Famalicão. J2 V/Referência: Processo 997/15.6T8VNF Data: Insolvência de Joaquim Sanches - Reboques e Estação de Serviços, Lda.

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1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da 2ª Secção de Comércio da Instância Central de Vila Nova de Famalicão J2 V/Referência: Processo 997/15.6T8VNF Data: Insolvência de Joaquim Sanches - Reboques e Estação de Serviços, Lda. Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 19 de março de 2015 Página 1 de 1

2 I Identificação do Devedor Joaquim Sanches - Reboques e Estação de Serviços, Lda., sociedade comercial por quotas com sede na Avenida Santiago de Gavião, nº 2657, freguesia de Gavião, concelho de Vila Nova de Famalicão, com o NIPC , tendo por objecto social o transporte rodoviário de mercadorias, reboque e transporte de viaturas automóveis ligeiras e pesadas e serviços de estação de serviço (mudanças de óleo, lavagem de viaturas e pequenas reparações de mecânica). A sociedade, constituída em 2 de Novembro de 1992, encontra-se matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Vila Nova de Famalicão sob o número e tem actualmente a seguinte estrutura societária: Sócios Valor da Quota Rosária de Fátima da Silva Pereira Sanches Diogo Pereira Sanches ,00 Ana Rita Pereira Sanches Rosária de Fátima da Silva Pereira Sanches ,00 Diogo Pereira Sanches ,00 Ana Rita Pereira Sanches ,00 Total ,00 A gerência da sociedade está atribuída ao sócio Rosária de Fátima da Silva Pereira Sanches. A sociedade obriga-se pela intervenção de um gerente. 1 Página

3 II Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O estabelecimento da sociedade insolvente, a que corresponde a sua sede social, não é sua propriedade. A sociedade exerce a sua actividade no ramo de reboque e transporte de viaturas automóveis (ligeiros e pesados), operando predominantemente no mercado nacional. A empresa Reboques Sanches foi fundada em 1992 pelo Sr. Joaquim Sanches. Em 2003 a vida da empresa foi profundamente marcada pelo falecimento do sócio fundador, tendo-lhe sucedido aos comandos da empresa a sua esposa Rosária Sanches. Posteriormente a empresa recentrou a sua actividade no reboque e transporte de viaturas automóveis (ligeiros e pesados), passando a operar predominantemente no mercado nacional, tendo para o efeito celebrado diversos contratos com operadoras de serviços vulgarmente designados de assistência em viagem. Esta mudança estratégica permitiu-lhe incrementar o volume de negócios, uma vez que detinha a exclusividade geográfica de intervenção mediante condições preferenciais oferecida a esses operadores. O período que decorreu entre 2003 e 2010 caracterizou-se pelo crescimento sustentado do volume de negócios, tendo a empresa atravessado uma fase de fortes investimentos na renovação da frota, melhoria de instalações, aquisição de hardware e software, aumento do quadro de pessoal, o que lhe permitiu prestar um serviço de elevada qualidade aos seus clientes, que, recorde-se, passaram a ser fundamentalmente empresas ligadas a grupos do sector segurador. No entanto, a partir do ano de 2010, a crise económica e financeira nacional e internacional afectou de forma rigorosa o sector dos transportes, influenciando directa e negativamente a actividade da insolvente, como se pode verificar pelas informações contabilísticas da sociedade: 2 Página

4 RENDIMENTOS E GASTOS Vendas e serviços prestados , , , , , ,73 Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas (545,59) Fornecimentos e serviços externos ( ,55) ( ,58) ( ,31) ( ,38) ( ,63) (46.368,55) Gastos com pessoal ( ,74) ( ,91) ( ,68) ( ,15) ( ,12) (21.236,92) Outros rendimentos e ganhos , , , , , ,30 Outros gastos e perdas (20.281,86) (22.257,92) (32.927,11) (67.389,38) (16.840,81) (57.883,53) Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos , , , ,81 (13.702,25) (22.303,56) Gastos/reversões de depreciação e de amortização ( ,85) (68.246,93) (57.300,81) (23.072,71) (22.991,42) (9.334,30) Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) ,96 (24.306,65) (39.353,71) (6.567,90) (36.693,67) (31.637,86) Gasto líquido de financiamento (28.111,64) (18.903,66) (26.959,35) (32.165,96) (35.481,53) (24.468,15) Resultado antes de impostos 7.750,32 (43.210,31) (66.313,06) (38.733,86) (72.175,20) (56.106,01) Imposto sobre rendimento do período (7.433,55) (2.162,60) (6.310,15) (5.137,30) (3.400,13) (167,09) Resultado líquido do período 316,77 (45.372,91) (72.623,21) (43.871,16) (75.575,33) (56.273,10) Como se constata no quadro anterior, o volume de negócios da sociedade insolvente entre os exercícios de 2009 e 2014 reduziu-se em mais de 90% e desde o ano de 2011 que a sociedade vem acumulando prejuízos (quase Euros nos últimos cinco anos!). Face a este cenário, a sociedade insolvente implementou um pacote de medidas visando inverter a situação, quer ao nível da despesa, quer ao nível da receita. Do lado dos custos, sobressai a forte redução dos gastos com o pessoal: para fazer face à imprevisibilidade da procura e impossibilidade de ajustar horários flexíveis aos seus motoristas, promoveu a redução do seu número ao mesmo tempo que celebrou acordos com outros operadores, mediante os quais a sociedade insolvente subcontrata os serviços que se encontra impossibilitada de efectuar, pelo que mantendo uma estrutura ligeira conseguia de modo instantâneo responder a acréscimos de actividade. Actualmente a empresa não dispõe de funcionários ao seu serviço, mantendo no entanto um acordo com o operador Cares, o que lhe permite manter um nível de actividade sustentado (ainda que minorado). Toda a actividade administrativa e back-office passou a ser tramitada pela sócia gerente, dispensando os restantes colaboradores. 3 Página

5 A actividade da sociedade insolvente nesta altura é meramente residual, já que as receitas que obtém resultam essencialmente de duas situações distintas: a) Uma renda mensal que recebe do Estado, de cerca de Euros para que sejam guardados carros nas suas instalações; b) Prestação de serviços para a Cares Companhia de Seguros, S.A., único cliente com quem a sociedade insolvente ainda mantém um contrato de prestação de serviços no âmbito da assistência a viaturas. Até à data da elaboração deste relatório, os rendimentos auferidos pela sociedade insolvente pelo exercício da sua actividade (nas duas situações atrás referidas) ascendiam a Euros 9.200,93, tendo suportado gastos de Euros 9.490,99: é pois manifesto que a sociedade insolvente continua a ter uma exploração muito deficitária e incapaz de gerar os meios financeiros necessários não só para colocar ao serviço da dívida mas também para suportar os seus custos de funcionamento. Para esta actividade residual da sociedade insolvente contribuiu, de forma relevante, o facto de em 8 de Março de 2012 ter transmitido o seu estabelecimento comercial à sociedade R. Sanches Reboques, Lda, contribuinte nº pelo preço de Euros ,00 1. A sociedade adquirente do estabelecimento comercial, constituída em 17 de Janeiro de 2012, confunde-se com a própria sociedade insolvente a vários níveis: a) Têm a mesma sede social, b) Têm como sócios, Rosária de Fátima da Silva Pereira Sanches e Diogo Pereira Sanches; c) Têm como gerente Rosária de Fátima da Silva Pereira Sanches. O nascimento desta nova sociedade ditou o fim da sociedade insolvente, pois acabou por rapidamente substituir no seu giro comercial, explicando-se desta forma a redução no nível de actividade. 1 Titulado pela factura nº 10/ Página

6 Foi com estas condições que a Joaquim Sanches Reboques e Estação de Serviços, Lda. recorreu em Julho de 2014 ao Processo Especial de Revitalização (PER), tendo por objectivo negociar com os seus credores a aprovação de um plano de recuperação, o qual acabou por não ser apresentado em tempo útil. III Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) A contabilidade da sociedade encontra-se processada até à data, tendo sido cumpridas as obrigações declarativas daí emergentes. Pela análise que foi feita da contabilidade, tudo indica que esta não reflecte uma imagem verdadeira e apropriada da sua situação patrimonial e financeira. Com efeito, continua a constar na contabilidade activos fixos no valor bruto de cerca de Euros , relacionados com obras realizadas num edifício cuja propriedade não é da sociedade insolvente há inúmeros anos. A manutenção indevida deste valor na contabilidade dá uma imagem errada sobre a sua situação patrimonial. A correcção desta situação tem um impacto negativo no capital próprio de pelo menos Euros IV Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) É minha opinião de que a sociedade insolvente encontra-se numa situação de falência técnica o capital próprio é negativo em mais de Euros (sem considerar a correcção de pelo menos Euros acima referida), não tem capacidade para desenvolver o seu escopo social não possui os meios adequados para esse fim, já que transmitiu o seu estabelecimento comercial e não tem capacidade para gerar não só as receitas suficientes para colocar ao serviço da dívida um passivo de mais de meio milhão de Euros mas também suportar os custos de funcionamento. O facto de a sociedade R. Sanches Reboques, Lda ter ocupado no mercado o espaço que pertencia à sociedade insolvente é indiciador da dificuldade que esta 5 Página

7 terá na retoma da sua actividade comercial para os níveis necessários a gerar os rendimentos adequados para sustentar o seu funcionamento e satisfazer o seu passivo. Assim, entendo que a assembleia de credores deverá deliberar no sentido do encerramento do estabelecimento da sociedade insolvente bem como da sua liquidação. Não obstante esta minha opinião, a sociedade insolvente mantém vontade de apresentar aos credores um plano de recuperação que preveja a manutenção da sua actividade e a regularização do seu passivo, pelo que caberá aos credores a última palavra sobre o futuro da sociedade insolvente. Castelões, 19 de Março de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 6 Página

8 Insolvência de Joaquim Sanches - Reboques e Estação de Serviços, Lda. Inventário (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)

9 Insolvência de Joaquim Sanches - Reboques e Estação de Serviços, Lda. Inventário (artigo 153º do C.I.R.E.) Relação dos bens e direitos passíveis de integrarem a massa insolvente: Verba 1: Um veículo pesado de mercadorias (Reboque) da marca Pégaso, modelo 2181/60, com a matrícula AG, de Abril de Valor: a) Verba 2: Direito de créditos penhorados no âmbito de processos de execução fiscal. Valor: Euros 7.734,50 a) Desconhece-se o estado de conservação 1, pelo que não é possível nesta altura atribuir qualquer valor à mesma. Castelões, 19 de Março de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) 1 Viatura constante do cadastro fiscal da sociedade insolvente 1 Página