Nevus verrucoso linear

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1 Nevus verrucoso linear um caso clínico da colecção de moldagens do H. do Desterro Projecto A ciência, a clínica e a arte da sífilis no Desterro ( ) FCT- HC/ 0071/2009 ICS-UL António Perestrelo de Matos (antonio.matos@ics.ul.pt) 1- Um caso clínico Individuo do sexo feminino, solteiro, de 24 anos, sem antecedentes hereditários ou pessoais dignos de nota, Assim começa um artigo publicado na Revista Amatus Lusitanus (Vol.II, nº83, p.630, Agosto 1943), assinada pelos médicos do Hospital do Desterro Sá Penella e José Roda, sobre a ficha clínica de uma doente da consulta externa deste Hospital. 1

2 A lesão estendia-se por todo o corpo, salvo as extremidades: cabeça, mãos e pés. Apresentava se em formas agrupadas por vezes alinhadas em fiadas, ou em forma de placas maiores ou menores, de superfície total ou parcialmente verrucosa (com clareiras de pele sã). De cor acastanhada estas lesões formão pequenas saliências do tamanho de grãos de arroz, ásperas ao tacto, e a sua parte córnea pode destacar-se mais ou menos facilmente, sem causar dor O interesse clínico da lesão prendia-se com as semelhanças a outras infecções secundárias da sífilis, mas neste caso, tratava-se de uma rapariga de 24 anos, sem antecedentes de principalmente no que diz respeito a lues. Foi documentado por fotografias (sabe Deus onde estarão os negativos?) e por 3 moldagens em cera, estas chegaram até nós, fazem parte de um conjunto de 260 ceras dermatológicas da colecção do Desterro. 2

3 2- A colecção e seu estudo. Iniciamos os trabalhos do projecto pela inventariação desta colecção. Numa primeira fase preocupamo-nos com uma inventariação técnica, (materiais, medidas, descrição sumária, conservação e fotos). Numa segunda fase com a história da patologia e do doente, carregado as fichas de inventariação com mais informação. Pretendemos que este inventário se torne ferramenta essencial desta colecção que representa, para a história da medicina e da farmacologia, a fase anterior à utilização da penicilina como medicamento, além do seu valor cultural como representação do corpo humano na saúde e na doença. Será este inventário que permitirá equacionar modos expositivos, como por exemplo, e, voltando à rapariga de 24 anos com a sua lesão verrucosa. Se for viva será hoje uma senhora de 81 anos, terá para contar a história da convivência diária com a sua lesão, os tratamentos a que se submeteu, e possivelmente a cura. Óptimo tema para uma exposição temporária, nas suas implicações clínicas e sociais. Outro tema será o conjunto das ceras que representam as três fases das infecções sifilíticas, ou lesões consequentes dos tratamentos arsénicais, ou ainda, a evolução da elefantíase, também bem representada nesta colecção. 3

4 3 A exposição O espaço que temos é o Salão Nobre do Hospital de Santo António dos Capuchos, e dentro desta área de 90 m2, propomos uma divisão espacial definida pelo mobiliário existente, definindo três áreas: reservas visitáveis, exposições temporárias, arquivo dermatológico. Mas já que estou em casa de arquitectos, gostava de partilhar convosco o local que considero ideal para exposição da colecção dermatológica O Arco do Desterro, ou seja o que resta da frontaria da igreja do convento de São Bernardo, obra com o risco de Filipe Terzio, iniciadas em Servia de portal emblemático do Hospital do Desterro, serve hoje, como portaria de um estacionamento hospitalar. 4

5 Não consta nas listas de património classificado, por isso lanço o desafio de se pensar no arco do desterro, nas suas funções culturais e de lazer, com vista à sua valorização. Definir áreas pedonais e equacionar o estacionamento, nesta dupla praça interior, no centro de Lisboa A construção de um piso sobre o terraço do arco permite, definir novas áreas 5

6 - Terraço: 360m2 Arquivo e Auditório (c.300m2) -P. Intermédio: 144m2 Reservas Visitáveis (140m2, a construir c.70m2) Restaurante (c.70m2) -P. Térreo : 360m2 Recepção/ Expo. Temp. (c.140m2). Restaurante (c.70m2) Esplanada (c.70m2) Zona pedonal/ capela de N.S. Desterro Busto de Thomaz Breyner 6