DINÂMICA TERRITORIAL RURAL DA MICRORREGIÃO DE JAGUARIAÍVA PR.
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- Octavio Alcaide de Vieira
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1 169 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, ISSN DINÂMICA TERRITORIAL RURAL DA MICRORREGIÃO DE JAGUARIAÍVA PR. SANTOS, Junior Cesar Gonçalves dos ROSAS, Celbo Antonio Ramos da Fonseca SANTOS, Ana Flávia Borges dos Introdução O modelo de desenvolvimento adotado para o setor agropecuário a partir da década de 1960 resultou num processo de concentração extrema. É nesse contexto que a dinâmica territorial da mesorregião geográfica centro oriental paranaense se relaciona diretamente com as políticas públicas, dimensionando o setor rural e concentrando as ações do capital no processo econômico local (CUNHA 2003), principalmente na microrregião geográfica de Jaguariaíva, composta pelos municípios de Arapoti, Jaguariaíva, Piraí do Sul e Sengés. A microrregião de Jaguariaíva - PR destaca os reflexos das mudanças das políticas públicas sobre a dinâmica da agropecuária. E um enfoque territorial está na particularidade do processo econômico em relação ao conjunto do estado do Paraná, pois concentra uma diversidade de estabelecimentos rurais, juntamente com a inserção do capital nesse espaço geográfico mantendo, de certa forma, a tendência às formações fundiárias concentradas, se comparada a outras regiões do estado. Para analisá-los, compreendeu-se o processo de formação histórica e a caracterização de tal região diante do contexto do desenvolvimento territorial rural. Para que isso ocorresse, foram levantados dados de fontes secundárias oficiais para caracterizar a formação de tal região, utilizando principalmente dados do IBGE, IPARDES e EMATER. A região possui um parque industrial de papel e celulose. Constatamos que a silvicultura tem sido uma estratégia incentivada pelos municípios e técnicos como alternativa à produção. As plantações de Pinus servem como alternativa de renda e caracteriza a produção agrícola do município e região. Entretanto essa atividade tem gerado alguns problemas ambientais na região. Objetivos Descrever o processo histórico-geográfico de formação territorial da Microrregião de Jaguariaíva - PR; Analisar a formação de um polo de base florestal na Microrregião de Jaguariaíva PR; Metodologia Para a compreensão desse recorte espacial buscaram-se as informações de duas entidades que forneceram uma boa parte dos dados à pesquisa, que foram o IBGE (federal) e o IPARDES (estadual). Além destas entidades tradicionais no levantamento e disponibilização de informações estatísticas, buscou-se levantar informações em bancos de dados específicos como os relacionados aos segmentos da saúde, segurança e educação.
2 Resultados e Discussões Entre meados da década de 1940 e início da década de 1970 houve um aumento considerado das economias e fluxos financeiros mundiais, com atuação direta dos Estados no planejamento e regulação de políticas vinculadas às atividades produtivas. (HESPANHOL, 2008). O Estado objetivava ações com pouca participação social. Enquanto tal Estado direcionava as condições do espaço agrário brasileiro, diversos camponeses lutavam pela posse e permanência na terra, criando movimentos sociais reivindicando a participação nesse Estado que se demonstrava elitista. No final da década de 1980 e no decorrer da década de 1990, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial interviram em países como o Brasil a aderirem a política neoliberal, abrindo seu mercado, controlando os gastos públicos, privatizando suas estatais, deixando-os a cargo da iniciativa privada. Os espaços rurais nesse contexto, serviam como palco das ações e interesses do capital privado especulativo. Em contraposição ao neoliberalismo, mas a ele associado em alguns aspectos, surgiam ações de valorização da diversidade regional, buscando o desenvolvimento através das potencialidades locais. O Banco Mundial passou a valorizar o território como abordagem analítica forçando os países subdesenvolvidos a adotarem tal perspectiva, mas sem considerar as diferenças entre os lugares. Nos territórios rurais selecionados pelo governo federal, de acordo com suas características socioeconômicas, muitos interesses divergentes e conflitos não são levados em consideração, pois os investimentos são priorizados em ações ligadas à agricultura familiar e movimentos sociais. Isso significa que as políticas públicas, diante do montante direcionado à agricultura camponesa (indicadas pelo governo de agricultura familiar), são incapazes de atender e dinamizar a produção agropecuária da maioria dessas pessoas. Com relação à população: Jaguariaíva: ; Piraí do Sul: ; Sengés: e Arapoti: (IBGE, 2010), totalizando uma população de habitantes, e o IDHM mais bem apresentado é do município de Jaguariaíva, e o pior de Sengés, de acordo com a Figura Figura 1 Cartograma da Microrregião de Jaguariaíva PR (IDHM) Fonte: IBGE, Org.: Santos, 2014.
3 A região de Jaguariaíva se caracteriza principalmente pela exploração patronal, com exceção de Piraí do Sul. Devido a grande extensão territorial dessa região, a análise se torna mais abrangente, e percebe-se que no município de Arapoti, existe uma significativa produção moderna de grãos, pautado no agronegócio. Em 24 de Dezembro de 1915 foi criado o Distrito Policial de Sengés e elevado a Distrito Judiciário no ano de Em pouco tempo avolumou-se a sua população de modo que em 1927 já apresentava condições para a vida política e autonomia administrativa. Em virtude de petição dos seus habitantes, pelo Decreto-Lei Estadual 269, de 08 de Fevereiro de 1934, foi criado o Município de Sengés, sendo instalado a 1 de Março daquele ano. Prefeitura Municipal de Sengés. IBGE (2014). O povoamento do Município de Piraí do Sul foi iniciado em princípios do século XVII, numa gleba de propriedade do Padre Lucas Rodrigues França. Em 1872 foi criado a Freguesia de Pirahy, sob a invocação do Senhor Menino Deus e, em 1881, foi elevado à categoria de vila. Pelo Decreto Lei nº 199, de 30 de dezembro de 1943, que fixa a Divisão Administrativa e Judiciária do Estado do Paraná, considera Piraí na categoria de município e altera-se o nome para Piraí-Mirim. Pela Lei Estadual nº 2, de 11 de outubro de 1947, foi modificada a denominação para Piraí do Sul. Prefeitura Municipal de Piraí do Sul. IBGE (2014). As origens históricas de Arapoti estão ligadas às das fazendas Jaguariaíva e Capão Bonito. Estrategicamente localizado nos Campos Gerais seu território foi ocupado por aventureiros, sertanistas e tropeiros desde o início do século XVII. A Lei Municipal n.º 02, de 8 de outubro de 1908, criou o Distrito Judiciário de Cerrado, primeiro nome do lugar. O Decreto-Lei n.º 2.556, de 18 de dezembro de 1933, alterou a denominação de Cerrado para Cachoeirinha. Em 7 de março de 1934, Cachoeirinha passa a ser Distrito Administrativo de Jaguariaíva. O Decreto-Lei Estadual n.º 199, de 30 de dezembro de 1943, alterou a denominação de Cachoeirinha para Arapoti. O município de Arapoti foi criado através da Lei Estadual n.º 253, de 26 de novembro de 1954, com território desmembrado de Jaguariaíva, e instalado em 18 de dezembro de Prefeitura Municipal de Arapoti. IBGE (2014). No início do século XVII, bandeirantes paulistas e tropeiros de gado fizeram as primeiras penetrações na região que constitui o território de Jaguariaíva. O nome da cidade é referência ao Rio Jaguariaíva que corta o município e consta em antigos mapas cartográficos. O coronel Luciano Carneiro Lobo em 1795 adquiriu a fazenda Jaguariaíva, propriedade rural que deu origem ao atual município. Em 15 de setembro de 1823 um Alvará Imperial elevou a Fazenda Jaguariaíva à categoria de Freguesia. Freguesia criada com a denominação de Jaguariaíva, por alvará de e lei de São Paulo n.º 7, de , no município de Castro. Elevado à categoria de vila com a denominação de Jaguariaíva, por lei provincial n.º 423, de , desmembrado de Castro. Sede na povoação de Jaguariaíva. Constituído do distrito sede. Instalado em , a Lei Provincial nº 717 de 09/12/1882, revogou as duas leis anteriores, voltando Jaguariaíva a sua situação primitiva, mais tarde, em virtude da Lei nº 15 de 21/05/1892, o município de Jaguariaíva passou terra do mesmo nome, pertencendo a comarca de São José da Boa Vista. Elevado à condição de cidade, por lei estadual n.º 811, de Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído do distrito sede. Prefeitura Municipal de Jaguariaíva. IBGE (2014). Possui área territorial de 1.456,401 km², ITCG (2014). Atualmente, tal região possui um parque industrial de papel e celulose. Na porção norte do município, devido à topografia mais propícia, a produção agrícola é mais diversificada. Já a porção sul se caracteriza por possuir uma diversidade de produtores de base familiar, produzindo milho, feijão, trigo e soja, com uso de tecnologias, juntamente com a criação bovina leiteira. Outro fato marcante dessa região é a produção florestal, cultivada em pequenos e grandes estabelecimentos rurais. (EMATER, 2006). 171
4 A silvicultura foi uma estratégia incentivada pelos municípios e técnicos como alternativa à produção devido aos latossolos e cambissolos de baixa fertilidade da região, com presença de alumínio e cascalho, favorecendo o a erosão. Nesse sentido, a plantação de Pinus serviu como alternativa de renda e caracterizou a produção agrícola do município e região, formando diversas indústrias relacionadas à extração de madeira e confecção de móveis e celulose. O maior problema dessa atividade está relacionado com a perda da diversidade natural, e desagregação dos solos, além da dizimação da fauna regional. Atualmente a região de Jaguariaíva possui aproximadamente 20% da área reflorestada do estado do Paraná, fornecendo matéria-prima para diversas grandes e pequenas empresas de celulose da região. No estado do Paraná, 20% do PIB é proveniente dos produtos florestais. De acordo com o IPARDES (2008), as indústrias relacionadas à produção florestal correspondem a 25 a 50% da população ocupada na região de Jaguariaíva, demonstrando a supervalorização do setor. Porém, convém ressaltar que a maioria desses empregos corresponde a uma forma de apropriação da força de trabalho pelo capital, direcionando a concentração do capital e da expropriação da força de trabalho pelo capital. Outro problema da produção resulta no processo de produção, pois os resíduos industriais e da matéria-prima são um problema ambiental considerável pouco divulgado. Como exemplo, temos os resíduos do carvão em decorrência da queima. Considerações Finais Como visto, a silvicultura serve como alternativa de renda e caracteriza a produção agrícola da Microrregião de Jaguariaíva. Instalou-se na região um parque industrial de papel e celulose, formando diversas indústrias relacionadas à extração de madeira e confecção de móveis e celulose. A empresa Vale do Corisco é detentora de aproximadamente 90% de todas as vendas de madeira da região, criando um monopólio do processo de concentração de capital. Muitos problemas ambientais têm sido constatados e poucas soluções efetivas tem sido aplicadas. Observou-se que com a ampliação da silvicultura, a flora regional vem perdendo espaço para o cultivo de pinus, reduzindo assim a diversidade ambiental da região. Os resíduos descartados pelas indústrias ainda não têm uma destinação própria e adequada, gerando problemas que degradam o meio ambiente. Necessita-se de uma maior fiscalização por parte dos órgãos ambientais para que essas ações não acarretem em sérios problemas futuramente. Com relação às políticas públicas para o setor, o Plano de Nacional de Florestas (PNF) é que atua na gestão de florestas públicas. Outras iniciativas como o Mercado de Carbono, Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação REDD, assim como outros meios de Pagamentos por serviços ambientais, ainda possuem pouca representação, e são apropriados pelo capital privado, caracterizando uma apropriação indevida dos recursos naturais. Embora possa ser considerada uma proposta avançada, quando aplicada à agricultura familiar, as riquezas naturais são geralmente constituídas como moeda de troca pelos especuladores. Em Abril de 2000, o Governo Federal criou através do Decreto nº 3420, o Plano Nacional de Florestas, que objetiva a diminuição do desmatamento ilegal, além da importação de madeiras, visando o fortalecimento da produção interna. Mesmo assim, a fiscalização é um dos maiores problemas na aplicação de tais políticas e a formação de uma base ideológica que rompe com o paradigma economicista são necessários para a formação de uma nova concepção de formação econômica regional e ampliação do acesso aos recursos econômicos e naturais. 172
5 173 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, ISSN Referências CUNHA, L. Desenvolvimento territorial e desenvolvimento rural: o caso do Paraná tradicional. Seropédica: (Tese de Doutorado). EMATER. Disponível em < Acesso em 22 maio HESPANHOL, A. N. Modernização da agricultura e desenvolvimento territorial. In: 4º Encontro nacional de grupos de pesquisa ENGRUP. São Paulo: P IBGE. Disponível em < Acesso em 20 jun IPARDES. Disponível em < Acesso em 15 jun
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