O PRIMEIRO PASSO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 BORTOLATO, Jéssica Machado 2 ; PANZIERA, André Gonçalves 3 ;BERNARDI, Ewerthon Cezar Schiavo 4 ; PIÊGAS, Guilherme Klug 5 ; BARBOSA, Tuany Ramos 6 ; SWAROWSKI, Alexandre 7. 1 Trabalho de Pesquisa- PROBIC/PROBEX -UNIFRA 2,3,4,5,6 Acadêmicos do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. 7 Docente do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: jessicambgat@hotmail.com; bernardi.ecs@hotmail.com; piegasguilherme@hotmail.com; anynhabarbosa@hotmail.com; aleswar@gmail.com. RESUMO Este trabalho apresenta a realização da primeira atividade de educação ambiental para melhorar as condições do Arroio Esperança: conhecer a comunidade escolhida, o local e a forma como as pessoas vivem. O local escolhido é a Vila Carolina e a Vila Valdemar Rodrigues, que se localizam na cidade de Santa Maria, RS, as quais fazem parte da área de abrangência da bacia hidrográfica do arroio Esperança. No primeiro momento teve-se como instrumento de intercâmbio entre os acadêmicos e as famílias a Escola Municipal Euclides da Cunha, onde foram entregues a cada aluno residente destas vilas um questionário sócio- ambiental, que juntamente com visitas posteriores as vilas nos proporcionaram dados e constatações tanto negativas sobre as condições ambientais e a qualidade de vida que as famílias que residem ali tem. Palavras-chave: Educação Ambiental; Arroio Esperança; Sócio- ambiental. 1. INTRODUÇÃO Em decorrência das poluições e de notórias diminuições nos recursos naturais, há muitos anos atrás iniciava-se lutas em favor da natureza, o que despertava diversos sentimentos de preocupação, principalmente pelas partes governantes. Assim surgiu a expressão educação ambiental, a qual tinha por objetivo representar essas preocupações, e nos dias atuais, ainda mais ampla, tem também caráter de ação. O consumismo intenso valoriza a acumulação material, a competição exacerbada, o individualismo egoísta e vende uma ilusão alienante de crença na viabilidade desse modelo, que jamais poderia ser alcançado pelo conjunto da população planetária ou até mesmo pela grande maioria das nações existentes (GUIMARÃES, 1995, p.13). As possibilidades de compra fazem com que existam as grandes diferenças no estilo de viver das pessoas, não devido somente a grande importância que se dá ao valor aquisitivo nos dias de hoje, mas também ao acesso as coisas básicas. Este disponibiliza as pessoas melhor formação, alimentação e melhores condições de saúde, por outro lado também propicia consumismo, muitas vezes de forma exagerada, o que danifica o meio ambiente. O importante é cada pessoa dentro de suas condições saber usar e preservar o meio em que vive de forma correta, para que futuras gerações também possam usufruir dos recursos que o ambiente disponibiliza. 1
A educação ambiental chega com o propósito de fazer com que as pessoas entendam que independente das suas condições financeiras o importante é consumir de forma consciente, diminuir a quantidade de resíduos, pois esse é um dos primeiros passos para se preservar o meio ambiente. As conseqüências de atos como esses são melhores relações com nossos semelhantes, boa relação com a natureza, hoje e no futuro. A educação ambiental se preocupa em formar desde a infância cidadãos conscientes, capazes de fazerem mudanças sociais em defesa do meio ambiente, fazer com que através delas, adultos também tenham acesso ao conhecimento. Por isso a escola é o lugar ideal para colocar em ação a educação ambiental. O presente trabalho desenvolve-se por compartilhar com Guimarães um pensamento semelhante: pela gravidade da situação ambiental em todo o mundo, assim como no Brasil, já se tornou categórica a necessidade de implementar a educação ambiental para as novas gerações em idade de formação de valores e atitudes, como também para a população em geral, pela emergência da situação em que nos encontramos. O primeiro passo no trabalho de educação ambiental é organizado com base na realidade de cada família e da escola em estudo, para que se possa ter mais conhecimento sobre as condições sócio- econômicas, culturais e educativas da comunidade em geral. Assim as atividades são organizadas e direcionadas para os maiores problemas encontrados. Na educação ambiental para alunos, desenvolvem-se atividades criativas e que tem compromisso com o ensino- aprendizagem. Os assuntos tratados tem enfoque no ambiente, modo de vida, saúde, das famílias dos estudantes, podendo com isso ser feito um intercâmbio entre as disciplinas, séries e alunos de idades diferentes. 2. METODOLOGIA Este trabalho tem- se desenvolvido na Vila Catarina e Valdemar Rodrigues, no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, vilas estas que abrangem a Escola Municipal Euclides da Cunha e a Bacia Escola do arroio Esperança, respectivamente. Figura 1: Área de abrangencia da Bacia Hidrográfica do Arroio Esperança 2
As tarefas iniciaram com reuniões de equipe, que tinham como objetivos principais estabelecer as prioridades do projeto, capacitar os envolvidos, para as discussões nas escolas, além de decidir quais seriam as soluções junto à comunidade, sendo estes grandes responsáveis pelo sucesso, organização e distribuição das atividades. Realizou-se previamente um levantamento de imagens fotográficas direcionadas a demonstrar a quantidade de resíduos que é depositada de forma inadequada na região da Bacia Escola. Este levantamento inicial servirá de comparativo a outros levantamentos, o qual se pretende realizar ao final de cada ano do projeto. Figura 2: Resíduos depositados na Região da Bacia Escola Com o objetivo de verificar a qualidade de vida, o grau de conhecimento ambiental dos familiares e como estes usam e acolhem a idéia da não utilização da Bacia Escola como local de descarte de resíduos, foram realizadas entrevistas com 80 familias de alunos através de questionário, este com palavras e expressões fáceis e comuns, facilitando assim o entendimento do público alvo. Este gerou dados estatísticos sobre a qualidade e estilo de vida das famílias, além de salientar a importância da escola como veículo informativo de problema ambiental na região. Tendo-se assim realizado o primeiro passo no caminho para a educação ambiental. 3
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Gráfico 1- Quantidade de anos que família reside no local A partir do gráfico 1 podemos perceber que a grande maioria das famílas, cerca de 73% reside a bastante tempo no entorno da Bacia Escola, na região das vilas Carolina e Valdemar Rodrigues, sendo destes 16% que residem de 5 a 10 anos, 33% de 10 a 20 anos, 10% de 20 a 30 anos e apenas 18% residem a menos de 5 anos. Deste modo podemos pensar que as pessoas que moram neste local conhecem os problemas ambientais existentes, muitas vezes também são responsáveis por estes e ao final nos fica uma incógnita quanto a responsabilidade que estes assumem no mal cuidado do arroio. Sendo assim, no desenvolver do trabalho um objetivo será fazer com que através das crianças os adultos também enxerguem os erros que vem sendo cometidos na preservação do Arroio Esperança. Gráfico 2- Quantidade de pessoas que moram na casa? Sabe- se que nas últimas décadas as famílias estão sendo cada vez menores, pois se pensa em melhores acessos tanto a educação, cultura, além do bem estar, não só para filhos, mas para a família de um modo geral. No gráfico 2 podemos perceber que as famílias entrevistadas ainda são família grandes, mais de 50% apresentam no mínimo dois filhos, onde destes 30% possuem mais do que dois. Notamos também que 20% das famílias possuem um filho e o restante 6% são famílias constituidas por um filho e um pai ou mãe. Através de visitas realizadas nas vilas Carolina e Valdemar Rodrigues, assim como na 4
escola, percebemos que a maioria das famílias vive em situações precárias, o que é maior na proporção em que se aumenta a quantidade de integrantes da família. Quando questionados sobre se conheciam ou não o Arroio Esperança, cerca de 17,5% das famílias responderam que não. Devido a proximidade que o arroio está dessas famílias, fizemos contato com estas para ver o porque da resposta e descobriu-se que muitos só conheciam este por Arroio Cadena, o que explica esse percentual. Quanto a água utilizada em suas residencias 96% das famílias responderam que usam a água fornecida pelo abastecimento público, o restante utiliza água industrializada, entre outras. Segundo engenheiro responsável pela CORSAN da cidade de Santa Maria, tanto na Vila Catarina, como na Valdemar Rodrigues a rede de tratamento de esgoto está presente, porém nem todas as famílias são conectadas. Segundo o questionário 70% das famílias fazem o uso da mesma. Quando visitadas as vilas, percebeu-se que boa parte das residências fazem o despejo do seu esgoto diretamente no arroio, o que representa aproximadamente 30% das famílias entrevistadas, isso causa uma grande preocupação, pois são cerca de 24 a cada 80 residências. No quesito lixo, 60% das famílias responderam que separam o lixo, resultado esse que se contradiz com a realidade observada no local. 95% das famílias responderam que o destino que dão ao lixo é a coleta convencional da prefeitura, a qual segundo fontes da prefeitura se realiza três vezes na semana, os 5% restantes informaram que deixam o lixo no próprio quintal ou em local não informado. Cerca de 20% das famílias reutilizam o lixo de alguma forma. Quando falou-se em saúde, muito pequena foi a percentagem de pessoas que disseram que algum membro da familia ja teve doença por causa das más condições do arroio, porém acredita-se que isso seja por falta de conhecimento, pois vários disseram que a familia ja teve doenças, mas não conseguem relacionar com as condições do arroio. Apenas em uma resposta dos questionários notamos esta relação, entre as más condições e a saúde: Alergia de pele por causa da água que vai para a rua quando chove e a gente tem que passar, pisar na água suja, molhar os pés, ai da uma alergia nos pés. Sempre quando transborda a água da sanga que sai fora do arroio. 5
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados do questionário, realizados com as famílias que vivem no entorno do Arroio Esperança, nos mostraram o modo de vida, as possibilidades econômicas, as preocupações ambientais das pessoas com o mesmo. Além da triste falta de conhecimento de algumas famílias sobre os problemas causados pela má utilização do Arroio. Para que os fatores negativos que ainda existem sejam sanados, o projeto terá continuidade por dois anos e as próximas atividades serão encontros de conscientização com enfoque em descarte de resíduos, orientando também sobre os perigos que a contaminação dos recursos hídricos podem causar à saúde e como evitar estes males, de forma a priorizar a limpeza do arroio Esperança e área do seu entorno. REFERÊNCIAS GUIMARÃES, Mauro. Educação ambiental: No consenso um embate?. Campinas- São Paulo, 2000. GUIMARÃES, Mauro. A formação de educadores ambientais. Campinas- São Paulo, 2004. GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. Campinas- São Paulo, 1995. FEITOSA, Antonia Aristélia F. M. A. A educação ambiental na primeira fase do 1º grau. João Pessoa- Paraíba, 1996. 6