3. BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA
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- Lavínia Deluca de Almada
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1 3. BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA Adriano Pereira Paglia, Conservação Internacional e Metodista de Minas/Izabela Hendrix Luiz Paulo Pinto, Conservação Internacional A Mata Atlântica brasileira é um ambiente ímpar. Ao longo de seus aproximadamente km 2 de extensão original abriga uma das mais impressionantes biotas (fauna e flora) do planeta. São cerca de 990 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 de répteis e 295 de mamíferos e 350 espécies de peixes, num total aproximado de 2200 espécies de vertebrados, o que significa que nesses 0,8% da superfície terrestre do planeta estão presentes mais de 5% das espécies de vertebrados do mundo. Estudos recentes apontam que existem mais de espécies de plantas no bioma, cerca de 5% da flora mundial. A Mata Atlântica é um ambiente único também porque uma boa parte dessa diversidade é exclusiva. Estima-se que aproximadamente 946 espécies de vertebrados e espécies de plantas vasculares sejam endêmicas desse bioma, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar do planeta. Esses números representam, respectivamente, 43% e 45% do total de espécies que ocorrem no bioma. Para alguns grupos, essa exclusividade é ainda mais impressionante. Para as espécies de macacos, por exemplo, mais de 2/3 das espécies são endêmicas; das espécies de bromélias, estima-se que 80% ocorram apenas na Mata atlântica. Muitas espécies da Mata Atlântica são conhecidas da população em geral pelo seu uso histórico ou pela importância econômica atual. Essa interação da biodiversidade da Mata Atlântica com as pessoas talvez seja mais emblemática para espécies de plantas que apresentam cujos frutos ou partes comestíveis como a pitanga (Eugenia uniflora), a jabuticaba (Plinia spp.) e o palmito-jussara (Euterpe edulis) ou que são fonte de matériaprima, como o pau-brasil (Caesalpinia echinata), o jacarandá (Dalbergia nigra), a piaçava (Attalea funifera) e a auraucária (Araucaria angustifolia). Essas e tantas outras espécies notáveis e muito conhecidas da população são exemplos da biodiversidade da Mata Atlântica e da sua relação próxima com a história dos brasileiros. A diversidade pontual de espécies é também bastante significativa na Mata Atlântica. Um dos maiores recordes mundiais de diversidade para plantas lenhosas foi registrado no Parque Estadual da Serra do Conduru, na Mata Atlântica do sul da Bahia, onde já foram registradas 144 espécies de plantas em apenas 0,1 hectare de floresta. Comparando com outras amostragens de plantas que empregaram metodologias similares em outras regiões do mundo, o estudo revelou que esse parque, situado entre Ilhéus e Itacaré, é a segunda área com maior riqueza de árvores entre as 22 áreas de maior diversidade do planeta, superada apenas por uma área da Floresta Amazônica na Colômbia (Martini et al., 2007). Cerca de 70% da população brasileira vive em áreas originalmente cobertas pela Mata Atlântica, e é nesse bioma que se concentram a produção industrial e o produto interno bruto do país. Em razão dos sucessivos ciclos de atividade econômica estima-se que desde a chegada dos europeus no século XVI a Mata Atlântica tenha perdido entre 84 a 88% da cobertura de vegetação natural. Em virtude da sua riqueza biológica e dos alarmantes níveis de ameaça, esse bioma, ao lado de 33 outros localizados em diferentes partes do planeta, foi indicada por especialistas, em um estudo coordenado pela entidade Conservation International, como um dos Hotspots mundiais, ou seja, uma das prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o mundo.
2 UM TESOURO AINDA POR SER DESCOBERTO Uma análise da biodiversidade no Brasil, realizada por pesquisadores da Unicamp, evidenciou que, em termos relativos, a Mata Atlântica é o bioma sobre o qual se dispõe de melhor conhecimento sobre diversidade biológica e de acervo científico. Evidentemente, isso é um reflexo da concentração de centros de pesquisa, universidades, especialistas, recursos financeiros e acervos científicos e bibliográficos no território desse bioma, especialmente na região sudeste. No entanto, é ilusório acreditar que já atingimos um nível satisfatório sobre o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica. Com exceção relativa de alguns grupos taxonômicos, como aves e mamíferos, a grande parte da diversidade do bioma é praticamente desconhecida. Para se ter uma ideia do potencial dessa diversidade oculta, nos últimos três anos foram descritas 300 novas espécies de plantas na Mata Atlântica. Em menos de dois anos de estudos nos remanescentes florestais de Mata Atlântica no sul da Bahia (entre 2000 e 2001), pesquisadores identificaram 14 novas espécies de anfíbios. Em uma Avaliação Ecológica Rápida na Mata Atlântica do vale do Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, poucas campanhas de campo foram suficientes para que se registrassem pelo menos sete novas espécies de anfíbios e 11 de plantas. Mesmo nos grupos bem estudados, ainda há muito para descobrir. Na última década foram descritas 11 novas espécies de mamíferos e várias espécies de aves na Mata Atlântica. Toda essa diversidade oculta ainda desconhecida poderá ser mais bem evidenciada quando investirmos maiores esforços de pesquisa em alguns ambientes pouco explorados dentro da floresta, como a copa das árvores. As pesquisas nessa linha têm crescido no Brasil, especialmente na Mata Atlântica. Levantamentos realizados no sul da Bahia mostram que a copa das árvores emergentes pode abrigar grande riqueza de espécies de epífitas (plantas que vivem sobre outras plantas). Pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, estimaram a ocorrência de 25 espécies de bromélias vivendo na copa de árvores de jequitibá (Cariniana legalis) na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Serra do Teimoso, em Jussari, sul da Bahia. Analisando as árvores mais altas da floresta em fragmentos na Mata Atlântica da Serra do Mar no Rio de Janeiro, pesquisadores da USP registraram 542 espécies de árvores, das quais mais da metade eram espécies raras, com menos de um indivíduo por hectare. Se analisarmos os poucos estudos com grupos de organismos notoriamente pouco amostrados, essa diversidade invisível se torna ainda mais pronunciada. Para exemplificar, um estudo sobre as comunidades de bactérias que existem na superfície de folhas da copa de nove espécies de árvores em um trecho de Mata Atlântica mostrou que a diversidade pode variar de 95 a 671 espécies de bactérias por comunidade (Lambais et al., 2006). O mais impressionante é que houve pouquíssima similaridade entre as comunidades de bactérias de cada espécie de planta (aproximadamente 0,5% de similaridade média) e 95% das bactérias encontradas eram espécies ainda desconhecidas pela ciência. Tomando-se os resultados de diversidade de espécies de bactérias nessas nove espécies de árvores e extrapolando-os para as espécies de plantas do bioma, projeta-se um potencial entre 2 a 13 milhões de novas espécies de bactérias para a Mata Atlântica como um todo. Isso pode dar uma ideia da dimensão do desconhecimento da biodiversidade em sua totalidade. AS DIFERENTES MATAS ATLÂNTICAS A história evolutiva da comunidade biológica (biota) da Mata Atlântica é marcada pela conexão temporária e longo isolamento em relação aos outros blocos florestais da América do Sul (Floresta Amazônica e Florestas Andinas). Por isso, a Mata Atlântica desenvolveu
3 uma diversidade biológica única, rica em espécies endêmicas. A diversidade de espécies na Mata Atlântica pode ser resultante desses longos períodos de isolamento, aliado às grandes variações ambientais que ocorrem no bioma. Um dos eixos mais importantes de variação é a latitude, pois a floresta estende-se por 27 graus, em uma situação compartilhada com poucas outras florestas tropicais do planeta. O segundo maior eixo de variação é a altitude, pois as florestas recobrem terrenos desde o nível do mar até cerca de 2700 m, criando gradientes altitudinais de diversidade. Por fim, há uma pequena variação longitudinal, com as florestas interioranas diferindo significativamente das que estão mais próximas do litoral. Estes três eixos se combinam, criando uma diversidade única de paisagens, que ajuda a explicar como pode ter surgido e como é mantida a extraordinária diversidade de espécies da região. Distribuída ao longo da costa brasileira desde o Ceará ao Rio Grande do Sul, com expansões para o interior em alguns estados, como em Minas Gerais e São Paulo, e com grandes variações no relevo e nos regimes de chuva, a Mata Atlântica atualmente é composta de uma série de unidades fitogeográficas, ou tipos diferentes de florestas, constituindo um mosaico vegetacional que proporciona a grande biodiversidade reconhecida para esse bioma. Apesar de grande parte da região da Mata Atlântica ter sido recoberta por florestas, outros tipos de vegetação também são encontrados no interior do bioma (por exemplo, campos de altitude), ou como zonas de transição para o mar (como é o caso dos manguezais e restingas). Como esperado, vários estudos demonstram que a biodiversidade da Mata Atlântica não se distribui homogeneamente por todo o bioma. Ao contrário, há uma grande variação na composição das espécies quando se passa de uma área para outra. Ao analisar a distribuição de alguns grupos biológicos com ocorrência restrita ao bioma, constatou-se que a Mata Atlântica pode ser dividida em sub-regiões distintas, caracterizadas pelo tipo de vegetação e pela presença de um conjunto único de espécies endêmicas. Essas sub-regiões são: (a) Brejos Nordestinos; (b) Pernambuco; (c) São Francisco; (d) Diamantina; (e) Bahia; (f) Florestas do Interior; (g) Florestas de Araucária; e (h) Serra do Mar. Essas áreas possuem certo grau de sobreposição e formam mosaicos de vegetação entremeados com sistemas produtivos diversos, que moldaram a forma do uso e ocupação do território ao longo da história. É o caso, por exemplo, da cultura da cana-de-açúcar na Mata Atlântica acima do Rio São Francisco. É também a situação da Mata Atlântica no sul da Bahia, onde a cultura cacaueira e a floresta plantada se fazem presente, ou da cultura cafeeira na zona da Mata de Minas Gerais, região serrana do Espírito Santo e no vale do Rio Paraíba do Sul em São Paulo. Essa grande variação ambiental (diversidade de ecossistemas) e socioeconômica impôs ao bioma um processo de uso e ocupação do solo que traz diferentes pressões ambientais e que exige diferentes estratégias de conservação da biodiversidade em cada uma dessas sub-regiões identificadas. ESPÉCIES AMEAÇADAS E ESPÉCIES-BANDEIRA NA MATA ATLÂNTICA Uma parcela significativa da diversidade de espécies na Mata Atlântica está ameaçada de extinção. O pouco que restou do bioma está distribuído em centenas de milhares de fragmentos florestais desconectados e pequenos demais para manter populações de muitas das espécies. Esse cenário se reflete nos números de espécies ameaçadas de extinção na Mata Atlântica. A atual Lista Oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção indica que 627 espécies de animais no Brasil estão sob risco de desaparecer. Nessa lista, 60% são de espécies encontradas na Mata Atlântica. Quase 10% de todos os vertebrados terrestres conhecidos da Mata Atlântica e um em cada quatro daqueles que são endêmicos do bioma estão ameaçados de extinção. A situação é preocupante, principalmente se considerarmos que menos de 2% da área original da Mata Atlântica está sob proteção integral na forma de Unidades de Conservação
4 (parques, reservas biológicas e estações ecológicas). Estudo realizado pela Conservação Internacional (CI Brasil) em 2004 indicou que o atual sistema de Unidades de Conservação permite proteger menos de 15% das espécies ameaçadas desse bioma. Espécies listadas nessa categoria, como o macaco guigó-do-nordeste (Callicebus coimbrai), e as aves saíraapunhalada (Nemosia rourei) e entufado-baiano (Merulaxis stresemanni) estão no limiar da extinção, e podendo desaparecer em poucos anos se nada for feito para garantir sua preservação. Muitas das espécies ameaçadas da Mata Atlântica podem ser consideradas como indicadoras da integridade de uma dada região, por exercerem papel fundamental para a conservação dos ecossistemas a que pertencem. Isso permite que sejam usadas como símbolos de alerta para a necessidade de conservação regional e como ponto focal para programas de conscientização pública e de educação, proporcionando um importante complemento para os esforços de conservação no país. Alguns dos mais evidentes exemplos desse simbolismo as chamadas espécies-bandeira são os macacos da Mata Atlântica, incluindo as duas espécies de muriqui (Brachyteles arachnoides e Brachyteles hypoxanthus), que são os maiores mamíferos endêmicos do Brasil, e as quatro espécies de micos-leões (Leontopithecus rosalia, L. chrysopygus, L. chrysomelas, e L. caissara). Algumas destas espécies já ocupam o papel similar ao panda-gigante na China, o orangotango no sudeste da Ásia e dos gorilas na África, entre outros. Vários grupos conservacionistas iniciaram e evoluíram seu modo de atuar na proteção dessas espécies-bandeira. Alguns casos são emblemáticos na Mata Atlântica e mostram a força motivadora ao transformar a proteção de uma espécie característica de uma dada área ou município em um esforço envolvendo diversos setores da sociedade local. Podemos citar a proteção do muriqui-do-norte na RPPN Feliciano Miguel Abdala, em Caratinga e Ipanema na Zona da Mata de Minas Gerais; do mico-leão-dourado nas áreas protegidas públicas e privadas no município de Casimiro de Abreu e Silva Jardim, no Rio de Janeiro; do mico-leão-preto, nos municípios do Pontal do Paranapanema, em São Paulo e do Gravatazeiro (Rhopornis ardesiacus), uma das aves mais raras no Brasil, no município de Boa Nova, na Bahia. As listas de espécies ameaçadas têm algumas finalidades. A primeira delas é identificar, segundo critérios mais objetivos possíveis, como as ações humanas afetam a possibilidade de extinção das espécies. Além disso, ela serve também como direcionadoras de prioridades, já que espécies diferentes respondem de formas distintas às perturbações antrópicas. Algumas dessas espécies só conseguirão agora sobreviver mediante intervenção. Ações como a implantação de Planos de Ação para espécies ameaçadas, controle dos principais fatores de ameaça e criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral em áreas-chave (que garantam a preservação de um grupo representativo e complementar de espécies ameaçadas), são a consequência natural da elaboração e divulgação de uma lista de espécies ameaçadas. O FUTURO DA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA Dezenas de milhares de hectares de floresta já foram derrubados na Mata Atlântica. Muitas vezes esses números são recebidos pelo público em geral de forma fria, como mera estatística. Um olhar mais cuidadoso pode nos alertar do que significa essa perda. O Parque Estadual da Serra do Conduru, por exemplo, é uma unidade de conservação estadual de hectares na região sul da Bahia. Nessa unidade de conservação, cuja área é 16 vezes menor que a cidade de São Paulo, um estudo recente revelou que em apenas 1 hectare estão presentes cerca de exemplares de árvores e uma variedade muito grande de espécies (Fonte: Adriana Martini, com. pessoal). Empregando uma estimativa conservadora para a área de cobertura da vegetação, de aproximadamente hectares (pois existem áreas abertas dentro dessa unidade), estima-se que esse Parque abrigue de 15 a
5 18 milhões de árvores! Essa informação é ainda mais impressionante se considerarmos que as árvores representam apenas cerca de 50% das espécies de plantas existentes na floresta e, quando pensamos em número de indivíduos, muitas vezes elas não representam nem 20% do total de plantas de uma floresta como o Parque Estadual da Serra do Conduru. Outras plantas como orquídeas, cipós, trepadeiras e arbustos, entre outras também são elementos florestais importantíssimos para uma série de processos ecológicos que ocorrem na área e para os vários serviços ambientais que essa floresta proporciona. Outro exemplo para a enorme dimensão biológica em uma floresta bem conservada na Mata Atlântica é o da fauna de aves de uma área protegida no estado de São Paulo. Em uma parcela de apenas 30 ha na Estação Ecológica Juréia-Itatins, foram registradas 181 espécies de aves. Utilizando uma estimativa conservadora de existirem três territórios para cada espécie nessa parcela, sendo cada território correspondente a um casal de indivíduos, esperaríamos encontrar pelo menos 1086 indivíduos de aves nesses 30 hectares. Considerando toda extensão dessa estação ecológica, chegaríamos a incrível cifra de mais de 2, 8 milhões de indivíduos de aves, muitos deles representantes de espécies ameaçadas e endêmicas (fonte: Pedro Develey, comunicação pessoal). A expressão mais evidente da biodiversidade são as espécies, que são definidas pela taxonomia, ramo da ciência que cuida da classificação e identificação dos seres vivos. As espécies têm sido utilizadas historicamente como motivação e símbolo para estratégias de conservação e também como indicadores mais apropriados para o monitoramento do estado da biodiversidade ou a saúde de um ecossistema, já que são elementos integrantes e essenciais de um determinado ambiente. O termo Biodiversidade é porém mais amplo. Ele engloba, por exemplo, a riqueza dos processos evolutivos expressos pela diversidade genética dentro das espécies. Também nessa escala, a biodiversidade na Mata Atlântica é extremamente rica e bastante ameaçada. Por exemplo, os processos evolutivos que levaram ao surgimento de linhagens exclusivas da Mata Atlântica, como os primatas dos gêneros Leontopithecus e Brachyteles, constituem histórias evolutivas únicas, que não se repetiram em nenhum outro lugar do planeta e que serão perdidas com a destruição da Mata Atlântica. A Biodiversidade contempla também a variação e a riqueza dos processos ecológicos e das interações entre as espécies em uma dada região. Nessa escala mais ampla, a biodiversidade na Mata Atlântica também é rica. As cadeias ecológicas são extremamente complexas em qualquer área de floresta na Mata Atlântica, e alguns dos componentes dessa rede são espécies-chave, de cuja existência dependem uma série de outras espécies, e cujo desaparecimento pode provocar desequilíbrios significativos à floresta. Por exemplo, pesquisadores da UNESP detectaram que em muitos fragmentos florestais as espécies de mamíferos dispersores de sementes desapareceram em função da caça ilegal. Com isso, a floresta não consegue se renovar, pois as sementes de muitas espécies (como palmeiras) que não estão sendo dispersas se acumulam sob a planta mãe, sofrendo alta taxa de predação por besouros e outros insetos. Essa eliminação de várias espécies, que desempenham outras funções essenciais nos processos ecológicos em uma floresta, como polinização, fluxo de energia, herbivoria e predação, resulta em modificações significativas nas comunidades florísticas e faunísticas, quase sempre na direção de um sistema biossimplificado. A promoção de estratégias que levem ao uso de recursos naturais renováveis de forma menos predatória, e a uma distribuição mais equitativa dos seus benefícios entre a sociedade brasileira é um objetivo a ser buscado com a mais alta das prioridades. O crítico estado de conservação da Mata Atlântica demanda que a proteção da biodiversidade em seus diferentes níveis (genes, espécies, processos, ecossistemas) seja realizada a partir da ação conjunta de instituições. É fundamental também ampliar significativamente a disseminação de informações sobre a biodiversidade da Mata Atlântica em diferentes formatos e para
6 diferentes públicos, de modo que a sociedade possa contribuir, em um esforço conjunto, para a recuperação e conservação desse bioma único no planeta. REFERÊNCIAS Lambais M.R., Crowley, D.E., Cury, J.C., Bull, C. & Rodrigues, R.R Bacterial Diversity in Tree Canopies of the Atlantic Forest. Science 312:1917. Martini, A.M.Z., Fiaschi, P., Amorim, A.M. & Paixão, J.L A hot-point within a hotspot: a high diversity site in Brazil`s Atlantic Forest. Biodiversity and Conservation 16:
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