com alguns motivos: 1. O tratamento dos dados sobre a análise do risco é determinística (método de análise CRISP). Perguntas do tipo Existem alarmes em caso de inundação? que produziriam um efeito mais próximo ao que pode ser verificado na prática, recebem como resposta sim ou não. Ficam de fora nesta análise por exemplo, a quantidade de alarmes distribuídos, a distância entre eles e outras informações. Com este instrumento de medição, as comunidades comparadas apresentariam a mesma notação sobre risco. 2. Não há uma diferenciação para a importância de cada pergunta dentro do mesmo critério de risco, ou seja, todas as perguntas possuem o mesmo peso

independente de serem mais relevantes ou não. A atribuição de pesos tornaria mais realista a avaliação. 3. O resultado final ao ser somado atinge um valor acima da média esperada. Para cada critério de risco, o valor máximo é 5, porém ao somar os valores de cada pergunta da planilha, esse valor é ultrapassado, e precisa ser reduzido a 5, o que gera uma distorção desta notação. Na tentativa de negociar elos mais fortes na rede APELL, alternativas se apresentam, como o uso da matemática fuzzy para a reelaboração das escalas e pesos linguísticos, por exemplo. A sinalização de uma alternativa para as fragilidades da rede nos dá esperanças de que localmente é possível uma inovação. Além disso, seguir o movimento dos atores que modificam e são modificados, em um movimento incessante faz parte do movimento da dinâmica da rede. 4.Negociação dos termos ou recalcitrância? uma possível conclusão A negociação dos atores em relação aos termos de trabalho da ferramenta APELL, pode ser entendida como um processo de comunicação (UNEP) entre as diferentes partescom diferentes entendimentos, ou podem ser entendidos como recalcitrâncias.latour define recalcitrância como aquilo que resiste entre as redes (LATOUR, 1997). No sentido de criar tensão, resistir pode ser interpretado como um ato de desobediência, uma não conformidade com aquilo que esta sendo posto. Resistir a um acordo em relação aos termos que envolvem a percepção sobre o risco,coloca em cheque a própria rede APELL uma vezidentificada graduações de risco de periculosidade de desabamento em uma região, é necessário que se faça o deslocamento desses moradores. Uma vez que esse risco não seja entendido como tal e os moradores permaneçam no lugar considerado perigoso, se o desabamento ocorrer o desastre não conseguirá ser evitado e a rede APELL será desestabilizada. A negociação dos termos faz parte da estabilização da rede. Uma vez estabilizada, ela consegue realizar a adoção das práticas e ações que fazem parte do escopo do programa e que são voluntariamente propostas aos diferentes atores. O efeito produzido pela redepassa a ser de percepção do risco para a percepção de segurança e controle. A aplicação do APELL em uma comunidade, uma vez que as ligações recalcitrantes sejam resolvidas, reforça o discurso da segurança propagado pelas Instituições que o fomentam: a UNEP, os decretos, a defesa civil. References Boulic, R.and Renault, O. (1991) 3D Hierarchies for Animation, In: New Trends in AnimationandVisualization, EditedbyNadiaMagnenat-Thalmannand Daniel Thalmann, John Wiley& Sons ltd., England. Dyer, S., Martin, J. andzulauf, J. (1995) Motion Capture White Paper, http://reality.sgi.com/employees/jam_sb/mocap/mocapwp_v2.0.html, December. Holton, M. and Alexander, S. (1995) Soft CellularModeling: A Technique for thesimulationof Non-rigidMaterials, Computer Graphics: Developments in Virtual

Environments, R. A. Earnshawand J. A. Vince, England, Academic Press Ltd., p. 449-460. Knuth, D. E. (1984), The TeXbook, Addison Wesley, 15 th edition. Smith, A. and Jones, B. (1999). Onthecomplexityofcomputing. In Advances in Computer Science, pages 555 566. Publishing Press. LATOUR, B. (1997), Ciência em Ação como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. Editora Unesp. Des sujetsrecalcitrants. Paris : La Recherce, 1997.