DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS FINAIS: Relato de experiência

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1 DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS FINAIS: Relato de experiência Thiago Nascimento dos Santos 1 Maria Cristina Chimelo Paim 2 Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar um relato de experiência de caráter descritivo das atividades de Educação Física realizadas no Eixo Estruturante de Estágio Supervisionado III com anos finais do Ensino Fundamental, realizado em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental de Santa Maria RS localizada na área rural da cidade. As atividades foram realizadas com as turmas do 6º, 7º, 8º e 9º ano, faixa etária de 11 a 15 anos de idade, onde o objetivo foi conscientizar os alunos para importância de uma boa saúde, através da prática de atividades físicas e esportivas. De uma forma lúdica, utilizando-se da metodologia desenvolvimentista, que visa o desenvolvimento integral da criança, caracterizandose pela consciência do desenvolvimento que a ela já possui, e assim como consequência lhe dando novos estímulos a fim de ampliar suas habilidades e comportamentos cognitivos e afetivos. Através do Estágio supervisionado III coloquei em prática os conhecimentos e estudos adquiridos em sala de aula na atuação pedagógica da Educação Física. Uma nova realidade que serviu de instrumento de aprendizado, convivência e socialização com os demais alunos e assim descobrindo os mecanismos de trabalho e as diversas manifestações do comportamento de crianças e adolescentes. Palavras-chave: Educação Física Escolar; Anos finais; Desenvolvimento motor; Esporte escolar. Introdução Os avanços da Educação Física Escolar, nos últimos anos, traduzem-se em novas propostas curriculares para os sistemas públicos de ensino. Nessas propostas, evidencia-se a importância e a necessidade de o professor de Educação Física planejar o ensino do aspecto conceitual do conteúdo de sua disciplina, articulando-o os aspecto procedimental (habilidades) e atitudinal (valorativo). Para o enfretamento dos desafios colocados pelas especificidades do ensino dessa disciplina, é fundamental que o professor sistematize cuidadosamente todo o ensino (PCN s, 1998). De acordo com os PCN s, nos anos finais do ensino 1 Acadêmico do curso de Educação Física; ULBRA Santa Maria, RS; thiagosantos552@yahoo.com.br 2 Professora do Curso de Educação Física; ULBRA - Santa Maria, RS; m.crischimello@gmail.com 1

2 fundamental, o segundo ciclo, é de se esperar que os alunos já tenham incorporado à rotina escolar, e que estes atuem com maior independência e dominem uma série de conhecimentos. No que se refere à Educação Física, espera-se que já tenham vivenciado uma gama de conhecimentos específicos da área, proporcionando-os compreender as regras dos jogos com mais clareza e mais autonomia para se organizar. Como referencia Voser&Giusti, (2002), devem ter consolidado um repertório de brincadeiras e jogos que deverá ser transformado e ampliado. Além desses aspectos físicos e disciplinares a Educação Física promove a autoconfiança através de jogos, danças lutas, ginásticas e atividades rítmicas, enriquecendo o acervo motor e assim possibilitando que a criança aprenda a cultura do movimento. É por meio dessa cultura que ela descobre as possibilidades de se expressar com o seu corpo e passa a reconhecer a importância do movimento na integração e no relacionamento com seus colegas. E é por meio dessa participação social, e da cooperação com os colegas, que a criança passa a praticar princípios democráticos e uma vivencia coletiva (VOSER & GIUSTI, 2002). A Educação Física tem um papel importante no processo de aperfeiçoamento do movimento motor, oferecendo experiências de novos movimentos. De acordo com GoTani (1988), existem três aspectos relacionados ao desenvolvimento e aprendizado da criança na educação física escolar: Primeiro, o estabelecimento de objetivos, conteúdos e métodos de ensino coerentes com as características de cada criança; Segundo, a observação e a avaliação mais apropriada dos comportamentos de cada indivíduo, permitindo um melhor acompanhamento das mudanças que ocorrem e, finalmente, a interpretação do real significado do movimento dentro do ciclo de vida do ser humano. Dessa forma, esta abordagem considera que a aprendizagem motora seja o objetivo básico nas aulas de Educação Física, já que o movimento motor é a expressão entre o aprendizado e o desenvolvimento. E mais a atividade física auxilia o jovem a auto-estima, integrando-se socialmente, uma vez que a sociedade lhe impõe atitudes e comportamentos. O esporte, nesse sentido, pode vir a ser um coadjuvante importante no favorecimento de formação de atitudes, tanto positivo como negativas. A pratica esportiva deve ser diferenciada enquanto perspectivas de alto rendimento e como pratica de lazer (BARBIERI, 2001). 2

3 Segundo Darido (2001), a Educação Física deve ser dirigida para uma ética onde se relacione o movimento à produção científica proporcionando uma cultura corporal. Isto é deve-se então para que através de forma históricas de expressão corporal, ginástica, dança, jogo e esporte, deve ser trabalhado o movimento criando um entendimento para os alunos a respeito do que se faz e para que se faz. A Educação Física jamais deve enaltecer quem é o melhor, o bem dotado, sem levar em consideração que ele é resultado de múltiplas determinações, da cultura, da vida, do meio social, de fatores genéticos, o que toma um centro de diversidade. A prática educativa da Educação Física deve ir ao encontro dos objetivos definidos em cada proposta pedagógica, sem perder a especificidade da área, os conteúdos e estratégias de avaliação devem levar o aluno a refletir de maneira autônoma. (DARIDO, 2001). Além disso, um dos objetivos da Educação Física Escolar seria auxiliar na prática de uma vida ativa além das aulas, fazendo com que o aluno adote esta prática ao seu dia-a-dia. Assim em relação às finalidades e conteúdos da Educação Física: De um modo específico, cabe à educação física tratar das representações e práticas sociais que constituem a cultura corporal de movimento, estruturada em diversos contextos históricos e de algum modo vinculadas ao campo do lazer e à promoção da saúde. É o caso, por exemplo, das práticas esportivas, das ginásticas, das lutas, das atividades lúdicas, dos movimentos expressivos, entre outros que se firmaram ao longo dos anos como objetos de estudo próprios desta disciplina. Entre tantos desdobramentos possíveis, os saberes produzidos pela experimentação das práticas, o conhecimento da estrutura e dinâmica destas manifestações, bem como a problematização dos conceitos e significados a elas atribuídos, compõem as competências e conteúdos a serem ensinados na escola (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009). A Educação Física é um processo consciente dos sujeitos sobre a realidade esportiva, onde o foco do ensino é o educando capaz de decifrar o mundo que o cerca. A perspectiva de transformação tem como fonte de normas um amplo processo de negociação com as crianças, partindo de seus interesses, necessidades e motivações. O professor neste processo é visto como um facilitador e orientador das atividades, preocupado em estimular uma participação maior e mais consciente dos alunos em todos os níveis (VOSER, 2002). 3

4 Com relação ao esporte escolar cabe lembrar que seus benefícios físicos e mentais para as crianças e adolescentes já foram constatados por médicos, psicólogos e pedagogos, acreditando-se que, durante a prática esportiva, estarão sendo respeitadas as características da fase do desenvolvimento na quais as crianças se encontram. O esporte escolar contribui com vários aspectos do desenvolvimento, inclusive com a questão do trabalho em grupo, quando não há exclusão, podendo também trabalhar a cooperação e o companheirismo (PEREIRA, 2004). Ao ensinarmos e treinarmos qualquer desporto coletivo aos alunos, não podemos esquecer os inúmeros aspectos envolvidos: sociais, motores, afetivos e o conhecimento a ser adquirido, e principalmente a satisfação dos alunos em praticar atividades esportivas (GRAÇA & OLIVEIRA, 1995). Face ao exposto tem-se como objetivo de estudo apresentar um relato de experiência de caráter descritivo das atividades de Educação Física realizadas no Eixo Estruturante de Estágio Supervisionado III com anos finais do Ensino Fundamental, realizado em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental de Santa Maria RS localizada na área rural da cidade. Desenvolvimento Metodológico A experiência de ministrar aulas de Educação Física para os anos finais foi um desafio compensador. As aulas aconteceram no campo de terra, pátio da escola e sala de vídeo, no turno da manhã com início ás 08h00h e término ao 12h00h duas vezes por semana, com duração de 55 minutos a aula com cada turma. Nas aulas de Educação Física aproveitou-se o máximo possível da estrutura da escola, que apesar de pequena houve grandes e bons resultados, utilizando-se de materiais que a escola tinha disponível, e também em algumas ocasiões sem nenhum material físico. Com a finalidade de agregar conhecimento foram empregados alguns conteúdos: Jogos motores pré-desportivos, esporte modalidades coletiva: Atletismo, basquetebol, futebol, handebol e voleibol, princípios técnicos e táticos dos fundamentos básicos de cada modalidade, principais regras, processo histórico. O aprendizado foi recíproco, de ensinamentos e aprendizados. Os planos de ensino e de aula foram organizados a partir de conversas com o professor das turmas, o qual colocou a parte das metas traçadas por ele e do trabalho que já vinha 4

5 sendo desenvolvido. Quais as maiores dificuldades encontradas pelos alunos em relação aos esportes, desta forma foi possível fazer os planos de aula com mais segurança e posteriormente notar a evolução de todos ao final de cada etapa. Foram trabalhadas duas modalidades esportivas por trimestre, o handebol e o voleibol. Por se tratar de jogos bastante técnicos que exige movimentos aperfeiçoados, foi trabalhada sistematicamente a forma correta de se jogar e de executar os fundamentos, tanto na prática quanto na teoria, pois é fundamental o conhecimento teórico e histórico destes jogos. Nos dias em que as aulas não puderam ser ministradas fora da escola, por questões climáticas, utilizou-se a sala de vídeo como forma de fazer os alunos associar as aulas teóricas com a prática. A partir dessa proposta notou-se uma considerável evolução por parte dos alunos, indicando, que o caminho escolhido era o mais adequado para o momento. Optou-se por realizar as devidas correções no momento em que as atividades eram desenvolvidas, assim as interrupções se davam, também, durante o jogo, pois eram utilizados elementos reais para exemplificar e demonstrar a forma mais adequada para se jogar. A metodologia utilizada foi a desenvolvimentista. A abordagem Desenvolvimentista é tem como base a tentativa de caracterizar a progressão normal do desenvolvimento, na aprendizagem motora e, em função destas características, sugerir elementos relevantes para a estruturação da Educação Física. Assim, o movimento é o principal meio e fim da disciplina, propugnando a especificidade do seu objeto (BRASIL, 1998). Na abordagem desenvolvimentista: A Educação Física deve proporcionar ao aluno condições para que seu comportamento motor seja desenvolvido pela interação entre o aumento da diversificação e a complexidade dos movimentos. Assim, o principal objetivo da Educação Física é oferecer experiências de movimento adequadas ao seu nível de crescimento e desenvolvimento, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada. (BRASIL, 1998, p. 24). O desenvolvimento do ser humano envolve três dimensões: psicomotor, cognitivo e afetivo-social. Os três estão intimamente interligados e sua divisão é meramente didática. Portanto, considerá-las como tal é a base para uma formação integral do aluno. A criança e o adolescente devem ser considerados como seres 5

6 únicos e particulares e não como adultos em miniaturas devem ser respeitados em suas várias fases de desenvolvimento, assim como em seus anseios, temores, expectativas e necessidades. (GALLAHUE & OZMUN, 2001). O desenvolvimento motor é um processo contínuo e gradual, na qual, desde os primeiros anos de vida ele está em constante processo de aprendizagem e novos movimentos. O desenvolvimento caracteriza-se por mudanças que vão da concepção até a morte, seguindo uma ordem e coerência no conjunto de mudanças, apresentando uma sequencia (MANOEL, 1994). Sendo assim o ensino da educação física nesta etapa deve ser fundamentado em conceitos de uma educação voltada para a qualidade de vida. Sua proposta deve ser clara, o ensino não é para formar campeões, e sim trazer subsídios e informações para a conscientização da importância da atividade física como uma prática regular do dia-a-dia. Por ser a primeira experiência com a forma de trabalhar os fundamentos dos esportes em quadra desde seu início até sua finalização no contexto do jogo, ressalto que foi de grande importância às vivencias neste estágio III para a formação em licenciatura, pois possibilitou outra vivência em Educação Física. Foi possível perceber que existe inúmeras formar de se trabalhar conteúdos e atividades, não considerando somente produto, mas sim o processo de aprendizagem, a diversão e a ludicidade introduzidas dentro do esporte. Houve uma preocupação em oportunizar o maior número de atividades com o intuito de despertar interesse dos alunos para os jogos de handebol e voleibol. Considerações finais Durante o estágio sempre existiu a preocupação em manter um diálogo com as turmas e com o professor, o que possibilitou um aprendizado sobre como trabalhar com os alunos, permitiu, também, uma troca de conhecimentos entre o profissional de Educação Física da escola e o estagiário. Pode-se perceber que as aulas promoveram a construção de atividades em que os alunos tivessem a oportunidade de se expressar, com espontaneidade, demonstrando e executando os movimentos fundamentais para desenvolver a coordenação, agilidade, 6

7 proporcionando aos mesmos o contato com as atividades programadas para desenvolver tais capacidades. Aplicando situações aos alunos com a vivência das aulas de Educação Física à importância do movimento e da pratica da atividade física, enquanto saúde e educação, permitindo desde esta fase o aluno praticar e compartilhar isso com familiares, amigos e sociedade. Nos anos finais o esporte esta muito presente nas aulas de Educação Física e devemos usá-lo como arma para transformar nossos alunos em sujeitos capazes de agir, retribuir, andar, pular, saltar, tomar decisões, etc. Fazê-los vivenciar diferentes exercícios que explorem em diferentes coordenações, diferentes motricidades. Mostrando para nossos alunos que, pedacinho por pedacinho de conhecimento de um esporte eles são capazes de evoluir e de conseguir ir do início da quadra até o fim, arremessar e fazer o gol ensiná-los a comemorar a conquista, e também que perder não é o fim, mas sim o início de uma nova fase. Foi percebida a importância que o professor tem na educação, muitas vezes para o aluno o professor é um exemplo a ser seguido. Este aluno ao se identificar com o professor passa a reproduzir seus comportamentos. Deste modo o exercício de ensinar requer uma conduta ética, bem como atuar com cuidado, empatia e profissionalismo. A dedicação foi ao máximo na intenção de passar aos alunos conhecimentos, fundamentos e como executar os demais esportes a eles proporcionados. Procurando sempre fazer a diferença, mas nunca fugindo da realidade ao redor. A escola como um todo foi bastante receptiva dando bastante atenção desde o primeiro contato. Desde a direção, professores e funcionários, todos procurando da melhor maneira possível estar lado a lado, dentro das suas atribuições. A admiração pela EMEF foi imensa e de um carinho muito grande, pois proporcionou a realização desse estágio. Esta é sem sombra de dúvida, a maior recompensa, as trocas de experiências e o grande valor da amizade, em poder de certa forma contribuir para a formação dos alunos. Pois através do mesmo foram colocados em prática os conhecimentos e estudos adquiridos em sala de aula na atuação pedagógica da Educação Física. Uma nova realidade que serviu de instrumento de aprendizado, convivência e 7

8 socialização com toda a comunidade escolar, e assim descobrindo os mecanismos de trabalho e as diversas manifestações do comportamento de crianças e adolescentes. Referências BARBIREI, C. A. S. Esporte Educacional: uma Possibilidade para a Restauração do Humano no Homem. Canoas, RS: ULBRA BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 97/98. DARIDO, S. C. Educação física na Escola. Rio de Janeiro, ABPDA, FRANCISCO, C. M. e PEREIRA, A.S. Supervisão e Sucesso do desempenho do aluno no estágio, Disponível em internet. (GALLAHUE & OZMUN, 2001)., J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças e Adultos. São Paulo: Phorte Editora, GO TANI (et al. 1988). Abordagens, Concepções e Perspectivas de Educação Física Quanto à Metodologia de Ensino nos Trabalhos Publicados na Revista Brasileira de Ciências do Esporte (Rbce) em GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FRAGA, Alex Branco. Referencial Curricular de educação física. In: RIO GRANDE SO SUL. Secretaria de Estado da educação. Departamento Pedagógico (Org.). Referenciais Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias: arte e educação física. Porto Alegre: SE/DP, v. 2, p GRAÇA & J. OLIVEIRA (Eds.). O ensino dos jogos desportivos. 2. ed. Porto, Universidade do Porto, MANOEL, E. de J. Desenvolvimento motor: Implicações para a educação física escolar. Revista Paulista de Educação Física, n.8, v.1, p , VOSER, R da C. & GIUSTI, J. G. O Futsal e a Escola. Porto Alegre. Artmed,