CONTRIBUIÇÃO DA ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 014/2011
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- Amália Vera Castanho Amado
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1 CONTRIBUIÇÃO DA ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 014/2011 A ELETROSUL analisou a proposta da ANEEL para a regulamentação das instalações destinadas a interligações internacionais, com base no exposto na Nota Técnica SRT/SRE/SEM/ANEEL nº 018/2011 e legislação pertinente (Lei 9.074/1995, Lei nº /2009, Decreto nº 7.246/2010, Portaria MME nº 1.004/2010), com ênfase nas instalações descritas no parágrafo 7º do art. 17 da Lei nº de 07 de julho de 1995, ou seja, naquelas instalações de transmissão necessárias ao intercâmbio internacional com outorga anterior à 31/12/2010. Com a finalidade de permitir melhor entendimento deste documento, a contribuição será segmentada em três partes: Ajustes Contratuais dos Agentes, Análise Técnica da Proposta e Contribuições sobre a Minuta de Resolução. 1. Ajustes Contratuais dos Agentes A ELETROSUL detém a propriedade da Estação Conversora de Freqüência de Uruguaiana. Essa estação converte a energia de 60Hz gerada no Brasil para 50Hz da Argentina, e vice-versa, com o objetivo de compatibilizar os sistemas para fornecimento ou recebimento de energia entre os dois países. É parte integrante do sistema de 230kV, fazendo a interligação entre ELETROSUL e Transnea, na cidade argentina de Paso de Los Libres. Através da linha de transmissão de 132kV, possibilita o intercâmbio de até 50MW. 1
2 As outorgas de autorização foram estabelecidas pela Portaria DNAEE nº 179, de 19/09/1983, que aprovou o projeto básico relativo à construção da Conversora de Uruguaiana, 230 kv - 60 Hz / 138 kv - 50 Hz, e Portaria DNAEE Nº 324, de 5/04/1994, que aprovou o projeto básico relativo à LT em 132 kv entre Paso de Los Libres e Uruguaiana, no trecho em território brasileiro. Sua implantação foi possibilitada através de trocas de notas entre as chancelarias de ambos os países em maio de 1980 e por subseqüentes contratos de interconexão, fornecimento e intercâmbio de energia. A Conversora também está alinhada com os objetivos do Memorando de Entendimentos celebrado entre a República Federativa do Brasil e República da Argentina em 13/08/1997, que reafirmava o interesse de avançar no desenvolvimento dos intercâmbios bilaterais em matéria de energia elétrica visando à complementação de seus recursos energéticos. Havia, portanto, um interesse mútuo em fortalecer o intercâmbio visando atender não apenas o caráter comercial do empreendimento, mas também aspectos de segurança de fornecimento no continente e da alocação ótima de excedentes energéticos. Em 1983, a ELETROSUL assinou seu primeiro contrato de interconexão, com o ente estatal argentino AyE - Agua y Energia Electrica Sociedad Del Estado, regulando as condições de intercâmbio de energia entre os países. A esse contrato, sucedeu-se um novo instrumento firmado em 1992, que desta vez segregava o faturamento pela disponibilização de potência e pela venda de 2
3 energia elétrica. Com a privatização do parque gerador da ELETROSUL, o intercâmbio energético realizado pela empresa foi suspenso, passando para a ELETROBRAS a partir de 2001, mediante Resolução nº 266, de 13/07/2001. Cabe ressaltar que no período de 1995 a 2001 a AyE, e posteriormente a Empreendimentos Binacionales S/A EBISA (estatal argentina que sucedeu a AyE), pagaram mensalmente a chamada potência posta à disposição pelo direito de uso da Conversora. A partir de dezembro de 2001, com a eclosão da crise financeira argentina, houve a interrupção do pagamento e a exigência de renegociação do contrato, contemplando a nova realidade fática da ELETROSUL. Em 2009, a ELETROSUL, a ELETROBRAS e a EBISA assinaram o Termo Aditivo nº 2 ao Contrato de Interconexão, Fornecimento e Intercâmbio de Energia Elétrica, que possibilitou a retomada do faturamento pelo intercâmbio de energia e pela potência posta à disposição da Conversora de Freqüência de Uruguaiana. A efetivação do intercâmbio ficou condicionada à emissão de resolução autorizativa pela ANEEL, como efetivamente ocorreu em 2009 e Esta formalização contratual objetivou dotar a ELETROSUL e a EBISA de condições normativas adaptadas à atual legislação setorial de cada país, haja vista que os instrumentos anteriores foram formalizados sob a égide dos modelos do setor elétrico, anteriormente vigentes. 3
4 Uma vez que a relação contratual entre os agentes foi determinada pela estrutura regulatória vigente quando da construção da Conversora, a ELETROSUL enfatiza a necessidade de inclusão de novos dispositivos na NT nº 018/2011, relacionados a seguir: - Reconhecimento de que o ativo foi construído sob a égide da diplomacia, e que a solução a ser adotada permita à ELETROSUL e EBISA uma geração de fluxo de caixa que propicie a remuneração justa do investimento. - Necessidade de reconhecer os instrumentos firmados entre ELETROSUL e EBISA como atos jurídicos perfeitos, gerador de direitos e obrigações para ambos os entes. - Definição sobre necessidade de desvinculação dos contratos de disponibilização de potência em vigor, assim como previsto na NT nº018/2011 para os contratos de intercâmbio de energia, para atendimento da condição de concessionária equiparada. - Definição do prazo contratual: devido ao fato de que as portarias autorizativas do DNAEE não dispunham de prazo contratual, entende-se necessário que seja estabelecido um prazo que propicie condições de remuneração justa dos investimentos realizados. 2. Análise Técnica da Proposta ANEEL Dentre os parâmetros estabelecidos pela ANEEL na NT nº018/2011 para equiparação da concessão, a ELETROSUL realizou ponderações quanto ao reconhecimento de PIS/COFINS na RAP e à aplicação da REN nº 270/2007: 4
5 2.1 Reconhecimento da despesa com PIS/COFINS na RAP Entende-se pela NT nº 018/2011 que o cálculo e atualização da RAP seguirão as diretrizes da Resolução Normativa nº 386, de 15 de dezembro de Tal entendimento tem correspondência na minuta de resolução, art. 3º, onde se lê que serão utilizados os parâmetros da REN 386/2009 para cálculo do CAAE e CAOM, e na NT nº 018/2011, que estabelece na Fl. 7 o prazo do ciclo revisional em quatro anos. A NT nº 018/2011 propõe a determinação da RAP através de cálculo correspondente com aquele atualmente utilizado para a revisão tarifária das autorizadas: Valoração da base de remuneração em consonância com método adotado para transmissoras com revisão em toda a base de ativos (RBSE e RBNI), a saber: Custo de Reposição Otimizado e Depreciado. Cálculo do Custo Anual dos Ativos Elétricos - CAAE composto pelo retorno sobre o ativo (aplicação do custo médio de capital regulatório sobre a base de remuneração), e retorno do ativo (depreciação). 5
6 Cálculo do Custo de O&M CAOM através da razão do O&M regulatório sobre a base de remuneração de cada transmissora que passou por revisão no último ciclo. Encargos: Reconhecimento de RGR, P&D e TFSEE. Diferentemente da REN 386/2009, as concessões licitadas atuais possuem receitas publicadas anualmente sem considerar o montante correspondente às despesas de PIS/COFINS sobre a receita bruta. Nesse caso o Operador Nacional dos Sistemas Elétricos ONS fica autorizado a incluir nos Avisos de Crédito AVC e Avisos de Débito AVD das concessionárias referentes a esses contratos, conforme o regime de apuração por elas adotado, os valores referentes às alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS, necessários à cobertura dos dispêndios destes tributos. Embora essa prática seja restrita aos atuais contratos licitados, ou seja, não é adotado no cálculo da receita previsto na REN 386/2009, observa-se a ausência do componente PIS/COFINS na RAP proposta na NT nº 018/2011, restando deduzir pela ELETROSUL se o regulador pretende adicionar os tributos nos moldes dos contratos licitados. A ELETROSUL solicita que seja definida na normativa como será reconhecida a despesa com PIS/COFINS sobre a receita dos novos contratos, inclusive com seus reflexos sobre os encargos setoriais. 6
7 2.2 Isonomia entre concessionários: Aplicação das regras da REN 270/2007 De acordo com a NT nº 018/2011,..o processo denominado equiparação tem por objetivo estabelecer para a futura transmissora as mesmas características ou condições de uma nova transmissora... Quanto à aplicação da Resolução Normativa n 270 de 26 de Junho de 2007, que estabelece padrões relativos à qualidade do serviço prestado, a nota técnica propõe a aplicação parcial da normativa. 67. Para as instalações equiparadas também será aplicada a REN nº 270/2007. Porém, considerando que essas instalações não passaram por processo licitatório, entende-se razoável: A não aplicação da carência para a aplicação da Parcela Variável Por Indisponibilidade PVI e da Parcela Variável por Restrição Operativa Temporária PVRO para as instalações que estejam em operação comercial há mais de 6 (seis) meses; O estabelecimento, em ato específico, do Fator multiplicador para Outros Desligamentos Ko, Fator multiplicador para Desligamento Programado Kp, Padrão de Duração de Desligamento Programado, Padrão de Duração de Outros Desligamentos e Padrão de Frequência de Outros Desligamentos, em similaridade com as instalações referenciadas na REN nº 270/2007; e A não aplicação dos dispositivos relacionados ao Adicional à RAP estabelecidos na REN nº 270/
8 Uma vez estabelecido pelo regulador que será aplicada a regulamentação da REN nº 270/2007 para a Conversora de Uruguaiana, a ELETROSUL entende que deverá alocar recursos visando o atendimento das regras estabelecidas, com a finalidade de evitar penalidades e garantir plena confiabilidade de suas instalações. O fato de a instalação ser equiparada, e não licitada, não estabelecerá diferenciação quanto às práticas da empresa de alocação de recursos para garantir suas metas de qualidade na prestação do serviço público. Dessa forma, a ELETROSUL solicita a re-análise do entendimento pelo regulador, visando coerência na aplicação das regras de qualidade do serviço prestado. 8
9 3. Contribuições sobre a Minuta de Resolução MODELO PARA ENVIO DE CONTRIBUIÇÕES REFERENTE À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 14/2011 NOME DA INSTITUIÇÃO: ELETROSUL CENTRAIS ELÉTRICAS S.A. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL ATO REGULATÓRIO: Minuta de Resolução Normativa Regulamenta as instalações destinadas a interligações internacionais, o estabelecimento da receita para os equiparados aos concessionários de serviço público de transmissão, o adicional de tarifas de uso específico, a forma de ajuste dos contratos atuais de importação e exportação de energia de que tratam os 6º e 7º do art. 17 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, incluído pela Lei nº , de 9 de dezembro de 2009 e de que trata o art. 21 do Decreto nº 7.246, de 28 de julho de 2010 e dá outras providências 9
10 CONTRIBUIÇÕES TEXTO/ANEEL TEXTO/INSTITUIÇÃO JUSTIFICATIVA/INSTITUIÇÃO Art. 8º A equiparação aos concessionários de serviço público de transmissão destinado a interligação internacional de que trata esta resolução implica: I encerramento dos contratos existentes de importação e/ou exportação de energia elétrica; II vedação de celebração de novos contratos de importação e/ou exportação de energia elétrica; III encerramento do CUST; IV celebração de Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão CPST, na modalidade interligação internacional; V encerramento do CCT; e VI celebração de Contrato de Compartilhamento de Instalações CCI. Art. 8º A equiparação aos concessionários de serviço público de transmissão destinado a interligação internacional de que trata esta resolução implica: I Aplicação dos ajustes necessários nos contratos existentes de importação e/ou exportação de energia elétrica; II vedação de celebração de novos contratos de importação e/ou exportação de energia elétrica vinculados às instalações objeto da equiparação; III encerramento do CUST; IV celebração de Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão CPST, na modalidade interligação internacional; V encerramento do CCT; e VI celebração de Contrato de Compartilhamento de Instalações CCI. Caso o Agente tenha contratos vigentes de compra e venda de energia deverá efetuar os ajustes necessários com suas contrapartes de forma a desvinculá-los da atividade de transmissão, na forma prevista na parte final do 7º do art. 17 da Lei 9.074/95, verbis: 7 o As instalações de transmissão necessárias aos intercâmbios internacionais de energia elétrica outorgadas até 31 de dezembro de 2010 poderão ser equiparadas, para efeitos técnicos e comerciais, aos concessionários de serviço público de transmissão de que trata o 6 o, conforme regulação da Aneel, que definirá, em especial, a receita do agente, as tarifas de que tratam os incisos XVIII e XX do art. 3 o da Lei n o 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e a forma de ajuste dos contratos atuais de importação e exportação de energia. (Incluído pela Lei nº , de 2009) Entendemos que a vedação à celebração de novos contratos de importação/exportação de energia refere-se às instalações objeto da equiparação e não a empresa que é detentora de várias concessões de transmissão e geração. 10
11 TEXTO/ANEEL TEXTO/INSTITUIÇÃO JUSTIFICATIVA/INSTITUIÇÃO Art. 9º Os agentes titulares das instalações de que trata o art. 1º estão sujeitos à regulamentação aplicável aos concessionários de transmissão. Parágrafo único. Para as instalações de que trata o inciso II do art. 1º, aplica-se a Resolução Normativa nº 270, de 26 de junho de 2007, observando-se: Art. 9º Os agentes titulares das instalações de que trata o art. 1º estão sujeitos à regulamentação aplicável aos concessionários de transmissão. Parágrafo único. Para as instalações de que trata o inciso II do art. 1º, aplica-se a Resolução Normativa nº 270, de 26 de junho de 2007, observando-se: Havendo a equiparação, com aplicação dos descontos por indisponibilidade das instalações de interligação internacional, não parece haver razão para o tratamento discriminatório. I a inexistência de carência para a aplicação da Parcela Variável por Indisponibilidade PVI e da Parcela Variável por Restrição Operativa Temporária PVRO para as instalações que estejam em operação comercial há mais de 6 (seis) meses; I a inexistência de carência para a aplicação da Parcela Variável por Indisponibilidade PVI e da Parcela Variável por Restrição Operativa Temporária PVRO para as instalações que estejam em operação comercial há mais de 6 (seis) meses; II o estabelecimento, em ato específico, do Fator Multiplicador para Outros Desligamentos Ko, Fator Multiplicador para Desligamento Programado Kp, Padrão de Duração de Desligamento Programado, Padrão de Duração de Outros Desligamentos e Padrão de Frequência de Outros Desligamentos; e II o estabelecimento, em ato específico, do Fator Multiplicador para Outros Desligamentos Ko, Fator Multiplicador para Desligamento Programado Kp, Padrão de Duração de Desligamento Programado, Padrão de Duração de Outros Desligamentos e Padrão de Frequência de Outros Desligamentos; e III a não aplicação dos dispositivos relacionados ao Adicional à RAP estabelecidos na REN nº 270/2007. III EXCLUIR 11
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