"Mais vale um fim horrível do que um horror sem fim" Euro e a UE conseguirão sobreviver, assim queiram
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1 CRISE DA DIVIDA NA ZONA EURO "Mais vale um fim horrível do que um horror sem fim" Euro e a UE conseguirão sobreviver, assim queiram os líderes europeus. Mas "há que ter noção que nem todos os problemas têm solução", diz o "chief risk officer" do BPI EDGAR CAETANO edgarcaetano@inegocios.pt A actual crise não é comparável àquelas por que passaram Portugal e a Europa no passado, pelo que é necessário inovar na busca de uma solução, afirma o "diief risk officer" do BPI, Rui Martins dos Santos. Essa solução poderá passar por um compromisso europeu com a emissão de dívida conjunta, as "eurobonds". E, perante apossívelinsolvénciade países Zona Euro, Martins dos Santos recorda um ditado alemão: "mais vale um fim horrível do que um horror sem fim". Em reflexão sobre a actual crise financeira perante a plateia de executivos reunida no Fórum SAS Portugal 2011, organizado em parceria com o Negócios, Rui Martins dos Santos apontou o dedo aos mecanismos de regulação e controlo da Zona Euro, já que países como Itália e Bélgica acumularam défices excessivos logo desde o momento em que aderiram à união monetária "Esses países deviam ter sido um canário na mina, um aviso para os outros países, mas isso não sucedeu", afirmou o responsável pela Direcção de Análise e Controlo de Riscos do BPI, lamentando que "nada tenha acontecido a esses países nessa altura". Nos últimos anos, "a um problema de finanças públicas juntou-se um problema na obtenção de financiamento". Na verdade, "uma grande crise é sempre o resultado de vários pequenos problemas que se acumulam, e é isso que se passa na Europa neste momento". "E há que reconhecer que, "tal como quando vamos ao médico, nem todos os problemas terão solução", afirma Neste momento, "Portugal está solvente, porque apesar de ser uma missão difícil e longa, é possível traçar cenários em que o País consiga inverter a rota de endividamento", assinala Martins dos Santos. "Maspodehaversituações em que países que estejam insolventes, e perante isso é preciso agir". O responsável acredita que "a moeda única e a União Europeia têm condições para sobreviver, assim saibam e queiram os líderes europeus fazer aquilo que é necessário". "0 BCE começou finalmente a comprar dívida de Itália e Espanha, mas apenas 4% do balanço é composto por dívida pública, ao passo que nos EUA essa exposição ronda os 55%". Isto ilustra as "dificuldades auto-impostas" que existem na Europa, uma região com "melhores fundamentos económicos do que os EUA ou o Japão", defende Martins dos Santos. Pelo mesmo diapasão afina Artur Santos Silva, o "chairman" do BPI e que esteve também presente na conferência do SAS Portugal. Parao antigo vice-govemador do Banco de Portugal, "o BCE tem de proteger os bancos, que são os seus clientes, e também proteger os países de ataques de especuladores". O BCE deve, no fundo, "assumir o seu papel de banco central", diz Artur Santos Silva Rui Martins dos Santos assinala que esta crise é diferente de outras, até porque Portugal e a Zona Euro vivem uma crise em moeda local e não em moeda estrangeira "E por isso mesmo precisamos de soluções novas, sendo que uma das que têm sido mais sugeridas, depois de mais de dois anos a circular no meio académico, é a emissão de dívida conjunta europeia, as "eurobonds". "Eurobonds" seriam "o melhor título que andaria no mercado" /y\ Para Martins dos Santos, ( ) uma possível solução para a crise passaria pela emissão de dívida europeia conjunta, uma ideia que circula há mais de dois anos no meio académico, mas que só agora está a gerar reacções entre os líderes europeus. Essas respostas têm, no entanto, sido negativas, lamenta o "chief risk officer" do
2 BPI. Em parte porque se acredita que o custo com "rating" da dívida dos países mais elevado poderia subir. "Mas a Alemanha não pode comparar esses custos de financiamento, que estou convencido que passada uma primeira fase não seriam tão mais elevados, com os actuais custos. Tem de os comparar com os custos de antes de criação da moeda única, quando a Alemanha se financiava a 5% ou 6%, mais do que paga actualmente a Itália ou a Espanha". O consenso poderá ser atingido se, como sugerem alguns académicos, se limitar as "eurobonds" até um nível como 60% do PIB, por exemplo, fasquia a partir da qual os países teriam de se financiar por sua conta e risco através da emissão de dívida própria, subordinada à dívida europeia. Até pela elevada dimensão e liquidez do mercados, as "eurobonds" seriam "o melhor título que andaria nos mercados financeiros", acredita Martins dos Santos.
3 Portugal está solvente, mas perante a hipótese de países da Zona curo estarem insolventes, é preciso agir RUI MARTINS DOS SANTOS "Chief Risk Officer" do BPI Europa tem melhores fundamentos económicos do que os EUA ou o Japão. RUI MARTINS DOS SANTOS "Chief Risk Officer" do BPI Era altura de, com alguma solidariedade, os países ricos ajudarem os países mais endividados e darem-lhes mais tempo para que reembolsem essa dívida. ARTUR SANTOS SILVA "Chairman" do BPI
4 EDGAR CAETANO O "chairman" "Os políticos têm apenas andado preocupados com captar os votos" Santos Silva, "chairman" do BPI, os países ricos devem "explicar aos seus eleitores as vantagens do curo" do BPI, Artur Santos Silva, lamenta que "os políticos europeus estejam apenas preocupados em captar o voto dos eleitores e não em mobilizar a opinião dos eleitores para a resolução dos grandes problemas que temos pela frente". Expulsar países da Zona Euro teria implicações catastróficas, acredita o responsável. "Projectar países para fora do curo teria implicações catastróficas, e os líderes dos países mais ricos devem explicar aos seus eleitores porque é que isso não pode acontecer", afirmou Artur Santos Silva durante a apresentação que fez na conferência anual do "Fórum SAS Portugal", organizado em parceria com o Negócios. No fundo, o "chairman" do BPI gostaria de ver "os países credores explicarem aos seus eleitores porque é que seria bom que os países mais endividados resolvessem o excesso de dívida", recordando que "as exportações da Alemanha para a área do curo correspondem a seis vezes as que são expedidas para a China". "Era altura de, com alguma solidariedade, ajudar esses países a diminuírem essa dívida e darem mais tempo para que estes reembolsassem essa dívida". Como objectivo último, "há ainda que explicar aos eleitores que é preciso rever o tratado da União Europeia no sentido de assegurar uma integração efectiva fiscal, com órgãos de governo e instrumentos que permitissem uma política económica comum entre os Estados-membros", afirma Artur Santos Silva, "chairman do BPI" e antigo vice-governador do Banco de Portugal. "Ninguém acredita que passe sem subir impostos em Portugal" O "chief risk officer" da mesma instituição financeira, Rui Martins dos Santos, diz que "já ninguém tem dúvidas que será preciso aumentar os impostos em Portugal. Havia dúvidas há alguns meses mas agora já ninguém acredita noutra coisa". Presente na mesma conferência do SAS Portugal, Martins dos Santos acredita que "será também necessário cortar na massa salarial e nas prestações sociais, onde o Estado gasta 75% do dinheiro". A saída da crise para Portugal e para o conjunto dos países europeus passa, em primeiro lugar, pelo equilíbrio orçamental dos Estados, "porque foi por aí que tudo começou e é por aí que a crise terá de começar a ser resolvida". E isso não passará apenas pelo corte das "gorduras" e do "desperdício", porque "há que rejeitar a ideia de que o dinheiro cai num buraco". "Uma obra pública que não devia ter sido encomendada dá dinheiro a engenheiros, a operários e até aos restaurantes nas redondezas da obra", diz. "O grande problema não é o desperdício, o problema é que nós, portugueses, através do nosso trabalho e das nossas empresas, não geramos riqueza suficiente para que o Estado consiga sequer responder às necessidades mais básicas e mais justas da população". "Projectar um país para fora do curo teria implicações catastróficas", diz o 'chairman' do BPI.
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