EXERCÍCIOS FCC - Interpretação
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- Miguel Azeredo Lacerda
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1 1º Parágrafo PROVA TRE/PB FCC TÉCNICO Texto 1 Nem o cientista mais ortodoxo pode negar que mexer com equações é difícil e cansativo. Mas a ciência não deixa de ser bonita ou agradável apenas por causa disso. A arte, apesar de bela, também não é fácil: todo profissional sabe a dor e a delícia de aprender bem um instrumento ou de dominar o pincel com graça e precisão. É verdade que dificilmente alguém espera encontrar numa equação ou num axioma as qualidades próprias da arte, como a harmonia, a sensibilidade e a elegância. 2º Parágrafo A graça e a beleza das teorias, no entanto, sempre tiveram admiradores e hoje mais do que nunca, a julgar pela quantidade de livros recentes cujo tema central é a sedução e o encanto dos conceitos científicos. Exagero? 3º Parágrafo As leis da física são em grande parte determinadas por princípios estéticos, afirma o astrônomo americano Mario Livio, do Telescópio Espacial Hubble, também autor de um livro que analisa a noção de beleza dentro da ciência. Ele afirma que, quando a estética surgiu na Antiguidade, os conceitos de beleza e de verdade eram sinônimos. Para ele, o traço de união entre arte e ciência reside exatamente nesse ponto. As duas representam tentativas de compreender o mundo e de organizar fatos de acordo com uma certa ordem. Em última instância, buscam uma ideia fundamental que possa servir de base para sua explicação da realidade. 4º Parágrafo Mas se o critério estético é tão importante para o pensamento científico, como ele se manifesta no dia-a-dia dos pesquisadores? O diretor do Instituto de Arte de Chicago acha que sabe a resposta. Ciência e arte se sobrepõem naturalmente. Ambas são meios de investigação, envolvem ideias, teorias e hipóteses que são testadas em locais onde a mente e a mão andam juntas: o laboratório e o estúdio, afirma. 5º Parágrafo Acredita-se que as descobertas científicas sirvam de inspiração para os artistas, e as obras de arte ajudem a alargar o horizonte cultural dos cientistas. Na prática, essa mistura gera infinitas possibilidades. A celebração que artistas buscam hoje já ocorreu diversas vezes no passado, de maneira mais ou menos espetacular. Na Renascença, a descoberta da perspectiva pelos geômetras encantou os pintores que, logo abandonaram as cenas sem profundidade do período clássico e passaram a explorar sensações tridimensionais em seus quadros. Os arquitetos também procuravam dar às igrejas um desenho geometricamente perfeito; acreditavam, com isso, que criavam um portal para o mundo metafísico das ideias religiosas. 6º Parágrafo No século XX, essa tendência voltou a crescer. A grande preocupação dos pintores impressionistas com a luz, por exemplo, tem muito a ver com as conquistas da ótica. A matemática também teria influenciado a pintura do russo Wassily Kandinsky, segundo o qual tudo pode ser retratado por uma fórmula matemática. Seu colega Paul Klee achou um jeito de colocar em vários quadros alguma referência às progressões geométricas. Bemhumorado, brincava com as ideias da
2 matemática dizendo que uma linha é um ponto que saiu para passear. 1 - (TRE PB TÉCNICO) É correto afirmar que no texto se encontra uma: (A) A defesa da ciência como base para o desenvolvimento da arte, que depende de alguns princípios estabelecidos por aquela, para desenvolver-se satisfatoriamente. (B) Análise de aspectos comuns à ciência e à arte, com o intuito de apontar semelhanças e reciprocidades entre uma e outra, cada qual com seus princípios e objetivos. (C) Justificativa do predomínio da arte sobre os princípios científicos, pois há evidencias de ter ela surgido muito antes, como manifestação do pensamento humano. (D) Apreciação, de certo modo desfavorável, de algumas teorias científicas que buscam explicar as fontes de inspiração das obras de arte, no decorrer da História. (E) Avaliação, voltada para alguns princípios aceitos por artistas, de que a ciência deve muito de seu progresso às descobertas e soluções adotadas por pintores em todas as épocas. 2 - (TRE PB TÉCNICO) Para ele, o traço de união entre arte e ciência reside exatamente nesse ponto. (3 parágrafo). A expressão grifada indica, considerando-se o contexto: (A) A busca por uma proposta que fundamentasse as possíveis explicações para a realidade. (B) Os métodos que podem chegar aos mesmos resultados, quer na arte, quer na ciência. (C) A percepção de que a pesquisa científica é árida e cansativa, assim como a percepção de uma obra de arte. (D) O idêntico sentido que sempre se atribuiu aos conceitos, tanto de beleza quanto de verdade. (E) As teorias científicas que tentaram explicar a harmonia e a beleza das obras de arte. 6º Parágrafo No século XX, essa tendência voltou a crescer. A grande preocupação dos pintores impressionistas com a luz, por exemplo, tem muito a ver com as conquistas da ótica. A matemática também teria influenciado a pintura do russo Wassily Kandinsky, segundo o qual tudo pode ser retratado por uma fórmula matemática. Seu colega Paul Klee achou um jeito de colocar em vários quadros alguma referência às progressões geométricas. Bemhumorado, brincava com as ideias da matemática dizendo que uma linha é um ponto que saiu para passear. 1º Parágrafo TÉCNICO JUDICIÁRIO TJPE FCC Texto 2 A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação a outra se dá de maneira particular; e a parte do natural e do artificial também varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo. 2º Parágrafo Podemos admitir que a história do meio geográfico pode ser grosseiramente dividida em três etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-informacional.
3 3º Parágrafo Alguns autores preferirão falar de meio pré-técnico em lugar de meio natural. Mas a própria ideia de meio geográfico é inseparável da noção de técnica. Para S. Moscivici (1968), as condições do trabalho estão em relação direta com um modo particular de constituição da natureza, e a inexistência de artefatos mais complexos ou de máquinas não significa que uma dada sociedade não disponha de técnicas. Estamos, porém, reservando a apelação de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas, já que estas, unidas ao solo, dão uma toda nova dimensão à respectiva geografia. Quanto ao meio técnico-científico-informacional é o meio geográfico do período atual, onde os objetos mais proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se servem de uma técnica informacional da qual lhes vem o alto coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas modalidades e às diversas etapas da produção. (Milton Santos. A natureza do espaço: espaço e tempo; razão e emoção. 3 ed. São Paulo: Hucitec, p. 186 e 187) 1. No texto, o autor (A) evidencia seu desacordo com os estudos da história das chamadas relações entre sociedade e natureza, por considerar esses dois polos naturalmente inconciliáveis. (D) reluta em acatar a clássica divisão da história do meio geográfico em três estágios, porque, sendo essa tripartição pouco refinada, impede teorização aceitável. (E) aponta as diversas modalidades de agrupamentos sociais como dificuldade relevante para a configuração de um meio menos natural, isto é, tecnicamente mais adequado. 2. É correto afirmar: (A) O futuro do presente simples preferirão (linha 15) foi empregado para exprimir, com valor de presente, uma probabilidade sobre o fato mencionado. (B) Se o autor estivesse tratando de "meios", a forma da expressão teria de ser "meios prétécnico". (C) A conjunção Mas (linha 16), em vez de, como usualmente, introduzir oração que denota restrição ao que foi dito anteriormente, indica apenas que se vai passar para outro assunto diferente, como em Corrupção é o tema do dia, mas vou falar de amizade. (D) Compreende-se que o autor, em sua abordagem, não estabelece distinção entre técnicas e artefatos, sejam estes mais complexos ou menos complexos. (E) O segmento a própria ideia de meio geográfico é inseparável da noção de técnica (linhas 16 e 17) equivale a o apropriado conceito de meio geográfico prescinde da noção de técnica. (B) defende que o progresso de uma sociedade se mede pela interferência cada vez mais intensa de instrumentos no meio em que se vive. (C) adverte para o caráter altamente singular tanto do modo como cada agrupamento humano está numa também singular natureza, como do modo como age sobre ela. 3. Estamos, porém, reservando a apelação de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas, já que estas, unidas ao solo, dão uma toda nova dimensão à respectiva geografia. Considerada a frase acima, em seu contexto, afirma-se com correção: (A) O emprego de Estamos evidencia inquestionavelmente que o autor fala em nome
4 do grupo de pesquisadores que adota a expressão meio técnico para designar a fase posterior à invenção e ao uso das máquinas. (B) Substituindo reservando a apelação por nomeando, o segmento manteria a correção e o sentido originais com a formulação nomeando de meio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas". (C) O pronome estas retoma a invenção e as máquinas. (D) A expressão unidas ao solo exprime a circunstância que determina a existência da nova dimensão citada. (E) O termo respectiva sinaliza que se trata da geografia já citada no texto. 4. Quanto ao meio técnico-científicoinformacional é o meio geográfico do período atual, onde os objetos mais proeminentes são elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se servem de uma técnica informacional da qual lhes vem o alto coeficiente de intencionalidade com que servem às diversas modalidades e às diversas etapas da produção. No trecho acima transcrito, (A) a colocação de dois-pontos depois de meio técnico-científico- informacional preservaria o sentido e a correção originais. (B) a palavra onde está empregada em conformidade com o padrão culto escrito, assim como o está em O atendimento foi inadequado, é onde o governador cobrou providências urgentes. (C) a expressão os objetos mais proeminentes equivale, no contexto, a artefatos até os mais simples. (D) o segmento da qual lhes vem o alto coeficiente de intencionalidade pode ser substituído por a qual devem o alto coeficiente de intencionalidade, sem prejuízo do sentido e da correção originais. (E) o segmento da qual lhes vem o alto coeficiente de intencionalidade pode ser substituído por à que devem o alto coeficiente de intencionalidade, sem prejuízo do sentido e da correção originais. 1º Parágrafo ANALISTA JUDICIÁRIO TJPE FCC Texto 3 As sociedades modernas da Europa ocidental, ou dos continentes e espaços colonizados ou profundamente influenciados por ela, que hoje abrangem quase todo o globo terrestre, podem ser descritas sucintamente por alguns traços gerais: o Estado-nação, o capitalismo, a forma industrial de organização da produção; a convivência e sociabilidade urbanas; e os valores jurídicos constitucionais de liberdade e igualdade. Tais traços, por si sós, entretanto, não eliminaram seus contrários solidariedades étnicas, formas pré-capitalistas de produção, a vida rural ou as hierarquias sociais. A novidade moderna consiste, antes, na rearticulação, em todos os planos, das formas e relações sociais antigas sob a égide desses novos traços. 2 Parágrafo Assim, no que diz respeito à organização social, as hierarquias, os privilégios, as deferências e os outros modos de expressão das desigualdades entre os seres humanos passaram, para serem aceitos, a depender de outras lógicas de construção e justificação. Tornaram-se, do mesmo modo, fontes permanentes de contestação, propiciadoras de lutas libertárias de emancipação e fermento de novas identidades sociais.
5 (Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Desigualdade e diversidade: os sentidos contrários da ação. In Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, p. 168) 1. O autor, (A) ao caracterizar as sociedades modernas, chama a atenção para o fato de que o perfil desenhado tem abrangência universal, dado o cenário globalizante da contemporaneidade. (B) ao realizar a descrição das sociedades modernas, por meio de seus traços gerais, ordena-os de modo a expressar sucintamente o avanço de sua importância. (C) na série anunciada pelos dois-pontos (linha 5), elenca características exatamente proporcionais entre si, o que motiva a sequência delas sem a formação de qualquer tipo de subconjunto. (D) ao mencionar Tais traços, faz o pronome retomar especificamente o segmento os valores jurídicos constitucionais de liberdade e igualdade, ainda que sob a expressão alguns traços gerais, usada antes, tenha acolhido mais itens. (E) no terceiro período do primeiro parágrafo, com fundamentos manifestos, expressa um juízo que nega o caráter absoluto ou independente da descrição feita no período inicial. 2. É INCORRETO afirmar: (A) a expressão no que diz respeito à organização social (linha 15) traduz, no contexto, uma circunstância, implicando um traço restritivo. (B) a ideia de que hierarquias, privilégios e deferências (linha 16) expressam desigualdades entre os seres humanos está presente no texto, mas de modo subentendido. (C) em sociedades modernas, europeias ou não, houve uma ampla reorganização da ordem social quando formas de ação conservadoras conseguiram se sobrepujar aos modernos modos de articulação social, forma de produção e valores jurídicos. (D) em aparente contradição, em quase todo o mundo, as desigualdades entre os seres humanos são concomitantemente admitidas e rejeitadas, recusa esta que instiga alterações na organização social. (E) compreende-se do texto que grupos humanos buscam legitimar as desigualdades (linha 17) entre os seus componentes encadeando-as coerentemente nas convenções da sua peculiar organização social. 3. Afirma-se com correção: (A) em ou dos continentes e espaços colonizados ou profundamente influenciados por ela (linhas 1 a 3), ambas as sequências introduzidas por ou conectam-se diretamente ao segmento As sociedades modernas. (B) a expressão por si sós (linha 9) expressa, no contexto, uma causa. (C) se antes (linha 12) for substituído por sobretudo, o sentido original se mantém. (D) é admissível considerar que a frase iniciada por Assim (linha 15) denota uma ilação. (E) a substituição de para serem aceitos (linha 18) por à fim de serem aceitos mantém a correção e o sentido originais. 4. A substituição que, acolhida pelo padrão culto escrito, mantém o sentido original do texto é a de (A) As sociedades modernas da Europa ocidental [...] podem ser descritas (linhas 1 a 4) por "As sociedades modernas da Europa ocidental [...], pode-se descrevê-las".
6 (B) As sociedades modernas da Europa ocidental, ou dos continentes e espaços colonizados (linhas 1 e 2) por "As sociedades modernas, seja da Europa ocidental, seja dos continentes e espaços colonizados". (C) entretanto (linha 9) por "nesse ínterim". (D) sob a égide desses novos traços (linha 14) por "sob a camuflagem desses novos traços". (E) as deferências (linha 16) por "as licenciosidades".
Não é possível pensar em sociedade separada do espaço que ocupa.
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