INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA INMET 5º DISME BELO HORIZONTE. BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO DECENDIAL 11 a 20 de Fevereiro de 2011
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- Maria do Pilar Fidalgo Carreira
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1 I. DIAGNÓSTICO Comportamento das Chuvas BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO DECENDIAL 11 a 20 de Fevereiro de 2011 Como ocorreu nos dez primeiros dias do mês, o segundo decêndio de fevereiro foi também marcado por temperaturas elevadas e poucas chuvas. Sob o aspecto dinâmico, o VCAN 1 que vinha atuando sobre Minas Gerais e sul da Bahia sofreu uma variação em seu posicionamento entre os dias 11 e 16, alterando a localização das pancadas de chuvas isoladas, que ocorreram nas regiões Oeste, Sul, Centro, Norte e faixa Leste. No dia 17, o VCAN se desconfigurou, permitindo o aumento da nebulosidade em todo o Estado, embora ainda com poucas chuvas. As imagens de satélite do Quadro 1 ilustram a evolução das condições de tempo durante o decêndio, destacando-se a do dia 17, quando a nebulosidade ampliou-se significativamente. 11/02/2011 ás 10:00 horas (a) 13/02/2011 ás 10:00 horas (b) 17/02/2011 às 10:00 horas (c) 20/02/2011 às 10:00 horas (d) Quadro 1 Imagens de satélite ilustrativas dos fenômenos que atuaram durante o decêndio. O horário abaixo de cada Figura corresponde ao horário local. 1 VCAN Vórtice Ciclônico de Altos Níveis é um centro de baixa pressão em altos níveis da atmosfera, caracterizado por manter céu claro abaixo de sua área central e convecção nas bordas, principalmente a oeste e sul.
2 Os gráficos do Quadro 2 revelam a contribuição diária percentual das chuvas em três regiões mineiras, em relação ao volume total esperado para o mês de fevereiro. Foram acumulados, até o dia 20 de fevereiro, 30% do total mensal esperado no Noroeste, 66% no Triângulo e 31% no Sul. Nas demais regiões do Estado, os volumes acumulados mantiveram-se abaixo de 10%. % Porcentagem de chuva acumulada em relação a normal Noroeste Dias % Porcentagem de chuva acumulada em relação a normal Triângulo Dias % Porcentagem de chuva acumulada em relação a normal Sul Dias Quadro 2: percentual acumulado de chuvas ocorridas no Noroeste, Triângulo Mineiro e Sul do Estado de Minas Gerais, até o final do segundo decêndio, em relação ao total esperado para o mês de fevereiro (Fonte: INMET). Sob o ponto de vista da distribuição espacial e temporal no Estado, as chuvas apresentaram grande irregularidade, decorrentes essencialmente de mecanismos convectivos fortalecidos pelas altas temperaturas e pelo aumento da umidade relativa do ar, fatos que justificam a forte rajada de vento de 93,6 km/h, registrada em Formiga na tarde do dia 11, ocasionando quedas de árvores e destelhamento de casas, segundo informação da Defesa Civil Estadual. No acumulado decendial, a Figura 1(a) mostra que não choveu na maior parte do Estado. Contudo, onde choveu, prevaleceram totais inferiores a 75 mm, embora em localidades do Triângulo, Sul e Noroeste tenham sido registrados volumes iguais ou superiores a 100 mm. Formoso, por exemplo, contabilizou 160 mm, o maior volume de chuva do decêndio em Minas Gerais. Em relação à climatologia, prevaleceram valores abaixo da média histórica, como mostra a Figura 1(b). O número total de dias com registro de chuva igual ou superior a 5 mm variou entre 1 e 5 ao longo do segundo decêndio de fevereiro, restritos à faixa Oeste e Sul do Estado, como se vê na Figura 2. Nas demais regiões mineiras, as chuvas diárias foram inferiores ao limiar de 5 mm, daí
3 não figurarem no mapa. (a) (b) Figura 1 Total acumulado (a) e anomalia (b) de chuvas no segundo decêndio do mês de fevereiro de Figura 2 Número total de dias com registro de chuva igual ou superior a 5 mm no decêndio. Apesar de escassas, as chuvas observadas amenizaram o veranico em parte do Estado, embora em algumas regiões como na Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Jequitinhonha persistissem localidades com mais de 35 dias secos consecutivos até a data de 20 de fevereiro, caracterizando um forte veranico, como se observa na Figura 3.
4 Figura 3 Número de dias consecutivos sem registro de chuva igual ou superior a 5 mm, após o registro da última chuva. Umidade Relativa do Ar A umidade relativa do ar elevou-se em relação ao decêndio anterior em quase toda Minas Gerais. Durante praticamente todo o decêndio houve transporte de umidade da Região Amazônica para o Centro-sul do País, mantendo a convecção ativa em toda a Região Centro-oeste e na faixa Oeste de Minas Gerais. Na faixa Leste mineira, o transporte de umidade de origem oceânica, principalmente no final do decêndio, justificou o aumento da umidade, enquanto no Sul do Estado tal aumento se justificou pela atuação das frentes frias. A média diária superou 70% no Triângulo, Sul, Mata e extremo Noroeste, Figura 4(a), variando entre 50% e 60% em parte do Centro e Norte, e situando-se entre 60% e 70% no restante do Estado. Valores mínimos, registrados à tarde, inferiores a 40%, restringiram-se às áreas do Centro e Norte, Figura 4(b). (a) (b) Figura 4 Média decendial da umidade relativa do ar em Minas Gerais, (a) diária e (b) as 15:00 horas local.
5 Marcha Diária das Temperaturas Os gráficos de temperatura da Figura 5 revelam grande amplitude térmica, mostrando o predomínio de dias com tempo aberto. Entretanto, em todas as localidades representadas verificam-se alguns dias com menores amplitudes, induzidas pela maior nebulosidade. A temperatura máxima absoluta, maior valor diário registrado no Estado, esteve em média por volta dos 37 C, registrada em localidades do Leste e Nordeste. O maior valor registrado no decêndio foi de 38,8 C, no dia 11, em Araçuaí. Apesar do forte calor associado a um veranico relativamente longo em parte do Estado, as temperaturas não se elevaram o suficiente para caracterizar uma onda de calor. 4 Araçuaí - 2º Dec. Fevereiro/ M. Claros - 2º Dec. Fevereiro/ Unaí - 2º Dec. Fevereiro/ Ituiutaba - 2º Dec. Fevereiro/ B. Horizonte - 2 Dec. Fevereiro/ Gov. Valadares - 2º Dec. Fevereiro/
6 4 3 Juiz de Fora - 2º Dec. Fevereiro/ Monte Verde - 2º Dec. Fevereiro/ Figura 5 Evolução diária da temperatura em algumas localidades do Estado. Condições Hídricas dos Solos Como se vê nas Figuras 6(a) e 6(b), a maior parte do Estado apresentava, no final do decêndio, déficit hídrico generalizado e armazenamento de água no solo inferior a 40%, com exceção do Triângulo e Sul, onde as chuvas foram mais acentuadas, elevando o armazenamento para a plenitude. No extremo Noroeste, o volume acumulado no decêndio reverteu o quadro de déficit, favorecendo a recarga hídrica. Por outro lado, na grande área sob déficit, agravou-se o quadro de aridez, como revela o índice da Figura 7. (a) (b) Figura 6 Déficit e excesso hídrico (a) e armazenamento de água no solo (b), no decêndio, considerando a capacidade de campo igual a 100 mm.
7 Figura 7 Índice de Aridez Agrometeorológico no final do decêndio. PROGNÓSTICO Previsão do tempo para o período de 01 a 04 de março de 2011: A frente fria, que chegou nesta segunda-feira em Minas Gerais, mantém o tempo com muita nebulosidade e sujeito a chuvas de intensidade moderada a forte em várias regiões do Estado. Após um longo período de interrupção nas chuvas sobre o Norte, Noroeste e Jequitinhonha, terça-feira voltará a chover nestas regiões mineiras. 01/03/2011: Céu nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas no Centro, Sul, Sudeste e Leste do Estado. Demais regiões, nublado com pancadas de chuva. 02/03/2011: Céu nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas no Norte, Noroeste, Leste e Oeste do Estado. Demais áreas, nublado com pancadas de chuva. 03/03/2011: Céu nublado a encoberto com pancadas de chuva e trovoadas no Oeste e Noroeste do Estado. Demais regiões, nublado com pancadas de chuva e trovoadas. 04/03/2011: Céu nublado com pancadas de chuva e trovoadas no Norte, Noroeste, Nordeste, Leste, Centro e Oeste. Demais regiões, nublado a parcialmente nublado com possibilidade de chuvas isoladas. Para maiores informações sobre a previsão do tempo, assim como, para acompanhar a atualização diária da previsão, sugerimos consultar o site do INMET: EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE: Rubens Leite Vianello, Anete dos Santos Fernandes, Lizandro Gemiacki, Cléber Afonso de Souza, Claudemir de Azevedo Félix e Jorge Moreira.
8 OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: As análises contidas neste Boletim são baseadas nos dados meteorológicos diariamente coletados nas redes de estações de superfície, convencionais e automáticas, pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia, INMET. Como a densidade das redes é limitada, a tomada de decisão, em nível de propriedade, deve ser também baseada em observações locais, onde o conhecimento do agricultor e do extensionista é muito importante. Portanto, o uso das informações aqui contidas é de inteira responsabilidade do usuário.
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