ONZE ANOS DA LEI MARIA DA PENHA

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1 ONZE ANOS DA LEI MARIA DA PENHA Tamires Matos Bacharelanda em Direito Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá thamy.star19@hotmail.com Brunna Lopes Bento Santos Bacharelanda em Direito Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá brunnalbs21@hotmail.com Juliana Barbosa Santos Bacharelanda em Direito Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá jubarbosas@hotmail.com Agatha Claudio Fonseca Bacharelanda em Direito Universidade de Ribeirão Preto - Campus Guarujá agatha_ax@hotmail.com Resumo: A Lei , de 07 de Agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, cujo objetivo é a criação de mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, foi criada a partir da luta de uma farmacêutica, que sofreu duas tentativas de homicídio, tendo como autor seu marido. Maria da Penha somente viu seu agressor ser condenado 18 anos após ter sido cruelmente agredida e ter ficado paraplégica. A história de Maria da Penha representa a realidade de tantas outras mulheres no Brasil, esse fenômeno atinge todas as camadas sociais, raças e credos, a lei é considerada como a terceira melhor do mundo no combate à violência contra a mulher, considerando isto, o objetivo deste trabalho é constatar a eficácia da lei, através da análise de estatísticas e de sua aplicação. Palavras-chave: Maria da Penha; violência doméstica; eficácia. Área de conhecimento: Humanas. 1. Introdução. Decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, a lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de Em 1983, a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes sofreu duas tentativas de homicídio por ninguém menos que seu então marido, dentro de sua própria casa, em Fortaleza, Ceará. O agressor, Marco Antônio Heredia Viveiros, colombiano naturalizado brasileiro, então economista e professor universitário, atirou contra as costas de Maria da Penha enquanto ela dormia, e posteriormente forjou um

2 assalto, quebrando a janela da cozinha e alegando não possuir arma alguma. O ferimento à bala causou à Maria da Penha paraplegia irreversível. Apenas duas semanas depois do primeiro atentado a sua vida, Penha viria a sofrer a segunda tentativa de homicídio realizada por seu marido, que desta vez tentara eletrocutá-la durante o banho (CUNHA E PINTO, 2008). Ameaças e agressões foram uma constante durante todo o período em que Maria da Penha permaneceu casada com o agressor, foi somente após ser vítima da segunda tentativa de homicídio que Maria da Penha decidiu separar-se. O caso foi julgado por duas vezes, e devido a alegações da defesa de que havia irregularidades, o processo continuou em aberto por 15 anos. A impunidade de seu malfeitor fez com que a vítima procurasse justiça em outros órgãos de competência legítima e, em setembro de 1997, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) recebeu petição sobre o caso, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), juntamente com a vítima, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos junto à OEA. Em abril do ano de 2000, as denúncias foram aceitas e o relatório passou a ser público, exigindo-se providências por parte do governo brasileiro, que por não dispor de mecanismos suficientes e eficientes para proibir a prática de violência doméstica contra a mulher foi acusado de negligência, omissão e tolerância. (OEA, 2001) (...) a Comissão considera conveniente lembrar aqui o fato inconteste de que a justiça brasileira esteve mais de 15 anos sem proferir sentença definitiva neste caso e de que o processo se encontra, desde 1997, à espera da decisão do segundo recurso de apelação perante o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. A esse respeito, a Comissão considera, ademais, que houve atraso injustificado na tramitação da denúncia, atraso que se agrava pelo fato de que pode acarretar a prescrição do delito e, por conseguinte, a impunidade definitiva do perpetrador e a impossibilidade de ressarcimento da vítima (...) (OEA, 2000) Assim, o governo brasileiro se viu obrigado a criar e aprovar um novo dispositivo legal que trouxesse maior eficácia na prevenção e punição da violência doméstica e familiar no Brasil. No mês de março do ano subsequente, há nova audiência sobre o caso na OEA e o governo finalmente apresenta considerações, comprometendo-se a cumprir as recomendações da Comissão. Em setembro de 2002, Marco Antônio Heredia Viveros foi, finalmente, preso 19 anos após o crime. No mesmo ano, houve um Projeto Lei que visava alterar o artigo 129 do Código Penal, aplicando uma pena mais severa caso

3 a lesão corporal fosse praticada por cônjuge ou companheiro; este foi o Projeto Lei nº 6.760/2002. Foi apenas no ano de 2004 que o Projeto Lei nº4.559/2004 começou a tramitar, sendo, posteriormente, convertido na Lei nº /2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em homenagem à luta desta mulher inconformada com a impunidade de seu ex-marido, como disse a então Ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon Alves: Maria da Penha transformou dor em luta, tragédia em solidariedade, merecendo a homenagem de todos dando nome à lei que é, sem dúvida, um microssistema de proteção à família e à mulher. (2006, p. 3) O objetivo desta pesquisa é constatar a eficácia da lei, através da análise de estatísticas e de sua aplicação, para alcançar os resultados desejados utilizamos fontes de pesquisas bibliográficas sobre o tema em livros e revistas, dados e estatísticas de fontes como o IBGE, IPEA e ONU. 2. Desenvolvimento. 2.1 Violência doméstica e suas formas. Caracteriza-se violência familiar contra a mulher, ou violência doméstica, segundo o Art. 7º da Lei nº de 7 de agosto de 2006, popularmente conhecida como "Lei Maria da Penha", qualquer ação ou omissão de caráter físico, psicológico, sexual, patrimonial ou moral, no âmbito de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculos sanguíneo ou familiar, incluindo até mesmo as que frequentam o ambiente de maneira casual. (BRASIL, 2006) Esse tipo de violência tem estado presente na história de todas as sociedades, não escolhe cor, credo ou status, manifestando-se de diversas maneiras, seja através de dependência emocional ou econômica, aproveitando-se também de todas as formas de manipulação. A violência doméstica foi oficialmente reconhecida como um problema de saúde pública, em uma declaração da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, em 2013, acerca do então recente relatório divulgado pela OMS Estimativas globais e regionais de violência contra mulheres: prevalência e efeitos na saúde da violência de parceiros íntimos e violência sexual não parceira (título traduzido). Essas descobertas transmitem uma mensagem poderosa de que a

4 violência contra as mulheres é um problema global de saúde de proporções epidêmicas, declarou Margaret Chan após a divulgação do relatório. No Brasil, a Lei Maria da Penha estabelece detalhes acerca dessas formas de violências, caracterizando violência física como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da vítima. Já violência psicológica entende-se na Lei como qualquer forma de conduta que cause danos emocionais à ofendida, bem como a diminuição de sua autoestima visando o controle de suas ações, seja por ameaça, constrangimento, humilhação, chantagens, ridicularização ou limitação de seu direito de ir e vir, dando exemplos de outras formas de violência psicológica e deixando claro que qualquer outro meio que cause à ofendida prejuízo à sua saúde psicológica e sua autodeterminação enquadram-se no termo, ainda que não tenham sido citados. (BRASIL, 2006) Uma das principais características que diferenciam violência física e psicológica é o fato de que a primeira, em grande parte das vezes, deixa uma marca física visível na ofendida, enquanto que a segunda causa um ferimento interno, sendo utilizadas formas de agressões com palavras e gestos, simples olhares, sem necessidade de contato físico, porém, causando tanto dano quanto a primeira forma. Contudo, as duas formas de violência estão intimamente interligadas, segundo aponta Miller (2002, p.16), o agressor, antes de poder ferir fisicamente sua companheira, precisa baixar a autoestima de tal forma que ela tolere as agressões. Já no que diz respeito à violência sexual de caráter afetivo, ou seja, quando a mulher é abusada por seu próprio cônjuge, parceiro, namorado ou qualquer outra denominação de relação afetiva supostamente mútua, ainda existem dificuldades sociais, até mesmo por parte da própria ofendida, em identificar esse tipo de violência, uma vez que impregnou-se no gênero feminino a ideia de que a mulher tem obrigação de satisfazer sexualmente seu parceiro. A Lei nº /2006 cita exemplos ainda, de formas de violência sexual, de acordo com o artigo 7º, inciso: III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; (BRASIL, 2006)

5 A violência sexual representa uma clara violação dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, sendo considerada, também, uma das formas mais hediondas de violência. (OLIVEIRA, 2007) Outro modo que a Lei formulou como violência, foi a de caráter patrimonial, entendida no inciso IV do artigo 7º da Lei nº /2006 como: (...) qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; (BRASIL, 2006) Deste modo, a violação patrimonial culminada na Lei Maria da Penha dispõe dos mesmos tratamentos que os crimes previstos no Código Penal, como furto (art. 155) e roubo (art. 157), bem como no caso de violência moral, que é entendida como qualquer ato que configure calúnia, difamação ou injúria, previstas no Código Penal nos artigos 138, 139 e 140, respectivamente. Com todas as garantias de proteção e segurança às mulheres no ambiente doméstico e familiar, a Lei Maria da Penha é considerada uma das maiores conquistas das mulheres brasileiras, uma vez que possibilita que agressores sejam presos em flagrante, tenham a prisão preventiva decretada e não pague por seus crimes com meras penas alternativas. Com esta Lei, houve o fim da impunidade do agressor. (ALVES, 2006, p. 4) 2.2 Como a lei é aplicada. A Lei Maria da Penha tem como fundamento principal inibir a ação de violência contra a mulher em seu ambiente doméstico. Ela evidência a proteção e o zelo pela vida humana. Existem muitos desafios a serem conquistados, o aumento dos serviços em redes, a criação de Juizados especializados em violência doméstica, equipes multidisciplinares e programas de previsão e ações governamentais para combater e conscientizar a população sobre o que é violência. (CORTÊS e MATOS, 2008) É importante ressaltar que para uma maior abrangência na aplicação da Lei /2006, foram estabelecidos tipos de violência: Art. 5 o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (BRASIL, 2006)

6 A mulher entender que não só é violência a agressão física aumentaria o número de denúncias, pois, culturalmente, nem sempre se reconhece violência psicológica como crime, e manter relações sexuais em uma relação afetiva ainda é visto como sendo obrigatório, tornando os estupros nos relacionamentos algo muitas vezes difícil de identificar. Qualquer mulher que esteja sofrendo violência doméstica tem o amparo da Lei, especificamente a Lei /2006. Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado. (BRASIL, 2006) As ONGs (Organizações não Governamentais) e o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) investem em ações de prevenção e a auxilio às vítimas, buscando mostrar para as mulheres que elas podem e devem denunciar seus agressores. Entender o conceito do que é violência doméstica e divulgar ele para a população ajudaria na aplicação da lei, constitui-se violência doméstica segundo o artigo 5º: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; I - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. (BRASIL, 2006) O artigo mostra que não necessariamente precisa ter laços sanguíneos ou matrimonias para a lei ser aplicada. Segundo Cunha e Pinto: A mulher em situação de violência doméstica, vê-se, em regra desvalorizada (desprestigiada) no seu (árduo) trabalho doméstico, agredida nesse mesmo espaço sem ter quem a socorra. Isso mostra o quanto é difícil a vítima denunciar seu agressor. (2008, p.47) Um dos problemas em erradicar a violência doméstica segundo Cunha e Pinto é a falta de integração entre os diversos órgãos competentes do aparelho estatal (2008, p.68). Isto mostra como a comunicação é importante e como a sociedade e a União tem papel fundamental no resgaste e bem-estar da vítima e do ambiente familiar onde a vítima se encontra.

7 Empoderar a mulher no sentido de mostrá-la que a denúncia é o único meio de coibir a agressão, divulgando isso nos veículos de comunicação, visto ser a televisão um veículo de comunicação que abrange uma grande massa em todas as esferas sociais. Segundo Eugenio Raúl Zaffaroni: Uma novela que representasse uma mulher vítima de frequente agressões praticadas pelo marido mais fosse capaz de reagir, procurando uma delegacia especializada e valendo-se da proteção legal, teria seu efeito positivo, (2009, p.71) Em busca de reduzir as agressões e tornar o réu integralmente responsável por seus atos, também para diminuir as retiradas de queixa por ameaça de seu agressor a Lei /2006 criou mecanismos para dar suporte e segurança a vítima como nos artigos citados: Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. (BRASIL 2006) E no artigo 17 da mesma Lei: É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. (BRASIL, 2006) Sendo assim, diminuem a banalização das agressões e tornam as penas mais rígidas, as quais tiram do agressor o direito de viver em sociedade temporariamente, e interdição temporárias de direitos. 2.3 As estatísticas da violência doméstica contra mulher. Analisando o impacto da lei, sobre a taxa de mortalidade de mulheres devido a agressões, em um levantamento feito por Garcia, Freitas, Silva e Höfelmann (2013), que estudou os índices de 2001 a 2011, ou seja, antes e depois da criação da lei, averiguou-se que no período estudado não houve redução das taxas anuais de mortalidade, apenas em 2007, imediatamente após a vigência da lei, observou-se um pequeno decréscimo. Gráfico 1 - Mortalidade

8 Fonte: IPEA apud Garcia, Freitas, Silva e Höfelmann, 2013, p.01. De acordo com uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres, no Brasil, 40% das mulheres já sofreram violência doméstica em algum momento de sua vida, 66% dos brasileiros presenciaram uma mulher sendo agredida física ou verbalmente em O Brasil é o 5º colocado, em um ranking que estudou a incidência do feminicídio em 83 países, ou seja, a cada duas horas, uma mulher é assassinada no país, a maioria por homens com os quais têm relações afetivas. Segundo um levantamento realizado pelo, Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA) em 2015, Avaliando a efetividade da Lei Maria da Penha, a lei fez diminuir cerca 10%, da projeção de aumento da taxa de homicídios domésticos. As Causas relacionadas ao resultado estão relacionadas ao aumento da pena para o agressor e maior empoderamento feminino, antes da Lei, os casos de violência doméstica eram tratados como crimes de menor poder ofensivo, que eram punidos apenas com a distribuição de cestas básicas ou multa. (IPEA, 20015, p.08) Para o Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada: Consideramos que a LMP afetou o comportamento de agressores e vítimas por três canais: i) aumento do custo da pena para o agressor; ii) aumento do empoderamento e das condições de segurança para que a vítima pudesse denunciar; e iii) aperfeiçoamento dos mecanismos jurisdicionais, possibilitando ao sistema de justiça criminal que atendesse de forma mais efetiva os casos envolvendo violência doméstica. A conjunção dos dois últimos elementos seguiu no sentido de aumentar a probabilidade de condenação. Os três elementos somados fizeram aumentar o custo esperado da punição, com potenciais efeitos para dissuadir a violência doméstica. (2015, p.32) De acordo com os números de uma pesquisa feita pelo Datafolha, publicados na Revista Exame (2017), no último ano, uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de agressão, em grande parte das ocorrências o agressor era é um conhecido 61%

9 dos casos, em cerca de 20% eram companheiros atuais das vítimas e em 16% eram ex-companheiros. Em relação às agressões mais graves, aproximadamente 43%, aconteceram dentro da casa da vítima. A pesquisa mostrou ainda que 52% das mulheres que sofreram violência, não denunciaram o agressor. 2.4 Os serviços especializados integrantes da rede de proteção e o atendimento à mulher vítima de violência. A lei /2006, em seu Art. 8º diz que: A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não governamentais. (BRASIL, 2006). A partir daí, foi estabelecida a necessidade de se estruturar uma rede de atendimento às mulheres, para protegê-las e evitar que sofressem qualquer tipo de violência doméstica. Para tanto, mulheres vítimas de violência doméstica precisam ter acesso aos serviços e atividades que seriam desenvolvidas pelo poder público e pela sociedade, conforme também estabelece a Lei nº /2006: Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências: I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar; II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar; III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar; IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar; V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. (BRASIL, 2006) Entretanto, uma auditoria operacional realizada pelo TCU Tribunal de Contas da União, apud, Gusmão, Silva, Lomeu e Barbosa (2014, p.66), com o objetivo de avaliar a estruturação de serviços especializados de atendimento às mulheres em situação de violência doméstica, analisou os equipamentos como os centros de referência, casas de abrigo, delegacias, juizados e promotorias especializadas. No estudo, foram constatadas deficiências em todos os aparelhos da rede, em relação à estrutura, déficit do quantitativo dos servidores, atividades de apoio, atividades

10 especializadas, necessidade de conscientização sobre as questões de gênero de todos os atores que fazem parte da rede de atendimento. 3. Conclusão. Através dos estudos realizados, podemos concluir que a Lei oferece dispositivos para combater a violência doméstica contra a mulher, porém os índices de mulheres que sofreram algum tipo de violência doméstica, antes e depois da criação da lei não diminuiu, pelo contrário eles aumentaram a cada ano, fato que pode estar atrelado a um maior empoderamento feminino, entretanto se faz necessário um maior investimento em políticas públicas voltadas a educação como forma de transformar a cultura que torna agressão contra a mulher de algo normal, para algo inaceitável. Há também a necessidade de uma melhor estruturação dos serviços de atendimento à mulher vítima de violência, os centros de referência, casas de abrigo, delegacias, juizados e promotorias especializadas, especializando as equipes de atendimento multidisciplinar para melhor acolhimento a vítima. 4. Referências. ALVES, Eliana Calmon. A Lei Maria da Penha. Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 18, n. 1, jan./jun Disponível: < stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informativo/article/view/446> acesso em: 1º de dezembro de 2017 CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica: Lei Maria da Penha (Lei /2006) comentada artigo por artigo. 2ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais. GUSMÃO, Gisele de Cássia; SILVA, Jane Viviane da; LOMEU, Kellen Kaiser; BARBOSA, Warlem Freire. Lei Maria da Penha: uma análise da eficácia da estruturação dos serviços especializados integrantes da rede de proteção e atendimento à mulher vítima de violência previstos na Lei nº /2006. (p.65), v.3, nº 1, fev Disponível: < arquivos_up/ artigos/a16.pdf> acesso em: 28 de novembro de 2017 GARCIA, Leila Posenato; FREITAS, Lúcia Rolim Santana de; SILVA, Gabriela Drummond Marques da; HÖFELMANN, Doroteia Aparecida. Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil Disponível: < images/stories/pdfs/130925_sum_estudo_feminicidio_leilagarcia.pdf > acesso em: 28 de novembro de 2017

11 IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Avaliando a efetividade da Lei Maria da Penha, Disponível: < stories/pdfs /TDs/td_2048k.pdf> acesso em: 28 de novembro de 2017 MILLER, L. Protegendo as mulheres da violência doméstica. Seminário de treinamento para juízes, procuradores, promotores e advogados no Brasil. Trad. Osmar Mendes. 2.ed. Brasília: Tahirid Justice Center, OEA, Organização dos Estados Americanos e Comissão Interamericana de Direitos Humanos, RELATÓRIO ANUAL 2000, RELATÓRIO N 54/01, CASO MARIA DA PENHA MAIA FERNANDES, BRASIL 4 de abril de Disponível: < acesso em: 3 de dezembro de 2017 OLIVEIRA, Eleonora Menicucci de. Fórum Violência Sexual e Saúde: Introdução. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, p , Disponível: < acesso em: 1º de dezembro de 2017 ONU, Organização das Nações Unidas. Violência contra a mulher custa US$ 1,5 trilhão ao mundo, alerta ONU no Dia Laranja Publicado em 25/05/2017. Disponível: < acesso em: 29 de novembro de 2017 SANTOS, Bárbara Ferreira. Os números da violência contra mulheres no Brasil Pesquisa do Datafolha divulgada hoje mostra que uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de violência no Brasil no último, publicado em 08/03/2017, REVISTA EXAME. Disponível: < acesso em: 29 de novembro de Dispositivos Legais. BRASIL, Código Penal. DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE Disponível: < acesso em: 2 de dezembro de BRASIL, Lei nº , de 7 de agosto de Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, (...) e dá outras providências. Disponível:< acesso em: 1º de dezembro de 2017.

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