FUNGO ENTOMOPATOGÊNICO Metarhizium anisopliae REDUZ A SOBREVIVÊNCIA DE COCHONILHAS Dysmicoccus brevipes
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- Sérgio Estrela Vilanova
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1 FUNGO ENTOMOPATOGÊNICO Metarhizium anisopliae REDUZ A SOBREVIVÊNCIA DE COCHONILHAS Dysmicoccus brevipes Welington Sérgio Silva Idalino, Adriano Rodrigues de Paula, Marlon Altoé biazatti, Anderson Ribeiro, Cátia Oliveira de Paula Morais, Luciana Aparecida Rodrigues, Richard Ian Samuels Universidade Estadual do Norte Fluminense - Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Laboratório de Entomologia e Fitopatologia, Av. Alberto Lamego, 2000, Campos dos Goytacazes-RJ. welington.sergio@hotmail.com Resumo - A cochonilha do abacaxi Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) (Hemiptera: Pseudococcidae) é uma praga que causa elevados prejuízos à abacaxicultura nacional e mundial. O constante uso de inseticidas químicos pode causar a resistência desse inseto, com isso novas abordagens precisam ser investigada. O presente trabalho teve o objetivo de verificar a infecção de ninfas de D. brevipes com o fungo Metarhizium anisopliae em condições de laboratório. O fungo foi pulverizado via Torre de Potter (Burkart Ltd. UK) nas ninfas que foram mantidas em camara climatizada (Marca FANEM). A taxa de sobrevivência foi avaliada diariamente por 7 dias. A taxa de sobrevivência das ninfas infectadas com M. anisopliae foi de 30%, enquanto o tratamento controle apresentou 78% de insetos vivos. Portanto o fungo M. anisopliae reduziu a sobrevivência de ninfas de D. brevipes em condições de laboratório. Esse estudo visa futuramente desenvolver um método de um controle biológico de D. brevipes utilizando fungos entomotogênicos em condições de semicampo e no campo. Palavras-chave: Dysmicoccus brevipes; Fungo entomopatogênico; Metarhizium anisopliae. Área do Conhecimento: Ciências Biológicas. Introdução A cochonilha do abacaxi, Dysmicoccus brevipes (COCKERELL, 1893) (Hemiptera: Pseudococcidae), também conhecida por piolho branco, cochonilha pulverulenta-do-abacaxi, cochonilha-da-raiz, cochonilha farinhosa ou piolho farinhento, é uma praga que causa elevados prejuízos à abacaxicultura nacional e mundial, por estar estreitamente relacionada a uma doença possivelmente de origem virótica, conhecida como 'murcha do abacaxi'. Está disseminada em todos os países onde o abacaxizeiro é cultivado, podendo sobreviver em mais de 30 plantas hospedeiras (SILVA et al.,1968). A ocorrência da cochonilha é constatada durante todo o ciclo da cultura, com variação na intensidade de infestação. Os períodos quentes e úmidos são os mais favoráveis ao desenvolvimento dessa praga (GIACOMELLI, 1969; CHOAIRY, 1992). A fecundidade e a longevidade deste inseto são afetadas pelo clima. Após um período de elevada pluviosidade, geralmente, ocorre um decréscimo na infestação da praga (SANTA-CECÍLIA, 1990). O controle químico da praga deve-se iniciar antes do plantio, com o tratamento da mudas por imersão durante um período mínimo de um minuto em uma emulsão de inseticida acaricida. O controle da cochonilha no decorrer da fase vegetativa pode ser realizado mediante pulverizações de inseticidas químicos indicados após o plantio (LACERDA et al., 2009). Entretanto é necessária a integração de várias medidas de controle, iniciando com a destruição dos restos do cultivo anterior, obtendo as mudas de plantios que tenham sido submetidos a bom tratamento fitossanitário, utilizando métodos que visam manter a população desse inseto abaixo do nível de dano econômico, protegendo as plantas, o homem, os animais e, principalmente, o meio ambiente. O controle químico deve ser usado com orientação, dentro da maior segurança possível, por causa dos efeitos negativos que podem trazer ao meio ambiente e ao homem. Este tipo de controle apresenta resposta imediata, mas deve ser aplicado seguindo alguns critérios para evitar a eliminação dos inimigos naturais e o desequilíbrio ambiental. Sendo assim o controle biológico pode ser uma nova abordagem. Dentre os agentes de controle biológico, os fungos entomopatogênicos podem representar uma alternativa no controle de cochonilhas devido a algumas particularidades que os diferenciam dos demais patógenos, infectando uma vasta gama de 1
2 hospedeiros nos mais diversificados ambientes (HAJEK & st. LEGER, 2004). Além de sua capacidade de atingir todos os estágios de desenvolvimento do hospedeiro penetrando por diversas vias predominantemente pelo tegumento sendo capaz de se dispersar horizontalmente (ALVES & LOPES 2008). Outro aspecto relevante é a variabilidade genética desses entomopatógenos, o que pode ser considerada uma das suas principais vantagens no controle microbiano de insetos (ALVES, 1998). O presente trabalho teve o objetivo de verificar a infecção de ninfas de D. brevipes com o fungo M. anisopliae em condições de laboratório. Prospecto para a implantação de um controle biológico de D. brevipes utilizando fungos entomotogênicos. Metodologia Criação de cochonilha Dysmicoccus brevipes As cochonilhas D. brevipes foram coletadas de plantas de abacaxi (Ananas comosus L.) nas lavouras da cultura que se encontravam infestadas no município de Campos dos Goytacazez RJ e criadas em abóboras (Figura 1) da espécie Cucumis maximo mantidas em câmara climatizada (marca: FANEM) com temperatura de 25 ± 2%, umidade 60 ± 5% e fotoperíodo de 12 horas. As ninfas das cochonilhas recém-eclodidas foram utilizadas nos experimentos ou para manutenção de novas colônias (seguindo SANCHES et. al. 2011). (Dextrose 10g; Peptona 2,5g; Extrato de levedura 2,5g; Ágar 20g e água destilada 1L) por duas semanas a 27 o C em câmara climatizada (marca: FANEM) e depois armazenado a 4 o C. Erlemeyers de 250mL contendo 25g de arroz parboilizado cru + 10 ml de água destilada, fechados com algodão, foram autoclavados durante 15 minutos a 1 atm (121 o C). Subsequentemente com o auxílio de uma colher estéril os conídios foram retirados da placa de Petri e misturados no arroz. Movimentos circulares foram feitos de modo a obter uma distribuição uniforme dos conídios entre os grãos de arroz. Os Erlemeyers foram mantidos em câmera climatizada a 27 o C e a concentração dos conídios foi avaliada utilizando uma câmera de Neubauer. Todo o processo de coleta de conídios foi feito em câmera de fluxo previamente desinfetada com álcool 70% e 15 minutos de exposição à UV. Foi realizada diluição consecutiva de uma suspensão de conídios usando 0,05% de Tween 80 (TW) até a obtenção da de 1x10 8 conídios ml -1. A Figura 2 mostra o fungo M. anisopliae cultivados em arroz. Figura 1 - Cochonilha Dysmicoccus brevipes criadas em aboboras Cucumis maximo. Produção do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae Figura 2 Fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae cultivado em arroz. O fungo M. anisopliae isolado ESALQ 818 foi utilizado nos experimentos. O fungo foi cultivado em placas de Petri contendo meio sólido SDA 2
3 Sobrevivência (%) Infecção das ninfas de cochonilhas Dysmicoccus brevipes com Metarhizium anisopliae Com auxilio de uma pinça fina 10 ninfas de cochonilhas D. brevipes foram retiradas da abóbora e cuidadosamente colocadas sobre o papel filtro que forrava uma placa de petri. Para infecção 1 ml do F+TW foi pulverizado via Torre de Potter (Burkart Ltd. UK) sobre as cochonilhas. Subsequentemente as cochonilhas foram retiradas do papel filtro e colocadas dentro de placa de petri esterilizada. O teste foi mantido câmara climatizada (marca: FANEM) com temperatura de 25 ± 2%, umidade 60 ± 5% e fotoperíodo de 12 horas. As cochonilhas foram alimentadas diariamente com 2 cm de cana de açúcar (Figura 3) DIAS Ma Controle Figura 4 Porcentagem de sobrevivência diária de ninfas de Dysmicoccus brevipes infectadas com M. anisopliae ao longo de 7 dias de avaliação do teste. O tratamento controle foi feito com TW. Tabela 1 Sobrevivência de Dysmicoccus brevipes infectadas com M. anisopliae. O tratamento controle foi feito com TW. Os resultados mostrados são referentes ao total de sobrevivência (%) dos insetos no 7º dia de avaliação do teste. Figura 3 Cochonilha Dysmicoccus brevipes infectadas com fungo entomopatogênico M. anisopliae dentro de placas de petri. Foram montadas 3 placas de petri para o tratamento com fungo e 3 placas de petri para controle (cochonilhas tratadas com somente TW). Trinta 30 insetos foram utilizados em cada tratamento/repetição. Foram feitas 3 repetições desse teste. Resultados Ninfas de D. brevipes foram suscetíveis ao M. anisopliae (Figura 4). A taxa de sobrevivência das nifas infectadas com M. anisopliae foi de 30%, enquanto o tratamento cotnrole apresentou 78 % de insetos vivos (Tabela 1). Houve diferença significativa quando comparado a taxa de sobrevivência de ninfas infectadas com M. anisopliae com ninfas tratadas com TW (P<0,001). Tratamentos Fungo Ma Controle Sobrevivência (%) 30%a 78,8%b S 50 4 DN DP 8,64 2,69 Os valores seguidos de mesma letra indicam que os resultados não foram estatisticamente diferentes quando comparados usando o teste post-hoc de Duncan (5% probabilidade). S 50 = Tempo Médio de Sobrevivência. DP = Desvio Padrão. DN = Dados não determinados. Discussão O fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae reduziu significativamente a sobrevivência de ninfas de D. brevipes em condição de laboratório. D. brevipes é considerada um dos problemas mais importante da abacaxicultura. O abacaxizeiro (Ananas comosus (L) Merril) é uma planta tropical de elevada importância econômica mundial, destacando-se pela grande área de cultivo, alta produtividade e excelente mercado consumidor. Entretanto, a cultura é ameaçada pelas perdas elevadas causadas pela murcha associada à cochonilha. Essa praga é normalmente encontrada vivendo em colônias, na base das folhas e nas raízes do abacaxizeiro. Os prejuízos causados por essa 3
4 praga podem ultrapassar 70%. Os períodos quentes e úmidos são os mais favoráveis ao desenvolvimento dessa praga (GIACOMELLI, 1969; CHOAIRY, 1992), entretanto a ocorrência da cochonilha é constatada durante todo o ciclo da cultura, com variação na intensidade de infestação. Durante o desenvolvimento vegetativo, as plantas infestadas pela cochonilha apresentam paralisação no crescimento, redução no número de folhas e do comprimento da raiz (LIM, 1972). Essa praga impede a frutificação normal, provoca o enfraquecimento das plantas pela constante sucção de seiva. Ao sugarem à seiva das plantas as cochonilhas injetam toxinas que podem provocar alterações no metabolismo da planta podendo levá-la à morte (LACERDA et al., 2009). O sintoma provocado pela inoculação desta toxina é vulgarmente conhecido por murcha-doabacaxizeiro e pode estar associado a agentes viróticos. As cochonilhas vivem em colônias e são comumente encontradas sugando seiva nas raízes e axilas das folhas, mas quando a colônia sofre um aumento populacional, elas podem ser encontradas também nos frutos, na parte superior das folhas, coroas e nas mudas (SANCHES & MATOS, 1999). O controle eficiente da D. brevipes baseia-se na aplicação de inseticidas antes do plantio e durante o ciclo vegetativo. A integração de várias medidas de controle como: destruição dos restos de cultivo, preparo do solo, rotação de cultura, origem das mudas, cultura limpa, controle biológico e controle genético tem sido eficiente no controle da cochonilha. O controle químico da praga deve-se iniciar antes do plantio, com o tratamento da mudas por imersão durante um período mínimo de um minuto em uma emulsão de inseticida acaricida (LACERDA et al., 2009). Inseticidas químicos devem ser usados com orientação, dentro da maior segurança possível, por causa dos efeitos negativos que podem trazer ao meio ambiente e ao homem. Apresenta resposta imediata, mas deve ser aplicado seguindo critérios para evitar a eliminação dos inimigos naturais e o desequilíbrio ambiental. O controle biológico parece promissor. No presente trabalho ninfas de D. brevipes foram suscetíveis ao fungo M. anisopliae via pulverização direta em laboratório. (BRITO, 2011) mostrou em sua dissertação de mestrado que a fase de ninfa da cochonilha-do-carmim Dactylopius opuntiae (Hemiptera: Dactylopiidae) foi suscetível a várias espécies de fungos entomopatogênicos Beauveria bassiana, M. anisopliae, Paecilomyces sp., Lecanicilium lecanni, de 24 isolados testados 14 apresentaram conidiogênese sobre os cadáveres. Fato que pode estar relacionado à pulverização direta sobre as ninfas. Na fase ninfa a cochonilha não apresenta camada de cera característica da família, sendo assim os fungos podem ter acesso facilitado ao tegumento dos insetos. Sabe se que fêmeas adultas de D. brevipes são ovaladas, possuem uma coloração geral rósea sendo recoberta por uma secreção pulverulenta de cera branca (LACERDA et al., 2009). Pretendemos testar outros fungos entomopatogênicos contra ninfas de D. brevipes e formular o fungo M. anisopliae com 10% de óleo vegetal e infectar os insetos adultos. Conclusão O fungo entomopatogênico M. anisopliae foi virulento contra ninfas de D. brevipes em condição de laboratório. Pretendemos investigar a suscetibilidade de ninfas e adultos de D. brevipes a outras especies de fungos. Referências - ALVES, S.B. Controle Microbiano de Insetos. Piracicaba: FEALQ. V.2. p.1163, ALVES, B.S. & LOPES, R.B. Fungos entomopatogênicos usados no controle de pragas na América Latina. In: Controle microbiano de pragas na América Latina: Avanços e desafios. Piracicaba: FEALQ. V.14, p , BRITO, E.S.G. Avaliação de fungos entomopatogênicos para o controle da cochonilhado-carmim Dactylopius opuntiae (HEMIPTERA: DACTYLOPIIDAE). 115p. Dissertação (Doutorado em Entomologia) Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF, Campos dos Goytacazes, CHOAIRY, S.A. O abacaxizeiro: conhecimentos básicos, práticas de cultivo e uso. Fortaleza: EMEPA/BNB p. (EMEPA-PB. Documentos, 16). - GIACOMELLI, E.J. Curso de abacaxicultura em nível de pós-graduação: resumo das aulas práticas. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, p. 4
5 - HAJEK, A.E. and St. LEGER, R.J. Interactions between fungal pathogens and insect hosts. Annu. Rev. Entomol. V.39, p , LACERDA, J.T; CARVALHO, R.A.; OLIVEIRA, E.F. Cochonilha Dysmicoccus brevipes: a praga cosmopolita da abacaxicultura. Tecnologia & Ciência Agropecuária. V.3, p , LIM, W.H. Wilting and green spotting of pineapple by the bisexual race of Dysmicoccus brevipes Ckll. In wes Malaysia. Malaysian Pineapple, Malayan, V.2, p.15-21, SANCHES, N.F; CARVALHO, R.S. Multiplicação do predador exótico Crypyolaemus montrouzieri como alternativa de controle biológico clássico para o controle da cochonilha exótica Maconellicoccus hirsutus: Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas BA V.6, p.1-5, SANCHES, N.F; MATOS, A.P. Murcha associada à cochonilha Dysmicoccus brevipes (Cockerell,1893). In: O abacaxizeiro: cultivo, agroindústria e economia: Brasília: EMBRAPA- CNPMF, p , SANTA-CECILIA, L.V.C. Efeitos de fatores climáticos e da época de plantio do abacaxizeiro sobre a cochonilha pulverulenta Dysmicoccus brevipes (Cockerell,1893) Homoptera: Pseudococcidae nas principais regiões produtoras do Estado de Minas Gerais. 114p. Dissertação (Mestrado em Entomologia) Escola Superior de Agricultura de Lavras - ESAL, Lavras, SILVA, A.G.A; GONÇALVES, C.R; GALVÃO, R.M.; GONÇALVES, A.J.L; GOMES, J; SILVA, M.N; SIMONI, L. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil, seus parasitas e predadores. Rio de Janeiro: Ministério de Agricultura - Serviço da Defesa Sanitária
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