Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Negócios Curso de Comunicação Social Trabalho de Conclusão de Curso

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1 Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Negócios Curso de Comunicação Social Trabalho de Conclusão de Curso FUTEBOL NO RÁDIO: A EMOÇÃO COMO INTERFACE ENTRE LOCUTOR E OUVINTE Autor: Altieres Losan Pires Silva Orientador: Prof. Dr. Alexandre Kieling Brasília - DF 2014

2 ALTIERES LOSAN PIRES SILVA FUTEBOL NO RÁDIO: A EMOÇÃO COMO INTERFACE ENTRE LOCUTOR E OUVINTE Monografia apresentada ao curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Jornalismo. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Kieling Brasília 2014

3 AGRADECIMENTOS Primeiramente, quero agradecer aos meus pais, por sempre terem me dado apoio e condições para que eu pudesse cursar minha graduação e por nunca terem procurado saber quanto ganha em média um jornalista, senão eu estaria estudando para concurso nesse momento em vez de me formar. Quero agradecer também a todos que me ajudaram com esse trabalho. Em especial ao pessoal do blog Geral do Cruzeiro, que sempre se dispuseram a divulgar meus questionários e a ajudar no que fosse preciso. Também aos narradores Rener Lopes, Alberto Rodrigues e Marcelo Ramos, que tiveram a gentileza de me darem entrevistas que enriqueceram tanto essa pesquisa. Gostaria de agradecer aos professores que também passaram por essa caminhada comigo. Ana Cláudia Cunha, que me ajudou a fazer um artigo com esse tema ainda em 2012; Ivany Câmara, professora do projeto experimental; Jefferson Dalmoro, que iniciou essa jornada do TCC ao meu lado e que, mesmo após sair da UCB, sempre ajudou no que precisasse; e Alexandre Kieling, que teve a bondade de acolher um rapaz desesperado e sem orientador, mesmo tendo passado mais de um mês do início das aulas. Por último e mais importante, gostaria de agradecer à Jéssica Antunes. Essa pessoa incrível que esteve sempre ao meu lado. Que sempre me apoiou em tudo o que desejei fazer, que me levantou quando eu ficava triste e sem esperanças com esse trabalho, que brigava comigo quando eu estava com preguiça e enrolava para terminar. Que me deu mais dicas que todos os professores juntos e que, sem ela, esse trabalho teria fonte comic sans tamanho 15, a introdução estaria na conclusão e vice e versa. Parabéns a nós dois, meu amor. Nós finalmente conseguimos.

4 Amigos, nada descreve o uivo, o urro que soltamos aqui quando o espíquer atirou o seu berro bestial: Gol!. Até aquele momento, o Brasil inteiro, de ponta a ponta, do presidente da República ao apanhador de guimba, o Brasil estava agonizando, morrendo, ao pé do rádio. Imaginem se o adversário, antes de Pelé, tivesse enfiado um gol maluco. Eis a verdade: ia haver uma morte nacional. O Brasil teria desabado, teria arriado, e, posteriormente, teria saído num rabecão. Nelson Rodrigues em Morrendo ao Pé do Rádio, 1958

5 RESUMO Referência: SILVA, Altieres Losan Pires. Futebol no rádio: a emoção como interface entre locutor e ouvinte p. Monografia (Curso de Comunicação Social) Universidade Católica de Brasília, Brasília, O futebol e o rádio se popularizaram no Brasil entre os anos de 1920 e Desde então, formaram uma parceria que perdura até hoje. Neste trabalho, buscamos descobrir como a narração esportiva do rádio continua firme como uma interface entre a instância de produção e de recepção narrador e ouvinte, mesmo com o amplo acesso a tecnologias mais sofisticadas, como TV e internet. Por meio de questionário com torcedores e entrevistas com narradores esportivos, entendemos que a forma narrativa conduzida no rádio prende os ouvintes, tendo nela a emoção como sua principal aliada. Palavras-chave: Rádio; Futebol; Emoção; Narração; Jornalismo Esportivo.

6 ABSTRACT Football and radio became popular in Brazil between 1920 and Since then, they have formed a partnership that continues until today. In this work, we seek to discover how the sports narration of the radio remains strong as an interface between the production and reception instance - the narrator and the listener -, even with broad access to more sophisticated technologies, such as TV and internet. Through a questionnaire with soccer fans and interviews with sports narrators, we understand that the narrative conducted in the radio holds the listeners, having her emotion as its main ally. Keywords: Radio; Soccer; Emotion; Narration; Sports Journalism.

7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESES OBJETIVOS Objetivo geral Objetivos específicos METODOLOGIA DE PESQUISA AS CARACTERÍSTICAS DO RÁDIO RECEPÇÃO ACESSIBILIDADE MOBILIDADE IMEDIATISMO INDIVIDUALIDADE O PREÇO UMA MÍDIA SINGULAR O NASCIMENTO DO FUTEBOL E DO RÁDIO NO BRASIL O RÁDIO ESPORTIVO BRASILEIRO UMA DISPUTA ENTRE RÁDIO X CLUBES A "EMISSORA DOS ESPORTES" E SEU LEGADO NARRADOR X COMENTARISTA ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO PARTE 1: DADOS PESSOAIS Sexo Idade Estado onde reside Escolaridade Renda Com que frequência acompanha futebol pelo rádio? Já que não ouve, nos diga por qual motivo não acompanha futebol pelo rádio? QUESTÕES RELATIVAS AO RÁDIO Em quais locais geralmente acompanha os jogos pelo rádio? O que te faz preferir as transmissões de futebol pelo rádio?... 34

8 8.2.3 Você prefere ouvir futebol no rádio a acompanhar por outras mídias, como TV ou internet? Com que frequência ouve o futebol pelo rádio, mesmo assistindo ao jogo por outros meios? Quais os pontos positivos de se ouvir futebol no rádio? Quais os pontos negativos de se ouvir futebol no rádio? No momento do gol, a emoção transmitida pelo narrador do rádio é melhor ou pior que a da TV? Você já deixou de acompanhar uma partida de futebol pelo rádio por considerar a narração exageradamente emotiva? Você possui dificuldade de entendimento ou se sente confuso quando ouve as narrações de futebol pelo rádio? Você já acompanhou futebol no rádio pelo simples fato de não conseguir assistir a transmissão na TV ou internet? A narração e os comentários de futebol no rádio geralmente se mostram fieis ao que realmente acontece nos gramados? ENTREVISTAS RENER LOPES RÁDIO ATIVA FM (DF) ALBERTO RODRIGUES RÁDIO ITATIAIA (MG) MARCELO RAMOS RÁDIO CAPITAL (DF) CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APÊNDICE B ENTREVISTA COM ALBERTO RODRIGUES APÊNDICE C ENTREVISTA COM RENER LOPES APÊNDICE D ENTREVISTA COM MARCELO RAMOS... 70

9 8 1 INTRODUÇÃO O futebol é hoje, sem dúvidas, o esporte mais popular do mundo. Todos os dias, milhões de pessoas param para ver ou ouvir os jogos do seu time ou da seleção do seu país. As possibilidades para isso são das mais variadas, com emissoras de televisão ou canais de internet especializados em transmitir cada mínimo lance da partida, com imagens que nos dão a sensação de estarmos dentro do campo, praticamente ao lado do seu ídolo (KNIJNIK, 2010). Mas, nos primórdios do esporte, no início do século XX, a televisão ainda era estudo de laboratório, iniciado em 1840, com base em conceitos da matemática, física e química. Portanto, por quase meio século, a veiculação das notícias e informações sobre esportes se deu por meio dos jornais impressos e, mais tarde, pelas emissoras de rádio (as primeiras narrações esportivas têm registros na década de 1930). Aliás, a narração esportiva tal como conhecemos hoje surgiu com Nicolau Tuma 1, no início dos anos Naquela época, destacar o Gol era entendido como a única forma de expressão possível para traduzir a energia que emergia do torcedor nas arquibancadas dos estádios. Desde então, esse foi o único dos vários shows de rádio que perdurou após a chegada da televisão e se mantém firme até hoje nas ondas hertzianas, deixando para trás o radioteatro, a radionovela, os musicais, os programas humorísticos e de auditório, por exemplo (SOARES, 1994). De lá pra cá, a maneira de narrar desenvolvida no Brasil virou referência mundial. E é sobre esse vínculo da narração com o esporte, fenômeno que ganhou peculiaridades no país, que vamos focar como percurso para a construção dessa monografia. Até a chegada da televisão no Brasil, em 1950, o rádio era o meio de comunicação de massa mais popular no país, sendo que até analfabetos poderiam usufruir, ao contrário do jornal impresso. O rádio proporciona uma mobilidade aos ouvintes, que podem fazer qualquer coisa ao mesmo tempo em que recebem as informações do meio (ORTRIWANO, 1985). Ele foi criado, desenvolvido e se difundiu juntamente com o futebol, um ajudando o outro a se fixar e se popularizar. A transmissão de partidas de futebol, inclusive, é o único formato de shows de rádio que permanece na pós-modernidade (SOARES, 1994). As criações de outros meios, como a TV, a Internet, além de novas tecnologias, como Smartphones e TV Digital, enfraqueceram a popularidade do rádio, mas nenhuma delas o levou à extinção. Pelo contrário, ele se modificou e se fortificou, tendo o futebol como um dos 1 Nicolau Tuma foi o primeiro locutor a narrar o jogo da forma como conhecemos hoje. Antes, apenas notas eram dadas durante a programação das rádios (SOARES, 1994).

10 9 seus pilares (SOARES, 1994; RIBEIRO, 2007). A emoção, sempre uma característica da narração esportiva, serviu - e o que se busca saber é se ainda segue servindo - como uma espécie de interface do processo comunicacional entre as instâncias de produção e de recepção, no caso do rádio, do diálogo entre narrador e ouvinte. Ortriwano (1985, p.26) destaca que a narração usada pelo rádio é diferente da usada em outras mídias. É muito mais dinâmica e, por vezes, emotiva, a ponto de ser muito mais emocionante ouvir uma partida pelo rádio do que assisti-la no próprio estádio. Essa diferença nos levou a refletir se foi exatamente essa emoção o que segurou o rádio por tanto tempo, mesmo em meio a tantas tecnologias criadas. Além disso, os avanços tecnológicos que proporcionaram a criação de outras mídias aperfeiçoaram as técnicas de rádio. A postura do rádio de transmitir os jogos diretamente fez com que houvesse avanços e melhorias, tanto nos equipamentos quanto no radiojornalismo em si. O rádio foi responsável pela criação de uma nova maneira de acompanhar esportes, exaltando as relações emocionais e levando os ouvintes a construírem imagens no pensamento, a partir das narrações esportivas. É o que afirma Rodrigues (2008), que acredita que, mesmo que haja inovações tecnológicas e transmissões televisivas, o rádio nunca perderá seu espaço. O autor deste trabalho é mais um grande aficionado pelo futebol. Como quase sempre morou longe da cidade em que nasceu, precisava recorrer ao rádio para ouvir as partidas do seu time. Mas mesmo depois de tantos anos, já com acesso à internet e TV fechada, o rádio ainda é seu companheiro. Foi a partir disso que a ideia do trabalho surgiu. Inicialmente, um artigo para a matéria de Metodologia Científica da Universidade Católica de Brasília foi feito sobre o tema. Agora, neste trabalho, pretendemos fazer um estudo mais aprofundado, mostrando o porquê dessa atração pelo rádio ter perdurado mesmo depois de tanto tempo, com tantas tecnologias mais modernas, baseando no fator maior que rege as narrações esportivas deste meio: a emoção. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESES A narração é um elemento que já está intrínseco no futebol moderno. É difícil acompanharmos um jogo sem narração, a exemplo de quando vamos a um estádio. Hoje, mesmo com os mais modernos meios de comunicação, com televisores Full HD, mostrando cada detalhe do jogo, ainda existem algumas pessoas que insistem em ter o radinho do lado, mesmo com a TV ligada.

11 10 Portanto, nesse trabalho, a intenção é averiguar se as novas e modernas tecnologias e hábitos de recepção impactaram na adesão do ouvinte-torcedor à narração esportiva do rádio. A partir desse problema, poderemos aferir se a descrição e a emoção mobilizadas na narração esportiva, especialmente no momento do gol, que, imagina-se, não encontram similaridade em nenhuma outra forma tecnológica de registrar e transmitir um jogo de futebol, seguem como interface comunicacional entre as instâncias de produção e recepção. Isso se deve, em boa parte, pela emoção transferida pelo narrador de futebol no rádio ao seu ouvinte. 1.2 OBJETIVOS Objetivo geral Perceber, por meio de questionários e pesquisa bibliográfica, se a narração emotiva transmitida pelo rádio ainda segura os ouvintes amantes do futebol até hoje nessa mídia, mesmo com a existência de outras tecnologias, a exemplo da televisão e internet Objetivos específicos Definir o que é a narração emotiva. Entender o papel da narração no rádio. Traçar o histórico do futebol no rádio brasileiro. Descobrir de que forma a emoção empregada nas narrações esportivas no rádio interfere na percepção do ouvinte. 1.3 METODOLOGIA DE PESQUISA A pesquisa tem, como ponto de partida, a identificação do problema que resulta em sua resposta. Desta forma, torna-se importante que, antes de tudo, se conheça o tema estudado, o problema proposto e suas prováveis implicações, inclusive de forma a fundamentar o trabalho proposto. Inicialmente, o referencial teórico é construído, o que, segundo Marconi e Lakatos (2007), significa tornar o pesquisador íntimo de tudo o que foi publicado a respeito do assunto. No caso da narração do futebol no rádio, contamos com a presença de Ortriwano (1985) e Ferraretto (2001), na para a compreensão do rádio como mídia, Soares (1994) e Rodrigues (2008) sobre a presença do futebol no rádio, por exemplo, que nos ajudaram a conhecer e compreender o tema. Nesses termos, o presente estudo vai se desenvolver em mais de uma etapa. A

12 11 primeira caracteriza-se, especialmente, pela pesquisa bibliográfico-descritiva. De acordo com Fachin (2003, p. 125), esse método representa um Conjunto de conhecimentos reunidos nas obras tendo como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e à produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa. O autor explica, ainda que o material a ser consultado nessa pesquisa compreende as publicações que estão relacionadas com o tema e, no nosso caso, as quais tivemos acesso. Isso inclui publicações avulsas, livros, revistas, monografias e teses, por exemplo. E acrescenta que esse tipo de pesquisa envolve o leitor e o pesquisador, aproximando-os do tema abordado. Além disso, Cervo e Berviam (2002, p. 65) consideram a pesquisa bibliográfica uma maneira de explicar o problema a partir de outros autores, outras pesquisas, outros estudos, podendo ser feita independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Nesses casos, explicam, o objetivo é conhecer as contribuições já existentes sobre um assunto, tema ou problema e analisa-las como parte de um novo estudo. Na segunda fase, no que diz respeito ao problema mais específico, utilizaremos, aqui, o método misto proposto por Creswell (2010), usando como base a estratégia explanatória sequencial, que consiste em coleta e análise quantitativa em um primeiro momento, acompanhada de coleta e análise qualitativa em um segundo momento, que é trabalhado de acordo com os dados quantitativos coletados inicialmente. O método misto é uma forma de trabalho relativamente nova, mas seu embrião pode ser encontrado nos anos Sobre isso, Creswell (2010, p. 240) explica que Várias fontes identificam seu início na psicologia e na matriz multitraçosmultimétodos de Campbell e Fiske (1959), prossegue com o interesse na convergência ou triangulação de diferentes fontes de dados quantitativas e qualitativas (Jick, 1979) e, posteriormente, com o desenvolvimento de uma metodologia de investigação distinta (ver Creswell e Plano Clark, 2007; Tashakkori e Teddlie, 1998). Para compreender o método misto de Creswell, precisamos inicialmente entender do que se tratam os métodos quantitativos e qualitativos. Sobre o primeiro, Richardson (1999, p. 80) afirma que Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. Uma característica no método qualitativo que será importante para este estudo é que nos permite a compreensão de aspectos psicológicos. Minayo (2002), por exemplo, considera

13 12 que a pesquisa qualitativa responde a questões mais privadas. Ela se preocupa com uma realidade que não pode ser quantificada. Silveira e Córdova (2009, p. 31) concordam com essa consideração, afirmando que a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.. E complementam, quando dizem que os pesquisadores que utilizam essa abordagem buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (p. 32). p. 70), Por isso, utilizaremos, também, a pesquisa quantitativa que, segundo Richardson (1999, representa o emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficientes de correlação, análise de regressão, etc. Essa abordagem, diz o autor, evita distorções de análise e interpretação, permitindo uma margem de segurança com relação a possíveis interferências, buscando analisar o comportamento de uma população através da amostra (RICHERDSON, 199, p. 70). Como utilizaremos um questionário para averiguar a percepção do ouvinte em relação à emoção nas narrações de partidas de futebol, enquadra-se o método de levantamento ou survey. De acordo com Gil (1999, p. 70), esse tipo de pesquisa deve ser empregada quando se quer conhecer o comportamento específico de um grupo de pessoas, permitindo que seja possível, em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes aos dados coletados. Com o desenvolvimento e a legitimidade percebida tanto da pesquisa qualitativa quanto da pesquisa quantitativa nas ciências sociais e humanas, a pesquisa de métodos mistos, empregando a combinação de abordagens quantitativas e qualitativas, ganhou popularidade. Essa popularidade deve-se ao fato de que a metodologia da pesquisa continua a evoluir e a se desenvolver, e os métodos mistos são outro passo adiante, utilizando os pontos fortes das pesquisas qualitativa e quantitativa (GIL, 1999, p. 70). Neste trabalho, portanto, faremos um questionário online de acordo com os métodos acima propostos, usando a ferramenta de criação de formulários do Google Drive. Como amostragem, este questionário, que conta com 18 perguntas objetivas, sendo cinco questões de perfil dos entrevistados e outras 13 sobre o assunto proposto no trabalho, coletou o total de 329 respostas, colhidas entre os dias 7 e 11 de abril de 2014, que foi o tempo suficiente para ultrapassarmos a meta estabelecida anteriormente de 300 respostas. Para a divulgação da pesquisa proposta, usamos majoritariamente o Twitter e o

14 13 Facebook, pois são as redes sociais que mais alcançam diferentes pessoas atualmente. Inicialmente, foram usados os perfis pessoais deste pesquisador, que possui 340 seguidores no Twitter e 287 amigos no Facebook. Juntamente com estes, foram usados os perfis do blog Geral do Cruzeiro, que conta atualmente com 18 mil seguidores no Twitter e 2800 curtidas na página do Facebook. A página, inclusive, manteve a pesquisa como publicação fixa durante todo o tempo em que o questionário esteve aberto. No Twitter, perfis com 3,9 mil com 70 com 37 com 5 com 58,5 mil; e tantos outros também ajudaram a divulgar, retuitando o link para o questionário. No Facebook, além de divulgação pessoal e do blog Geral do Cruzeiro, a pesquisa foi postada nos grupos Jornalistas de Brasília, com 3900 membros; República Popular Cruzeirense, com 840 membros; além do grupo Corinthianismo, que possui 8600 membros e fixou o questionário em sua página. Em um segundo momento, partimos para entrevistas com narradores de futebol, buscando mostrar o outro lado do rádio que o ouvinte não vê. Duas delas foram feitas por e- mail, enquanto uma terceira foi feita presencialmente. Os entrevistados foram Alberto Rodrigues, o Vibrante, tradicional narrador esportivo de Minas Gerais, da Rádio Itatiaia; Rener Lopes, da Rádio Ativa FM, do Distrito Federal; e Marcelo Ramos, também conhecido como O Narrador do Povão, que se aposentou das narrações de futebol em 2009, apesar de continuar trabalhando no rádio. As entrevistas foram diferentes entre si, pois foram feitas em épocas distintas e de formas distintas. A primeira entrevista, com Rener Lopes, foi feita pessoalmente. Já as outras duas foram por . Assim, elas não tiveram um padrão de perguntas. Porém, temas se repetiram, como a diferença da narração de futebol no rádio e na TV; a forma como as novas tecnologias conversam com essa narração; qual o papel da emoção na narração esportiva; e quando ela pode atrapalhar.

15 14 2 AS CARACTERÍSTICAS DO RÁDIO Segundo Ortriwano (1985, p 78), dos meios de comunicação em massa, o rádio é o mais privilegiado, por suas características intrínsecas. O rádio possui a habilidade de estar em todo lugar, incluindo aqueles aonde a TV e a internet não chegam, além disso, é o meio que possui maior mobilidade, baixos custos e receptividade. Dessa forma, a autora cita alguns dos pontos marcantes do rádio, que iremos destacar a seguir. 2.1 RECEPÇÃO A forma de transmissão do rádio, por meio da linguagem oral, faz com que ele passe na frente das outras mídias no quesito de recepção. Como diz Ortriwano (1985, p. 78), o rádio fala e, para receber a mensagem, é apenas necessário ouvir. Dessa forma, o rádio pode chegar aonde o jornal impresso não chegaria, por exemplo, pelo simples fato de a pessoa ter que saber ler o impresso para usufruí-lo. Segundo a autora, mesmo a TV, que tem a imagem como essência, utiliza a escrita para passar informações a todo o momento, inviabilizando o entendimento pleno desses indivíduos. 2.2 ACESSIBILIDADE A penetração também é um ponto de destaque desta mídia, pois o rádio, até por sua tecnologia mais acessível e baixos custos, deixa de ser algo para poucos, fazendo com que existam várias rádios regionais, o que o custo e a tecnologia da TV não permitem (ORTRIWANO, 1985). Segundo Barbosa Filho (2009, p. 48), praticamente toda a população brasileira possui ao menos um aparelho de rádio em suas residências e tal fato ocorre porque seu preço é quase sempre acessível e sua abrangência alcança basicamente qualquer lugar, mesmo onde não existe energia elétrica ou as transmissões televisivas ainda não chegaram. 2.3 MOBILIDADE A mobilidade do rádio é um dos seus pontos principais, tanto no sentido do emissor, quanto do receptor. De acordo com Ortriwano (1985, p. 79), sendo menos complexo tecnicamente do que a televisão, o rádio pode estar presente com mais facilidade no local dos acontecimentos e transmitir as informações mais rapidamente que a televisão.

16 15 Se compararmos essa característica com os jornais impressos, teremos uma vantagem muito maior do rádio, pois, segundo a autora, no rádio a matéria é criada no momento em que acontece e já é repassada ao ouvinte. Não é necessário uma criação prévia de texto e nem esperar o lançamento da edição seguinte para passar a informação. A mesma facilidade de transmissão do rádio existe na recepção. Ortriwano (1985) destaca que, como o rádio não precisa ter uma conexão fixa, sua portabilidade faz com que ele possa estar junto ao ouvinte o tempo todo, fato que eliminaria uma perda de audiência que a TV tem, por exemplo, enquanto o receptor se locomove de um cômodo a outro da casa. Sobre essa mobilidade, Barbosa Filho (2009, p. 48) também destaca que: Isso faz dele uma mídia pessoal e que pode ser ouvida onde o receptor desejar. Em quase todas as circunstâncias, sem grandes problemas: no carro, na rua, na cozinha, no campo de futebol, no curral da fazenda ou no bar da esquina, de infinitos modos. As pessoas simplesmente ouvem, realizando outras tarefas, sem se incomodar. 2.4 IMEDIATISMO O imediatismo também é um dos pontos mais marcantes do rádio (ORTRIWANO, 1985). Segundo a autora, o ponto negativo disso é a instantaneidade, pois o ouvinte precisa estar sintonizado na rádio no momento em que a notícia é transmitida. Esse é, talvez, o único ponto em que o impresso tem vantagem sobre o rádio, pois a mensagem escrita e impressa está ali para quem quiser ver. Por outro lado, essa característica disponibiliza ao ouvinte saber dos fatos em tempo real, como acontece na divulgação de acidentes ou nas partidas de futebol. De acordo com Barbosa Filho (2009, p. 47), o rádio acelera a disseminação das informações em curto espaço de tempo, subsidiando a sociedade, os grupos e indivíduos em dada formação cultural. 2.5 INDIVIDUALIDADE Há, ainda, o aspecto autônomo do rádio. Como a recepção pode ser individualizada, o locutor fala como se estivesse conversando com o ouvinte, fazendo com que pareça existir um relacionamento mais íntimo do meio com o receptor. Essa intimidade é mais um fator que leva vantagem em cima dos jornais impressos. Segundo esse método de transmissão de informação, Ortriwano (1985, p. 81). destaca: A mensagem oral se presta muito bem para a comunicação intimista. É como se o rádio estivesse contando para cada um em particular. Ao mesmo tempo, a atividade de ouvir não exclui a possibilidade de desenvolver outras tarefas, como ler, dirigir, trabalhar, etc. O rádio se adapta muito bem ao papel de pano de fundo

17 16 em qualquer ambiente, despertando a atenção quando a mensagem apresentada é de interesse mais específico do ouvinte. 2.6 O PREÇO O rádio é barato, tanto para quem ouve, quanto para quem faz. Comparado com a televisão, o rádio já começa ganhando por não precisar de todo o aparato visual que a TV exige, como iluminação ou câmeras. (BARBOSA FILHO, 2009). De acordo com o autor, essa facilidade até de certa forma pode ser ruim, pois permite que pessoas fora do ramo consiga, com pouco investimento, abrir uma rádio pirata. Ainda segundo o autor, a publicidade no rádio também é mais barata do que na televisão. De acordo com o autor, o que dificulta a abertura de uma estação de rádio não é, portanto, o investimento financeiro, mas sim a obtenção das concessões, que são protegidas por lei e disponibilizadas apenas de acordo com o Ministério das Comunicações. 2.7 UMA MÍDIA SINGULAR Dessa forma, podemos perceber o porquê de o rádio ter se popularizado tão rápido no início do século passado. Suas vantagens eram imensas em relação ao jornal impresso, única mídia de massa presente no momento de sua criação. Seus avanços tecnológicos permitiram que ele virasse uma mídia ímpar, que sobreviveu mesmo após a chegada da televisão. Suas especificidades fazem com que ele não a tema, pois sua facilidade de transmissão e recepção, além de linguagens e formatos, fazem com que ele sempre mantenha seu espaço junto ao receptor (ORTRIWANO, 1985).

18 17 3 O NASCIMENTO DO FUTEBOL E DO RÁDIO NO BRASIL Quando criado, futebol era um esporte para poucos. Trazido por Charles Miller em 1894, somente os brancos da alta classe podiam participar dos times. Segundo Murad (1996), os clubes exigiam critérios de cor e classe da mesma forma que, guardadas as proporções, a Cavalaria Medieval exigia títulos de nobreza por várias gerações. Murad (1996, p. 96) cita ainda que existiam barreiras sociais rígidas, intransponíveis, nas primeiras décadas, verdadeira violência contra negros, mulatos e brancos pobres. Esta sim a primeira forma de violência no futebol brasileiro e contra nossas camadas populares. Porém, quando o esporte se profissionalizou, a entrada de pessoas fora desse padrão de nobreza já era permitida. Tanto que o primeiro gol do futebol profissional brasileiro foi marcado por um mestiço: filho de alemão com negra, Friedenrich marcou um dos seus 1329 gols no dia 12 de março de 1933, na partida entre São Paulo e Santos, jogo que marcava o início do profissionalismo do esporte, terminado com o placar de 5x1 para o time da capital (RODRIGUES, 2008). Da mesma forma, o rádio foi trazido por ricos para os ricos. A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, primeira emissora regular do Brasil, fundada por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize em 20 de abril de 1923, tinha uma ideia cultural e educativa, sem popularização ou publicidade, trazendo conferências científicas, análises políticas e econômicas da época, além de música apenas erudita e entrevistas com grandes intelectuais e cientistas estrangeiros, como Albert Einstein (FERRARETTO, 2001). Ainda segundo o autor, como não existia a renda provinda da publicidade, as rádios eram mantidas por seus associados. Além disso, o custo para uma família operária adquirir o equipamento receptor também era muito alto. Apenas em meados de 1924, com a criação da Rádio Clube do Brasil, fundada por Elba Dias, um técnico que trabalhou na criação da Rádio Sociedade, que a publicidade começou a ser veiculada, além de permitirem a apresentação dos grandes artistas populares da época. A partir dali, começa a se instaurar os primeiros programas do rádio. Com relação à Rádio Clube do Brasil, Ferraretto (2001, p. 100) afirma: A emissora foi a primeira do país a obter autorização para transmitir publicidade. Nela também, Dias começa a apresentar ídolos da música popular como Mário Reis, Francisco Alves, Patrício Teixeira e Gastão Formenti. Surgem, aos poucos, os programistas, comunicadores que arrendavam espaço nas emissoras e se responsabilizavam pela apresentação, produção e comercialização do espaço. Nos anos entre 1924 e 1926, as rádios Clube do Brasil e Sociedade do Rio de Janeiro revezavam suas transmissões, com intercalações de dias, para que o ouvinte sempre escutasse a ambas (FERRARETTO, 2001). Nessa época as emissoras começaram a transmitir

19 18 informações aos ouvintes e em 1925 a Rádio Sociedade já dispunha do Jornal da Manhã, Jornal do Meio-Dia, Jornal da Tarde e Jornal da Noite, que eram acompanhados por música e continham notícias de diversas editorias, incluindo a de esportes, que é o tema do presente trabalho (FEDERICO, 1982).

20 19 4 O RÁDIO ESPORTIVO BRASILEIRO Com apenas três anos de existência, o rádio ainda não tinha a sua própria linguagem ou métodos de como se fazer os programas. Portanto, a maioria das notícias eram lidas e comentadas a partir de picotes de jornais com as principais manchetes do dia (SOARES, 1994). O jornalismo esportivo, portanto, era feito da mesma forma e, em abril de 1925, a Rádio Educadora foi a pioneira na transmissão de resultados dos jogos de futebol. As transmissões não eram diretas e, sim, por telegramas ou até mesmo ligações para os clubes ou organizadores do jogo, que informavam os resultados das partidas e, a partir disso, eram anunciados na emissora (TOTA, 1990 apud SOARES, 1994). De acordo com Maria Elvira Bonavita Federico (1982), o pioneiro nas transmissões de futebol foi Amador Santos, da Rádio Clube do Brasil, no Rio de Janeiro. Para a autora, ele mantinha um tom sóbrio e enfrentava dificuldades, já que os clubes não viam o rádio com bons olhos. Eles consideravam o meio um potencial diminuidor de bilheterias. Soares (1994), entretanto, pondera que Amador Santos só iniciou sua carreira em Assim, considera o advogado Nicolau Tuma, da Rádio Educadora Paulista, o como criador da narração de futebol como acompanhamos hoje. Enquanto Ortriwano (1985) afirma que a primeira narração de Tuma ocorreu em 10 de fevereiro de 1932, Soares (1994) desmente essa data em entrevista com o próprio narrador, quando ele diz que em 32 não estava mais na Rádio Educadora. Segundo Soares (1994), a primeira transmissão de Tuma foi em 19 de agosto de 1931, na partida entre as seleções paulista e paranaense. Tuma teve que ir aos vestiários antes do início do jogo para decorar as características dos jogadores, pois ainda não havia numeração nas camisas dos times. Depois se dirigiu ao local que os responsáveis do campo da Chácara da Floresta haviam lhe designado, junto aos torcedores. Após organizar os equipamentos, Tuma estabeleceu contato com os ouvintes com a seguinte frase: Eu estou aqui no reservado da imprensa do campo, contemplando as arquibancadas. Estou ao lado das gerais e vou tentar transmitir para vocês que me ouvem um relato fiel do que irá acontecer no campo (SOARES, pp ). Ainda tentando criar uma imagem na cabeça do ouvinte, diz a autora, Tuma fez uma referência que até hoje é usada de forma semelhante no rádio, pedindo para que quem escutasse imaginasse um retângulo ou pegasse uma caixa de fósforos para visualizar o campo, onde a seleção paulista ficaria à direita e a paranaense à esquerda. Quando o árbitro apitou o início de jogo, Tuma começou a narrar todos os lances,

21 20 como a posição da bola e dos jogadores. Ele não tinha ajuda de comentaristas ou repórteres e nem ao menos existia publicidade na época, o que fazia com que ele devesse preencher, por si próprio, os 45 minutos da partida, mesmo quando o jogo estava parado, como destaca Soares (1994, p. 30): Quando a bola para, ele continua a falar: o clima do local, se estende sobre o público das arquibancadas, a lotação do campo e relembra para os ouvintes a situação de cada time. A missão de Tuma era passar para o ouvinte o máximo de informações possíveis durante o jogo. Portanto, narrava ininterruptamente, contando cada detalhe como uma metralhadora, pois, para ele, se a Rádio Educadora ficasse sem som, o ouvinte mudaria de estação. Dessa forma, nasceu o seu apelido de Speaker 2 Metralhadora (SOARES, 1994). Foi nessa partida que nasceu o primeiro grito de gol do rádio brasileiro. Porém, não foi um gol longo e demorado como estamos acostumados. Foi apenas Gol! e o próprio Tuma explicou o motivo: Eu acho que o gol anunciado de forma demoradamente é uma perda de tempo. Quando um locutor diz gooooooooooool e fica assim 20 segundos, o ouvinte quer saber logo quem foi que marcou (SOARES, 1994, p. 30). Tuma ainda daria o grito mais esperado pelos ouvintes outras nove vezes, com a partida terminando em 6x4 para os paulistas. A postura do rádio de transmitir os jogos diretamente fez com que houvesse avanços e melhorias, tanto nos equipamentos quanto no radiojornalismo em si. O rádio esportivo não se limitava ao solo brasileiro e outros locutores começavam a se destacar na narração esportiva. Em 1936, Gagliano Neto já narrava os jogos do Campeonato Sul-Americano, direto de Buenos Aires. Um ano mais tarde, Ary Barroso narrou a final desse mesmo campeonato, com um clássico entre Brasil e Argentina (RODRIGUES, 2008). Foi de Ary Barroso, que também era maestro e foi o compositor de Aquarela do Brasil, a introdução da sonoplastia no futebol do rádio. Ele levava para as transmissões uma gaita, que era tocada toda vez que um time fazia gol. Assim, ele mudava o diapasão da narrativa chamando a atenção de seus ouvintes pelo ruído surpreendente da harmônica de boca (SCHINNER, 2004, p. 23). Ary Barroso era um espetáculo à parte, e foi o primeiro narrador a usar a irreverência, o fanatismo e a passionalidade como marca registrada de suas transmissões. Apesar de flamenguista doente, o jeito popularesco de Ary Barroso encantava até quem não era rubro-negro (SCHINNER, 2004, p. 23). A primeira transmissão de uma partida em solo europeu ocorreu em 5 de junho de 2 Speaker era o nome dado aos locutores da época. O termo radialista só foi introduzido anos depois pelo próprio Tuma para designar a profissão de quem trabalhava na área (SCHINNER, 2004).

22 , no jogo entre Brasil e Polônia, vencido pela Seleção por 6x5. Além de ser a estreia da locução esportiva brasileira na Europa, era também a estreia do Brasil na III Copa do Mundo da FIFA, onde conquistaria a inédita terceira colocação após cinco jogos, todos narrados por Gagliano Neto para a cadeia das Emissoras Byington, em combinação com o jornal O Globo e o Jornal dos Sports (SOARES, 1994). Segundo a autora, a irradiação chegou com alguns chiados, mas era perfeitamente audível. Portanto, era dado, ali, um grande passo para a radiodifusão nacional, feito esse que teve destaque nos principais jornais da época.

23 22 5 UMA DISPUTA ENTRE RÁDIO X CLUBES Hoje é comum vermos vários torcedores nos estádios carregando os seus rádios ou smartphones onde escutam a partida enquanto assistem ao jogo ao vivo. Porém, nos anos 1930 a situação era diferente. Os aparelhos eram bem maiores e nem um pouco portáteis. Só se ouvia rádio em casa ou nas praças. Com isso, as transmissões de futebol poderiam ser ouvidas em vários lugares, menos no lugar que mais interessava aos clubes: o estádio. A evolução do rádio esportivo estava cada vez maior, com a Rádio Record criando, em 1933, o primeiro plantão esportivo do rádio, em uma cobertura aos domingos durante os campeonatos, onde eram divulgados os placares de todos os jogos realizados em São Paulo e Rio (RIBEIRO, 2007). Esse avanço das tecnologias e cada vez maior especialização fez com que os torcedores começassem a deixar de ir ao estádio para ouvir os jogos no rádio. Isso gerou insatisfação nos clubes, ao ponto que, no mesmo ano de 1933, a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) decidiu mandar uma carta para a Rádio Record informando que as irradiações dos jogos estavam prejudicando a renda dos estádios (RODRIGUES, 2008). Nessa mesma carta havia o anuncio da proibição das transmissões, que no ano seguinte passou a ser exclusividade da Rádio Cruzeiro do Sul, das Organizações Byington. Seus proprietários possuíam quatro estações de rádio, além da Byington & Cia., empresa pioneira da indústria eletrônica brasileira. Apesar da alegação dos clubes em dizer que o rádio estava tirando os torcedores do estádio, uma das metas era obter lucros. Segundo Ribeiro (2007), a exclusividade das transmissões foi conseguida, portanto, em troca de favores aos clubes, como a venda das iluminações dos estádios a preço de custo. De acordo com Soares (1994, p. 42), essa época de veto foi um marco na história do rádio, pois ali se registrou as maiores loucuras dos locutores de outras emissoras que não a Rádio Cruzeiro do Sul para transmitir os seus jogos: Nesse período, apesar da oposição dos clubes, o espírito de iniciativa da direção das emissoras e dos radialistas conseguiu manter a produtiva colaboração entre o futebol e o radiojornalismo esportivo. Citando exemplos dessa época, a autora conta que houve situações, por exemplo, onde Nicolau Tuma teve que narrar um jogo em cima de uma escada de 14 metros ao lado do Parque Antarctica. Em outro caso, conta que Geraldo José de Almeida narrou um jogo de cima do teto de uma casa próxima ao mesmo estádio. Já no dia seguinte ao acontecimento, Geraldo José foi contratado pelo grupo Byington, fato comum nesse período e que só reforçava a força e tentativa de monopólio do grupo pelo rádio esportivo brasileiro.

24 23 O veto às rádios durou até o dia 3 de maio de 1940, com a inauguração do Estádio Municipal do Pacaembu. Diferentemente do Parque Antarctica e do Parque São Jorge, que eram propriedades dos clubes, o Pacaembu era um estádio público e não restringiu as transmissões a rádio nenhuma, sendo o primeiro estádio do estado de São Paulo a abrir as suas cabines para qualquer emissora que quisesse fazer a cobertura dos jogos (RIBEIRO, 2007). Na partida inaugural, as principais emissoras de rádio se juntaram para fazer uma só transmissão, com o revezamento de seus narradores, como um protesto ao monopólio existente. Participaram dessa emissão os locutores Nicolau Tuma, da Rádio Cultura; Oduvaldo Cozzi, da Cosmos; Rebello Júnior, da Difusora; Aurélio Campos, da Tupi; além do novato Blota Júnior, da Rádio Cruzeiro do Sul, que teve de substituir às pressas o então locutor Jorge Amaral, que havia pedido demissão minutos antes por divergências com os diretores da emissora (SOARES, 1994).

25 24 6 A "EMISSORA DOS ESPORTES" E SEU LEGADO Em meio a tantas improvisações e acasos, surgiu uma rádio que prezava pela estruturação e organização da equipe esportiva. Criada em 1944 por um teatrólogo e um novelista, a rádio Panamericana foi vendida, em 1946, para Paulo Machado de Carvalho, um empresário amante do futebol e já dono das rádios Bandeirantes, São Paulo, Excelsior e Record, essa última onde ele já havia criado o programa pioneiro de informações de esportes (SOARES, 1994). Comandada pelo renomado locutor Pedro Luís, a Panamericana contratou grandes profissionais da área, como Mário Moraes, Hélio Ansaldo, Otávio Muniz, Aníbal Fonseca, Raul Tabajara, Blota Júnior, Salém Jr. E Nelson Spinelli, todos já renomados locutores da época. Foram criadas várias especificidades como repórteres de campo, comentaristas de jogo e de arbitragem e o plantão esportivo. Naquele momento, nascia a Emissora dos Esportes, a primeira rádio com um departamento esportivo, cujos moldes são seguidos até hoje (RODRIGUES, 2008). Com esse trabalho pioneiro da Panamericana estava criada a infraestrutura para se fazer uma jornada esportiva, ainda hoje composta por um plantão esportivo, narração do jogo, reportagem de campo e de vestiário e comentários. Assim organizada e com uma equipe de bons profissionais, a Emissora dos Esportes podia se dedicar integralmente às transmissões esportivas (SOARES, 1994, p. 47). Além da estruturação de equipe, a Panamericana criou vários programas esportivos, diários e com duração de 15 minutos, cada um destinado a um certo clube. Os elementos que compunham a equipe esportiva, como os comentaristas ou repórteres, eram tratados com tanta ou até maior importância que o narrador (RODRIGUES, 2008). O Plantão esportivo, uma das principais inovações, era um quadro que continha uma verdadeira biblioteca de esportes, onde passavam vários dados sobre a partida, além de terem escutas de várias rádios nacionais e do exterior para dar placares em tempo real dos outros jogos aos ouvintes (SOARES, 1994). O Plantão esportivo era tão forte e interessante que as outras emissoras ouviam a Panamericana e repassavam as informações dadas por ela. Tanto que, às vezes, emitia dados errados de propósito, em uma forma de teste para descobrir quem estava copiando suas informações. A maioria das outras emissoras caíam no truque. Depois, a Panamericana se retratava e as outras emissoras eram obrigadas a fazer o mesmo (SOARES, 1994). O maior exemplo, tanto de credibilidade, quanto do uso da Emissora dos Esportes para pautar as outras rádios, foi no dia 1º de abril de A Panamericana fez uma verdadeira Guerra dos Mundos brasileira, ao narrar um jogo fictício entre Milan x São Paulo, onde o time paulista perdera por 4x0 com vários erros de arbitragem a favor dos

26 25 italianos. No dia seguinte, vários jornais, incluindo os impressos, noticiavam o jogo como se realmente tivesse acontecido. Quando a emissora informou que se tratava de uma brincadeira do dia da mentira, os jornais que caíram na farsa emitiram notas se retratando e criticando a rádio, ao mesmo tempo em que os que não soltaram a notícia se divertiam vendo os concorrentes desconcertados (SOARES, 1994). No início dos anos cinquenta, a disputa pela liderança no rádio futebolístico era entre as rádios Bandeirantes e a Panamericana, mas o rádio esportivo não se restringia apenas a essas duas: muitas outras foram criadas, terminadas e recriadas. As Copas do Mundo aumentaram a rivalidade e a concorrência entre elas, fazendo com que investimentos cada vez maiores fossem colocados tanto em avanços tecnológicos, quanto em contratações de grandes nomes da narração futebolística. Esses investimentos foram determinantes para o crescimento e a evolução do rádio, fazendo com que o seguimento se tornasse pioneiro em vários aspectos, como o uso do primeiro gravador de áudio do Brasil, por exemplo (SOARES, 1994). Ortriwano também fala um pouco sobre esse fenômeno: Nos últimos anos, a iminência da realização das Copas do Mundo tem aumentado a rivalidade entre as emissoras, que investem não só em equipamentos para melhor levar os fatos até o público, como também em profissionais, alguns dos quais passam a ser disputados a peso de ouro. E o próprio rádio esportivo tem-se organizado: o que antes era feito totalmente de improviso, hoje em dia já está sendo planejado (ORTRIWANO, 1985, p. 27).

27 26 7 NARRADOR X COMENTARISTA Depois da Panamericana, os comentaristas começaram a ganhar cada vez mais destaque. Mas essa modalidade é algo que veio desde os anos Antes dessa época, passava-se apenas músicas durante o intervalo das programações. Soares destaca a evolução do comentário esportivo no rádio: Ainda no início da década de 30, o locutor começou, no intervalo do primeiro tempo, a passar o microfone para os colegas da mídia impressa, com quem fazia rápidas entrevistas sobre o andamento da partida. Essas entrevistas evoluíram para uma apresentação de dados técnicos por um segundo locutor, que não comentava (SOARES, p. 53). Segundo Rodrigues (2008), os comentários surgiram com Ary Lund, em 1936, na transmissão do Campeonato Sul-Americano. Lund dava suporte para Gagliano Neto, onde falava sobre as jogadas e o desempenho de jogadores e times. Já nos anos 1940, Blota Júnior já remetia aos moldes do comentarista atual, preenchendo todo o intervalo de jogo, onde falava sobre os gols, os jogadores, os números e até a atuação do árbitro da partida. Alguns comentaristas, ao longo do tempo, foram ganhando destaque. É o caso de João Saldanha, comentarista da Rádio Continental e depois Rádio Globo, que, de acordo com Rodrigues (2008), tinha todo um jeito próprio de falar, como se tivesse conversando em uma mesa de bar. Ele criava expressões próprias, algumas que perduram até hoje, como zona do agrião ou gol de placa. Porém, os grandes responsáveis pelo imaginário criado em torno do jogo sempre foi o narrador. É ele quem deve se desdobrar, com todo um aspecto de jargões e recriação das jogadas, para tornar uma partida que nem está tão boa em algo interessante para os ouvintes. Sobre isso, Rodrigues (2008, p. 110) destaca: Nesse sentido, a figura principal é mesmo a do narrador. A narração se torna o epicentro do show. Ela tem uma emoção própria, não necessariamente vinculada ao jogo. A partida pode estar ruim, mas a narração tem que dar ao ouvinte uma ideia de que o jogo está maravilhoso, vibrante. Para enaltecer as narrações, os locutores criaram, e ainda criam uma série de vocabulários e códigos para qualificar aspectos inerentes do futebol. São expressões engraçadas, redundantes, polêmicas, malhumoradas, com duplo sentido, prolongamento de sílabas tônicas, enfim, tudo para conferir entusiasmo à transmissão. Dessa forma, os locutores criavam expressões, cada um à sua maneira, para incentivar e aguçar esse imaginário do ouvinte. Essas expressões entravam no dito popular, da mesma forma que o futebol e o rádio entravam de vez na vida das pessoas. Rodrigues (2008) cita expressões que até hoje são usadas por toda a mídia esportiva, e não só no rádio, como as denominações dos jogadores: o atacante que faz os gols é o artilheiro, matador; o zagueiro ou goleiro, que são responsáveis por defender a meta, são as muralhas; o meio-campo, que

28 27 articula as jogadas e rege o time é o maestro; e o jogador que entrega a bola com bons passes para que o outro faça os gols é o garçom. Assim, esses codinomes ficavam marcados na memória dos ouvintes, que conseguiam distinguir com mais facilidade de quem os radialistas estavam falando durante a transmissão.

29 28 8 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO De acordo com a trajetória, a importância e as histórias do rádio traçadas até o presente momento, este trabalho se dispõe a mostrar que o rádio ainda está vivo, mesmo com novas formas tecnológicas de acesso aos conteúdos esportivos, bem como suas novas maneiras de consumo. E que, além disso, a emoção passada pelo narrador do rádio é uma importante característica para essa manutenção de público. Para ilustrar como isso está presente no nosso cotidiano, vamos agora analisar, por meio de questionário quantitativo 3, de que forma esse meio de massa se apresenta entre os admiradores do futebol, esse esporte tão presente no povo brasileiro. A pesquisa, que foi divulgada entre os dias 7 e 11 de abril de 2014, na qual 329 pessoas participaram, teve as redes sociais como aliada, sendo o Twitter a principal ferramenta para divulgação. O Facebook também esteve presente, angariando boa parte dos entrevistados. 8.1 PARTE 1: DADOS PESSOAIS Sexo Dentre os entrevistados, 235 são homens, o que representa 71% do total (ver gráfico 1). Isso pode ser explicado pelo maior engajamento dos homens com o futebol do que as mulheres. De acordo com a pesquisa As maiores torcidas do Brasil entre as mulheres da Pluri Consultoria, de novembro de , apesar de as mulheres serem a maioria da população brasileira (98,2 milhões, o que representa 51% do total), 31% da população feminina não tem um time que torce. Quando olhamos os números dos homens, porém, apenas 11% deles não possuem um time do coração Idade As idades predominantes dentre as respostas foram de 21 a 25 anos, com 129 respostas, e 26 a 35 anos, com 106 (ver gráfico 2). Juntos, esse número representa 71% do 3 O questionário completo, com todas as perguntas, está disponível no apêndice A deste trabalho. 4 Pesquisa disponível em: < os%2fpluri%2520pesquisas%2520-%2520torcida%2520mulheres.pdf>. Acesso em: 06 mai

30 29 total de respostas. A explicação disso se deve muito por conta do meio usado para a pesquisa, que é a internet, mais especificamente nas redes sociais, sendo o Twitter a principal delas. De acordo com a consultoria de análise de redes sociais Peer Reach 5, as pessoas que mais usam o Twitter no Brasil são os adolescentes e jovens, onde aquelas com idade entre 10 e 19 anos representam 43% do total de usuários e as de idade entre 20 e 29 formam 37%. Dessa forma, os usuários do Twitter com mais de 30 anos representam apenas 20% do total de usuários dessa rede social. Gráfico 1 - Sexo Feminino 94 Masculino 235 Fonte: Elaborado pelo autor Estado onde reside A pesquisa teve, em sua maioria, respostas de Minas Gerais, com 151 pessoas, seguido de Distrito Federal, com 102 (ver gráfico 3). Isso se deve por conta da divulgação nas redes sociais prioritariamente em perfis de desses dois estados, muito disso pela ligação do pesquisador com as duas localidades. Outro estado que teve bom desempenho foi São Paulo, que registrou 43 respostas, graças à divulgação da pesquisa em perfis de pessoas que torcem por times paulistas. Também foram obtidas respostas dos estados de Goiás, com 8; Rio Grande do Sul, 5 Mais da metade dos tuiteiros do Brasil são adolescentes, diz estudo. G1. Tecnologia e Games. São Paulo, 14 nov Disponível em: < Acesso em: 06 mai 2014.

31 30 com 7; Paraná, com 6; Rio de Janeiro, com 5; além de Alagoas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Santa Catarina e Tocantins, todos com uma resposta cada. Os demais 13 estados não tiveram representantes. Gráfico 2 - Idade menos de 16 a a a a a 55 mais de 15 anos anos anos anos anos 55 anos Fonte: Elaborado pelo autor Gráfico 3 Estado onde reside Fonte: Elaborado pelo autor

32 Escolaridade A questão da escolaridade tem ligação com o perfil de idade dos entrevistados. A maioria deles, composta por 117 pessoas, está cursando o ensino superior, enquanto o segundo maior grupo, formado por outras 100, já se formou, mas não iniciou ainda uma formação acima, como pós-graduação ou mestrado (ver gráfico 4). Como em sua maioria os entrevistados são jovens adultos, com idade entre 21 e 35 anos, é compreensível que eles ainda estejam na faculdade ou tenham acabado de sair dela. Gráfico 4 - Escolaridade Doutorado 1 Mestrado 9 Pós-Graduação 52 Ensino Superior Completo 100 Ensino Superior Incompleto 117 Ensino Médio Completo 38 Ensino Médio Incompleto 9 Ensino Fundamental Completo Ensino Fundamental Incompleto 1 2 Fonte: Elaborado pelo autor Renda Esse foi o tópico do perfil com mais diversidade de respostas (ver gráfico 5), portanto, dividimos em três grandes grupos: os que recebem até 2 mil, os que recebem de 2 até 4 mil e os que recebem acima de 4 mil. O primeiro grupo é o maior, com 150 pessoas. O segundo aparece com 98, enquanto o último tem 81. Diferentemente do que se esperava por ser uma pesquisa em internet, a classe mais baixa, com rendimentos mensais de até 2 mil, foi definida como a grande maioria dos entrevistados Com que frequência acompanha futebol pelo rádio? Essa pergunta era a chave para a continuação do questionário, sendo a resposta "Às

33 32 vezes" a mais escolhida, com 102 votos (ver gráfico 6). De acordo com o Ibope Media 6, o rádio hoje atinge em torno de 73% da população brasileira, sendo que 36% desses ouvintes acompanham programas esportivos. Porém, como a nossa pesquisa foi divulgada majoritariamente em redes sociais de pessoas e grupos relacionados ao futebol, essa porcentagem foi maior. Desta forma, o mais importante era saber quantas pessoas responderiam que ouviam futebol no rádio, mesmo que eventualmente. Assim, apenas 25 entrevistados disseram nunca ouvir as transmissões, o que faz com que os outros 304 sejam nosso objeto de estudo no questionário de agora em diante. Gráfico 5 Renda Mais de R$ 6 mil 81 Entre R$ 2 mil e R$ 4 mil 98 Até R$ 2 mil 150 Fonte: Elaborado pelo autor Gráfico 6 Com que frequência acompanha futebol pelo rádio? Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre Fonte: Elaborado pelo autor 6 Tribos Musicais. Ibope. 28 out Disponível em: < Acesso em: 06 mai 2014.

34 Já que não ouve, nos diga por qual motivo não acompanha futebol pelo rádio? Essa era a única questão descritiva do questionário. Caso a pessoa respondesse que nunca ouvia o rádio, uma caixa de texto era aberta para dizer o motivo disso. Apesar de ser uma questão em que o entrevistado poderia escrever qualquer coisa, quatro pontos predominaram nas respostas: oito pessoas disseram que preferiam outros meios, como TV e internet; seis afirmaram não gostar das formas de transmissão e narração no rádio; cinco confessaram não gostar de futebol; e quatro disseram serem mais visuais. Assim, sobraram apenas duas pessoas: uma afirmou que não ouvia por falta de costume e a outra não justificou. Tais fatores relacionados ao rádio e suas limitações que foram citados pelos entrevistados serão destacados e analisados mais a frente, em novas perguntas da enquete. 8.2 QUESTÕES RELATIVAS AO RÁDIO Em quais locais geralmente acompanha os jogos pelo rádio? A partir de agora, algumas questões são de múltipla escolha, o que faz com que seu número máximo ultrapasse o número de entrevistados. É interessante ressaltar que 205 dos 304 que responderam ao questionário definiram que o local que mais usam o rádio é enquanto usam meios de transporte, como no carro ou no ônibus (ver gráfico 7). Essa é uma das grandes vantagens desse meio, que tem como uma das características principais a mobilidade. Nenhum outro meio de comunicação possui essa peculiaridade tão marcante. A receptividade também é um aspecto que ilustra bem essa escolha, já que, para receber o que o rádio passa, é necessário apenas ouvi-lo, diferentemente da TV ou ainda de um jornal impresso. Em um carro, por exemplo, é proibido por lei ler ou assistir qualquer coisa enquanto dirige, já que pode causar sérios acidentes. Com 174 votos, os entrevistados escolheram suas residências como segundo lugar onde mais ouvem as transmissões. Isso se deve, além dos dois fatores acima citados, pela acessibilidade e o baixo custo presente no rádio. O primeiro aspecto se dá por conta de o rádio chegar aonde outros meios não chegam, principalmente em âmbito regional. O torcedor geralmente torce por times de sua cidade e, principalmente nos grandes centros, a maioria dos jogos que são transmitidos na TV são de times da Série A do Campeonato Brasileiro. Então, o rádio se torna a saída para acompanhar os jogos de clubes de menos expressão. O segundo fator também leva esse aspecto regional em conta, porém, dessa vez, com cunho monetário. Ultimamente as TVs fechadas têm o domínio da maioria dos jogos, fazendo

35 34 com que nem todos consigam ver às partidas do seu time. A forma mais barata de contornar isso é, portanto, ouvindo o jogo no rádio. Gráfico 7 Em quais locais geralmente acompanha os jogos pelo rádio? Fonte: Elaborado pelo autor O que te faz preferir as transmissões de futebol pelo rádio? Nessa questão, queríamos definir, entre as características do rádio, qual a que mais chamava a atenção dos ouvintes. Com 185 votos, a Emoção foi a vencedora (ver gráfico 8). A forma como o narrador interage com seu ouvinte, fazendo com que a transmissão seja muito mais intimista e emotiva, traz o torcedor para perto do rádio. Isso está presente na individualidade característica do rádio, onde parece que o narrador conta uma história para o ouvinte em particular. Em segundo lugar ficou a já citada mobilidade, com 138 respostas. Esse é realmente um dos aspectos mais fortes desse meio, que o torna diferente dos demais. O dinamismo também foi uma das características que ultrapassou os 100 votos, chegando a exatos 104. A instantaneidade do rádio, que algumas vezes pode ser até um ponto ruim, já que, se o ouvinte não estiver ligado ao rádio no momento em que a notícia acontece, acaba perdendo a informação, nas partidas de futebol ela é um ingrediente chave para o sucesso desse meio. A informação no rádio por vezes chega até mais rápida que a da TV, então o torcedor

36 35 acompanha a narração do que acontece em campo exatamente ao mesmo tempo em que o lance é executado. Gráfico 8 O que te faz preferir as transmissões de futebol pelo rádio? Fonte: Elaborado pelo autor Você prefere ouvir futebol no rádio a acompanhar por outras mídias, como TV ou internet? Infelizmente para o rádio, o homem é um ser extremamente visual. Portanto, colocamos essa pergunta para saber até que ponto essa paixão pelo rádio conseguia vencer tal necessidade humana de realmente ver os lances em vez de apenas imaginá-los. Com 75% dos votos, representados por 227 pessoas, os entrevistados responderam que o rádio não era a sua primeira opção (ver gráfico 9). Um dos principais motivos por essa necessidade visual é a autonomia para decidir o que aconteceu nos lances capitais do jogo. Um impedimento mal marcado, uma bola que saiu pela linha de fundo ou não, uma falta que foi marcada incorretamente, enfim, todo fator visual, onde o próprio consumidor poderia ver e tirar suas conclusões na TV, ficam limitados no rádio ao que o narrador, o comentarista e o que os repórteres de campo decidem. Por outro lado, cabe ressaltar que 77 pessoas definem o rádio como sua mídia principal, mesmo existindo hoje muito mais recursos na TV e na internet. Isso é a prova de como esse meio é forte e possui atrativos que até hoje tiram as pessoas da frente da TV para colocarem o ouvido no rádio.

37 36 Gráfico 9 - Você prefere ouvir futebol no rádio a acompanhar por outras mídias, como TV ou internet? Não 227 Sim 77 Fonte: Elaborado pelo autor Com que frequência ouve o futebol pelo rádio, mesmo assistindo ao jogo por outros meios? Aqui, usaremos o mesmo critério já definido na questão O importante é realmente saber se alguém usa o rádio como o meio de áudio principal para os jogos, mesmo que a imagem seja recebida por outra mídia. Com apenas 35 pessoas afirmando que nunca faziam essa prática, os outros 269 disseram que, mesmo que raramente, usam o rádio para ouvir um jogo com a TV ligada (ver gráfico 10). Aqui, podemos perceber novamente a questão do imediatismo e da emoção, onde a narração do rádio consegue prender muito mais o ouvinte que a da TV. Gráfico 10 - Com que frequência ouve o futebol pelo rádio, mesmo assistindo ao jogo por outros meios? Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre Fonte: Elaborado pelo autor

38 37 Vale destacar, ainda, que desses 269 entrevistados, 39 marcaram a opção de sempre escutar o rádio ao mesmo tempo em que acompanha outras mídias. Nesse sentido, é possível empreender que a forma narrativa imediatista e emotiva do rádio, muitas vezes mais intensa que na televisão, aproxima o torcedor do meio tradicional de comunicação Quais os pontos positivos de se ouvir futebol no rádio? Essa pergunta é semelhante à 8.2.2, porém, dessa vez, focalizamos em características não só do rádio, mas da narração esportiva. Mais uma vez a Emoção foi a maior escolha dos participantes, com 183 votos (ver gráfico 11). Fica claro que a forma imaginativa do rádio faz com que o jogo pareça até melhor do que ele realmente é, deixando o torcedor ao mesmo tempo aflito e atento ao que passa no campo. Gráfico 11 - Quais os pontos positivos de se ouvir futebol no rádio? Emoção 183 Imaginação 91 Informação 111 Narração 160 Dinamismo/Agilidade 130 Facilidade de acesso/preço 113 Velocidade 132 Fonte: Elaborado pelo autor O responsável direto por essa emoção transmitida para o ouvinte é o narrador. E isso fica claro na pesquisa, que definiu a Narração como o segundo ponto positivo mais votado, com 160. É essa narração emotiva, com traços marcantes do rádio, que faz o ouvinte por vezes até largar a TV para ouvir o rádio. Como o camisa 10 de um time, é o narrador que tem o poder de ditar o ritmo do jogo e transformá-lo em algo que deixe o torcedor vidrado.

39 38 Assim, sendo a terceira mais votada, com 132 escolhas, a Velocidade é mais um desses ingredientes da narrativa esportiva do rádio que ajudam a fidelizar esse torcedor. O modo mais ativo, contando cada passo dos jogadores em campo, é por vezes um grande atrativo Quais os pontos negativos de se ouvir futebol no rádio? Como já foi dito anteriormente, o homem é um ser extremamente visual. Portanto, já era esperado que a resposta mais votada para essa pergunta seria a Ausência de Imagem, com 141 respostas (ver gráfico 12). E esse é realmente o maior problema do rádio, mesmo que isso possibilite que ele tenha a mobilidade que os outros meios não têm. Gráfico 12 - Quais os pontos negativos de se ouvir futebol no rádio? Aflição 98 Confusão 56 Exageros 134 Indução na narração 57 Qualidade dos narradores 24 Ausência de imagem 141 Falta de placares/tempo de jogo Publicidade abusiva Fonte: Elaborado pelo autor Em segundo lugar, os Exageros foram escolhidos como um ponto negativo do rádio, com 134 votos. Apesar de ser a narração, atrelada à emoção, ser o carro-chefe do futebol no rádio, o excesso dessa peculiaridade pode ter efeito negativo nos ouvintes, criando neles a dúvida de que o lance foi exatamente daquela forma vibrante que o narrador mostrou. Outros pontos negativos bastante citados foram a Aflição, com 98; a falta de placares e a publicidade abusiva, ambos com 90 votos. Os dois primeiros têm explicações relacionadas

40 39 principalmente à ausência de imagem, já citada anteriormente. Como não existe imagem no rádio, também não é possível mostrar o placar e cronômetro de jogo, típicos da televisão, nem saber exatamente como a partida está, pois o ouvinte forma imagens de acordo com o que o narrador diz. Essa incerteza de saber onde a bola está ou qual jogador está bem ou mal é que causa a aflição nos ouvintes. Já sobre os placares, a forma que os radialistas escolheram para suprir essa ausência é falar periodicamente, geralmente em intervalos de 10 a 15 minutos, qual o tempo de jogo e o placar, além de citá-los esporadicamente enquanto é cobrado um lateral ou tiro de meta. Mesmo assim, o ouvinte pode passar alguns minutos após ter ligado o rádio sem saber como está o andamento da partida, o que pode gerar desconfortos. Já a publicidade abusiva é um problema financeiro das rádios. O rádio precisa de seus patrocinadores para se manter e é a publicidade quem paga a maior parte desse investimento. A TV também possui publicidade nos jogos, mas por vezes ela acaba velada em placas de publicidade no campo, ou, quando aparece na tela, vem geralmente com uma marca pequena, em um canto da TV e, acaba passando despercebida. Já no rádio, a única forma de aparecimento dessa publicidade é no formato de áudio, deixando transparecer que ela está lá o tempo inteiro No momento do gol, a emoção transmitida pelo narrador do rádio é melhor ou pior que a da TV? Essa foi a questão com resultados mais surpreendentes de todo o questionário. Dividida em cinco respostas, indo de Muito pior até Muito Melhor, essa última recebeu nada menos que 211 votos (ver gráfico 13). Em segundo lugar, ficou a alternativa Um pouco melhor, com 58 votos. Somados, elas representam 88% do total de respostas. Isso deixa evidente o quanto a narração do rádio possui esse fator vibrante que por vezes falta à televisão. O gol é o momento máximo do futebol. É quando a aflição se torna felicidade. E, mesmo que os narradores de TV tentem emular a emoção do rádio, a forma como o narrador do rádio grita o gol é incomparável. Há, ainda, outro fator responsável por essa vibração: os narradores-torcedores. Em Minas Gerais, por exemplo, a Rádio Itatiaia possui o Alberto Rodrigues, que é torcedor do Cruzeiro e só narra os jogos do time celeste, e o Mário Caixa, atleticano, que só narra os jogos do Galo mineiro. Assim, o grito de gol geralmente não é o grito de um narrador. É o grito de um torcedor, de um representante do time do seu coração. É

41 40 o grito de alguém tão apaixonado pelo time quanto a pessoa que ouve. E essa emoção não tem como ser comparada. Gráfico 13 - No momento do gol, a emoção transmitida pelo narrador do rádio é melhor ou pior que a da TV? Muito pior Um pouco Indiferente Um pouco Muito pior melhor melhor Fonte: Elaborado pelo autor Você já deixou de acompanhar uma partida de futebol pelo rádio por considerar a narração exageradamente emotiva? Na pergunta 8.2.6, sobre os pontos negativos do rádio, a alternativa que ficou em segundo lugar foi os exageros. Porém, isso não parece ser determinante para que os ouvintes desliguem o rádio. Nessa questão, 239 disseram que continuaram a acompanhar um jogo, mesmo que a transmissão fosse exageradamente emotiva (ver gráfico 14). Apenas 65 disseram que já desligaram o rádio por causa desse tipo de narração. Gráfico 14 - Você já deixou de acompanhar uma partida de futebol pelo rádio por considerar a narração exageradamente emotiva? Não 239 Sim 65 Fonte: Elaborado pelo autor

42 41 Apesar de o exagero ser definido como um ponto ruim nas narrações de futebol, o ouvinte de rádio sabe e entende que aquilo faz parte daquele meio de comunicação e que é, por muitas vezes, até certa tradição. Claro que, quando se abusa demais disso (principalmente quando é contra o time do ouvinte), o torcedor vai acabar desligando o rádio ou, pelo menos, procurando outra estação Você possui dificuldade de entendimento ou se sente confuso quando ouve as narrações de futebol pelo rádio? Essa pergunta foi criada após este pesquisador ouvir o seguinte relato sobre narrações de futebol: Não gosto de ouvir futebol no rádio porque me perco. Às vezes penso que a bola está indo pro gol e, na verdade, estão cobrando lateral. De fato, a narração rápida e cheia de detalhes do rádio faz com que alguns ouvintes não consigam acompanhar o que acontece nos gramados. Nem todos conseguem também montar a imagem do campo em suas mentes para compreender onde cada jogador está ou onde a jogada está se desenrolando. Porém, para os nossos entrevistados isso não é problema, pois 259 negaram que já tenham se sentido confusos ao acompanhar um jogo pelo rádio, o que representa 85% do total de respostas (ver gráfico 15). Dessa forma, apenas 45 não conseguiram ter essa compreensão de espaços narrados no rádio. Gráfico 15 - Você possui dificuldade de entendimento ou se sente confuso quando ouve as narrações de futebol pelo rádio? Sim 45 Não 259 Fonte: Elaborado pelo autor

43 Você já acompanhou futebol no rádio pelo simples fato de não conseguir assistir a transmissão na TV ou internet? Essa era uma questão simples, que verifica basicamente o fanatismo do torcedor em acompanhar o seu clube do coração. Queríamos saber até que ponto esse torcedor procuraria uma forma de acompanhar o jogo do seu time. Com isso, 260 pessoas disseram que recorreram ao rádio por conta da falta de TV ou internet. Somente 44 dos 304 entrevistados afirmaram que o rádio é um meio importante para essa fidelização time-torcedor (ver gráfico 16). Isso mostra que, mesmo que não seja a primeira opção de muitos, o rádio é uma mídia que o torcedor confia para acompanhar os jogos de futebol. Gráfico 16 - Você já acompanhou futebol no rádio pelo simples fato de não conseguir assistir a transmissão na TV ou internet? Não 44 Sim 260 Fonte: Elaborado pelo autor A narração e os comentários de futebol no rádio geralmente se mostram fieis ao que realmente acontece nos gramados? Apesar de o rádio não possuir imagens, inclusive sendo esse o ponto negativo mais considerado pelos entrevistados, para eles, as informações que o narrador expõe para seus ouvintes possui boa aceitação e são consideradas verossímeis. Isso ficou exposto nessa questão, com 209 pessoas acreditando que o que o narrador fala de fato acontece. Mais uma

44 43 vez, o exagero citado como ponto fraco do rádio é posto à prova, já que, mesmo considerando algumas narrações exageradas, 69% dos entrevistados realmente acreditam que não existam invenções na narração esportiva (ver gráfico 17). Isso mostra como essa narração possui credibilidade, pois, mesmo só ouvindo o que o narrador passa, o ouvinte ainda tende a acreditar nele. Gráfico 17 - A narração e os comentários de futebol no rádio geralmente se mostram fieis ao que realmente acontece nos gramados? Não 95 Sim 209 Fonte: Elaborado pelo autor O número de pessoas que não acreditam nessa veracidade, porém, não foi tão baixo, com 95 dizendo que há, sim, uma disparidade entre o que acontece nos gramados e o que o narrador de rádio diz. Talvez o motivo da escolha dessas pessoas seja justamente o exagero já citado. Narradores que fazem muito alarde em lances que não são importantes para o jogo tendem a perder credibilidade. 8.3 RESUMO DO QUESTIONÁRIO Por meio das respostas do questionário proposto, podemos perceber que a emoção tem, sim, grande responsabilidade por essa fidelização. Quando perguntamos o que faziam os ouvintes preferirem o rádio entre as outras mídias, a emoção foi o fator mais escolhido, por 185 pessoas. Em um segundo momento, quando perguntado sobre os pontos positivos do rádio, a emoção foi, novamente, a mais escolhida, com 183 votos. Além dela, outros fatores que ajudam na escolha do torcedor pelo rádio evidenciados no questionário foram a narração e a mobilidade. O primeiro está intrinsecamente envolvido com a emoção. Um não existe sem

45 44 o outro, de forma que uma narração sem emoção é vazia, enquanto só pode existir emoção nas transmissões esportivas do rádio por meio do narrador. Esse fator ficou ainda mais claro quando perguntamos sobre o ponto máximo do futebol: o gol. Quase 90% dos entrevistados consideraram o gol narrado no rádio mais emocionante que o mesmo gol na televisão. Isso se dá muito pelo imaginário criado pelos narradores, que descrevem as jogadas por vezes até mais incríveis do que realmente foram. Essa evidência confirma que a emoção na narração esportiva segue como a grande interface comunicacional entre a instância de produção e de recepção. Ela é, efetivamente, a ponte de vínculo nos processos de interpretação e de relações dialógicas entre o narrador e o torcedor. Trata-se de um elo cognitivo que, ao mesmo tempo em que ajuda a compreensão do que está sendo narrado, do que esta sendo descrito, liga locutor e ouvinte no mesmo universo simbólico. De sua parte, a mobilidade se mostra como outra importante característica desse meio. O rádio persiste como o único a possibilitar seu uso ao mesmo tempo em que a pessoa se locomove, assiste à TV ou lê um livro, por exemplo. Porém, nem tudo é positivo nas narrações do rádio. A falta de imagens, por exemplo, é um ponto irremediável deste meio. Aliás, se ele as tivesse, não teria tantas outras características marcantes, que fazem dele essa mídia tão singular. Já quando se trata da narração esportiva no rádio, o grande vilão é o exagero. A emoção é o que move e o que sustenta as transmissões de futebol e, pelas características dialógicas já mencionadas o locutor fala direto para o ouvinte e este compreende e reage, também exige equilíbrio. Observamos que, a partir do momento em que ela começa a ultrapassar os limites do bom senso, pode irritar o ouvinte e fazer com que ele perca uma credibilidade que a própria emoção buscou para o rádio. Por outro lado, o vínculo assegurado pela interface está tão cristalizado que apresenta sinais de resiliência e superação até mesmo ao exagero. Quando perguntados se já teriam deixado de acompanhar uma partida no rádio por causa dessa emoção exagerada, mais de 75% afirmaram que não. O fator credibilidade também se mostrou presente quando perguntamos se as pessoas achavam que as narrações no rádio eram fiéis ao que acontecia em campo, sendo que 69% disseram acreditar que sim. Essa fidelidade do torcedor com o rádio faz com que, mesmo em meio às tecnologias da TV e internet, com suas câmeras exclusivas e replays, ainda exista quem coloque o rádio como sua mídia primária na hora de ouvir os jogos do seu time, com 25% das pessoas do nosso questionário afirmando que possuem essa preferência. Agora, quando a ideia é usá-lo como uma mídia secundária, tendo ele ao lado enquanto assiste ao jogo na televisão, por

46 45 exemplo, esse número aumenta bastante, com 88% das pessoas afirmando que deixam o rádio ligado enquanto assistem aos jogos por outros meios, mesmo que raramente.

47 46 9 ENTREVISTAS Neste capítulo, mostraremos o lado das pessoas que fazem o rádio acontecer. Procuramos, então, entrevistar 7 três narradores: um em início de carreira, um com vários anos de experiência e um terceiro já aposentado. Queríamos ver qual a visão deles para as transmissões do rádio; quais seriam os pontos positivos e negativos que eles encontravam; como eles viam a relação do rádio com a TV e internet; a importância da emoção na narração de futebol; além de encontrar boas histórias sobre essa mídia. 9.1 RENER LOPES RÁDIO ATIVA FM (DF) Rener Lopes tem apenas 27 anos e também é jovem na carreira de narrador de futebol. Começou a trabalhar no rádio aos 16 anos, na Rádio Comunitária, do Paranoá-DF, mas foi em 2010, na Rádio Bandeirantes, quando ele deu seus primeiros passos na narração esportiva. Tem passagens pela Rádio Regional, do Gama-DF, Rádio Transamérica e desde 2012 é o responsável pelo quadro esportivo da Rádio Ativa FM, de Samambaia-DF. Em uma conversa de aproximadamente 30 minutos, ele nos contou grandes histórias e falou principalmente sobre a emoção conduzida pelo narrador nas transmissões de futebol no rádio. Lopes (2014) possui um estilo divertido, como ele mesmo se caracteriza, de narrar as partidas. Faz brincadeiras, usa muitos efeitos sonoros e tenta sempre alegrar o seu ouvinte. Porém, isso não significa que em sua narração exista falta de responsabilidade ou tendenciosidade, mesmo quando narra jogos do seu time do coração, o Corinthians. Eu não deixo passar [a torcida] para o ouvinte. Claro, eu levo a emoção na hora do gol, num lance perigoso, em uma falta, mas eu tento não passar a minha emoção de torcedor. Eu tento ser neutro. (LOPES, 2014) Porém, segundo ele, essa neutralidade pode até ocorrer quando é para um time de Brasília contra um forasteiro. Quando eu vejo, por exemplo, que é um Brasiliense e Santos, como já aconteceu, aí não, porque eu estou transmitindo pra Brasília, então eu tenho que puxar sardinha (LOPES, 2014), explica. Mesmo assim, ele afirma que possui bastante autocrítica e que sempre usa as redes sociais como termômetro de sua narração. Se alguém o critica, ele revê o que fez para tentar se corrigir. Se eu vejo que alguém disse que não gostou 7 As entrevistas na íntegra se encontram nos apêndices B, C e D deste trabalho.

48 47 muito da narração, que eu exagerei na brincadeira, aí é hora de eu parar, sentar e ver o que eu errei. (LOPES, 2014) Mesmo tendo esse cuidado, algumas situações complicadas podem ocorrer. Uma das histórias que Lopes (2014) nos contou foi em um jogo entre Brasiliense x Gama, no estádio Serejão. Eu narrei um gol mais alto pro Brasiliense. Costume, eu sempre falo alto. E aí tinha um torcedor do Gama na parte de baixo da cabine e ele estava ouvindo. Ele se virou pra mim e abriu os braços, como se perguntando por que. Aí, na hora do gol do Gama, ele ouviu que eu mantive o mesmo tom de voz, virou pra mim depois e fez um joinha. Então é complicado. Se você não agradar todo mundo, você não faz um bom trabalho (LOPES, 2014). O rádio é a paixão de Lopes (2014), mas isso não fez com que ele tentasse outros rumos na narração esportiva. Ele conta que tentou fazer narração em televisão, mas acabou não gostando. Para ele, a imagem da TV faz com que a narração perca um pouco da sua emoção. Eu experimentei uma vez fazer televisão e não gostei. Porque no rádio você tem que descrever o lance, você tem que fazer o imaginário da pessoa. Já na TV não, a pessoa já está vendo o lance. (LOPES, 2014) Essa descrição de lances e o imaginário citados por Lopes (2014) são características importantes da narração esportiva. Porém, quando ela é feita de forma exagerada, acaba destruindo a credibilidade do narrador, que muitas vezes tem ouvintes na arquibancada. Sobre isso, Lopes (2014) explica: Muita gente não gosta de narrador que grita em lance que a bola passou perto da linha de escanteio. Eu não faço isso. Quando eu vejo que é um lance perigoso, aí eu coloco um pouco de emoção. Até porque eu sempre tenho ouvinte no estádio. Então, se você faz uma emoção exagerada pra um lance que passou perto da bandeira de escanteio, qual vai ser a reação do cara? Mudar de estação. E eu tenho que fazer o possível para ele não fazer isso (LOPES, 2014). Lopes (2014) acredita que a emoção na narração esportiva se resume em deixar o torcedor mais dentro de campo. Para ele, o papel da emoção é transmitir, por meio da narração do rádio, vários sentimentos aos ouvintes. Deixar ele feliz, triste, preocupado, informado, se situando com o que está acontecendo no campeonato. É estar ao lado. É fazer com que o futebol seja um divertimento pro meu ouvinte. (LOPES, 2014). Para Lopes (2014), narrar as partidas de futebol no rádio não é nada fácil. Ele define como uma espécie de dom, que só é conseguido com trabalho duro e aprendizado no dia a dia. Porém, a maior satisfação dele é saber que seu trabalho tem retorno e que sua missão, de levar alegria aos ouvintes, foi bem sucedida. Já aconteceu de um ouvinte estar deprimido. Sei lá, a mãe morreu ou alguém da família teve algum problema. E aí, pasme, a minha emoção naquele dia me fez botar um sorriso no rosto desse ouvinte. Pra mim não tem prêmio melhor do que esse. Não

49 48 há troféu, não há audiência... Se uma pessoa chegar pra mim e disser Rener, eu gostei da sua narração e você me tirou um sorriso do rosto, eu estou realizado, porque eu acho que eu fiz minha função de alegrar e entreter a pessoa, ao mesmo tempo em que informo (LOPES, 2014). 9.2 ALBERTO RODRIGUES RÁDIO ITATIAIA (MG) Nosso segundo entrevistado é Alberto Rodrigues, também conhecido como Vibrante, um dos maiores locutores de futebol de Minas Gerais. Hoje aos 75 anos, o radialista da Rádio Itatiaia possui em seu currículo narrações em seis Copas do Mundo, além de em dezenas de títulos do Cruzeiro, seu clube do coração. A paixão pelo rádio chegou cedo para Rodrigues (2014), ainda na infância, na cidade mineira de Araxá, quando irradiava jogos de botão com os amigos. Aos 9, 10 anos de idade, ouvia as rádios do Rio de Janeiro e São Paulo. Ouvia os locutores Pedro Luiz, Oduvaldo Cozzi e outros famosos, e sempre tive esta vontade de transmitir jogos, comentou. Sua carreira começou aos 16 anos, quando entrou para a Rádio Imbiara, de Araxá. No início dos anos 1960, ele se mudou para Belo Horizonte, onde participou da hoje extinta Rádio Minas. Em 1963, sua carreira profissional começou, de fato, ao entrar na Rádio Itatiaia. Depois, teve passagens também pela Rádio Inconfidência e Rádio América, até voltar para a Itatiaia em 1977, de onde nunca mais saiu. Fui convidado em 77 pelo Osvaldo Faria para voltar à Itatiaia, no mês de maio, para cobrir a equipe que iria fazer os jogos da Copa do Mundo, na Argentina, e aí fiquei até o presente momento, explicou. Seu amor pelo Cruzeiro também tem raízes em Araxá. O narrador conta que desde pequeno já tinha simpatia pela equipe celeste 8, porém foi após se mudar para mais perto do time que essa torcida ganhou força. Esta paixão aumentou quando vim para Belo Horizonte e passei a assistir mais jogos do time celeste, que, na época, era apenas a terceira força de Minas Gerais (RODRIGUES, 2014). Para ele, narrar um gol do seu clube do coração é diferente de narrar de outras equipes. É mais gratificante, mais prazeroso, comenta. Porém, ele explica que essa torcida deve ser medida, de forma a não atrapalhar no seu trabalho: Em um jogo do Cruzeiro contra uma equipe de outro estado ou país, no intimo torço pelo Cruzeiro, mas sem comprometer o instinto profissional (RODRIGUES, 2014). As narrações do rádio possuem a característica da individualidade, onde o imaginário 8 O clube mineiro Cruzeiro Esporte Clube é conhecido também como equipe/time/clube celeste. Aqui utilizaremos ambos os termos.

50 49 é criado para o ouvinte conseguir acompanhar a partida. Porém, os excessos de alguns narradores faz com que o torcedor perceba que aquilo que está sendo passado não é o que acontece no campo. Rodrigues (2014) também concorda com isso. Para o Vibrante, a emoção transmitida nos jogos é importante, mas tal vibração deve ser medida: O rádio tem que ser emoção o tempo todo, sem estardalhaço, narrando aquilo que acontece. Vibração não é gritar, é fazer chegar ao ouvinte aquilo que realmente está acontecendo. Rodrigues ressalta que há situações em que o narrador de rádio rompe essa barreira e que a emoção exagerada acaba atrapalhando. Eu reconheço que às vezes exagero nas criticas, mas o intuito é de tentar, lá de cima da cabine, como se eu pudesse corrigir um erro. Porém, ele sabe que esses exageros não devem ocorrer e busca administrar a situação: Procuro, às vezes, me frear, com a consciência de que narrar exageradamente acaba se tornando prejudicial ao ouvinte. Como vimos no questionário aplicado aos ouvintes, o exagero nas narrações foi uma das alternativas mais escolhidas como ponto negativo do rádio. A TV e a Internet trouxeram uma nova forma de acompanhar os jogos de futebol, com cada vez mais câmeras dentro dos estádios, mostrando e reprisando cada lance da partida. Mas, mesmo assim, muitas pessoas não conseguem abandonar o rádio quando acompanham os jogos de futebol. Rodrigues concorda que, em alguns aspectos, o rádio fica atrás das outras mídias. Acho que a televisão tem mais recursos técnicos e o radio, neste ponto, se serve muito dela. Mesmo assim, ele também é mais um dos aficionados que concordam que o futebol no rádio nunca morrerá, mesmo com tanta tecnologia. Para mim, sempre foi melhor o rádio, que tem mais detalhes, mais liberdade de se expressar, embora eu nunca tenha feito narração de televisão. Mas o rádio é minha seara e ele continua vivo, como nunca!, finalizou Rodrigues (2014). 9.3 MARCELO RAMOS RÁDIO CAPITAL (DF) Marcelo Ramos, também conhecido como O narrador do povão, é mineiro de Santo Antônio do Amparo, mas foi no Distrito Federal, no ano de 1973, que, aos 20 anos, começava sua carreira na Rádio Independência, hoje chamada de Rádio Capital. Foi nela onde passou a maior parte da carreira, com narração de vários jogos históricos no currículo, como em partidas no antigo Pelezão ou a inauguração do antigo Mané Garrincha. Narrei por várias partes do Brasil, até jogos da Seleção, como Brasil x Chile, no Mané Garrincha, e Brasil x Portugal, no Bezerrão, conta Ramos (2014). Porém, no final de 2009, após quase 40 anos de carreira, Ramos decidiu abandonar as narrações de rádio, saindo da Rádio Capital. Hoje,

51 50 apresenta o programa O povo e o poder, de segunda a sábado, na Rádio Bandeirantes AM, que possui cunho mais social. Como nasceu em Minas Gerais, Ramos torce pelo Atlético-MG. Além disso, tem apreço também pelo Botafogo, do Rio de Janeiro. Porém, ele garante que torcida ficava restrita ao lado de fora das cabines de transmissão. De coração mesmo sou Botafogo e Galo, mas torço pelo sucesso do futebol local. É diferente narrar jogos do time, mas não confundo a torcida. Se meu time perde ou ganha, quando estou com o microfone, o que importa é o bom trabalho, explica Ramos (2014). Para ele, era importante que as narrações não fossem tendenciosas para nenhum time, pois todos as equipes possuem torcidas apaixonadas. Sempre procurei ser neutro nas minhas narrações, em todos os jogos que transmiti. A emoção do gol é a mesma. Os ouvintes são torcedores, não importa de qual time. Afinal, transmitimos jogos para todas as torcidas. E ele ainda completa: O profissional tem que saber diferenciar o seu trabalho com o cotidiano. Confesso que alguns jogos foram de arrepiar, mas em nenhum momento influenciaram na narração. (RAMOS, 2014) Com tantos anos de carreira, Ramos viveu épocas áureas do rádio, mas viveu também a chegada da televisão e da internet, que abalaram a força deste meio. Porém, ele não acha que a TV e a internet acabaram com o rádio. Pelo contrário: para Ramos (2014), o rádio sabe conviver com elas. (O rádio) É um meio diferente, um público diferente, muitas vezes já acostumado com ele. Eles até podem se ajudar, mas acredito que cada uma tenha o seu espaço, afirma. Ramos (2014) conta que vê diferenças entre as narrações do rádio e da televisão. Segundo o ex-narrador, a falta de imagens faz com que a narração tenha que ser mais minuciosa nas descrições. O narrador do rádio tem que ser criativo, ter velocidade na fala e muito mais atenção na narração, nas jogadas e lances, até mesmo porque não existe o replay no rádio, tem que passar a jogada para o ouvinte, pondera Ramos (2014). De acordo com ele, uma grande diferença está no uso da emoção. Procuro dar muita emoção na narração esportiva, mesmo quando o jogo está sem empolgação. A emoção é o que move o jogo. A diferença de um narrador de rádio com a de TV é essa. (RAMOS, 2014). Com uma carreira recheada de grandes histórias, Ramos definiu para nós os jogos mais emocionantes que narrou. Mesmo com participações jogos da Seleção Brasileira no currículo, Ramos escolheu duas partidas da equipe do Gama como as que mais mexeram com ele: Um dos jogos mais emocionantes, já que são tantos, foi a vitória do Gama contra o

52 51 Vasco em pleno Maracanã, quando o Romário buscava o milésimo gol. A atmosfera do jogo foi emocionante! Outro foi o Gama campeão da Série B em 98, com mais de 50 mil torcedores no Mané Garrincha. [...] A emoção é a mesma, a sintonia entre o narrador e o torcedor. Era comum alguns torcedores apontarem para o rádio no estádio e mostrarem que estavam me ouvindo. Até hoje, pessoas que encontro na rua falam o bordão que tínhamos: Narra um gol pra mim, Marcelo Ramos (RAMOS, 2014). Ramos abandonou as narrações esportivas por conta do desgaste e da falta de patrocínio, mas não desistiu do rádio, já que continua com seu programa na Rádio Bandeirantes AM. Para ele, esse meio e, principalmente, a comunicação estão marcados em sua história. O Rádio, para mim, nesses mais de 40 anos como radialista e comunicador, é muito especial. Nasci com o dom de ser comunicador. É como eu digo sempre: sou radialista de profissão e comunicador de coração (RAMOS, 2014). 9.4 RESUMO DAS ENTREVISTAS As três entrevistas feitas ao longo deste trabalho foram feitas de formas diferentes, com perguntas diferentes e com pessoas em épocas de carreira diferentes. Mesmo assim, é interessante ressaltar alguns pontos que convergiram nas falas dos três narradores. A necessidade do rádio em se expressar mais e transmitir melhor a emoção foi um fator que ficou claro na fala de todos eles. Ramos (2014), por exemplo, afirmou que O narrador do rádio tem que ser criativo, ter velocidade na fala e muito mais atenção na narração, nas jogadas e lances, enquanto Lopes (2014) afirma que Claro, eu levo a emoção na hora do gol, num lance perigoso, em uma falta, mas eu tento não passar a minha emoção de torcedor. Sobre esse aspecto, os narradores deixaram claro que, mesmo que possua algum time do coração, essa torcida não deve prevalecer nas narrações. Tendenciosidade ou exageros devem ser deixados de lado, para não prejudicar a narração e desagradar os ouvintes. Foi o que disse Rodrigues (2014): Em um jogo do Cruzeiro contra uma equipe de outro estado ou país, no intimo torço pelo Cruzeiro, mas sem comprometer o instinto profissional. Lopes (2014) também comentou sobre esse assunto, afirmando não deixar transparecer sua torcida para o ouvinte, tentando sempre ser neutro. E Ramos (2014) também seguiu essa mesma linha, ao explicar que É diferente narrar jogos do time, mas não confundo a torcida. Se meu time perde ou ganha, quando estou com o microfone, o que importa é o bom trabalho. A televisão e a internet, pelo menos na visão dos nossos narradores, não são motivos de preocupação. As formas de narração do rádio e da TV são diferentes, sendo que, muitas vezes, o rádio transpassa mais emoção, pelo seu estilo mais descritivo, que mexe com o

53 52 imaginário das pessoas. É o que afirma Lopes (2014): no rádio você tem que descrever o lance, você tem que fazer o imaginário da pessoa. Já na TV não, a pessoa já está vendo o lance. Aliás, nesse ponto os três adotam discursos bastante parecidos, com Rodrigues (2014) a afirmar que, para ele sempre foi melhor o rádio, que tem mais detalhes, mais liberdade de se expressar, enquanto Ramos (2014) explica que A emoção é o que move o jogo. A diferença de um narrador de rádio com a de TV é essa.

54 53 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Viemos, por esse trabalho, tentar desmistificar essa narração e essa fidelidade existente do torcedor com o rádio. Tínhamos como hipótese que a descrição e a emoção mobilizadas na narração esportiva do rádio eram únicas, de forma que, mesmo com as transmissões televisivas e as novas tecnologias da internet, o ouvinte ainda se fazia fiel ao rádio. Assim, um dos principais motivos dessa fidelidade seria a emoção transmitida pelo narrador esportivo, criando imaginários que prendiam o torcedor e deixava o jogo até melhor do que de fato era. Concluímos, portanto, que a emoção é, sim, o elemento fundamental e mais importante da narração futebolística no rádio. É ela que cria e recria a imagem para o ouvinte. É ela que traz o torcedor para dentro do estádio e faz com que ele vibre como se estivesse na arquibancada. Porém, como bem disseram tanto os entrevistados no questionário, quanto os nossos narradores, essa emoção deve ser tratada com cautela e ética, pois seus exageros podem ter consequências inversas de sua ideia proposta. Todas as coisas no mundo perdem sua essência quando colocadas em exagero. A emoção, mesmo sendo o ponto chave do rádio esportivo, também sofre com essa lei. Podemos perceber também que as características do rádio o tornam único de tal forma que ele acaba conseguindo competir com mídias mais avançadas que ele. Sua forma peculiar de criar imagens na cabeça do torcedor e fazer dele um refém daquilo que se é contado transpassa um sentimento único, que a televisão com suas imagens nunca superará. É por esse motivo que ele ainda é tão importante para o futebol e continua vivo, como nunca! (RODRIGUES, 2014) Acreditamos que, por meio desse trabalho, tenhamos ajudado a desmistificar o rádio como uma mídia ultrapassada, esquecida nos porões de casas antigas. Cabe aqui ressaltar que a maioria das respostas do nosso questionário veio de pessoas com idade entre 21 e 25 anos. Ou seja, são jovens, com mentalidade nova e tecnológica, que nasceram muito depois da televisão em cores e passaram sua adolescência já com a internet como uma realidade. Assim, o futebol no rádio se mostra atemporal, ou seja, sua maneira de transmissão é tão peculiar que ele se firmou há mais de meio século atrás e deve se perpetuar ainda por muitas décadas por vir. As novas tecnologias, porém, não devem ser tratadas pelo rádio como rivais. As pessoas de hoje se mostram tão multifacetadas que geralmente não conseguem se concentrar em um só meio. Enquanto assistem à TV, comentam a programação na internet. Enquanto veem o jogo, também o escutam no rádio. Assim, o rádio deve se utilizar delas para se tornar

55 54 ainda mais ágil. Que ele utilize a internet para ser uma ponte mais acessível entre ele e o ouvinte. Sua maneira de narração e transmissão, sua velocidade e mobilidade são aspectos importantíssimos para seu perpetuamento. Utilizando, então, dos artefatos disponíveis pelos outros meios, o rádio pode se renovar e continuar esse casamento com o futebol por muito tempo.

56 55 REFERÊNCIAS BARBOSA FILHO, André. Gêneros radiofônicos: os formatos e os programas em áudio. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 2009 CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4 ed. São Paulo: Makron Books, 1996 CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, FEDERICO, Maria Elvira Bonavita. História da comunicação: Rádio e TV no Brasil. Petrópolis: Vozes, FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: O veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, KNIJNIK, Jorge Dorfman. Gênero: um debate que não quer calar. In: KNIJNIK, Jorge Dorfman (Org). Gênero e esporte: masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Apicuri, LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia cientifica: ciência e conhecimento científico, métodos científicos, teoria, hipóteses e variáveis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1992 LOPES, Rener. A emoção na narração de futebol no rádio. Universidade Católica de Brasília. 15 mai Entrevista cedida a Altieres Losan MINAYO, Maria Cecília de Souza. et al. Pesquisa social. 21ª ed ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus, RAMOS, Marcelo. Entrevista - TCC sobre futebol no rádio. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: <altiereslosan@outlook.com>. em 01 jun RICHARDSON, Roberto Jerry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, RIBEIRO, André. Os donos do espetáculo: histórias da imprensa esportiva no Brasil. São Paulo: Terceiro Nome, RODRIGUES, Alex. A mesa é redonda porque se fosse quadrada não teria graça. Brasília: Universa, RODRIGUES, Alberto. Entrevista para TCC. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por: <altiereslosan@outlook.com>. em 19 maio 2014.

57 56 SILVEIRA, Denise Tolfo; CÓRDOVA, Fernanda Peixoto. A pesquisa científica. In: GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Orgs). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009 SOARES, Edileuza. A bola no ar: o rádio esportivo em São Paulo. São Paulo: Summus Editorial, 1994.

58 57 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO Futebol no Rádio Este questionário faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Católica de Brasília. Mesmo que você não ouça rádio, mas goste de futebol, ainda sim queremos sua colaboração. Legenda: : múltipla escolha : caixa de seleção *Obrigatório PARTE 1: DADOS PESSOAIS Queremos, inicialmente, conhecer o perfil do participante. Por favor, fale um pouco sobre você. (Esta é apenas uma forma de controle, para que uma pessoa não participe mais de uma vez): Sexo * Masculino Feminino Idade * menos de a 20 anos 21 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos 46 a 55 anos mais de 55 anos Estado onde reside * Acre Alagoas Amapá Amazonas

59 58 Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocantins Escolaridade * Ensino Fundamental Incompleto Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Ensino Superior Incompleto Ensino Superior Completo Pós-Graduação Mestrado Doutorado Renda * Até R$ 1 mil Entre R$ 1 mil e R$ 2 mil Entre R$ 2 mil e R$ 3 mil Entre R$ 3 mil e R$ 4 mil Entre R$ 4 mil e R$ 5 mil

60 59 Entre R$ 5 mil e R$ 6 mil Mais de R$ 6 mil Com que frequência acompanha futebol pelo rádio? * Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre Já que não ouve, por favor, nos diga por qual motivo não acompanha futebol pelo rádio? PARTE 2: ALGUMAS QUESTÕES Nesse momento, teremos questões objetivas relativas à sua experiência com os jogos de futebol no rádio. Em quais locais geralmente acompanha os jogos pelo rádio? * Casa Carro Instituição de ensino Trabalho Estádio O que te faz preferir as transmissões de futebol pelo rádio? * Facilidade de entendimento Emoção Dinamismo Mobilidade Linguagem Imaginário Você prefere ouvir futebol no rádio a acompanhar por outras mídias, como TV ou internet? * Sim Não Com que frequência ouve o futebol pelo rádio, mesmo assistindo ao jogo por outros meios? *

61 60 Nunca Raramente Às vezes Quase sempre Sempre Quais os pontos positivos de se ouvir futebol no rádio? * Velocidade Facilidade de acesso/ser mais barato que outras mídias Dinamismo/Agilidade Narração Informação Imaginação Emoção Quais os pontos negativos de se ouvir futebol no rádio? * Publicidade abusiva Falta de placares/tempo de jogo Ausência de imagem Qualidade dos narradores Indução na narração Exageros Confusão Aflição Você já deixou de acompanhar uma partida de futebol pelo rádio por considerar a narração exageradamente emotiva? * Sim Não Você possui dificuldade de entendimento ou se sente confuso quando houve as narrações de futebol pelo rádio? * Sim Não Você já acompanhou futebol no rádio pelo simples fato de não conseguir assistir a transmissão na TV ou internet? * Sim Não

62 61 APÊNDICE B ENTREVISTA COM ALBERTO RODRIGUES Conte um pouco da sua história. Quando/como começou no rádio? Sempre falo que aprendi a transmitir jogos pelo rádio, irradiando jogos de botão, na minha infância. Morava em Araxá e aos 9, 10 anos de idade, ouvia as rádios do Rio de Janeiro e São Paulo (BH era muito difícil ouvir). Ouvia os locutores Pedro Luiz, Oduvaldo Cozzi, e outros famosos, e sempre tive esta vontade de transmitir jogos. Aos 16 para 17 anos, fiz um teste na Rádio Imbiara, de Araxá, e fizemos uma equipe, transmitindo os jogos amadores da liga local. Em 1961, minha família veio para BH e somente dois anos depois que consegui uma chance de chegar ao radio de Belo Horizonte. Fiz teste na Rádio Minas (hoje já não existe mais) e, com mais dois companheiros, formamos uma equipe e passamos irradiar jogos do Campeonato Mineiro. Posteriormente, por volta de 1963, fui chamado por Osvaldo Faria para ir para a Rádio Itatiaia, onde comecei efetivamente como profissional, carteira assinada e tudo. Em 66, fui para a Rádio Inconfidência, onde fiquei até fins de 77, quando resolvi deixar o rádio, ficando por 7 meses fora. Fui convidado para participar no fim de 77 a transmitir alguns jogos pela, hoje, Rádio América. Fui novamente convidado pelo Osvaldo Faria para voltar à Itatiaia, no mês de maio, para cobrir a equipe que iria fazer os jogos da Copa do Mundo, na Argentina e aí fiquei até o presente momento. E a paixão pelo Cruzeiro, quando começou? Ela veio antes ou depois de já ter se tornado radialista? Quando morava em Araxá, já tinha a minha predileção pelo Cruzeiro, mas esta paixão aumentou quando vim para Belo Horizonte e passei a assistir mais jogos do time celeste, que, na época, era apenas a terceira força de Minas Gerais. Essa paixão é medida nos momentos de narração? Sim, é evidente que nós somos profissionais, mas em um jogo do Cruzeiro contra uma equipe de outro estado ou país, no intimo torço pelo Cruzeiro, sem comprometer o instinto profissional.

63 62 Narrar um gol do seu time do coração é diferente de narrar de outros times? Por quê? Sim. É mais gratificante, mais prazeroso. Para você, a narração de rádio é melhor que a da televisão? Em que pontos ela é melhor? Para mim, sempre foi melhor o rádio, que tem mais detalhes, mais liberdade de se expressar, embora eu nunca tenha feito narração de televisão. Mas o rádio é minha seara e o rádio continua vivo, como nunca. E em quais os pontos ela é pior? dela. Acho q a televisão tem mais recursos técnicos e o radio, neste ponto, se serve muito Qual a importância da Emoção nas narrações de futebol no rádio? O rádio tem que ser emoção o tempo todo, sem estardalhaço, narrando aquilo que acontece. Vibração não é gritar, é fazer chegar ao ouvinte aquilo que realmente está acontecendo. Qual o jogo mais emocionante que já narrou? Foram centenas, é muito difícil falar qual foi o melhor. Vários clássicos entre Cruzeiro e Atlético-MG. Jogos do Cruzeiro nas Super Copas e Libertadores, nos títulos brasileiros, nas Copas do Mundo (o jogo final em 94 entre Itália x Brasil foi emocionante, ganhamos nos pênaltis e Willy (Gonser) e eu, que narramos, ficamos emocionados ao extremo). Não se pode esquecer também aquela vitoria do Cruzeiro contra o São Paulo, na final da Copa do Brasil de Já teve algum jogo em que a emoção comprometeu a narração? Especificamente não me lembro, mas exagerar na emoção atrapalha, sim. Eu reconheço que às vezes exagero nas criticas, mas o intuito é de tentar, lá de cima da cabine, como se eu pudesse corrigir um erro. Esta é a emoção exagerada. Como você administra essa emoção durante as narrações?

64 63 Procuro às vezes me frear, com a consciência de que narrar exageradamente acaba se tornando prejudicial ao ouvinte.

65 64 APÊNDICE C ENTREVISTA COM RENER LOPES Como você começou no rádio e na narração esportiva? Eu comecei a fazer rádio quando eu tinha 16 anos. Trabalhava na Rádio Comunitária do Paranoá, que na época era 104,9 e depois virou Eu era locutor da emissora e um dia eu cheguei para o operador da rádio e falei hoje tem transmissão de futebol? Tem. Então eu quero aprender a fazer. Beleza, vamos aprender. Aí eu joguei ele pra escanteio, já mexi um pouco de automação e aí fui operar. Claro, o narrador da rádio me deixou operar. Ele entendeu que eu estava querendo aprender. Aí comecei a fazer, fui pegando gosto pela coisa e acabei virando o plantão esportivo. Minha função era operação, e plantão, que era informar os gols, conforme fossem saindo e tal. E como era Campeonato Brasiliense, não tinha fontes muito boas, então a gente ligava pros colegas de outras rádios pra saber quanto estavam os jogos. O tempo foi passando e até que, no final do campeonato, o Paranoá foi eliminado e pintou um convite pra eu ir pra rádio regional do Cruzeiro, outra rádio comunitária. Lá era diferente, porque não tem muitos locutores e a programação era mais automatizada. E eu fiquei responsável pelo portal da rádio, isso sem sair do Paranoá. Até que um dia teve um jogo entre Esportivo Guará e Gama e a gente descobriu que a rádio lá do Gama faria o jogo. Aí eu cheguei pro meu diretor e falei olha, vamos fazer esse jogo? Vamos pegar o sinal deles e fazer? Beleza.. Então nós retransmitimos a rádio do Gama. Deu uma repercussão bacana, o pessoal gostou. E em um belo dia o diretor da rádio do Gama pra ir pra equipe de esportes deles. Aí que eu fui efetivamente trabalhar com esportes. Larguei a Rádio Regional e fui pro Gama, isso em 2007 ainda. Em 2007 eu aprendi a fazer reportagem de rádio. Quando foi no mês de agosto desse ano, pintou um convite para eu ir para a Transamérica. Aí eu fui ser operador de novo. E aí eu me desliguei da rádio do Gama. Fiquei três meses na Transamérica (saí porque tava com salários atrasados) e resolvi voltar pra Comunidade. Quando voltei pra lá, isso em 2007, ainda, aprendi a fazer reportagem de campo por muito tempo, carreguei muito fio Aprendi técnicas de montagem de equipamento, operação técnica, operação plástica e reportagem. Quando foi no final de 2008, início de 2009, o Alan, que era o narrador da equipe e diretor da emissora, foi convidado pra ir para a Rádio Bandeirantes. E aí a rádio não tinha narrador. E o pessoal falou Como vamos fazer? Vamos retransmitir a Rádio Bandeirantes? Vamos.. Só que passou um ano e começou a ficar chato, porque toda vez tinha que pedir

66 65 linha, essas coisas, e, quando foi no final de 2009, ele me perguntou assim: Rener, você quer aprender a fazer narração?. Eu falei, Vamos tentar. A gente só sabe se tentar, né?. E aí resolvi aprender a narrar. O Alan deixou a Bandeirantes e montou toda a estrutura. E pintou a minha primeira oportunidade de narração, que foi na final do campeonato amador da cidade do Gama. Ao vivo, pra rádio. Pessoal sintonizava, ouvia, participava, mandava ligação e tudo. Depois eu fui ouvir a gravação todinha, passo a passo, pra ver o que eu tinha feito certo ou errado e, a partir daí, isso se tornou uma rotina. Até que, quando foi em 2010, a gente assumiu a narração em definitivo. O Alan foi pra Transamérica contratado e eu assumi. Eu aprendi muito. Trabalhei no antigo Mané Garrincha, no Estádio JK, Gama, e fiquei na Rádio Comunidade por mais um ano. Saí da Comunidade e voltei pro Gama já como coordenador e narrador. Passamos um ano na Regional e no meio de 2012 acabei tendo um problema com a direção da emissora e eu saí. E levei a equipe toda para a Ativa FM, onde estamos há dois anos. Você é corintiano e já narrou alguns jogos do Corinthians. Conte uma história sobre um jogo marcante. Teve um jogo, Goiás x Corinthians, pela última rodada do Campeonato Brasileiro de 2010, e eu fui pra Goiânia transmitir pela Rádio Comunidade. E nesse jogo acontecia o seguinte: o Corinthians tinha que ganhar pra ser campeão brasileiro sem depender do jogo do Fluminense que ocorria ao mesmo tempo no Rio de Janeiro. E aí começou o jogo, o Goiás pressionando, até que depois de uns 20 minutos quem tomou a pressão foi o Goiás, com o Corinthians pressionando. O primeiro tempo terminou 0x0 e o Serra Dourada estava lotado. E aí veio o segundo tempo e a pressão do Corinthians continuou até que, com 40 minutos do segundo tempo meu plantão solta uma vinhetinha me chamando. Eu disse Opa, tem gol no Campeonato Brasileiro. É de quem, fulano? e ele Rener, gol no estádio Maracanã, gol do Fluminense!. Eu sei que eu fechei o microfone e falei PQP, não é possível.. Eu sei que eu anunciei esse gol e, em seguida, o placar do estádio anunciou. Eu só vi torcedor do Goiás vibrando. A torcida do Corinthians, que era a maioria, emudeceu. Não se ouvia mais nada. Só radinho de pilha, com gente querendo saber quanto tava o jogo do Fluminense, porque, com um empate do Fluminense, o Corinthians ganhava o título. E aí a pressão continuou, bola na trave, bola pra fora, bola passando raspando, e nada, e ficou 0x0. E aí já nos acréscimos meu plantão me chamou, dizendo Terminou no Maracanã, Fluminense 1x0. Fluminense é o campeão brasileiro de Eu falei ai, ai, ai..., mas, claro, fora do ar. No ar, por mais engraçado que pareça, eu tento ser profissional.

67 66 Mas como que você consegue controlar essa emoção no ar? Eu não deixo passar para o ouvinte, narrando um jogo como se fosse um time qualquer. Claro, eu levo a emoção na hora do gol, num lance perigoso, em uma falta, mas eu tento não passar a minha emoção de torcedor. Eu tento ser neutro. Como já aconteceu, por exemplo, no Atlético-MG x Santos, no Santos x Flamengo. Eu não gosto do Flamengo. No Santos e Flamengo eu posso dizer que torci pro Neymar fazer um gol? Torci. Mas o jogo ficou 0x0. Mas eu não posso deixar transparecer para o ouvinte que eu sou torcedor. Essa é uma regra básica do jornalismo esportivo. Eu posso revelar que sou corintiano? Revelo. Qualquer pessoa que pergunta que time eu torço eu digo que é o Corinthians. Mas e quando for um jogo contra o Santos, um Corinthians e São Paulo? Aí eu sou completamente neutro. Eu posso transparecer minha emoção enquanto o repórter está falando, que aí eu fecho meu microfone e viro torcedor. Mas aí, quando abro de novo o microfone, eu deixo neutro. Eu tento ser neutro porque o estilo de transmissão que a gente adota é um estilo mais divertido, vamos dizer assim. Muita gente até critica que eu uso muito da brincadeira, muito efeito sonoro. Eu gosto de usar bastante. Gosto de deixar a transmissão mais de entretenimento, mas também não deixando de ter informação. Então, por conta disso, eu tento ser neutro. Porque, se meu ouvinte percebe, ele só tem uma reação: trocar de emissora. Mas a sua narração, por ser muito dinâmica e, às vezes, até engraçada, não tende a ser emotiva? Eu tento passar a impressão para o torcedor de uma maneira que eu não fale. Vou dar um exemplo: Sábado (17 de maio de 2014) eu transmiti o jogo entre Luziânia e Brasília. A mesma maneira com que eu vibrei com o gol do Luziânia, eu vibrei com o gol do Brasília. Então você mede a emoção pros dois lados e equilibra? Exatamente. Quando eu vejo, por exemplo, que é um Brasiliense e Santos, como já aconteceu, aí não, porque eu estou transmitindo pra Brasília, então eu tenho que puxar sardinha. Não, claro, de maneira rasgando o verbo, vamos dizer assim. Eu tento levar a emoção chamando um lance de falta, um grito de gol mais forte, mais longo, mas eu tento, em uma transmissão normal, ser neutro. Pode ter um ouvinte que mora em Luziânia e está ouvindo a transmissão. Na hora do gol do Luziânia eu tive que extravasar, porque o cara tá

68 67 sintonizado em uma rádio em Luziânia e fala O cara tá comemorando um gol do Brasília, na minha cidade? Não, vou mudar de estação. Mas ao mesmo tempo em que eu extravaso o gol do Luziânia, e extravaso o gol do Brasília. Eu tento deixar no mesmo nível. Eu não deixo transparecer para o ouvinte que eu estou torcendo pra um lado. Mas você como Corintiano, quando narrou o jogo entre Atlético-GO x Corinthians, pelo Brasileirão de 2012 e que o Corinthians ganhou de 2x0, o grito de gol, por ser do seu time, não saiu mais forte, mesmo que involuntariamente? Não. Não sai. Antigamente até saía. Eu sempre fui muito simpatizante com o Gama, acho que por trabalhar na rádio do Gama também, aí acabei pegando uma simpatia pelo time. E eu me lembro do ano que o Gama foi rebaixado para a série D. Foi um jogo contra o Macaé, no Bezerrão, um gol do Macaé rebaixava o Gama e ficou 1x0 pra eles. Eu não ia fazer Gooooooooooool do Macaé!. Eu fiz Olha o chute. Gol do Macaé. Gool do Macaé e o Gama está sendo rebaixado neste momento. Aí é uma situação diferente. Eu estou na rádio da cidade e o time está perto de ser rebaixado, então eu mudei meu tom de voz completamente. Se fosse um jogo no meio do campeonato eu ia gritar normalmente. Mas era a última rodada, o time perigando cair, então você muda, mas são só em ocasiões especiais. Como eu falei, eu não deixo transparecer, porque o retorno que vem depois é na hora que o ouvinte às vezes encontra comigo nas redes sociais, eu uso muito Twitter, Facebook, Instagram e o pessoal fala Rener, gostei muito da sua narração. Sua narração é legal, não perde pra ninguém, não é tendenciosa. Gostei muito. Valeu.. Então este e o termômetro que eu tenho. Se eu vejo que alguém disse que não gostou muito da narração, que eu exagerei na brincadeira, aí é hora de eu parar, sentar e ver o que eu errei. Aí eu ouço a gravação inteira e vejo se realmente errei ou se estava certinho, se dava pra modificar isso ou aquilo. É o que eu faço. E a emoção já te atrapalhou alguma vez, de alguma forma, em uma transmissão de futebol? Já. Eu me lembro de um Brasiliense x Gama, no Serejão. Eu narrei um gol mais alto pro Brasiliense. Costume, eu sempre falo alto. E aí tinha um torcedor do Gama na parte de baixo da cabine e ele tava ouvindo. Ele se virou pra mim e abriu os braços, como se perguntando por que. Aí, na hora do gol do Gama, ele ouviu que eu mantive o mesmo tom de voz e virou pra mim depois e fez um joinha. Então é complicado. Se você não agradar todo mundo, você não faz um bom trabalho.

69 68 E como que se forma um bom narrador de rádio? Eu sempre falo que, se você quer ser um bom locutor, não adianta você querer fazer um bom trabalho de rádio sem prática. Então, ao longo desses quatro anos, eu fui treinando. Ouço muito rádio também. Não adianta você querer aprender sem ouvir os outros. Os grandes nomes do rádio você tem obrigação de ouvir: José Silvério, Rogério Assis, Pedro Ernesto, Edilson de Souza, Mário Henrique, João Andrade, Gomes Farias, Romualdo Marques, Ronair Mendes Então, os grandes nomes do rádio você tem que ouvir. Vai que, um dia, você chega a ser um deles? Mas, pra você chegar a ser um deles, você tem que aprender muito. Então é ouvindo que eu aprendo. Uma maneira diferente de cantar um lance de falta, um cartão amarelo, um estilo de narração, e aí você vai aprimorando. Algumas coisas eu incorporo ao meu estilo e outras eu crio. Eu não sou um narrador perfeito. Tenho muito a aprender. Como eu falei: quem sabe um dia eu chego perto desses? Mas eu tento fazer o meu estilo. E eu acho que com esse estilo eu conquisto as pessoas e trago audiência. A repercussão é muito grande. Em redes sociais então é todo dia gente diferente falando comigo. Quais são as maiores diferenças entre a narração da televisão e a do rádio? Eu experimentei uma vez fazer televisão e não gostei. Porque no rádio você tem que descrever o lance, você tem que fazer o imaginário da pessoa. Já na TV não, a pessoa já está vendo o lance. Então como é que você vai dizer lá vem o fulano pela direita, fez o cruzameeento e a bola foi pela linha de fundo? A pessoa está vendo. Você só fala José. Anderson. Cruzoou. Pra fora.. Nesse sentido, a emoção é muito mais presente no rádio. No rádio, muita gente não gosta de narrador que grita em lance que a bola passou perto da linha de escanteio. Eu não faço isso. Quando eu vejo que é um lance perigoso, aí eu coloco um pouco de emoção. Até porque eu sempre tenho ouvinte no estádio. Então, se você faz uma emoção exagerada pra um lance que passou perto da bandeira de escanteio, qual vai ser a reação do cara? Mudar de estação. E eu tenho que fazer o possível pra ele não fazer isso. Pra finalizar, qual o papel da emoção nas narrações do rádio? Eu considero como deixar o torcedor mais dentro de campo. Eu penso muito no Seu Zé que mora lá em Ananindeua, do Pará. Então eu penso no Seu Zé que tem um Motorrádio sete faixas, que é um trabalhador da roça, que capina, que se mata de ralar pra ganhar um troquinho e a diversão do Seu Zé é o que? Ouvir o futebol no rádio. Ele quer ouvir, por

70 69 exemplo, o jogo do Flamengo contra o Corinthians, porque o cara é torcedor do Flamengo fanático. E aí qual que é o divertimento do Seu Zé? Pegar o rádio, ligar e sintonizar na minha emissora e ouvir o jogo. É a hora que eu vou entreter o meu ouvinte. E então o papel é esse: deixar ele feliz, deixar ele triste, deixar ele preocupado, informado, se situando com o que está acontecendo no campeonato. Então, ao mesmo tempo em que eu o alegro, eu deixo ele triste, deixo ele pensativo... É estar ao lado. É fazer com que o futebol seja um divertimento pro meu ouvinte. Então, o papel da emoção é esse. No primeiro momento que ele ver que o jogo está ruim, ele vai desligar o rádio. Mas se ele ver que o jogo está bom e que Poxa, o Flamengo vai ganhar, ele vai manter o rádio ligado e vai esperar a minha emoção pra ele também se divertir em casa. Então, pra finalizar, eu penso assim: narrar não é fácil. Acho que é um dom que a gente aprende dia a dia e acho que eu sou um privilegiado de poder levar a emoção para o ouvinte. Já aconteceu de um ouvinte estar deprimido. Sei lá, a mãe morreu ou alguém da família deu algum problema. E aí, pasme, a minha emoção naquele dia me fez botar um sorriso no rosto desse ouvinte. Pra mim não tem prêmio melhor do que esse. Não há troféu, não há audiência... Se uma pessoa chegar pra mim e disser Rener, eu gostei da sua narração e você me tirou um sorriso do rosto, eu estou realizado, porque eu acho que eu fiz minha função de alegrar e entreter a pessoa, ao mesmo tempo em que informo.

71 70 APÊNDICE D ENTREVISTA COM MARCELO RAMOS Conte um pouco de sua história. Como, quando e por que começou a narrar no rádio? Comecei garoto ainda, em 1973 (a aprender), logo depois que saí do exército. Iniciei minha carreia na Rádio Independência, com o programa de 15 minutos chamado "Marcelo Ramos, o Dr. Sabe Tudo". Comecei como repórter esportivo, tendo oportunidade de narrar jogos como o antigo Pelezão, Inauguração do antigo Mané Garrincha, Bezerrão, Chapadinha. Narrei jogos por várias partes do Brasil, até jogos da seleção Brasileira, como Brasil x Chile no Mané Garrincha e Brasil x Portugal no Bezerrão. Tem um time do coração? É diferente narrar jogos dele? Diferente como e por quê? Como administra a torcida no momento da narração? Tenho, mas uso mais a razão do que o coração. De coração mesmo sou Botafogo e Galo. Mas torço para o sucesso do futebol local. É diferente narrar jogos do time, mas não confundo a torcida. Se meu time perde ou ganha, quando estou com o microfone, o que importa é o bom trabalho. Como narrador, percebe diferenças nas narrações para televisão e para rádio? Sim, e muita! O narrador do rádio tem que ser criativo, ter velocidade na fala e muito mais atenção na narração, nas jogadas e lances, até mesmo porque não existe o replay no rádio, tem que passar a jogada para o ouvinte. A TV e a internet atrapalham o rádio ou ele sabe conviver com elas? Elas podem ajudar as narrações do rádio de alguma forma? O rádio sabe conviver com elas. É um meio diferente, um público diferente, muitas vezes já acostumado com ele. Elas até podem se ajudar, mas acredito que cada uma tem o seu espaço mesmo. Qual o jogo mais emocionante (para você) que narrou? Por que achou emocionante? Um dos jogos mais emocionantes, já que são tantos, foi a vitória do Gama contra o Vasco em pleno Maracanã, quando o Romário buscava o milésimo gol. A atmosfera do jogo foi emocionante! Outro foi o Gama campeão da Série B em 98, com mais de 50 mil torcedores no Mané Garrincha.

72 71 Qual o jogo mais emocionante (para ouvintes) que narrou? Por que achou emocionante? Teve feedback? Acho que os dois jogos acima. A emoção é a mesma, a sintonia entre o narrador e o torcedor. Era comum alguns torcedores apontarem para o rádio no estádio e mostrarem que estavam me ouvindo. Até hoje, pessoas que encontro na rua falam o bordão que tínhamos: "Narra um gol pra mim, Marcelo Ramos". Teve algum jogo em que a emoção que você sentia no momento da narração interferiu? Interferir, não. O profissional tem que saber diferenciar o seu trabalho com o cotidiano. Confesso que alguns jogos foram de arrepiar, mas em nenhum momento influenciaram na narração. Já ocorreu de a torcida reclamar ou elogiar a emoção empregada numa narração? Pra ser sincero, que eu me lembre, não. Sempre o torcedor nos valorizou, pelo empenho e dedicação de levar alguns jogos, até mesmo que não eram televisionados, para a torcida. Como você administra a emoção no jogo (a sua e a que passa aos ouvintes)? Procuro dar muita emoção na narração esportiva, mesmo quando o jogo está sem empolgação. A emoção é o que move o jogo. A diferença do narrador de rádio com o de TV é essa. Há narradores que tendenciam a narração para um time, geralmente o da cidade onde está ocorrendo a partida, enquanto outros tentam ser o mais neutro possível. Em qual desses dois tipos você se encaixa? Por que decidiu por esse estilo? Sempre procurei ser neutro nas minhas narrações, em todos os jogos que transmiti. A emoção do gol é a mesma. Os ouvintes são torcedores, não importa de qual time. Afinal, transmitimos jogos para todas as torcidas. Qual o papel da emoção na narração do rádio? O Rádio, para mim, nesses mais de 40 anos como radialista e comunicador é muito especial. Nasci com dom de ser comunicador, como eu digo sempre: "Sou radialista de profissão e comunicador de coração".

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