TAMARA ANDRÉIA BOTOVCHENCO RIVERA PROMOTORA DE JUSTIÇA MINISTÉRIO PÚBLICO DE GOIÁS
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- Luís Carreiro Vilanova
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1 TAMARA ANDRÉIA BOTOVCHENCO RIVERA PROMOTORA DE JUSTIÇA MINISTÉRIO PÚBLICO DE GOIÁS
2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
3 COM A FINALIDADE DE RESGUARDAR AS ESPÉCIES, POR SEU CARÁTER IMPRESCINDÍVEL DE FUNÇÃO ECOLÓGICA NA MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO DOS ECOSSISTEMAS, A FAUNA PASSA A TER A NATUREZA JURÍDICA DE BEM AMBIENTAL, NÃO ESTANDO MAIS SUJEITA AO REGIME PRIVADO DE PROPRIEDADE.
4 APESAR DESSE AVANÇO, EM RAZÃO DA VISÃO ANTROPOCÊNTRICA DE MEIO AMBIENTE QUE DETERMINA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NÃO É ADMISSÍVEL QUE OS ANIMAIS SEJAM SUJEITOS DE DIREITOS. A FAUNA POSSUI DIVERSAS FINALIDADES (RECREATIVA, CIENTÍFICA, ECOLÓGICA, ECONÔMICA E CULTURAL), QUE ESTÃO SEMPRE RELACIONADAS COM A VISÃO ANTROPOCÊNTRICA, OU SEJA, SÃO VISTAS DIANTE DO BENEFÍCIO QUE A SUA UTILIZAÇÃO TRARÁ AO HUMANO. SENDO BEM DE TODOS, A FAUNA TEM ASSEGURADA A SUA PRESERVAÇÃO EM NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO.
5 FINALIDADE CIENTÍFICA DA FAUNA QUANDO O ANIMAL COMPONENTE DA FAUNA POSSUI UMA FINALIDADE CIENTÍFICA, AINDA QUE A SUA ORIGEM SEJA O HABITAT DOMÉSTICO, ELE PASSA A TER UMA NATUREZA DE BEM AMBIENTAL E, CONSEQUENTEMENTE, DIFUSA.
6 DECRETO FEDERAL /1934 Assegurava proteção aos animais de Biotério e Centros de Experimentação, estabelecendo penalidades para os infratores. *Não chegou a ser sancionado
7 DECRETO-LEI 3.688/1941 Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo: Pena prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem a quinhentos mil réis. 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao publico, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo. 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público. * Revogado implicitamente pelo artigo 32 da Lei 9.605/1998
8 LEI Nº 9.605/1998 Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
9 Art. 22. As penas restritivas de direito da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. 1º. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. 2º. A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. 3º. A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.
10 Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
11 Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. * Crime de menor potencial ofensivo, mas a possibilidade de aplicação de imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no artigo 76 da Lei nº 9.099/1995 (transação penal), somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade (artigo 27 da Lei 9.605/1998). A reparação do dano ambiental também é uma das exigências para a suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/95 e artigo 28 da Lei 9.605/1998)
12 LEI N /2008 Regulamenta o inciso VII do 1 o do artigo 225 da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais; revoga a Lei n o 6.638, de 8 de maio de 1979; Art. 1 o. A criação e a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, em todo o território nacional, obedece aos critérios estabelecidos nesta Lei Aplica-se ao animais das espécies classificadas como filo Chordata, subfilo Vertebrata, observada a legislação ambiental.
13 Cria o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal CONCEA, ao qual compete: I formular e zelar pelo cumprimento das normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica; II credenciar instituições para criação ou utilização de animais em ensino e pesquisa científica; III monitorar e avaliar a introdução de técnicas alternativas que substituam a utilização de animais em ensino e pesquisa; IV estabelecer e rever, periodicamente, as normas para uso e cuidados com animais para ensino e pesquisa, em consonância com as convenções internacionais das quais o Brasil seja signatário; V estabelecer e rever, periodicamente, normas técnicas para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal, bem como sobre as condições de trabalho em tais instalações;
14 VI estabelecer e rever, periodicamente, normas para credenciamento de instituições que criem ou utilizem animais para ensino e pesquisa; VII manter cadastro atualizado dos procedimentos de ensino e pesquisa realizados ou em andamento no País, assim como dos pesquisadores, a partir de informações remetidas pelas Comissões de Ética no Uso de Animais - CEUAs, de que trata o art. 8 o desta Lei; VIII apreciar e decidir recursos interpostos contra decisões das CEUAs; IX elaborar e submeter ao Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, para aprovação, o seu regimento interno; X assessorar o Poder Executivo a respeito das atividades de ensino e pesquisa tratadas nesta Lei Experimentação Animal CONCEA
15 PREVISÃO DE SANÇÕES ADMINISTRATIVAS ÀS PESSOAS E INSTITUIÇÕES QUE TRANSGRIDAM OS DISPOSITIVOS CONTIDOS NESSA LEI, SEM PREJUÍZO DE CORRESPONDENTE RESPONSABILIDADE PENAL.
16 DECRETO LEI N 6.899/2009 Dispõe sobre a composição do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal - CONCEA, estabelece as normas para o seu funcionamento e de sua Secretaria- Executiva, cria o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais - CIUCA, mediante a regulamentação da Lei n o , de 8 de outubro de 2008, que dispõe sobre procedimentos para o uso científico de animais, e dá outras providências.
17 Art. 1 o As atividades e projetos que envolvam a criação e utilização de animais de laboratório pertencentes ao filo Chordata, subfilo Vertebrata, exceto o homem, destinados ao ensino e à pesquisa científica ficam restritas ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis pela obediência aos preceitos da Lei n , de 08 de outubro de 2008, deste Decreto e de normas complementares, bem como pelas eventuais conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento. 1 o As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas.
18 ESCUSA DE CONSCIÊNCIA NO USO DE ANIMAIS EM AULAS PRÁTICAS E EXPERIMENTAIS A escusa de consciência é definida como a tentativa de livrar-se de uma obrigação sob o argumento de crença religiosa ou convicção político-filosófica. Como exemplos temos a possibilidade de deixar de exercer o voto ou de alistar-se no serviço militar,. O artigo 5º, VIII, da Constituição da República assim dispõe: VIII - "ninguém será privado de seus direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se a invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei". Consagra-se assim, a escusa de consciência como um direito constitucional, e não como uma forma de eximir-se de obrigação imposta a todos. Se houver prestação alternativa, fixada em lei, a esta ficará sujeito o objetor de consciência.
19 COMO CONCILIAR, NA PRÁTICA, TAIS PRINCÍPIOS MAGNOS COM O LEGÍTIMO DIREITO DO ESTUDANTE À OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA À EXPERIENTAÇÃO ANIMAL? TEMA POUCO DISCUTIDO E CONHECIDO NO MEIO JURÍDICO
20 AG - AGRAVO DE INSTRUMENTO ORGÃO JULGADOR: SEXTA TURMA ESPECIALIZADA TRF /RJ DATA DECISÃO: 09/12/2009 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA ANTECIPADA. ARTIGO 273, DO CPC. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS. DISPENSA DE ALUNA DE AULA PRÁTICA DE VIVISSECÇÃO. TRATAMENTO DIFERENCIADO. IMPOSSIBILIDADE. MÉRITO ADMINISTRATIVO DA UNIVERSIDADE NA ELABORAÇÃO DA GRADE CURRICULAR. I A UFRJ insurge-se contra decisão que deferiu a antecipação de tutela para assegurar à agravada a matrícula em disciplina do curso de Biologia, com a dispensa das aulas práticas de vivissecção. II - Ausência de verossimilhança nas alegações da autora, considerando que a utilização de animais para práticas didático-científicas encontra-se expressamente prevista pela Lei nº /98, que regulamenta o inciso VII do 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais, não havendo, na hipótese, comprovação de abuso na utilização dos animais. III - A realização da grade curricular do curso de Ciências Biológicas é mero juízo de oportunidade e conveniência, inerentes à discricionariedade da atividade administrativa, não podendo o Poder Judiciário adentrar no mérito adotado pela Universidade IV Decisão agravada reformada para indeferir a antecipação dos efeitos da tutela. V Agravo de instrumento conhecido e provido
21 O agravo de instrumento foi interposto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ - contra a decisão interlocutória proferida pelo Juízo da 11ª Vara Federal/RJ que deferiu requerimento formulado por aluna de antecipação de tutela para assegurar a matrícula da agravada na disciplina de ZOO III, e nas disciplinas supervenientes a que viesse a ascender pelas aprovações no curso, sendo-lhe assegurada a dispensa das aulas práticas que faziam uso de animais, na supracitada disciplina e em qualquer outra, inclusive nas atividades de pesquisa de campo que envolviam lesão ou sacrifício de animais, adotando-se, em substituição, método alternativo de avaliação da aluna, para fins de aprovação final em qualquer dessas disciplinas, avaliação essa a ser feita com base nos conhecimentos adquiridos por meio do método substitutivo aplicado. A referida decisão ressalvou a obrigação da autora realizar aulas ou avaliações práticas de vivissecção somente quando estas tiverem finalidade preponderantemente curativa
22 OBRIGADA!!!!
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