20 EDUCAÇÃO ESPECIAL
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- Thais Canedo Covalski
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1 EDUCAÇÃO ESPECIAL 20
2 21 EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA A Educação Especial, de acordo com a legislação brasileira, é uma modalidade de ensino transversal, que perpassa todos os níveis de ensino e outras modalidades, visando apoiar o desenvolvimento aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades. Pensar a modalidade de Educação Especial na Perspectiva de uma política da Educação inclusiva inserida no sistema Educacional geral constitui-se ainda em um debate recente, permeado por vários desafios, entre os quais se destaca a persistência da dicotomia de uma educação em detrimento da outra, ou seja, enquanto uma está calcada em princípios e concepções inerentes ao chamados especialismos quanto as questões da deficiência, a outra exige mudança de posturas e concepções acerca desses mesmos princípios. Tais desafios apontam a emergência do diálogo entre as partes para que de fato se construa um processo socioeducativo que contemple a educação na diversidade, e como uma das condições de se garantir acesso, permanência e qualidade na educação de todos os sujeitos presentes no contexto escolar. A política de educação inclusiva, fundamentada na concepção de direitos humanos e impulsionada pelos movimentos sociais que buscam reverter processos históricos de exclusão educacional e social, visa a garantia do acesso de todos os alunos à escola regular, perpassando todas as etapas e modalidades de ensino, independente de suas diferenças sociais, culturais, étnicas, raciais, sexuais, físicas, intelectuais, emocionais, linguísticas e outras. Para além da igualdade de oportunidades, a inclusão focaliza a valorização das diferenças e desenvolvimento de projetos pedagógicos que atendam as necessidades educacionais dos seus alunos, e promovam mudanças nas práticas e ambientes escolares, de modo a eliminar as barreiras que impedem o acesso ao currículo e o exercício da cidadania. A Constituição Federal de 1988, em seu Inciso III, Artigo 208 estabelece o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências preferencialmente na rede regular de ensino, logo a lei dá abertura à permanência do ensino nas instituições filantrópicas. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, estabelece a obrigatoriedade da matrícula em escolas regulares, prevendo punição para os pais que não matricularem os seus filhos na escola. Neste mesmo ano acontece a Conferência Mundial sobre Educação para Todos realizada na
3 22 Tailândia. A conferência defende a democracia de acesso e qualidade da educação, sem formas discriminatórias e estabelecendo a educação como direito universal e a elaboração da Declaração Mundial de Educação Para Todos reforçando assim a Declaração Mundial dos Direitos Humanos. Em 1996 a nova LDB atribuiu às redes de ensino o dever de assegurar o currículo e recursos no atendimento às necessidades dos educandos, a Lei Nº 9394/96 estabelece em seu Artigo 58 a educação especial como modalidade de ensino escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educação das pessoas com necessidades educacionais. Baseada nos princípios da Declaração de Salamanca (perspectivas inclusivas) e na Declaração da Guatemala (define discriminação com base na deficiência como crime), são elaboradas as Diretrizes Nacionais Para Educação Especial na Educação Básica no Brasil (CNE/CEB 2001), tornando-se obrigatória a aceitação da matrícula de todos os alunos com deficiência. A Resolução 02/01 traz a nomenclatura dificuldades acentuadas de aprendizagem, terminologia que acarretou um grande problema de rotulação e diagnóstico equivocado das crianças que não possuiam laudo médico, mas acreditava-se que tinham alguma deficiência, principalmente déficit mental. O ano de 2002 é marcado pelo reconhecimento da LIBRAS como meio de comunicação e expressão através da Lei Nº 10436/02, e a Portaria 2278/02 aprova a difusão do ensino do Braile em todas as modalidades de ensino. A Política Nacional de Educação Especial (PNEE) estabelece a educação inclusiva na escola regular, formação adicional aos professores da educação especial, uma vez que as habilitações foram suspensas com a nova Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Superior, a PNEE sugere a formação continuada aos professores para atuarem no atendimento especializado e na educação especial, logo o professor deve ter conhecimento na classe comum e da educação especial para trabalhar no contexto da inclusão. Em 2009 a Resolução de nº 04/Parecer 13/Decreto nº 6253, promulga a matrícula obrigatória na classe regular e atendimento especializado no contra turno, podendo o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ser realizado na escola ou nos centros de AEE sendo o público alvo pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento (TGD), altas habilidades/superdotação. A partir de 2010, foi implementada nas escolas através do Decreto nº 6.571/2008 o Atendimento Educacional Especializado, essa medida do MEC visa complementar e suplementar a formação dos alunos no ensino regular, cujo objetivo é garantir as ações da educação especial; promover recursos didáticos pedagógicos e acessíveis; implementar salas de recursos; proporcionar formação
4 23 continuada aos professores; garantir acessibilidade arquitetônica. DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL É uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis e etapas e todas as modalidades da educação básica e superior. O atendimento da educação especial dar-se-a na sala de recurso multifuncional AEE Atendimento Educacional Especializado e através do trabalho colaborativo nas salas comuns do ensino regular. O Atendimento Educacional Especializado AEE - tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. O AEE é realizado, prioritariamente, na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, podendo ser realizado, também, em Centro de Atendimento Educacional Especializado público ou privado sem fins lucrativos, conveniado com a Secretaria de Educação do Município. CONSIDERA-SE O PÚBLICO-ALVO DO AEE: Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Deficiência Física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; Deficiência Auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis db) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; Deficiência Visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
5 24 olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 o ; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; Deficiência Intelectual funcionamento intelectual significativamente inferior média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. Deficiência múltipla associação de duas ou mais deficiências. Alunos com transtornos globais de desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuro psicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação, ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, Síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtornos desintegrativo da infância (psicose) e transtornos invasivos sem outra especificação. Alunos com altas habilidades/superlotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade s ações colaborativas nos casos que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos no contexto escolar. ORGANIZAÇÃO DO AEE A organização do Atendimento Educacional Especializado considera as peculiaridades de cada aluno. Alunos com a mesma deficiência podem necessitar de atendimento diferenciados. Por isso, o primeiro passo para se planejar o atendimento não é saber as causas, diagnósticos, prognóstico da suposta deficiência do aluno. Antes da deficiência vem a pessoa, o aluno, com sua história de vida, sua individualidade, seus desejos e diferenças. Há alunos que frequentarão o AEE mais vezes na semana e outros, menos. Não existe um roteiro, um guia, uma fórmula de atendimento previamente indicada e, assim sendo, cada aluno terá um tipo de recurso a ser utilizado, uma duração de atendimento, um plano de ação que garanta sua participação e aprendizagem nas atividades escolares.
6 25 Na organização do AEE, é possível atender aos alunos em pequenos grupos, se suas necessidades forem comuns a todos. É necessário garantir nas escolas municipais atendimentos especializados sendo 60% de carga horária no Atendimento Educacional Especializado preferencialmente no contraturno em salas de recursos, 20% da carga horária no planejamento e estudos e ainda 20% da carga horária com trabalhos colaborativos, sendo estes, orientações ao trabalho dos pedagogos, professores, estagiários, alunos, pais e organização de materiais. O Atendimento Educacional Especializado resulta das escolhas do professor quanto aos recursos, equipamentos, apoios necessários que possam eliminar as barreiras que impeçam o acesso, a participação e a permanência do aluno no ensino regular, garantindo-lhe o desenvolvimento cognitivo, social, cultural e afetivo no processo educacional, segundo suas potencialidades. É importante salientar que o AEE não se confunde com reforço escolar e não substitui o ensino regular apenas complementa e suplementa. No Atendimento Educacional Especializado, a avaliação diagnóstica se efetiva através do estudo de caso, visando elaborar um plano de atendimento educacional que respeite a singularidade do educando. O estudo de caso se faz através de uma metodologia de resolução de problemas, que identifica a sua natureza e busca uma solução. Este estudo deve ser realizado pelo professor do AEE em colaboração com o professor do ensino comum e com outros profissionais que trabalham com este aluno no contexto escolar. A avaliação é alcançada em três ambientes principais do aluno: sala de recursos multifuncionais, sala de aula e família. DA FORMAÇÃO E ATRIBUIÇÃO DO PROFESSOR Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica na educação especial, inicial e continuada. São atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado: Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da educação especial.; Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade;
7 Organizar o tipo e o número de atendimento aos alunos na sala de recursos multifuncional; 26 Acompanhar a funcionalidade a a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade. Orientar professores e famílias sobre recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizadas pelo aluno; Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as tecnologias de informação e comunicação, a comunicação alternativa e aumentativa, a informática acessível, o sorobon, os recursos ópticos e não ópticos, os softwares específicos, os códigos de linguagens, as atividades de orientação e mobilidade entre outros, de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia, atividade e participação. Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando a disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares, Promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os serviços setoriais a saúde, da assistência social, entre outros.
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