LEVANTAMENTO DE ALTERAÇÕES E LESÕES BUCAIS DURANTE A CAMPANHA DO IDOSO RESULTADOS PRELIMINARES UM PRIMEIRO OLHAR
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- Renata Schmidt Covalski
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1 LEVANTAMENTO DE ALTERAÇÕES E LESÕES BUCAIS DURANTE A CAMPANHA DO IDOSO RESULTADOS PRELIMINARES UM PRIMEIRO OLHAR A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte promoveu em abril/maio de 2006, um levantamento de necessidades e de alterações bucais na população com mais de 60 anos. Como resultado de uma parceria junto às Faculdades de Odontologia (UFMG, PUC e Newton Paiva) e Hospital Odilon Behrens, a ação foi desenvolvida potencializando os efeitos da Campanha de Vacinação dos Idosos, que ocorreu entre os dias 24 de abril a 5 de maio de O levantamento de necessidades em saúde bucal é um instrumento de vigilância epidemiológica e planejamento das ações. Orienta a coleta de dados para a posterior análise e tomada de decisões na atenção individual e coletiva. O levantamento de necessidades reúne indicadores individuais para gerar uma classificação coletiva. Possibilita uma configuração quantificada e qualificada das necessidades de atenção dos grupos. OBJETIVO GERAL Conhecer as necessidades de saúde bucal da população idosa de Belo Horizonte. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Identificar a população maior de 60 anos sem necessidades em saúde bucal (cárie: código 0; usa prótese superior / inferior; lesão de mucosa: código 0; encaminhamento para a atenção especializada: não). 2. Agrupar idosos com necessidades de tratamento de lesões de mucosa: Usuários com lesões que serão tratadas na atenção básica
2 Usuários com lesões que serão tratadas na atenção especializada 3. Nomear idosos com necessidades acumulada e agendar (dentro da possibilidade da unidade) o atendimento individual, respeitando o princípio da eqüidade. 4. Encaminhar para o atendimento individual nas faculdades de odontologia e HOB os idosos que apresentarem necessidades de tratamento de lesões de mucosa. 5. Orientar os casos de dor aguda para atendimento nas Unidades Básicas de Saúde ou nas unidades de urgência. METODOLOGIA A primeira etapa deste movimento consistiu numa ampla mobilização entre os serviços de saúde bucal e as instituições de ensino superior envolvidas. O planejamento das ações foi conjunto e resultado de amplas discussões e ajustes. Com o objetivo de sensibilizar e envolver os profissionais da rede, foi negociado e liberada as agendas de atendimento nos dias 19 e 20 de abril. Foi feita uma escala e todos os dentistas participaram de uma ação educacional de 04 horas, visando atualizar conhecimentos importantes para assegurar o sucesso da campanha. Durante o período da vacinação, foi designado um profissional de cada unidade básica de saúde para fazer o levantamento. Estagiários do curso de odontologia também participaram do movimento. O Distrito Sanitário avaliava cada local de vacinação, com base no movimento das campanhas anteriores, e fazia os ajustes de acordo com as equipes disponíveis. Os exames (visual) foram realizados com apenas duas espátulas de madeira, sob luz natural e com a pessoa sentada numa cadeira comum. A partir desse exame, os casos com lesões suspeitas foram encaminhados para os locais de atendimento previamente definidos (faculdades e hospital municipal). Quando encaminhados para a atenção especializada, o usuário era submetido a um exame clínico completo e tratamento das lesões/alterações.
3 De uma maneira geral, a dinâmica foi a seguinte: no momento da vacinação, o idoso foi informado sobre o levantamento que estava ocorrendo junto com a campanha, sendo indagado sobre seu desejo em participar. Caso concordasse, era orientado a dirigir-se para outra sala, onde era examinado. Os exames eram realizados em salas diferentes da vacinação, buscando assegurar a privacidade ao retirar as próteses. Os dados foram registrados em planilha específica, desenvolvida com os parceiros. Houve um encaminhamento próprio para cada local de atendimento (faculdades e hospital). As UBS foram divididas territorialmente, de modo a facilitar a operacionalização e o acesso dos usuários. Deste modo, cada UBS recebeu os formulários do local onde os usuários seriam referendados. Os usuários examinados e com alterações comuns (candidíase, aftas, úlceras traumáticas...) estão sendo agendados e atendidos na própria Unidade de Saúde. Os usuários com lesões duvidosas foram encaminhados para atendimento de estomatologia nas faculdades de odontologia (UFMG, PUC e Newton Paiva) e Hospital Odilon Behrens. Ao final da campanha, em cada UBS, o examinador fazia a somatória dos campos de cada planilha. A somatória das planilhas foi consolidada e repassada para a referência Técnica de Saúde Bucal de cada distrito. O Distrito repassou os dados para a Coordenação de Saúde Bucal que fez o consolidado final. Os resultados preliminares foram disponibilizado no fórum da PBH (Atenção à Saúde), dentro do prazo planejado. RESULTADOS O movimento em torno da campanha do idoso e do levantamento de necessidades / tratamento das lesões de mucosa em Belo Horizonte proporcionou: Estreitamento dos laços de parceria entre ensino e serviço; Expansão deste tipo de experiência vivenciada anteriormente pelos distritos Leste e Pampulha para todo o município;
4 Oportunidade de atualização técnica dos profissionais da rede; Aplicação prática dos princípios da coleta de dados e planejamento local; Reconhecimento das necessidades acumuladas da população com mais de 60 anos que procurou os serviços por ocasião da campanha de vacinação; Ampliação da assistência especializada em saúde bucal. A Tabela 1 permite um primeiro olhar sobre os resultados quantitativos. Tabela 1 DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO IDOSA SEGUNDO DISTRITO SANITÁRIO E TOTAL DE EXAMINADOS DURANTE A CAMPANHA DO IDOSO BELO HORIZONTE DISTRITOS População idosa População total População estimada de acamados População estimada de idosos com alguma incapacidade Total de idosos examinados durante a campanha de vacinação do idoso Barreiro Centro-Sul Leste Nordeste Noroeste Norte Oeste Pampulha V. Nova Total Fonte: GEAS/Coordenação Saúde do Adulto/Coordenação de Saúde Bucal Foram examinados 13,42% da população idosa de Belo Horizonte. Este resultado é muito positivo, considerando todas as dificuldades e limitações encontradas ao longo do trabalho. Os resultados de cobertura alcançados pelos Distritos Barreiro (35,46% ) e Norte (35,59) merecem destaque. A Tabela 2 apresenta o consolidado do levantamento de necessidades em saúde bucal realizado por ocasião da campanha do idoso.
5 Tabela 2 CONSOLIDADO DO LEVANTAMENTO DE ALTERAÇÕES E LESÕES BUCAIS REALIZADO DURANTE A CAMPANHA DE VACINAÇÃO DOS IDOSOS BELO HORIZONTE 24/04/06 A 05/05/06 DISTRITO EXAMI- NADOS BEBIDAS FUMO CÁRIE/DOENÇA PERIOD PRÓTESE LESÃO DE MUCOSA ENCAMINHA- MENTO USO NECESSI- DADE SIM NÃO SIM NÃO SUP INF SUP INFO SIM NÃO BARREIRO C. SUL LESTE NORDESTE NOROESTE NORTE OESTE PAMPULHA V. NOVA TOTAL
6 Fazendo uma análise do produto oriundo dos distritos (Tabela 2) verifica-se a necessidade de melhorar a qualidade da consolidação das planilhas e obter coerência interna nas diversas colunas do levantamento de necessidades. Para um reajuste na somatória dos dados, há que se considerar princípios explicitados na Tabela 3. Tabela 3 CRITÉRIOS PARA CONFERÊNCIA NA SOMATÓRIA DOS DADOS LOCAIS BEBIDA FUMO COLUNA CÁRIE/D.P. EXPECTATIVA DE RESULTADOS Total de SIM + Total de NÃO = Total de examinados Total de SIM + Total de NÃO = Total de examinados Soma código = Total de examinados LESÃO MUCOSA Soma código = ou maior que o Total de examinados. Uma mesma pessoa pode ter mais de uma lesão ENCAMINHAMENTOS Total de SIM + Total de NÃO = Total de examinados O número de pessoas que declaram consumir bebida alcoólica é maior que o número de pessoas que declaram fumar. No nível individual o cruzamento destes dados com a presença de lesões de mucosa possui uma associação importante no tratamento e na prevenção de algumas doenças. Mas e a nível coletivo, quais são as implicações de tal fato? O que pode representar esta informação geral para os serviços de saúde? Estas perguntas podem ser alvos de debates e outros estudos específicos. Em relação à doença cárie, 52,85% dos examinados apresentaram código zero, ou seja, não possuem necessidades em relação à doença cárie. Este resultado pode levar a uma falsa idéia de que este é um bom quadro de saúde/doença. Entretanto a porcentagem de usuários que usa prótese confirma que a ausência da doença cárie está associada, não ao controle da doença, mas à seqüela deixada por ela, o edentulismo (ausência de dentes). Os casos mais graves (código 3 e 4) representam uma pequena parcela da população (4,20%). Com o planejamento local estes casos podem ser na maioria das vezes, resolvidos com os recursos disponíveis na própria rede.
7 Ainda que existam diferenças metodológicas entre a pesquisa de prevalência das principais doenças bucais realizada pelo Ministério da Saúde no Brasil em 2003 e este estudo de necessidades, um exercício de aproximação das tendências pode gerar questionamentos interessantes. Tabela 4 APROXIMAÇÃO ENTRE O ESTUDO SB BRASIL E O LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES EM SAÚDE BUCAL BELO HORIZONTE INDICADOR MINISTÉRIO SAÚDE BELO HORIZONTE Porcentagem de pessoas que usa prótese superior 63,28 67,19 Porcentagem de pessoas que necessita prótese sup 16,15 22,95 O Ministério da Saúde examinou pessoas de 65 a 74 anos. Belo Horizonte examinou todas as faixas etárias a partir dos 60 anos. No Brasil, a porcentagem de pessoas que necessita de prótese superior refere-se às próteses totais. Em Belo Horizonte foram consideradas as necessidades de prótese independentes do tipo (parcial ou total). Considerando que o agravamento do edentulismo se dá numa progressão cronológica, como era de se esperar, os dados da capital mineira mostram-se um pouco mais severos. Tais suposições possuem um caráter exploratório, resultado de um primeiro olhar, e precisam ser melhores investigadas. Em relação às lesões de mucosa, a maior prevalência encontrada foi a de alterações de coloração vermelha. Importante ressaltar a necessidade de garantir ao usuário que apresenta lesões de mucosa e ao mesmo tempo o agravante de fumar e/ou consumir bebida alcoólica, o acesso ao tratamento odontológico e posterior controle da doença. O número de encaminhamentos para a atenção especializada (11,70%) foi menor que o esperado (27%). Isto pode indicar uma disposição dos profissionais em resolver casos mais simples na própria unidade de saúde, ampliando assim a capacidade resolutiva da atenção básica. Uma análise mais ajustada será possível a partir dos dados de contra referência repassados pelas faculdades e hospital municipal, bem como a seqüência de agendamentos e tratamentos executados na própria UBS.
8 Responsáveis pelo estudo Coordenação de Saúde Bucal: Carlos Alberto Tenório Cavalcante Dulce Helena Amaral Gonçalves Eliana Maria de Oliveira Sá Rubens de Menezes Santos Distritos Sanitários: Barreiro: Márcia Jabace Maia Centro Sul: Eliane Guimarães Pequeno Abrantes Leste: Márua Bittar Musse Nordeste: Mônica de Carvalho Martins Marques Noroeste: Maria Rita Siqueira de Oliveira Norte: Eliete Míriam Neves de Pinho e Medeiros Oeste: Rosângela Saliba Houri Pampulha: Rosilene Aparecida Menezes Silva Venda Nova: Dardannya Kelly Abreu Maia Unidades Básicas de Saúde: Equipe de Saúde Bucal Faculdades de Odontologia UFMG: Ricardo Santiago Gomez PUCMG: Franca Arenare Jeunon Newton Paiva: Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu Hospital Municipal Odilon Behrens Luiz Augusto Lima
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