Regiões De destaque. Vitivinicultura brasileira: um panorama geral 54,29%

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1 Regiões De destaque No Brasil, 13 regiões se destacam como tradicionais na atividade de vitivinicultura. Serra Gaúcha Planalto Serrano e Vale do Rio do Peixe Centro e Norte do RS Fronteira Norte de Minas Gerais Noroeste de São Paulo Sul de Minas Gerais Sudeste de São Paulo Planalto Norte e Carbonífera Serra do Sudeste Vale do sub-médio são francisco Subtropical Temperada Tropical Campos de Cima da Serra Outros novos polos vitivinícolas estão surgindo em diferentes regiões do País, seja sob condições temperadas, tropicais ou subtropicais (IBRAVIN, 2013). A região Sul É responsável por mais da metade da produção nacional de uva Observando a produção nacional de uvas (toneladas) por estado, torna-se nítido o destaque do Rio Grande do Sul como o maior produtor do País, que se somado à de Santa Catarina, faz com que a região Sul seja responsável por mais da metade da produção nacional de uva. As outras fatias significativas são oriundas de São Paulo, seguido por Pernambuco. 4,40% 13,64% 5,49% 17,26% 4,26% Produção (t) RS 830, 286 SP 264, 022 Pe 208, 660 PR 83, 948 Distribuição da produção de uvas no Brasil por UF fonte: IBGE () 0,65% SC 67, 321 BA 65, 176 MG 9, ,29% Esta grande representatividade do Rio Grande do Sul, associado à produção vitivinícola, em grande parte é pautada na influência de imigrantes europeus italianos, que colonizaram a região. O Sul foi pioneiro na implantação tanto dos sistemas de produção de uvas para vinhos, quanto para o processamento dessa bebida. A produção de vinho na região Sul foi iniciada em regiões como o Vale dos Vinhedos, onde estão presentes vinícolas nacionais tais como a Miolo, Salton, Cooperativa Aurora, Casa Valduga e outras multinacionais como a Forestier e Chandon do Brasil. Atualmente o setor vitivinícola representa 1% do PIB do Rio Grande do Sul, sendo considerada uma atividade muito importante para o estado.

2 PERFIL DO CONSUMO E PROCESSAMENTO O perfil do consumo per capita, para os estados que terão cidades-sede durante a Copa do Mundo da FIFA 2014, pode ser analisado para as regiões com o maior consumo: *Litros por habitante/ano 4,8 3,95 3,20 2,36 2,12 fonte: conab Rio Grande do Sul São Paulo Paraná Rio de Janeiro Média nacional Durante o Seminário de Tributação e Competitividade do Setor Vitivinícola, ocorrido em Brasília, em março de 2013, foi mostrado que os impostos que incidem sobre o vinho podem chegar a 67% no País. Diferente dos países europeus, onde o produto é taxado como alimento, no Brasil, o vinho é incluído no hall das bebidas alcoólicas. No Uruguai, os encargos pagos pelo consumidor ficam entre 22% e 23% e na Argentina giram entre 30% e 35% - conforme exposição feita durante Produção, e Consumo per capita dos principais países do mundo * Produção (bilhões em Litros) * Consumo per capita (em Litros) Fonte: Wine Institute () frança 1 4, ,7 estados unidos 4 2,65 espanha 3 3,6 portugal 6 41,81 o evento por representantes da Corporación Vitivinicola Argentina (Coviar) e do Instituto Nacional de Vitivinicultura do Uruguay (Inavi). Este fato, associado ao clima tropical do país e a cultura da população, provoca níveis de produção e consumo per capita muito baixos, quando comparados com países do Mercosul e europeus. No mapa abaixo foi realizada uma comparação entre os principais consumidores mundiais de vinho per capita e o Brasil. luxemburgo 3 52,46 itália 2 4,58 42,15 5 argentina Brasil 5 1,6 17 0, , ,79 chile 9 0,88 18,78 32

3 Consumo de vinhos espumantes e champanhe pode dobrar no Brasil Segundo pesquisa realizada pela TNS Global, em agosto de, constatou que o consumo de champanhe e vinhos espumantes pode dobrar no Brasil. Entre todos os 17 países investigados, o Brasil é o segundo mercado em potencial de crescimento, empatado com a África do Sul. A Espanha foi a única em que o consumo da categoria deve cair, cerca de 0,4% no share de consumo. De acordo com a pesquisa, na média global, o champanhe e outros vinhos espumantes têm potencial para aumentar a sua participação nas ocasiões de consumo de 5,1% para 7,8% - se todos os entrevistados tivessem a possibilidade de consumir essas bebidas. Potencial próximo ao do Brasil, onde o consumo atual é de 3,5%, mas pode chegar a 7,7%. Champanhe e vinhos espumantes ¹ O share representa a penetração da categoria entre os consumidores Nigéria Brasil África do Sul Reino Unido Holanda EUA Rússia China França Alemanha Índia Turquia Austrália Polônia Espanha Global Share atual¹ 3.6 % 3.5 % 2.4 % 5.0 % 2.8 % 3.5 % 8.1 % 0.7 % 12.5 % 9.9 % 0.4 % 2.8 % 7.6 % 4.5 % 8.7 % 5.1 % Potencial de crescimento % % % % % % % % % % % % +1.7 % % % % Além do vinho, outros produtos vitivinícolas são feitos, como é possível perceber do montante de 579 milhões de litros produzidos no Rio Grande do Sul. destino da produção vitivinícola no rio grande do sul: fonte: Embrapa Uva e Vinho (2013) 37% vinho de mesa 32% suco concentrado 16% mostro simples 9% 5% 1% outros vinho fino 83% tinto 16% branco 1% rosado 48% tinto 51% branco 1% rosado suco de uva integral É importante ressaltar, que além do Brasil não ser um país em que o vinho é a bebida nacional, como no caso de Argentina e Chile, o alto custo associado ao produto intensifica o baixo consumo per capita observado, o que limita o sucesso das ações de incentivo para o seu aumento.

4 Em, houve aumento de 16,28% no valor das importações. Para todos os anos expostos ( 2013) é possível notar o saldo negativo entre exportações e importações de vinhos de uvas frescas, provavelmente, fruto da crescente demanda do mercado interno. O preço médio dos vinhos importados foi de US$ 3,54/L, em. Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a balança comercial para vermutes possui valores positivos nos últimos anos, o que mostra a capacidade de abastecimento do mercado externo e a baixa demanda interna por este tipo de produto. Em, cerca de 75,05 milhões de litros de vinhos finos foram importados, o que representa 75,26% do vinho fino comercializado no Brasil. Segundo a pesquisadora da Embrapa, Loiva Maria Ribeiro de Mello, o vinho fino nacional, embora tenha melhorado em qualidade, conquistado muitas medalhas no exterior e ganhado espaço na mídia, não está conseguindo retomar a fatia de mercado perdida para os importados. Importações e Exportações do Brasil (-) Vinhos de uvas frescas (incluídos os vinhos enriquecidos com álcool; mostos de uvas) Vermutes e outros vinhos de uvas frescas (aromatizados por plantas ou substâncias aromáticas) Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo Fonte: MDIC () Mesmo com a tributação elevada, o Brasil tem importado cada vez mais vinhos, a exemplo do que ocorreu em com os patamares da importação.

5 importação Segundo João dos Santos Bizelli e Ricardo Barbosa, autores do livro Noções Básicas de Importação, de 2002, os motivos que levam um país a importar variam entre a busca pela redução de custos, formas de pagamento diferenciadas, preço competitivo, maior qualidade, inovação tecnológica, inexistência de similar nacional, exigência do cliente, prazo de entrega, acordos comerciais, conceito de marca, entre outros. Abaixo estão dispostos alguns dos países que o Brasil mais importa vinho, sendo os dois primeiros, países do Mercosul, (Chile e Argentina) seguido por dois grandes produtores mundiais, Itália e Portugal. 2% Feiras e Eventos no brasil 4% 1% A maior parte das feiras e eventos no Brasil encontra-se nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul. Muitas destas feiras e eventos não são periódicos, o que muitas vezes resulta na sua descontinuidade. Alguns dos principais são: World Wine Experience ExpoVinis 6% 13% Principais exportadores de vinhos para o Brasil fonte: MDIC () 39% Malbec Wine Day União dos Grands Crus de Bordeaux 15% Adega Alantejana Descobrindo os Vinhos de Bourgogne Vitoria ExpoVinhos Fenavinho 20% Top Italian RoadShow Gambero Rosso Encontro de Vinhos Off Festa da Colheita Wine Tour Interfood Todovino chile argentina itália portugal frança espanha uruguai África do sul

6 Oportunidades e desafios do setor vitivinícola Vitivinicultura brasileira: Criar competências para produzir um produto de qualidade internacional é a meta das vinícolas brasileiras que produzem vinhos varietais. Através de um gerenciamento eficaz da cadeia produtiva, aliada às estratégias de marketing, estas empresas nacionais de pequeno e médio porte vêm buscando ampliar um mercado Artesãs no Pontal da Barra, em Maceió bastante restrito. O consumo de vinho no país esbarra ainda na falta de informação do consumidor, condições climáticas e, principalmente, na restrição da renda do brasileiro. Porém, nas faixas de renda elevadas, existe potencial para substituir o vinho importado pelo vinho nacional de boa qualidade. Na principal região produtora de uvas no Brasil, a Serra Gaúcha, a vitivinicultura está fortemente ligada ao turismo, mas segundo o Ibravin alguns aspectos positivos e negativos devem ser considerados como forças e oportunidades, bem como desafios e ameaças. Neste sentido o Ibravin cita como forças e oportunidades no setor vitivinícola, os seguintes pontos: Por outro lado, o próprio Ibravin coloca alguns desafios e ameaças, que são: Crescimento da classe C no Brasil, que representa mais de 50% da população, conforme o IBGE; Vinho é novidade e sinônimo de status, pois o Brasil tem ampla variedade de marcas mundiais no mercado. Porém a bebida é assunto novo. Nem 10% da população consome vinho; 90% desse consumo corresponde à vinhos de mesa/ comuns. A maioria entende apenas: brancos e tintos ou secos e suaves. Saber de vinho virou assunto em escritórios, universidades, grupos de amigos e visitar vinícolas é moda entre jovens. Economia da experiência: viver sensações com o vinho. Remeter-se à infância, provar o gosto da casa da vó, dos produtos coloniais, ter contato com natureza, entre outros. Melhoria da imagem do país no exterior e câmbio favorecido, pois o Brasil é visto como potência econômica, não só como consumidor, mas fornecedor. O mundo quer conhecer o Brasil, seus produtos e sabores e se surpreende quando vê a qualidade dos destinos de enoturismo. Vinho é saúde, não apenas é benéfico por seus componentes, mas pelo efeito relaxante e desestressante de passeios, aprendizado e bem-estar. As regiões enoturísticas estão em locais tranquilos. A criação de atrativos vinculando caminhadas, passeios de bicicleta e outras opções saudáveis pode ser ferramenta para novos negócios, preservação do meio ambiente e valorização da paisagem. Novos investimentos, pois registra-se o movimento de novos investidores, pessoas que não são do meio vitivinícola e passam a investir neste segmento. Concentram-se em vinhos de alta gama. Valorizam paisagem e arquitetura. Desconhecimento da população sobre os vinhos e destinos enoturísticos brasileiros: segundo entrevistas realizadas por confrarias e associações de vinhos, as três únicas regiões brasileiras citadas foram: Serra Gaúcha, Vale do Rio São Francisco e Serra Catarinense. Turismo não é visto com profissionalismo pelo setor: há desconhecimento do aspecto profissional do turismo por parte dos empresários. Gestão e marketing em rede virtual: exceto as da Serra Gaúcha (por meio de associações e empresas privadas), há pouco marketing na internet. Mesmo com o poder desta mídia, parte das rotas não tem site, não estão em redes sociais e têm com pouca relação com ferramentas de busca. Não há conhecimento sobre newsletters nem organização de banco de dados.

7 AÇÕES RECOMENDADAS Diante do exposto, produtores e possíveis investidores do setor vitivinícola, devem olhar para estados como o Rio Grande do Sul principalmente, São Paulo e Pernambuco, durante a Copa do Mundo da FIFA 2014 para aproveitar os pontos positivos mencionados nesta resposta técnica e evitar as ameaças relacionadas ao setor. Turistas de países como Inglaterra, EUA e Alemanha - os principais exportadores de vinho para o Brasil, e participantes tradicionais do Mundial caso classificados, poderão aumentar o lucro no segmento. O pequeno empreendedor terá a oportunidade, se previamente preparado, de apresentar o setor vitivinícola aos turistas estrangeiros, com venda de pacotes de turismo relacionados e visitas em vinícolas, comércio e divulgação de produtos em aeroportos, bares e restaurantes, sempre expondo o melhor do vinho nacional, em termos de sabor, de apelo social e ambiental. É no contexto socioambiental que os vinhos produzidos no Nordeste brasileiro deveriam ser apresentados. Isso tornaria ainda mais atrativas as visitas em vinícolas da região e o consumo de vinho durante o evento. Um aspecto positivo para as regiões Sul e Sudeste é o clima, que apresentará temperaturas baixas durante o megaevento, o que certamente será mais um motivo para a ingestão de vinhos, oportunizando a divulgação e o conhecimento. Dessa maneira, programação em redes sociais, com pacotes de turismo enológico, programas de desconto para bares e restaurantes, associados com a Copa do Mundo da FIFA 2014, são estratégias de marketing que o empreendedor de pequeno negócio deve estar atento. Além disso, a previsão de produção deve estar pautada no aumento do consumo, visto a grande quantidade de pessoas entrando no País, o que demanda programação das quantidades importadas e exportadas, de modo a manter o estoque nacional compatível com as necessidades futuras. Neste último quesito, existe uma brecha interessante para entrada de novos empreendedores, no sentido de fortalecer o mercado vitivinicultor, que nos dias atuais têm trabalhado muito para manter a crescente demanda. SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões Diretor-Presidente: Luiz Barretto Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos UAMSF - Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros UAGRO - Unidade de Atendimento Coletivo - Agronegócio - Enio Queijada de Souza Conteúdo: Knowtec Ltda. - João Ricardo Rebouças Dórea Fotos: Banco de Imagens