EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS E LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE BUCHA DOS PAULISTAS

Transcrição

1 EFEITO DE DIFERENTES SUBSTRATOS E LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE BUCHA DOS PAULISTAS JOSÉ C. LOPES 1 ; CAROLINA M. P. SOUZA 2 1 Centro Ciências Agrárias -UFES, Depto Fitotecnia, CP 16, Alegre-ES. jcufes@bol.com.br RESUMO O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes substratos e luz na germinação de sementes de bucha dos paulistas (Luffa cylindrica Roem). Os tratamentos foram compostos pelos substratos: A (areia); T+A+E (terra + areia + esterco); plantmax+sbs (plantmax + subsolo); SB+A+E (solo de bosque + areia + esterco); SB+plantmax (solo de bosque + plantmax); Plantmax e SB (solo de bosque). Os substratos foram colocados em tubetes de 45 ml, mantidos em casa de vegetação sob três telas de poliolefinas (13,8 µmol fótons m -2 s -1 ); uma tela de poliolefinas (582,2 µmol fótons m -2 s -1 ), luz plena (1192,8 µmol fótons m -2 s -1 ) e sob lona plástica preta (ausência de luz). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições. A comparação de média foi feita pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados mostraram que na condição de luz plena e sob ausência de luz (sob lona preta) houve baixa porcentagem de germinação em todos os tipos de substratos testados, à exceção do substrato areia sob luz plena, que atingiu valores de 33%. Palavras-chave: Luffa cylindrica Roem, capacidade germinativa, planta medicinal. ABSTRACT Effect of substrate and light on seed germination of paulista wad The objective of this research was to evaluate the influence of different substrate and light in of seed germination of paulsita wad Luffa cylindrica Roem: The treatment were composed on the substrate: sand; soil + sand + manure; plantmax + subsoil; wood soil + sand + manure; wood soil + plantmax; plantmax and wood soil. The substrate was placed in tube of 45 ml, maintained on the greenhouse under different light intensity obtained with tree poliolefinas canvas (13,8 µmol phótons m -2 s -1 ); one poliolefinas canvas (582,2 µmol phótons m -2 s -1 ), luz plena (1192,8 µmol phótons m -2 s -1 ) e sob lona plástica preta (ausência de luz). The experiment was set up in a complete randomized design, with four replications. The average comparison was the Tukey to 5%. The results showed great germination everybody substrate under little light, and that light absence or present verified low germination percentage in the tested substrate.

2 Keywords: Luffa cylindrica Roem, germination capacity, medicinal plant. A bucha dos paulistas (Luffa cylindrica Roem.) é uma Cucurbitácea, de origem asiática, produzida abundantemente no Egito e que se apresenta bem aclimatada no Brasil. É uma planta trepadeira herbácea alta, de vegetação quase espontânea, utilizada em quase todos os estados em forma de chá ou de cozimento para combater doenças como perturbações hepáticas, suspensão de regras, clorose, anemia, além de sua utilização na vida doméstica para limpezas (Cruz, 1965; Pio Corrêa, 1984). O tipo de material utilizado como substrato na germinação da semente desempenha grande influência e deve ser selecionado de acordo com o tamanho da semente, sua exigência em relação à quantidade de água, sensibilidade ou não da semente à luz e o grau de facilidade para realização das contagens de germinação e avaliação das plântulas (Brasil, 1992; Figliola et al., 1993). Entretanto, a disponibilidade e a velocidade do fluxo de água são determinadas pela diferença de potencial hídrico entre a semente e o solo (Villela et al., 1991). Outro fator importante é a presença de luz. As sementes da maioria das plantas cultivadas germinam tanto sob luz como escuro. A luz promove a germinação através de uma fotoreação, cujo receptor é o fitocromo. Quando necessita de luz para germinar diz-se que é fotoblástica positiva e, quando a germinação só ocorre no escuro, diz-se que é fotoblástica negativa (Toole, 1973; Mayer & Poljakoff-Mayber, 1989). Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos de diferentes substratos e luz na germinação de sementes de bucha dos paulistas (Luffa cylindrica Roem). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação no campus do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), Alegre-ES, utilizando-se sementes de bucha dos paulistas (Luffa cylindrica Roem.). Os tratamentos foram constituídos pelos substratos: A (areia); T+A+E (terra + areia + esterco); plantmax+sbs (plantmax + subsolo); SB+A+E (solo de bosque + areia + esterco); SB+plantmax (solo de bosque + plantmax); Plantmax e SB (solo de bosque), mantidos sob três regimes de fluxo de fótons fotossinteticamente ativo (FFFA), obtidos sob três telas de poliolefinas (13,8 µmol fótons m -2 s - 1 ); uma tela de poliolefinas (582,2 µmol fótons m -2 s -1 ); luz plena (1192,8 µmol fótons m -2 s -1 ) e sob lona plástica preta (ausência de luz), num esquema fatorial 7x4. O fluxo de fótons foi determinado opticamente, através do aparelho LiCor Li2000 Lincoln, NE USA. O solo, a areia e o esterco de curral foram previamente esterilizados, coados em peneiras de quatro milímetros

3 e misturados em proporções iguais nos substratos. Os substratos foram colocados em tubetes com capacidade para 45 ml onde foi semeada uma semente por tubete. A avaliação do experimento foi feita através da capacidade germinativa das sementes e os resultados expressos em porcentagem de germinação. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro repetições de 25 sementes. Para a análise estatística os resultados em porcentagem foram transformados para arco seno (x/100) 1/2. Mas na tabela são apresentadas as médias originais. As médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos na avaliação das sementes de bucha dos paulistas, mantidas sob diferentes substratos e irradiação encontram-se Tabela 1. Os valores médios obtidos na germinação das sementes mantidas sob três telas de poliolefinas (irradiação de 13,8 µmol fótons m -2 s -1 ) não apresentaram diferenças significativas entre si nos diferentes substratos testados, à exceção do substrato solo de bosque (SB), cujo resultado foi significativamente inferior, dando uma média de germinação de 53%. No experimento mantido sob uma tela de poliolefinas (irradiação de 582,2 µmol fótons m -2 s -1 ), somente o substrato SBT + SBS apresentou redução significativa na porcentagem de germinação em relação aos demais substratos, dando valores de 50%. Sob luz plena (irradiação de 1192,8) e na condição de ausência de luz, verificou-se baixa porcentagem de germinação em todos os tipos de substratos testados, à exceção do substrato areia sob luz plena que atingiu valores de 33%. Embora a luz não seja um fator ambiental restritivo à germinação das sementes das Cucurbitáceas, em teste normal de germinação (Brasil,1992). Klein & Felippe (1991) classificam o carater fotoblastismo positivo como preferencial, quando ocorre pelo menos alguma germinação na condição de ausência de luz e absoluto, quando as sementes de uma determinada espécie não apresentam a capacidade de germinar sob ausência de luz. No caso da bucha dos paulistas, foi verificada ocorrência de germinação tanto para a condição de luz como para escuro contínuo, embora os valores médios tenham sido extremamente baixos. Entretanto, na condição de meia sombra, obtida com telas de poliolefinas, com irradiações entre 13,8 e 582,2 µmol fótons m -2 s -1, a germinação foi significativamente superior em todos os substratos testados. De acordo com Bewley & Black (1994), para muitas espécies estudadas, o comportamento de fotoblastismo de suas sementes pode estar diretamente relacionado com a temperatura testada. E, no caso deste experimento, o estudo foi desenvolvido em casa de vegetação, sem controle de

4 temperatura. De acordo com Figliola et al. (1993), a interação entre os fatores substrato e temperatura pode interferir nas respostas obtidas devido à retenção de água e a quantidade de luz que o substrato permite chegar à semente. Tabela 1. Porcentagem de germinação das sementes de bucha dos paulistas (Luffa cylindrica Roem.) sob diferentes substratos e luminosidade (Alegre, ES. CCA-UFES, 2003). Substrato Germinação (%) Três telas Uma tela Luz plena Escuro Areia 77,0000 aa 1 83,0000 aa 33,0000 ab 5,0000 bc T+A+E 85,0000 aa 74,0000 aa 6,0000 bc 21,0000 abb SBT+SBS 84,0000 aa 50,0000 bb 0,0000 bd 24,0000 ac SB+A+E 74,0000 ab 88,0000 aa 3,0000 bd 16,0000 abc SB+SBT 73,0000 aa 84,0000 aa 0,0000 bb 5,0000 bb Plantmax 80,0000 aa 84,0000 aa 1,0000 bb 10,0000 abb SB 53,0000 bb 74,0000 aa 8,0000 bc 11,0000 abc 1 Médias seguidas por letras minúsculas iguais na coluna e maiúsculas iguais na linha, não diferem significativamente, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. O coeficiente de variação foi de 30,792%. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao técnico de laboratório José Maria Barbosa pelo auxílio na condução dos experimentos. LITERATURA CITADA BEWLEY, J.D. & BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2.ed. New York: Plenum Press, p. BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de sementes. Brasília: SNDP/DNDV/CLAV, 1992, 365p. CRUZ, G. L. Livro verde das plantas medicinais e industriais do Brasil. Belo Horizonte ed. 426p. FIGLIOLA, M.B; OLIVEIRA, E.C. & PI?ÑA-RODRIGUES, F.C.M. Análise de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PI?ÑA-RODRIGUES, F.C.M & FIGLIOLA, M.B (eds.). Sementes florestais tropicais. Brasília: ABRATES, p KLEIN, A. & FELIPPE, G.M. Efeito da luz na germinação de sementes de ervas invasoras. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.26, n.7, p , MAYER, A. M. & POLJAKOFF-MAYBER, A. The germination of seeds. 4 ed. Oxford: Pergamon Press, p. PIO CORRÊA, Manuel. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, v.

5 POPINIGS, F. Fisiologia da Semente. Brasília: AGIPLAN p. TOOLE, V. K. Effects of light, temperature and their interactions on the germination of seeds. Seed Science & Technology. v.1, p ,1973. VILLELA, F.A.; DONI-FILHO,L. & SEQUEIRA, E.L. Tabela de potencioal osmótico em função da concentração de polietileno glicol e da temperatura. Pesquisa agropecuária brasileira. Brasília, v.26, n.11/12, p , 1991.