Análise econômica de cultivos consorciados de grupos de alface x rúcula, em duas épocas, Jaboticabal-SP.

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1 Análise econômica de cultivos consorciados de grupos de alface x rúcula, em duas épocas, Jaboticabal-SP. Caciana Cavalcanti Costa 1 ; Bráulio Luciano Alves Rezende 2 ; Arthur Bernardes Cecílio Filho 3 ; Maria Inez Espagnoli Geraldo Martins 4. 1 Pós graduanda do Programa Agronomia (Produção Vegetal), Bolsista CNPq, caciana@fcav.unesp.br, 2 Pós graduando do Programa Agronomia (Produção Vegetal), 3 Prof. Dr., Depto. Produção Vegetal, rutra@fcav.unesp.br, 4 Profa. Dra. Depto. Economia Rural. FCAV-UNESP, Via de acesso Prof. Paulo D. Castellane, s/n, Jaboticabal SP. RESUMO Este trabalho foi conduzido na UNESP, Jaboticabal-SP, no período de maio a agosto e de setembro a novembro de 2001, com objetivo de avaliar economicamente o cultivo consorciado de alface e rúcula no outono-inverno e na primavera. A determinação dos custos de produção dos cultivos consorciados foram realizados com base na metodologia do custo operacional de produção, com valores referentes aos meses de maio e setembro de Os custos de produção dos cultivos consorciados entre a rúcula e a alface do grupo crespa, lisa e americana, respectivamente, foram estimados em R$ 4.652,13, 4.533,49 e 4.097,25/ha (outono-inverno) e R$ 4.691,41, 4.614,75 e 4.164,52/ha (Primavera). As maiores receitas líquidas foram constatadas com os consórcios estabelecidos aos 7 dias após o transplantio (DAT), composto de rúcula e alface americana no outono-inverno e entre a alface lisa e a rúcula na primavera e foram sempre maiores do que as dos monocultivos, coincidindo, no outono-inverno, com os maiores índices de UETs (Uso eficiente da terra). Palavras-chave: Lactuca sativa, Eruca sativa, custo de produção, cultivo consorciado, rentabilidade. ABSTRACT Economic analysis of the intercropping of lettuces and rocket in two times Jaboticabal-SP. This work was carried out at UNESP, Jaboticabal-SP, in the period of May to August and September to November period 2001, with objective of evaluating economically the intercropping cultivation of rocket and lettuce, in the autumn-winter and spring. The determination of the production cost of the intercropping cultivation was accomplished based on the methodology of the operational cost of production, in May and August Production

2 costs intercropping between rocket and lettuce of the 'Vera', 'Elisa' and 'Tainá', respectively, were R$ , and /ha (autumn-winter) and R$ , and /ha (Spring). The largest liquid revenues were verified with the established intercropping to the 7 days after the transplant (DAT), composed of rocket and 'Tainá' in autumn-winter and among the 'Elisa' and the rocket in the spring and were always larger than the monocultures, coinciding, in the autumn-winter, with the largest indexes of LEUs (land efficiente use). Keywords: Lactuca sativa, Eruca sativa, production cost, intercropping, profitability. O cultivo consorciado de hortaliças vem sendo estudado por apresentar, em muitos casos, vantagens agroenômicas (Cecílio Filho e May, 2002; Catelan, 2002; Singh e Srivastava, 1981), sobre os seus monocultivos. Porém, para maior segurança na recomendação deste sistema de cultivo é necessário à realização da análise econômica de experimentos, pois as hortaliças componentes do cultivo consorciado apresentam variação de preço e no custo de produção ao longo do ano, podendo corroborar ou não, o sucesso do cultivo consorciado, indicado pelo índice de eficiência da terra (Catelan, 2002). Neste sentido, o presente trabalho objetivou realizar a análise econômica de grupos de alface em consórcio com a cultura da rúcula, em duas épocas de cultivo. MATERIAL E MÉTODOS As informações sobre as produções das culturas de alface e rúcula, em monocultivo e em consorciação, foram obtidos em Costa et al. (2004a) e Costa et al. (2004b). Os experimentos foram conduzidos na UNESP, campus Jaboticabal-SP, em duas épocas de cultivo, maio a agosto (outono-inverno) e setembro a novembro (primavera) de 2001, sob delineamento em blocos casualizado, com quatro repetições. Os 21 tratamentos constaram das combinações dos fatores: grupos de alface (crespa, lisa e americana) sistemas de cultivo (consórcio e monocultivo) e épocas de estabelecimento do consórcio (zero, 7 e 14 DAT - dias após o transplantio da alface). Foram utilizadas as cultivares Vera, Elisa e Tainá, dos grupos crespa, lisa e americana, respectivamente. O solo, classificado como Latossolo Roxo Eutrófico, foi preparado com aração, gradagem e em seguida utilizou-se roto-encanteirador para o preparo dos canteiros. De acordo com a análise de solo não foi necessário fazer a correção do solo e adubação de plantio. A adubação de cobertura foi realizada seguindo a recomendação para o estado de São Paulo (Raij et al.,1997), para a cultura da alface e foi aplicado 2,58 g gramas de N por planta de alface e 8 g por metro na cultura da rúcula. Foi utilizada uréia como fonte de

3 nitrogênio, parcelada em três vezes, aos 10, 20 e 30 DAT da alface e aos 7, 14 e 21 dias após a emergência das plântulas de rúcula. As mudas da alface crespa e lisa foram transplantadas no espaçamento de 0,30 x 0,30 e da americana com 0,40 x 0,30 m. A rúcula foi semeada de acordo com o tratamento, nas entrelinhas da alface, ficando após o desbaste espaçadas a cada 5 cm, aproximadamente. Na primeira época de plantio a colheita da alface Vera, Elisa, Tainá e da rúcula ocorreram, respectivamente, aos 40, 40, 52 dias do transplantio (DAT) e 35 dias após a semeadura (DAS), e na segunda época, aos 40, 40, 48 dias do transplantio (DAT) e 35 dias após a semeadura (DAS). O custo de produção foi realizado mediante a utilização da metodologia proposta por Matsunaga et al. (1976), a qual é utilizada pelo Instituto de Economia Agricola IEA, porém vale ressaltar que os custos de transporte e comercialização não foram inclusos. Para o cálculo da receita bruta, considerou-se o preço real praticado na CEAGESP, no dia da colheita. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com as informações constantes na Tabela 1, o custo de operação total (COT) para produção do cultivo consorciado, na época do outono-inverno, foi estimado em R$ 4.652,13, 4.533,49 e 4.097,25/ha, respectivamente, para a alface do grupo crespa, lisa e americana. O COT foi compostos de R$ 2.939,96, 2.939,96 e 2.665,01/ha de custos com operações (mão-de obra e máquinas e implementos), de R$ 1.471,05, 1.352,41 e ,56/ha com insumos e materiais, e de R$ 241,12, 241,12, e 223,69,42/ha com os itens de depreciação. Para época da primavera (Tabela 1), COT foi estimado para o grupo crespa, lisa e americana, respectivamente, em R$ 4.691,41, 4.614,75 e 4.164,52/ha, distribuído em R$ 2.964,79, 2.969,79 e 2.687,26/ha para os custos com operações, R$ 1.463,49, 1.386,82 e 1.233,84/ha com insumos e materiais e R$ 263,13, 263,13 e 244,42/ha com os itens de depreciação. Os custos com operações equivaleram a aproximadamente 60% do custo total, sendo que desta porcentagem, cerca de 85% corresponde ao custo com mão-de-obra empregada, sendo que a maior quantidade de horas foi despendida com as atividades ligadas à colheita e pós-colheita (lavagem, classificação e acondicionamento). Dependendo da época de cultivo e do grupo de alface empregada no consórcio, o gasto com semente encontra-se entre 24 a 36,4% do custo com insumos e materiais e de

4 aproximadamente a 7,0 a 11,00% do custo operacional total, sendo na época da primavera encontrada os maiores custos. As maiores receitas líquidas foram constatadas com os consórcios estabelecidos até os 7 DAT, principalmente quando o consórcio foi composto de rúcula e alface americana (R$ ,31/ha aos 7 DAT) no outono-inverno, correspondendo a um aumento de 25,05% e 151,63% na renda obtida com o monocultivo de alface (R$ ,73/ha) e de rúcula (R$ ,83/ha), respectivamente. Na primavera a maior renda foi atingida com o consórcio estabelecido entre a alface lisa e a rúcula (R$ ,29/ha) aos 7 DAT, superando em aproximadamente 97% o monocultivo da alface (R$ 23,497,95) e em 73% o monocultivo da rúcula (R$ ,88). As receitas líquidas dos consórcios foram sempre superiores às obtidas pelos monocultivos, em 1 hectare cultivado, com exceção do consórcio da alface lisa aos 14 DAT no outono-inverno. Neste período, a maior receita líquida foi obtida pelo consórcio alface americana e rúcula (R$ ,31/ha), cerca de 67% e 40% superior aos melhores resultados obtidos com alface crespa e lisa, respectivamente. Para os três consórcios, as maiores receitas líquidas foram observadas onde, também, haviam os maiores índices de UET. A superioridade da rentabilidade do cultivo consorciado estabelecido com alface americana deve ser atribuído à maior produtividade apresentada, cerca de 37,5 t/ha, em relação às apresentadas pela crespa (15,8/ha) e lisa (16,7/ha). No cultivo da primavera, exceção feita ao cultivo consorciado com alface crespa, em que verificou-se melhor renda líquida quando o consórcio foi estabelecido com a semeadura da rúcula na mesma época do transplantio da alface, para com alface lisa e americana maiores receitas líquidas foram obtidas com semeadura da rúcula aos 7 DAT da alface. Para as três situações, as maiores rentabilidades não foram observadas em concordância aos maiores índices de UET. A divergência dos resultados observados entre as duas épocas de cultivo quanto a observação ou não das melhores rentabilidades associadas aos maiores UETs se deve ao valor das hortaliças e a participação destas na composição do UET. Na maioria dos casos, exceto o consórcio com a alface crespa aos 7 dias na primavera, pode-se notar que a maior rentabilidade foi constatada em consórcios onde obteve-se maior produção de rúcula, enquanto que o índice UET leva em consideração o desempenho de ambas culturas (produção/área). Tabela 1. Produtividade (PROD), Preço, Índice de uso eficiente da terra (UET), receita bruta (RB), custo operacional total (COT), receita líquida (RL) e taxa de retorno (TR), em função das épocas de plantio,

5 grupos de alfaces, sistemas de cultivo e das épocas de estabelecimentos do consórcio. UNESP, Jaboticabal-SP, 2004.Erro! Vínculo não válido. 1 Dias após o transplantio da alface; 2 Produção por planta x população; 3 Proposta por Willey (1979) U.E.T. = (Yab/Yaa) + (Yba/Ybb), Yab é a produção da cultura "a" em consórcio com a cultura "b"; Yba é a produção da cultura "b" em consórcio com a cultura "a"; Yaa é a produção da cultura "a" em monocultivo e Ybb é a produção da cultura "b" em monocultivo; 4 RB=Produções x preço do dia da colheita; 5 RL= RB- COT; 6 RL= RB/COT. LITERATURA CITADA CATELAN, F. Análise econômica dos cultivos consorciados de alface americana x rabanete e beterraba x rúcula em Jaboticabal-SP f. Monografia (Monografia graduação). FCAV. UNESP, Jaboticabal-SP. CECILIO FILHO, A.B.; MAY, A. Produtividade das culturas de alface e rabanete, em função da época de estabelecimento do consórcio. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 3, p , setembro, COSTA, C.C.; CECÍLIO FILHO, A.B.; GRANGEIRO, L.C. Produtividade de cultivares de alface em função da época de estabelecimento do consórcio com rúcula, no outono-inverno de Jaboticabal-SP. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43., Recife. Anais eletrônicos... Recife:SOB, Disponível em:<http// Acesso em abril 2004a. COSTA, C.C.; CECÍLIO FILHO, A.B.; GRANGEIRO, L.C. Produtividade de cultivares de alface em função da época de estabelecimento do consórcio com rúcula, na primavera de Jaboticabal-SP. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43., Recife. Anais eletrônicos... Recife:SOB, Disponível em:<http// Acesso em abril 2004b. MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P. F.; TOLEDO, P. E. N. de; DULLEY, R. D.; OKAWA, H.; PEDROSO, I. A. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.23, n.1, p , RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo, 2 ed. Campinas: Instituto Agronômico & Fundação IAC, p. SINGH, S; SRIVASTAVA, V.K.A. A note on the economics of intercropping in autumn grown tomato. Haryana j. Hortic., v. 10, n. 3-4, p , WILLEY, R. W. Intercropping: its importance and research needs. Part 1=Competition and yield advantages. Field Crops Abstract; v.32, n.1, p.1-10, 1979.