UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE DIREITO. Amanda Francine Machado e Silva

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE DIREITO Amanda Francine Machado e Silva A DEFENSORIA PÚBLICA E SUA FUNÇÃO ESSENCIAL PARA A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA Belo Horizonte MG 2016

2 AMANDA FRANCINE MACHADO E SILVA A DEFENSORIA PÚBLICA E SUA FUNÇÃO ESSENCIAL PARA A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA Pesquisa de Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais como um dos requisitos para a obtenção do Grau de Bacharel em Direito, sob a orientação da Professora Doutora Adriana Goulart de Sena Orsini. Belo Horizonte - MG 2016

3 (...) uma justiça acessível aos não-privilegiados é provavelmente a chave para a necessidade mais urgente nas nossas democracias do final do século: o desafio da inclusão. A não ser que consigamos resolver os problemas da marginalização e exclusão, os regimes que criamos e consolidamos não merecerão o adjetivo democráticos. (...) A não ser que alcancemos acesso geral e universal, o direito à justiça continuará a ser um privilégio e não um direito." (Juan E. Méndez)

4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO O DIREITO FUNDAMENTAL AO ACESSO À JUSTIÇA Conceito Evolução histórica do acesso à justiça Obstáculos ao acesso à justiça O movimento mundial em busca do efetivo acesso à justiça (as ondas renovatórias de Cappelletti e Garth) Acesso ao judiciário (Assistência Judiciária) X Acesso à justiça (Assistência Jurídica) Justiça Gratuita (Gratuidade de justiça ou gratuidade processual) Modelo de assistência judiciária aplicado no Brasil A DEFENSORIA PÚBLICA Perspectiva histórica da Defensoria Pública e da assistência judiciária no Brasil Fundamentação Legal para a atuação da Defensoria Pública O papel da Defensoria Pública na busca pelo acesso à justiça Princípios Institucionais da Defensoria Pública Autonomia Institucional da Defensoria Pública Áreas de atuação da Defensoria Pública A Defensoria Pública da União As Defensorias Públicas dos Estados A Defensoria Pública do Distrito Federal A Defensoria Pública como agente na resolução extrajudicial de conflitos AS DIFICULDADES PARA O EFETIVO EXERCÍCIO DA DEFENSORIA PÚBLICA A falta de estrutura física e material da Defensoria Pública O déficit de Defensores Públicos nas comarcas e sessões judiciárias do Brasil Tentativas de redução da autonomia institucional (funcional, administrativa e financeira) A busca pela deslegitimação da Defensoria Pública nas ações coletivas OS AVANÇOS NECESSÁRIOS PARA A EFETIVAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA NO BRASIL O fortalecimento da Defensoria Pública no Brasil com a Emenda Constitucional n. 80/ Alterações referente ao art. 134, CF/ Modificação do Capítulo Das Funções Essenciais à Justiça Criação da Sessão IV (Da Defensoria Pública) Ampliação do Conceito de Defensoria Pública Aplicação dos arts. 93 e 96, II, da CF/88 à Defensoria Pública Alterações referente ao art. 93, CF/ A iniciativa legislativa concedida à Defensoria Pública O novo requisito para o cargo de Defensor Público a exigência de três anos de atividade jurídica Da proporcionalidade do número de Defensores Públicos Acréscimo do art. 98 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de Alterações referente ao art. 96, II, CF/

5 CONCLUSÃO...75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...77 ANEXOS...83 Anexo A Entrevista com Defensor (a) Público (a) Federal...83 Anexo B Entrevista com Defensor (a) Público (a) Estadual...89

6 6 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por escopo empreender uma análise geral do papel da Defensoria Pública na efetividade do acesso à justiça, como instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, diante de seu compromisso institucional legal de assegurar a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados. Para tanto, no primeiro capítulo aborda-se com base na obra, Acesso à Justiça, de Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988), uma breve análise sobre o conceito de acesso à justiça, sua evolução histórica, bem como os obstáculos a serem transpostos para seu efetivo acesso, juntamente com a ocorrência do movimento mundial do acesso à justiça, que tratará das ondas renovatórias, e como elas se aplicaram à realidade brasileira. Ainda neste capítulo, será discutida a diferença entre assistência judiciária, assistência jurídica gratuita e justiça gratuita, momento em que será constatado que o acesso à justiça é muito mais amplo do que o simples acesso ao judiciário. Por fim serão apresentados os modelos de assistência judiciária existentes e qual deles foi incorporado ao ordenamento jurídico nacional. Superada essa parte inicial, no segundo capítulo discorre-se sobre a relação entre a Defensoria Pública e o acesso à justiça no Brasil. Para tanto, será demostrada a perspectiva histórica da assistência judiciária no país até a implementação do órgão defensorial, mencionando-se, ainda, a fundamentação legal para sua criação e atividade, seus princípios e autonomia institucionais essenciais para a preservação de seu exercício enquanto instituição autônoma, como também as áreas de sua atuação, com enfoque para a resolução extrajudicial de conflitos. Em seguida, o terceiro capítulo versa-se acerca da realidade institucional da Defensoria Pública e Defensores Públicos nacionais. Serão apontados os problemas que impedem uma atuação eficaz e completa por parte da Instituição, como a falta de estrutura física e material de suas unidades, com especial atenção para a carência de defensores públicos nas comarcas e sessões judiciárias, a tentativa de redução da autonomia do órgão defensorial, além da busca pela deslegitimação da Defensoria Pública nas ações coletivas, objetivando-se dessa forma, a limitação da abrangência de proteção conferida a esta Instituição. O capítulo derradeiro trata-se a respeito dos avanços necessários para o efetivo exercício da Defensoria Pública na sociedade, focando-se na promulgação da Emenda

7 7 Constitucional n. 80/2014, conhecida anteriormente como PEC Defensoria para todos, oportunidade em que será exemplificado de que modo este dispositivo constitucional reforçou o papel da Instituição como um mecanismo de efetivação do acesso à Justiça, inserida num grande projeto social e de reforma do sistema de justiça brasileiro. Este trabalho busca, portanto, demonstrar como a atuação da Defensoria Pública é essencial para a transformação social e uma maior inclusão daqueles que por muito tempo se posicionaram à margem do sistema jurídico nacional, garantindo dessa forma, o efetivo acesso à justiça. Por meio deste estudo, entender-se-á a importância do fortalecimento da Instituição Defensorial para que possam, enfim, serem sanados os problemas que impossibilitam a máxima eficiência da previsibilidade constitucional.

8 8 1 O DIREITO FUNDAMENTAL AO ACESSO À JUSTIÇA 1.1 Conceito Acesso à justiça é um dos direitos intrínsecos à cidadania. É um direito fundamental, motivo pelo qual foi resguardado como cláusula pétrea pelo constituinte de 1988 (Art. 60, 4º, CF/88). A própria Carta Magna traz em seu conteúdo instrumentos capazes de assegurar o efetivo exercício deste acesso, como por exemplo, a impossibilidade de exclusão da apreciação do Poder Judiciário de qualquer lesão ou ameaça a direito, a proteção de ampla defesa e do contraditório nos processos em geral e o dever estatal de prover a assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados. Tal acesso não está restrito somente ao ingresso no Poder Judiciário, sendo um direito mais abrangente e menos formalista. Em relação à abrangência, pode-se dizer que está relacionado a uma gama de direitos que inclui desde o reconhecimento da existência de um direito até a ciência sobre os diferentes modos que eles podem ser reclamados e quais órgãos devem ser acionados para sua garantia. Já no que tange ao menor formalismo judicial do direito ao acesso à justiça, tal fato decorre do envolvimento de resoluções extrajudiciais de um conflito, podendo ser utilizada neste caso, algumas medidas, como por exemplo, a mediação, a conciliação e arbitragem (SADEK, 2013, p. 21). Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p. 8) definem o conceito de acesso à Justiça da seguinte forma: A expressão acesso à Justiça é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos. Segundo Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido R. Dinamarco (1996, apud, SILVA, 2013, p. 12), o acesso à justiça não é apenas admissão processual. Mais do que isso, para que ele se materialize é imprescindível a possibilidade de ingresso de um maior número de pessoas na demanda, garantindo-se a estas o cumprimento das regras do devido processo legal, para que possam, assim, participar intensamente da formação do convencimento do juiz e exigir dele a efetividade de uma participação em diálogo, sempre visando uma solução justa. O acesso à justiça, de acordo com Cinthia Robert e Elida Séguin (2000, p. 21), não é apenas o acesso aos Tribunais, representado pela figura do Juiz, é, sim, e principalmente, o

9 9 acesso ao Direito. E, nesse aspecto, a Defensoria Pública, órgão político do Estado, é a responsável por sua efetivação. Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p. 12) são incisivos ao afirmarem que: O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como o requisito fundamental - o mais básico dos direitos humanos de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos. Ana Paula de Barcellos (2002, apud, SARMENTO, 2015, p. 3) afirma que a garantia do acesso à justiça integra o mínimo existencial, compondo o conteúdo nuclear do princípio da dignidade da pessoa humana. Importante salientar que o direito fundamental de acesso à justiça deve levar em conta aparatos materiais, assim como instrumentais, somado ao aprimoramento na forma de prestação pelo Estado, além de meios processuais necessários para concretizar a justiça. Nesse sentido, torna-se imprescindível o reconhecimento de direitos e sua efetivação, fato que acarretará em um dos mais importantes efeitos de incorporação de direitos: a redução nos graus de desigualdades. Historicamente, o processo de ampliação dos direitos e de construção de cidadania significou uma expressiva redução dos níveis de exclusão social. A partir do momento em que ocorreu a admissão da igualdade perante a lei, também ocorreu uma ampliação das possibilidades de usufruto dos bens coletivos. (SADEK, 2013, p. 21) Diante de tais considerações, conclui-se que a conceituação de acesso à justiça deve compreendida de forma ampla, dando suporte à existência digna do cidadão e propiciando o melhor amparo e solução justa no momento em que este necessite da intervenção do Estado nas relações sociais. 1.2 Evolução histórica do acesso à justiça O acesso à justiça está presente desde os primórdios da história do direito. No período primitivo ou arcaico, as leis eram oriundas do céu e o respeito se fundava no aspecto religioso, proclamados pelos reis e sacerdotes, baseados em suas crenças e mitos. Nesse contexto, foi desenvolvido o direito consuetudinário como expressão de legalidade, advinda dos costumes. Nesta época o acesso à Justiça era gratuito em face da simplicidade de sua aplicação, centrada na autoridade do chefe. Na Antiguidade Clássica já havia, ainda que restrita, a preocupação com os temas relacionados ao acesso à justiça. Naquela época, tal acesso se restringia à garantia de defensor

10 10 dos pobres, sob a ótica que todo o direito ofendido deve encontrar defensor e meios de defesa (MORAES, 1999, apud, SOUZA, 2011, p. 34). Durante a Idade Média, devido à forte influência da Igreja e os ideais do Cristianismo e da caridade que eram pregados por sua doutrina, foram estabelecidas medidas protetivas aos direitos dos necessitados. Entretanto, o patrocínio gratuito das causas dos pobres era visto de forma desinteressada pelos monarcas. Percebe-se, neste período, que o tema da assistência judiciária à população carente era tratado apenas pelo viés caritativo, de cunho religioso, enquanto um dever moral do homem caridoso (SOUZA, 2011, p. 36). No Estado Liberal, apesar da questão da assistência advocatícia ao pobre ter sido modificada, passando de um dever religioso e moral a uma imposição jurídica, o Estado Liberal não avocou a si o dever de prestar tal assistência, transferindo esta obrigação aos advogados e professores de direito, ou seja, a defesa do cidadão carente transformou-se em dever gratuito honorífico (SOUZA, 2011, p. 37). O Estado tinha postura extremamente passiva no sentido de facilitar o acesso à Justiça aos mais necessitados, tendo, inicialmente, apenas criado leis no sentido de isentar os mais pobres do pagamento das custas judiciais. Cappelletti e Garth (1988, p. 9) registram que, em função da filosofia essencialmente individualista dos direitos, o direito ao acesso à proteção judicial significava essencialmente o direito formal do indivíduo agravado de propor ou contestar uma ação. Por essa razão, este sistema de assistência judiciária se demonstrou insuficiente, por não atender a toda a comunidade carente, e ineficiente uma vez que os serviços eram prestados por advogados particulares sem remuneração. Desta forma, embora houvesse a previsão de igualdade de direito, ela não era alcançada em sua totalidade. Em decorrência do aumento das desigualdades sociais e acirramento das lutas de classe (burguesia x proletariado), importantes conquistas se deram no âmbito dos direitos políticos e sociais, como a ampliação do direito ao voto. Tais direitos foram se sedimentando ainda no século XIX como uma tentativa de minorar os efeitos trazidos pelas revoluções burguesas. Diante do desenvolvimento das sociedades do laissez-faire, os direitos humanos passaram por uma transformação radical, deixando de serem visualizados numa perspectiva individualista para serem analisados por meio de um viés coletivista. Começou-se a verificar que a participação positiva do Estado era imprescindível para garantir os direitos do cidadão, inclusive o direito ao efetivo acesso à justiça.

11 11 Já no Welfare State (Estado de Bem-Estar Social), o Estado passou a ser sujeito atuante, intervindo ativamente na economia do país, de modo a buscar o crescimento sustentável da economia e a redução das desigualdades sociais, assegurando a todos os direitos essenciais básicos, dentre eles, o acesso à justiça, independente da condição financeira de cada cidadão. Nesse contexto, Cappelletti e Garth (1988, p ) declaram que: À medida que as sociedades do laissez-faire cresceram em tamanho e complexidade, o conceito de direitos humanos começou a sofrer uma transformação radical. A partir do momento em que as ações e relacionamentos assumiram, cada vez mais, caráter mais coletivo que individual, as sociedades modernas necessariamente deixaram para trás a visão individualista dos direitos, refletida nas declarações de direitos, típicas dos séculos dezoito e dezenove. O movimento fez-se no sentido de reconhecer os direitos e deveres sociais dos governos, comunidades, associações e indivíduos. Esses novos direitos humanos exemplificados pelo preâmbulo da Constituição Francesa de 1946, são, antes de tudo, os necessários para tornar efetivos, quer dizer, realmente acessíveis a todos, os direitos antes proclamados. Entre esses direitos garantidos nas modernas constituições estão os direitos ao trabalho, à saúde, à segurança material e à educação. Tornou-se lugar comum observar que a atuação positiva do Estado é necessária para assegurar o gozo de todos esses direitos sociais básicos. Não é surpreendente, portanto, que o direito ao acesso efetivo à justiça tenha ganho particular atenção da medida em que as reformas do welfare estate têm procurado armar os indivíduos de novos direitos substantivos em sua qualidade de consumidores, locatários, empregados e, mesmo, cidadãos. De fato, o direito ao acesso efetivo tem sido progressivamente reconhecido como sendo de importância capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que a titularidade é destituída de sentido, na ausência de mecanismos para sua efetiva reivindicação. O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como requisito fundamental o mais básico dos direitos humanos de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos. 1.3 Obstáculos ao acesso à justiça O acesso à Justiça deve estar ao alcance de todos e sem qualquer obstáculo, dada a sua importância de garantia preventiva de direitos, ratificado no plano Constitucional. Diante do entendimento de que ele é um direito básico nas sociedades modernas, ao analisarem os obstáculos a serem transpostos para seu efetivo acesso, Cappelletti e Garth (1988, p. 15) destacam que: O conceito de efetividade é, por si só, algo vago. A efetividade perfeita, no contexto de um dado direito substantivo, poderia ser expressa como a completa igualdade de armas a garantia de que a conclusão final depende apenas dos méritos jurídicos relativos das partes antagônicas, sem relação com diferenças que sejam estranhas ao Direito e que, no entanto, afetam a afirmação e reinvindicação dos direitos. Essa perfeita igualdade, naturalmente é utópica. As diferenças entre as partes não podem jamais ser completamente erradicadas. A questão é saber até onde avançar na direção do objetivo utópico e a que custo. Em outras palavras, quantos dos obstáculos ao acesso efetivo à justiça podem e devem ser atacados? A identificação desses obstáculos, consequentemente, é a primeira tarefa a ser cumprida.

12 12 Assim, para que se chegue a essa tão esperada efetividade, com a consequente consolidação do acesso à justiça, alguns problemas devem ser identificados e superados. Para o defensor público Júlio Grostein (2013), basicamente, há três ordens de obstáculos para a efetividade do acesso à justiça, dividindo-se em: obstáculos de natureza financeira, obstáculos processuais e obstáculos organizacionais. A esse respeito, Cappelletti (1988) destaca as custas judiciais, a possibilidade das partes e os problemas especiais dos interesses difusos. No que diz respeito aos obstáculos de natureza financeira, pode-se citar as dificuldades econômicas relativas à movimentação da máquina judiciária para o reconhecimento ou a satisfação de direitos. Parte-se do entendimento de que, para se litigar, há um custo financeiro (honorários advocatícios, custas processuais etc.), que passa a ser um óbice aos hipossuficientes no momento que necessitam recorrer ao Poder Judiciário (GROSTEIN, 2013, p. 23). Já os obstáculos processuais tratam das dificuldades de se chegar a uma ordem jurídica justa, assim compreendida como a efetiva pacificação social, desvinculada da necessária intervenção judicial. Neste caso, busca-se a solução extrajudicial de conflitos, bem como mecanismos que busquem a sua prevenção. Todavia, para que isso ocorra torna-se necessário que institutos processuais e instituições jurídicas passem por uma ampla reforma, caso contrário, se revelarão como obstáculos ao acesso à uma ordem jurídica justa (GROSTEIN, 2013, p. 23). Por fim, os obstáculos organizacionais consistem na dificuldade para a maior parte da população em reconhecer a existência de um direito exclusivo de natureza coletiva, na medida em que a legitimidade diferenciada para a tutela jurisdicional desses direitos pode afastar os grupos e coletividades não organizadas. Esse obstáculo realça as dificuldades desses grupos em se estruturarem a fim de demandarem em juízo. (GROSTEIN, 2013, p. 23) Dessa forma, torna-se necessário a superação destes obstáculos para que ocorra o acesso da maioria da população à justiça e a consequente equidade àqueles que dela necessitam.

13 O movimento mundial em busca do efetivo acesso à justiça (as ondas renovatórias de Cappelletti e Garth) O movimento em busca do efetivo acesso à justiça começou a consolidar-se de forma mais consistente a partir da década de sessenta. A partir das considerações a respeito do acesso à justiça, Mauro Cappelletti e Bryant Garth identificaram três fases que foram assim divididas: a primeira onda a assistência judiciária; a segunda onda representação para os direitos difusos; e a terceira onda enfoque de acesso à justiça. Tais ondas foram responsáveis por demonstrar mudanças conjunturais nos sistemas processuais, visando alcançar cada vez mais, níveis maiores de acesso à justiça. Os autores vislumbraram movimentos cronologicamente seguidos, cada qual buscando a implementação de diferentes conceitos e categorias jurídicos-processuais, tendo como foco a efetivação do acesso à justiça das mais variadas formas. Todavia, embora tais ondas terem se mostrado de maneira cronológica no Direito Comparado, principalmente, nos países da Europa e América do Norte, no Brasil, o movimento de acesso à justiça tem apresentado, a partir de meados do século passado, avanços e retrocessos, sendo possível afirmar que não consolidou sequer a primeira fase. No tocante à caracterização das três ondas, pode-se afirmar que a primeira delas, a da assistência judiciária, se caracteriza pela garantia de assistência jurídica para os pobres (obstáculo econômico). Partindo da percepção de que a população carente se mantinha excluída do Poder Judiciário, não dispondo de recursos econômicos suficientes para remeter suas demandas à apreciação judicial, buscou-se criar mecanismos de auxílio financeiro para isentar os necessitados de determinados custos processuais: Os primeiros esforços importantes para incrementar o acesso à Justiça nos países ocidentais concentraram-se, muito adequadamente, em proporcionar serviços jurídicos para os pobres. (...) A consciência social que redespertou, especialmente no curso da década de 60, colocou a assistência judiciária no topo da agenda das reformas judiciárias. A contradição entre o ideal teórico do acesso efetivo e os sistemas totalmente inadequados de assistência judiciária tornou-se cada vez mais intolerável (CAPPELLETTI e GARTH, 1988, p ). A segunda onda se manifesta na representação de direitos difusos e coletivos (obstáculo organizacional), tendo como principal preocupação a extensão do direito de acesso à justiça não mais exclusivamente a indivíduos, mas também a grupos e categorias. Foi identificada a necessidade de se criarem regras processuais próprias àqueles direitos e interesses metaindividuais, pois o sistema processual era visto somente como essencialmente individualista. Desta forma, em decorrência das características próprias dos direitos difusos e

14 14 coletivos, passou-se a estudar formas mais efetivas de tutelá-los processualmente, chegandose à previsão das ações coletivas: O segundo grande movimento no esforço de melhorar o acesso à justiça enfrentou o problema da representação dos interesses difusos, assim chamados os interesses coletivos ou grupais, diversos daqueles dos pobres. (...) Centrando seu foco de preocupação especificamente nos interesses difusos, esta segunda onda de reformas forçou a reflexão sobre noções tradicionais muito básicas do processo civil e sobre o papel dos tribunais. (...) A visão individualista do devido processo judicial está cedendo lugar rapidamente, ou melhor, está se fundindo com uma concepção social, coletiva. Apenas tal transformação pode assegurar a realização dos direitos públicos relativos a interesses difusos (CAPPELLETTI e GARTH, 1988, p ). A terceira onda, denominada de novo enfoque do acesso à justiça, se caracteriza pela informalização de procedimentos na resolução de conflitos. Nesta fase, há uma demanda para uma ampla reforma do processo enquanto instrumento de jurisdição. Cuida-se de um novo enfoque ao acesso à justiça, buscando-se alcançar uma ordem jurídica justa, uma vez que é reconhecida a existência de uma desigualdade das partes no processo. Visa criar uma justiça mais acessível, através de procedimentos simplificados, e que se adeque ao tipo de litígio, além de buscar novas alternativas à justiça, por mecanismos alternativos ao processo judicial, ressaltado a importância da prevenção, mediação e conciliação. Neste sentido, o defensor público Tiago Fensterseifer (2013, p ) afirma que: A terceira onda, na medida em que está comprometida com a efetividade do acesso à justiça, de modo a tirá-lo do papel, conduz à necessidade de criação e estruturação de instituições estatais com tal objetivo constitucional como ocorre com a criação de Juizados Especializados e Itinerantes, bem como a criação e aparelhamento da Defensoria Pública para a tutela dos direitos das pessoas necessitadas -, de instrumentos de prevenção de litígios, de práticas voltadas à educação em direitos da população, além de técnicas processuais ajustadas à natureza dos direitos materiais (individuais e coletivos), como ocorre com a ampliação da legitimidade para a propositura de ações coletivas e a inversão do ônus probatórios em tais ações (...). Neste quadrante, está também consubstanciada a novel garantia constitucional da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF88), na medida em que um Poder Judiciário mais célere dá suporte a uma maior efetividade dos direitos, respondendo mais rapidamente a situações de lesão ou ameaça de lesão de direitos. Tal fase de acesso à justiça busca demonstrar, portanto, que a justiça não se realiza somente por meio da jurisdição, sendo necessária a aplicação de medidas que vão além de uma reforma judicial/processual. No que tange à realidade brasileira, quanto à primeira onda do acesso à Justiça, o artigo 134 da Constituição Federal de 1988 atribuiu a um ente público, a Defensoria Pública, a função de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados. Entretanto, como se verá adiante, a Instituição é incapaz, hoje, de cumprir com rigor sua missão constitucional

15 15 face à sua falta de infraestrutura e recursos humanos, baixa remuneração aos membros e servidores públicos, entre outras mazelas. Nesse sentido, descreve Cleber Francisco Alves: Assim, embora o Brasil possua formalmente já desde longa data, e ainda mais ampliado recentemente um dos mais aprimorados sistemas de garantia de igualdade às pessoas pobres no acesso à Justiça, abrangendo tanto a representação em juízo, com isenção de todas as despesas e custas processuais respectivas, quanto a orientação e o aconselhamento jurídico de caráter preventivo em favor das pessoas incapazes de arcar com as despesas de contratação de um advogado privado, sistema esse que tem sua fundamentação em dispositivos da Constituição e das Leis, não se pode deixar de reconhecer que a realidade é bastante diferente. Dentre os Estados da Federação, poucos são aqueles em que se pode efetivamente afirmar que as Defensoria Públicas estão implementadas segundo o modelo estabelecido na Constituição. E, mesmo nesses Estados em que as Defensorias Públicas estão funcionando, diversas são as dificuldades de ordem funcional e operacional para que cumpram efetivamente com sua missão constitucional. Seja em virtude do número insuficiente de Defensores Públicos, seja em razão da falta de condições materiais, notadamente espaço físico e equipamentos mínimos necessários para uma boa prestação do serviço (ALVES, 2006, p. 234). No tocante à segunda onda, destacam-se os avanços conquistados na defesa dos interesses metaindividuais por meio da Lei de Ação Civil Pública e do Código de Defesa do Consumidor. Em relação à terceira onda de acesso à justiça, cita-se como fruto do sistema de justiça brasileiro, os Juizados de Pequenas Causas e, posteriormente, os Juizados Especiais e os programas de resolução alternativa de conflitos. Dentre os mecanismos criados pelas ondas de acesso à justiça, a Defensoria Pública tornou-se um elemento central na efetivação do acesso à justiça no Brasil, tendo a incumbência de conferir este acesso para a maioria da população brasileira, privada das mínimas condições de vida digna. Para Maria Tereza Aina Sadek (2013, p ), a Defensoria Pública possui condições de romper com o ciclo de desigualdades cumulativas e de privações existentes na sociedade brasileira, uma vez que impulsiona a possibilidade de acesso aos direitos. Nesse contexto, a Instituição Defensorial personifica, de uma só vez, as três ondas referidas por Capelletti e Garth (1988), pois abre a porta para a inclusão, providenciando respostas que vão desde a educação em direitos até a solução de conflitos. 1.5 Acesso ao judiciário (Assistência Judiciária) X Acesso à justiça (Assistência Jurídica) Conceitua-se como Assistência Judiciária o acompanhamento, por um profissional do Direito, a uma das partes no processo judicial. Consiste no serviço prestado por advogado a

16 16 um dos litigantes no âmbito do processo. Pode ser gratuita ou onerosa, particular ou pública. Enquanto que Assistência Jurídica, por outro lado, é mais abrangente de que a assistência judiciária, por abarcar, além da atuação no processo judicial, também a extrajudicial, mediante consultas, orientação, acordos, entre outros. Nesse contexto: A expressão assistência jurídica, como é sabido, não é sinônima de assistência judiciária. É mais ampla que esta, pois abrange não apenas a defesa em juízo, mas todas as formas de serviços jurídicos, judiciais e extrajudiciais. Essa evolução do conceito de assistência judiciária para assistência jurídica é uma decorrência do movimento pela ampliação do acesso à justiça e permite uma correlação entre as diferentes ondas desse movimento. Assim, essa vertente extrajudicial da assistência jurídica permite a prestação de orientações (informação em direito), a realização de mediações, conciliações e arbitragem antes da propositura de ações judiciais (resolução alternativa de litígios), entre outros serviços. Trata-se, também, de adequações desses serviços à tendência de desjudicialização e desburocratização, outra faceta do movimento pelo acesso à justiça (CASTRO e BERNARDES, 2008, apud, RÉ, 2013, p. 86). O foco da Defensoria Pública é o acesso à Justiça e não somente o acesso ao judiciário. Desta forma, é a Defensoria Pública que possibilita um melhor desenvolvimento do acesso à justiça à população carente, como a assistência jurídica preventiva e curativa. Ao cidadão deve ser esclarecido sobre seus direitos e sua condição na vida da nação, para que lhe seja possível alcançar o acesso à justiça em toda a sua plenitude, com previsão legal no art. 4º da LC n. 80/94, ou seja, por meio de seus defensores, as Defensorias Públicas deverão atuar com o aconselhamento jurídico, a informação jurídica e a atuação extrajudicial. No que tange ao aconselhamento jurídico, as Defensorias devem dispor de serviços que possibilitem aos cidadãos a informação sobre qualquer assunto que diga respeito à sua condição de sujeito de direitos, ou cidadão do mundo, mediante convênios com instituições públicas, governamentais ou não-governamentais, entidades, universidades, clubes de serviços e outros. Em relação à informação jurídica, somente órgãos bem estruturados e com finalidades específicas podem desenvolver um trabalho de informação jurídica para a população. E nesse caso, a atuação poderia ser alargada para além das pessoas carentes, pois para se ter o efetivo acesso à justiça, todos os cidadãos deveriam ser contemplados com um programa que envolvesse a informação jurídica, sem distinção. Já em relação à atuação extrajudicial, os conflitos deverão ser solucionados antes que seja buscada a via judicial, por meio do acompanhamento do Defensor Público e equipes de apoio, se necessário, para que seja restabelecida ao cidadão o seu direito de forma mais célere e eficaz, desafogando, inclusive, o judiciário (RÉ, 2013, p ).

17 17 Em virtude da abrangência do conceito de assistência jurídica, eis que a sua finalidade deve ser a de prestar auxílio aos cidadãos, tanto no aspecto consultivo, como preventivo e de orientação na resolução de conflitos de interesses por meio da conciliação ou mesmo pela participação do contraditório, nas diversas esferas jurídicas, para o restabelecimento da tutela dos seus direitos. A Constituição estabeleceu que é a Defensoria Pública o órgão que exercerá essa função, por ser uma instituição essencial à função do Estado, cabendo a ela a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus de jurisdição, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV, da CF/ Justiça Gratuita (Gratuidade de justiça ou gratuidade processual) Ainda sobre a diferença entre assistência jurídica e assistência judiciária, cabe destacar que a assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (serviço prestado pela Defensoria) não se confunde com o conceito de justiça gratuita, apesar de ocorrer tal confusão entre definições na doutrina, na jurisprudência e até mesmo na legislação. A Justiça Gratuita ou gratuidade judiciária é regulamentada pela Lei nº 1.060/50, também conhecida como Lei da Assistência Judiciária (LAJ), e implica a isenção do pagamento das taxas arroladas pela lei, que constituem despesas processuais. Desse modo, é um fenômeno estritamente processual, a ser concedido no âmbito de um processo judicial pelo magistrado da causa a qualquer tempo (apesar de em geral ser requerido no primeiro momento em que a parte se manifesta nos autos). Para fazer jus ao benefício, basta mera declaração do interessado na própria peça processual ou em documento anexo (geralmente conhecido na prática forense como declaração de pobreza ) de que não possui condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo próprio ou de sua família, nos termos do art. 4º, 1º da Lei 1.060/50. A declaração de necessidade gera presunção juris tantum de hipossuficiência econômica, sendo possível produção de prova em sentido contrário tanto a pedido da parte contrária, quanto ex officio pelo juiz. A concessão de justiça gratuita trata-se, portanto, de um benefício que pode ser invocado por qualquer litigante, representado ou não pela Defensoria. Apesar da Defensoria Pública ser o órgão estatal de assistência jurídica, isso não conduz, obrigatoriamente, à concessão da justiça gratuita, que depende de reconhecimento judicial, muito embora entende-se que a prestação do serviço de assistência jurídica gera a presunção de necessitado para efeito da gratuidade. (RÉ, 2013, p ). Nesse contexto,

18 18 cabe afirmar que o Defensor Público pode continuar prestando o serviço de assistência jurídica, mesmo no caso de ser revogado o benefício da justiça gratuita: Assim, nada impede que o Defensor Público, na prática de seus atos profissionais, continue patrocinando os interesses de seus assistidos, mesmo que o benefício da justiça gratuita venha a ser revogado por decisão judicial o que importará no pagamento das custas, cabendo a si, exclusivamente, a responsabilidade pelos critérios de avaliação da situação econômica de cada assistido para dar continuidade à prestação da assistência jurídica (e não mais judiciária!) (GALLIEZ, 2010, apud, ALMEIDA, 2013, p ) 1.7 Modelo de assistência judiciária aplicado no Brasil Na busca do acesso à justiça surgiram algumas formas de assistência judiciária (obstáculo econômico primeira onda renovatória). Conforme o ordenamento jurídico adotado, as legislações variam nesse tema, de acordo com o grau de prevalência destinada por esses ordenamentos à veiculação de demandas (e respectivas defesas) da população hipossuficiente em processos judiciais. O modelo de assistência jurídica está intimamente relacionado ao modelo de Estado e ao tipo de tutela jurisdicional preferido. Nesse sentido, os Estados Liberais têm a tendência a adotar modelos privatistas e individualistas de assistência jurídica, além de priorizar tutelas ressarcitórias, enquanto que os Estados Democráticos priorizam os modelos públicos de assistência jurídica, prestada e gerida por entes estatais, responsáveis pela oferta de soluções estruturais e de tutelas inibitórias às ameaças e violações de direitos fundamentais, mormente dos direitos sociais e coletivos. Segundo o defensor público Júlio Grostein (2013, p ), há três modelos de assistência judiciária que podem ser explicados simplificadamente: a) Modelo caritativo ou pro bono: no qual advogados particulares atuam de forma gratuita, por caridade, orientando e representando judicialmente os hipossuficientes. Neste modelo, há voluntariedade do advogado. Em decorrência da não obrigação de atendimento neste caso, essa forma de assistência judiciária, por si só, não garante o direito fundamental à assistência jurídica (art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal). b) Modelo judicare: no qual não há o voluntarismo profissional encontrado no modelo caritativo. Neste caso, o Estado remunera advogados particulares em cada processo que o advogado atua em prol dos necessitados. A remuneração ocorre de acordo com

19 19 uma lógica em cada caso. Neste modelo, o advogado atua, concomitantemente, na esfera particular juntamente com as demandas nas quais é indicado a atuar, em favor daquele que não pode pagar honorários advocatícios. De acordo com Mauro Cappelletti e Bryant Garth (1988, p ): Trata-se de um sistema através do qual a assistência judiciária é estabelecida como um direito para todas as pessoas que se enquadrem nos termos da lei. Os advogados particulares, então, são pagos pelo Estado. A finalidade do sistema judicare é proporcionar aos litigantes de baixa renda a mesma representação que teriam se pudessem pagar um advogado. (...) O judicare desfaz a barreira de custo, mas faz pouco para atacar barreiras causadas por outros problemas encontrados pelos pobres. Isso porque ele confia aos pobres a tarefa de reconhecer as causas e procurar auxílio; não encoraja, nem permite que o profissional individual auxilie os pobres a compreender seus direitos e identificar as áreas em que se podem valer de remédios jurídicos. É, sem dúvida, altamente sugestivo que os pobres tendam a utilizar o sistema judicare principalmente para problemas que lhes são familiares matéria criminal e de família em vez de reivindicar seus novos direitos como consumidores, inquilinos, etc. Ademais, mesmo que reconheçam sua pretensão, as pessoas pobres podem sentir-se intimidadas em reivindicá-la pela perspectiva de comparecerem a um escritório de advocacia e discuti-la com um advogado particular (...) O judicare trata os pobres como indivíduos, negligenciando sua situação como classe. (...) Dado que os pobres encontram muitos problemas jurídicos como grupo, ou classe e que os interesses de cada indivíduo podem ser muito pequenos para justificar uma ação, remédios meramente individuais são inadequados. Os sistemas judicare, entretanto, não estão aparelhados para transcender remédios individuais. Nessa perspectiva, chega-se à conclusão que isoladamente o modelo judicare, ainda que atenda aos necessitados, é ineficiente para que se concretize a busca de acesso à justiça. c) Modelo público: no qual a assistência judiciária gratuita constitui um serviço público prestado pelo Estado, por meio de agentes públicos com dedicação exclusiva e integralmente remunerados pelos cofres públicos. Este modelo pressupõe a existência de uma Defensoria Pública instituída e organizada pelo Estado. Tal forma também é conhecida como staff model e é adotada pelo Brasil, conforme se verifica no art. 134 da Constituição Federal: Art A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo lhe a orientação e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV. No Brasil foi adotado um modelo de enfrentamento público e estrutural da histórica exclusão e marginalização dos necessitados, e não um formato pontual, isolado e individual de mera assistência judiciária. afirma: Sobre o assunto, o defensor público Aluísio Iunes Monti Ruggeri Ré (2015, p.30) Realmente, o modelo adotado no Brasil é público e institucionalizado, na medida em que refuta a política corporativista, demandista ou simplesmente judiciária de atendimento, mas opta por uma política preventiva e informativa de atuação, por

20 20 meios jurídicos-sociais, dotada de métodos multidisciplinares e participativos de prevenção e de solução de conflitos, bem como de uma gestão democrática, com objetivos e metas dialeticamente definidas. De fato, o Brasil opta por um modelo de afirmação do direito de acesso à Justiça em benefício das chamadas minorias (não em termos de quantidade, mas de poder), com declarado foco no interesse público à efetiva e substancial igualdade. Ressalta-se, ainda, que o modelo público de assistência jurídica também foi estabelecido pela Lei Complementar n. 80/94, em seu art. 4º, 5º (incluído pela Lei Complementar n. 132/09), prescrevendo que a assistência jurídica integral e gratuita custeada ou fornecida pelo Estado será exercida pela Defensoria Pública. É importante frisar que, apesar do modelo de assistência público ter sido o constitucionalmente eleito, a quase totalidade dos estados-membros infelizmente necessitam adotar um sistema misto, que nada mais é que a junção do modelo público com elementos do modelo judicare, por meio de assistência judiciária complementar (manutenção de convênios com outras entidades, como núcleos de práticas jurídicas de faculdades, e até mesmo a OAB, como ocorre no estado de São Paulo). Apesar da prevalência do modelo público, tal fato decorre em virtude da incapacidade material da Defensoria em atender toda a demanda pela qual é requisitada, na medida em que ainda não se encontra completamente estruturada, como será analisado mais adiante. Entretanto, ressalta-se que esta vinculação existente por meio de convênios deve ser estabelecida a critério da própria Defensoria Pública, sob pena de se desrespeitar sua autonomia prevista em lei, fato que também será analisado em capítulo posterior. Por fim, cabe mencionar que também é possível a existência de um sistema misto entre o modelo público e o caritativo (pro bono), uma vez que não há vedação legal a esta última forma de assistência jurídica, todavia, ela ficará sujeita à regulamentação por parte do órgão próprio, no caso a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

21 21 2 A DEFENSORIA PÚBLICA 2.1 Perspectiva histórica da Defensoria Pública e da assistência judiciária no Brasil A evolução da assistência judiciária no Brasil e consequente criação da Defensoria Pública está diretamente relacionada à evolução histórica do modelo de assistência jurídica gratuita prestada pelo Estado aos hipossuficientes. Nesse sentido, Fábio Luis Mariani de Souza (2011, p. 33) afirma que: Consoante os doutrinadores que escrevem sobre o tema Defensoria Pública e assistência judiciária, é possível afirmar que desde tempos remotos há registros de que a humanidade tem se preocupado com a defesa daquelas pessoas consideradas mais fracas no tecido social, porquanto a desigualdade socioeconômica é uma realidade que sempre acompanhou a história do desenvolvimento humano. Da colonização portuguesa, com a vigência das Ordenações Filipinas, à criação do cargo de Advogado dos Pobres, mantido pelo erário, pela Câmara Municipal da Corte do Rio de Janeiro, no final do século XIX, encarava-se a obrigação de assistência como dever moral, ou obra de caridade de fortes laços religiosos. Interessante destacar que o cargo de Advogado dos Pobres foi a primeira experiência estatal de criação e manutenção de cargo público cuja atribuição específica era a defesa criminal da população carente e teria sido o predecessor da figura do Defensor Público na história brasileira, porém, foi extinto em 1884 (MESSITTE, apud, SOUZA, 2011, p. 42). Proclamada a República, a Constituição Republicana de 1891 não fez nenhuma menção à questão do acesso à Justiça para os pobres, tendo em vista sua marcada influência liberal. Apesar disso, o Governo Federal criou um serviço de Assistência Judiciária para o Distrito Federal (Rio de Janeiro, à época), custeado pelo Estado, por meio do decreto n /1897, sendo considerado o primeiro serviço de assistência judiciária aos pobres na história do Brasil. Somente após a criação da Ordem dos Advogados do Brasil em 1930, e posteriormente com a promulgação da Constituição de 1934, que o dever de patrocínio gratuito aos pobres deixou de ser uma obrigação moral a encargo legal da profissão. Embora o Estado ainda não assumisse o compromisso de prestar a assistência judiciária, tal atribuição representou um dever jurídico aos advogados e o reconhecimento de um direito subjetivo aos cidadãos carentes. p. 51): Nesse contexto destaca-se a lição de Sérgio Luiz Junkes (2006, apud, SOUZA, 2011,

22 22 Desde o ano de 1934, todas as constituições brasileiras, excetuando-se a de 1937, estabeleceram a prestação judiciária aos necessitados como um dever do Estado. Porém, em nenhuma Carta havia a previsão de um organismo público instituído e estruturado com essa finalidade, até que surgiu a Defensoria Pública com a promulgação da vigente Constituição. Essa sua consagração no ápice do ordenamento jurídico brasileiro, contudo, é fruto de uma evolução lenta e tortuosa, marcada por constantes avanços e retrocessos. O contexto dessa evolução, esclarecese, por opção metodológica, tem como premissa não a assistência técnico-jurídica prestada aos necessitados, mas a estatização desse serviço. A Constituição de 1937, outorgada por Getúlio Vargas no período ditatorial denominado Estado Novo, não previa nenhum dispositivo acerca do direito à assistência judiciária gratuita e a criação de órgãos públicos destinados a prestá-la, configurando-se um grande retrocesso na questão do acesso aos pobres aos tribunais conquistado pela Constituição anterior. Com a Constituição de 1946 foi resgatado o caráter constitucional da assistência judiciária, entretanto, nenhum órgão específico foi criado para a prestação da assistência judiciária, sendo apenas estabelecido por meio de seu art. 141, 35 que o poder público, na forma que a lei estabelecer, concederá assistência judiciária aos necessitados. Em 1950, um novo passo importante foi dado, sendo aprovada a Lei n /5057, que regulamentou a assistência judiciária às pessoas pobres e que ainda se encontra em vigor no país (com várias alterações em seu texto). Como já mencionado na análise acerca da Justiça Gratuita no Brasil, a maior falha desta legislação foi não definir em seu conteúdo qual o órgão público encarregado de prestar assistência judiciária, qual o contorno jurídico dessa instituição e quais as prerrogativas que deveriam ter os seus agentes. Tal falha pode ser relacionada com a ausência de previsão de criação de um órgão especial para tal encargo na Constituição de 1946, ao contrário do que ocorria na Constituição de 1934 que o previa expressamente (SOUZA, 2011, p. 48). As Constituições de 1967, existentes no período da Ditadura Militar, continuaram prevendo a questão da assistência judiciária, todavia, apenas limitaram-se a estabelecer que seria concedida a assistência judiciária aos necessitados, na forma da lei. Entretanto, como não foi efetuada nenhuma alteração na Lei n /50, que era a norma infraconstitucional anteriormente vigente, entendeu-se que fora recepcionada pelo novo regime, continuando a disciplinar a matéria. Somente com a Constituição de 1988 que a questão da assistência judiciária e da Defensoria Pública no Brasil foi elevada à categoria de direito fundamental sendo obrigação do Estado a prestação de assistência jurídica, integral e gratuita aos que comprovarem

23 23 insuficiência de recursos. Nos períodos anteriores, apesar da melhor conformação jurídicoconstitucional conquistada com a Constituição de 1934, devido a sua efemeridade, pouco foi posto em prática no que se refere a este assunto (SOUZA, 2011, p. 52). Por fim, cabe destacar que diante da história da criação das Defensorias Públicas Estaduais é possível perceber uma profunda diferença entre os estados brasileiros, na medida em que algumas Defensorias já haviam sido criadas antes mesmo da Constituição de 1988 a mais antiga delas é a do Rio de Janeiro, que data de 1954 enquanto outras conquistaram sua institucionalização muito mais recentemente, já nas décadas de 2000 em diante a mais recente é de Santa Catarina, institucionalizada em O estado do Amapá é o único a não ter uma Defensoria Pública considerada completamente institucionalizada, por prescindir de concurso público para nomeação de seus defensores (BRASIL, 2015). 2.2 Fundamentação Legal para a atuação da Defensoria Pública A Defensoria Pública possui como fonte normativa primária a Constituição Federal. No Brasil, como visto acima, o direito à assistência judiciária gratuita está previsto desde a Constituição de 1934, com exceção somente na de Contudo, apenas com a Carta de 1988 houve a previsão do direito fundamental à assistência jurídica integral e gratuita àqueles que comprovarem a insuficiência de recursos, no artigo 5º, inciso LXXIV: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; (...) Mais adiante, no capítulo destinado às funções essenciais à Justiça, a Constituição Federal disciplina a Defensoria Pública, como instituição responsável pela prestação do serviço público de assistência jurídica integral e gratuita. Atribui, assim, às Defensorias Públicas, a missão de efetivar o direito fundamental do acesso à justiça. Ainda se tratando de previsão constitucional, nos últimos dez anos, a Constituição Federal foi modificada com a promulgação de quatro emendas, todas com o propósito de fortalecer a Defensoria Pública e afirmar sua indispensabilidade para a defesa do Estado Democrático e dos direitos humanos, inclusive prevendo a sua autonomia, como meio para afirmar plena defesa dos direitos dos cidadãos, até mesmo contra o próprio Estado ou o poder econômico.

24 24 A primeira delas é a Emenda Constitucional (EC) n. 45, de 2004 (Reforma do Judiciário), que garantiu às Defensorias Públicas dos Estados autonomia funcional, administrativa e iniciativa de proposta orçamentária (dentro dos limites da lei orçamentária e no disposto no art. 99, 2º). A EC n. 69, de 2012, que alterou os arts. 21, 22 e 48 da Constituição Federal, transferiu da União para o Distrito Federal as atribuições de organizar e manter a Defensoria Pública do Distrito Federal por meio de sua autonomia institucional e a EC n. 74, de 2013, assegurou autonomia à Defensoria Pública da União (DPU), nos termos do art. 134, 2º, CF/88. A EC n. 74/2013 também aludiu à Defensoria Pública do Distrito Federal. Porém, a expressa extensão a esta das garantias institucionais atribuídas às defensorias estaduais pela EC n. 45/04 já tinha sido anteriormente assegurada pelo art. 2º da EC n. 69/2012 (SARMENTO, 2015). A mais recente é EC n. 80/2014 a ser estudada oportunamente - que alterou o Capítulo IV - Das funções essenciais à Justiça, o Título IV Da Organização dos Poderes e acrescentou o art. 98 ao Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal. Tal emenda, derivada da PEC das Comarcas, PEC das Defensorias ou PEC Defensoria para Todos (Proposta de Emenda à Constituição n. 04/2014 do Senado Federal e n. 247/2013 da Câmara dos Deputados), além de buscar fortalecer a autonomia da Defensoria Pública no Brasil, estipula um prazo de oito anos para a estruturação da Instituição. Eis o texto constitucional: Art A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. 1º. Lei Complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normais gerais para a sua organização nos Estados, em cargo de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso públicos de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. 2º. Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 2º. 3º. Aplica-se o disposto no 2º. às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. 4º. São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a individualidade e a independência funcional, aplicando-se também no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal.

25 25 A seguir, o art. 98 ao Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal: Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e á respectiva população. 1º. No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e Distrito Federal deverão contar com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais, observado o disposto no caput deste artigo. 2º. Durante o decurso do prazo previsto no 1º. deste artigo, a lotação dos defensores públicos ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional. Resta claro, que nos termos da Carta Federal, a Defensoria Pública é o instrumento pelo qual se garante o direito fundamental à assistência jurídica integral e gratuita. Entretanto, cabe destacar que, apesar de a Constituição de 1988 ter sido promulgada há 27 anos, a instituição da Defensoria Pública ainda não funciona plenamente no país. A partir das diretrizes constitucionais, às Leis Complementares (LC) coube a definição dos regimes jurídicos de cada carreira de Defensor Público. A LC n. 80, de 1994 (Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública), citada no parágrafo 1º do art. 134 da Constituição, com as alterações promovidas pela LC n. 132, de 2009, trata da organização da DPU e do Distrito Federal e Territórios, bem como a prescrição de normas gerais aplicáveis pelos legisladores estaduais no tocante à organização das Defensorias Públicas Estaduais (DPEs). Cabe, então, a cada estado-membro instituir, por meios de leis estaduais, as respectivas Defensorias Públicas. Vale mencionar, apartadamente, a existência da Lei n. 9020/95, oriunda da medida provisória n. 930/95, que dispôs sobre a implementação, em caráter emergencial e provisório, da DPU. No tocante às leis infraconstitucionais, também existem aquelas que tratam sobre a Defensoria Pública, como: a Lei n de 15 de janeiro de 2007, que modifica o Código de Processo Penal, a Lei n /10 que modificou a Lei de Execuções Penais, entre outras. Nesse rol normativo, a Lei n /07, que alterou o art. 5º da Lei n /85, e disciplina a ação civil pública, legitimando a Defensoria Pública para sua propositura, merece destaque, visto que tal fato foi motivação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n /07, que teve como objeto o questionamento da legitimidade da Defensoria para o manejo de Ações Coletivas. Devido a sua atualidade, cabe destacar também o Novo Código de Processo Civil, que em razão de suas novas disposições revela um novo olhar sobre a Defensoria Pública. No novo código a instituição recebeu mais de quarenta menções expressas, enquanto que no

26 26 anterior era mencionada em um número reduzido de dispositivos, o que acaba se justificando pela data de início de vigência do CPC (1973). Nota-se, ainda, que a nova codificação reserva um título exclusivo para a Defensoria Pública (Título VII do Livro II, arts. 185 a 187), em reconhecimento à importância desta instituição no contexto de nosso Estado Democrático de Direito. 2.3 O papel da Defensoria Pública na busca pelo acesso à justiça Em um Estado democrático moderno, é propagada a máxima de que todos são iguais perante a lei. Contudo, nem sempre este tratamento igualitário é aplicado para todos os cidadãos nas instâncias judiciárias, embora o pleno acesso à justiça deva ser um dos objetivos principais de um Estado de Direito Democrático. No Brasil, considerado um Estado marcado por inegáveis e graves desníveis sociais e pela concentração de renda, uma das grandes barreiras para a implementação da democracia e da cidadania ainda é o efetivo acesso à Justiça. A atuação da Defensoria Pública torna-se necessária devido ao processo de concretização do Estado Democrático Brasileiro que permitiu aos direitos fundamentais uma ampla garantia constitucional, mas apresentou-se em discordância ao se analisar o seu cumprimento diante dos diversos empecilhos à efetivação de tais direitos, impedindo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Apesar dos direitos fundamentais receberem contornos transformadores com a Constituição de 1988, conferindo aos jurisdicionados as garantias do pleno acesso à justiça, bem como outras de igual importância, como o devido processo legal, o juiz natural, o contraditório e a ampla defesa, sem a atuação da Defensoria Pública, não seria possível que grande parcela da população tivesse acesso a tais direitos. A existência de diversas barreiras para a efetivação dos direitos individuais e coletivos possibilitou o surgimento da instituição da Defensoria Pública, no âmbito federal e estadual, para promover esse acesso. Assim, diante da superação dessas dificuldades para o acesso à justiça, permitiu-se não somente uma atuação na seara judicial mais também na resolução de conflitos, sem a necessidade de ativar todo o aparelho burocrático estatal do judiciário. A atuação da Defensoria Pública se torna ainda mais relevante em um Estado como o Brasil, que apesar de possuir uma Carta Magna de caráter social oportunidade em que se buscou a certificação dos direitos fundamentais, carece muito de efetividade e concretude,

27 27 em virtude das forças neoliberais que, lamentavelmente, ainda fazem dos princípios constitucionais normas meramente programáticas e de eficácia real. Diante desta situação, o professor Daniel Sarmento (2015, p. 3-4) declara que: A Constituição de 88 quis remediar este quadro, não se contentando em reconhecer simbolicamente os direitos fundamentais. Ao contrário, o constituinte de 87/88 preocupou-se em assegurá-los no mundo real, de forma a transpor o abismo que ainda separa as promessas generosas do texto magno da vida real das camadas excluídas da população. Para isso, apostou no acesso à justiça. Sem efetivo acesso à justiça, os direitos, proclamados com pompa e circunstância nos documentos jurídicos, tornam-se pouco mais do que floreios retóricos em folhas de papel, desprovidos de qualquer eficácia social. Como consignaram Mauro Cappelletti e Bryant Garth em obra clássica sobre o tema, a titularidade de direitos é destituída de sentido na ausência de mecanismos para a sua efetiva reivindicação. Mais do que qualquer outra, a Defensoria Pública é a instituição vocacionada para assegurar o acesso à justiça, e, por seu intermédio, o gozo de todos os demais direitos fundamentais pelos excluídos. Para Boaventura de Souza Santos (2008, p. 46), a revolução democrática da justiça exige a criação de uma outra cultura de consulta jurídica e de assistência e patrocínio judiciário, em que as defensorias públicas terão certamente um papel muito relevante. O papel do Defensor Público na assistência jurídica permite que as pessoas necessitadas possam reconhecer qual a forma de conseguir a efetividade dos direitos pretendidos, assim como a percepção da existência de direitos até então desconhecidos. Como assevera José Afonso da Silva (2008, p. 607): É preciso assegurar a efetividade da assistência jurídica integral e gratuita dos necessitados, como forma de realizar o princípio da igualdade dos desiguais perante à Justiça e, nesse sentido (...) é justo reconhecer que a Constituição deu um passo importante, prevendo em seu art. 134, a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional, incumbida da orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV. Diante disso, os defensores públicos passaram a desempenhar um papel fundamental na consolidação da democracia e na garantia dos direitos fundamentais. Os Defensores Públicos além de Operadores de Direito, por terem oportunidade de lidar com uma camada mais desprotegida e desinformada da população, são também agentes de mudança, atuando numa educação informal do povo para conscientizá-los da cidadania que possuem. Ao informar a parte de seu o Defensor Público faz mais do que apenas defender um direito subjetivo, ele muda paulatinamente uma consciência social (ROBERT e SÉGUIN, 2000, p. 225). A Defensoria Pública colabora para ampliar a possibilidade de acesso ao Poder Judiciário daqueles economicamente hipossuficientes, que não podem recorrer a um advogado particular, ou não podem pagar as custas judiciais, ou ainda, não saibam utilizar-se de outros caminhos jurídicos para ver realizado um Direito que, por ventura, esteja-lhe sendo negado.

28 28 Cabe salientar que a Defensoria Pública não é um fenômeno meramente jurídico, mas também sociológico, psicológico e político. Por essa razão o Defensor Público deve ter consciência e responsabilidade em sua atuação perante a sociedade. O acesso à Justiça é um favor elementar à afirmação da dignidade humana, e a consolidação de mecanismos que garantem esse acesso é fundamental para a construção de um verdadeiro Estado Democrático de Direito. Nesse contexto, o papel da Defensoria Pública é mais do que relevante; é imprescindível para garantir a legitimidade da organização institucional do sistema de justiça. Para isso, é importante que a atividade do Defensor Público não seja compreendida sob uma perspectiva reducionista, como mero advogado de hipossuficientes, mas como verdadeiro agente distribuidor de cidadania. (...) Entender o Defensor Público como personagem catalisador de um processo de transformação social, e não como advogado, revela a importância de se construir o acesso à Justiça através de uma Defensoria Pública fortalecida e atuante e permite a construção de mecanismos eficazes de prevenção e resolução de conflitos (BRITTO, 2008, apud, RÉ, 2013, p. 85). Nas últimas décadas, as Defensorias Públicas vêm desempenhando um papel significativo na defesa dos direitos fundamentais das pessoas necessitadas. Nesse contexto, as Defensorias Públicas têm se revelado como um dos mais expressivos e essenciais instrumentos de proteção dos direitos humanos e do fortalecimento do Estado Democrático, uma vez que atuam como veículos das reivindicações dos segmentos mais carentes da sociedade junto ao Poder Judiciário, na concretização dos direitos fundamentais. Não é demais lembrar que a Defensoria Pública é a única instituição do sistema de Justiça a contar com o modelo de Ouvidorias Externas, ou seja, legítimo mecanismo de participação e controle social. Atualmente, contam com Ouvidorias Externas os estados de SP, AC, BA, RS, MA, CE, PI, MT, DF, PR e, recentemente, o RJ. O Colégio de Ouvidorias das Defensorias Públicas do Brasil apoia a autonomia e o fortalecimento das Defensorias para cumprimento de sua missão constitucional (ANADEP, 2015). 2.4 Princípios Institucionais da Defensoria Pública A reforma do texto constitucional, derivada da promulgação da EC n. 80/2014, incluiu ao art. 134 um 4º, no qual foi prescrito os princípios institucionais da Defensoria Pública, sendo eles: a unidade, a indivisibilidade e a sua independência funcional. A incorporação dos princípios institucionais ao texto constitucional apenas reforça a importância destes postulados normativos no seio da instituição, sendo certo que tais máximas já se encontravam presentes no art. 3º da LC n. 80/94.

29 29 A Unidade, a Indivisibilidade e a Independência Funcional tornam a Defensoria Pública uma instituição diversa das Procuradorias Jurídicas e revela que a atividade por ela prestada não se confunde com a advocacia (ROGER, 2015). O princípio da unidade prescreve que a Defensoria Pública é uma instituição una, inseparável entre seus membros. A atuação, tanto no âmbito judicial, quanto no extrajudicial, é de toda a Instituição, não sendo ela imputada a um membro específico. Por essa razão, não há uma descontinuidade na atuação da Instituição pela substituição de um membro por outro, temporariamente ou não (GROSTEIN, 2013, p. 75). O princípio da indivisibilidade preceitua que a atuação da Defensoria Pública, deve ser contínua e válida, independentemente de eventual substituição entre os seus membros (GROSTEIN, 2013, p. 76). Já o princípio da independência funcional pondera os dois anteriores, na medida que assegura aos órgãos de execução e atuação da Defensoria Pública a possibilidade de se valerem das técnicas que julgarem mais apropriadas para a atuação em um determinado caso concreto, buscando garantir ao Defensor Público uma liberdade de atuação na defesa das pessoas hipossuficientes (GROSTEIN, 2013, p. 77). Destarte, verifica-se que os princípios institucionais da Defensoria Pública contribuem para uma melhor atuação institucional, permitindo a organização da Defensoria Pública de modo que a assistência jurídica prestada pelo membro da instituição seja a mais completa possível (ROGER, 2014). 2.5 Autonomia Institucional da Defensoria Pública Ao se instituir um modelo público de assistência judiciária gratuita, a Constituição Federal incumbiu a operacionalização deste direito à Defensoria Pública. Todavia, foi somente com a promulgação da EC n. 45/04, que a Instituição Defensorial deixou ser apenas um órgão auxiliar do governo, com subordinação ao Poder Executivo, para adquirir uma autonomia Funcional, Administrativa e Financeira, acarretando em um notório fortalecimento desta Instituição, como pode ser visto no 2 do Art.134 C.F: 2 Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 2. A autonomia implementada pela EC n. 45/04 concedeu à Defensoria Pública as mesmas autonomias já previstas anteriormente ao Ministério Público na Constituição Federal

30 30 (arts. 127, 2º e 3º). Entretanto, a EC n. 45/04 assegurou autonomia somente às Defensorias Públicas Estaduais. Sobre este fato, LENZA (2015) afirma que: Inegavelmente, dado o caráter nacional e uno da instituição, organizada em cada ente federativo à luz da simetria, bem como a necessidade de se estabelecer um tratamento isonômico entre as defensorias nos âmbitos federal, estadual e distrital, houve um grave erro cometido pelo constituinte reformador ao tratar, na EC n. 45/2004, apenas da Defensoria Pública Estadual. Foi somente a EC n. 74/13 que estendeu à Defensoria Pública da União, Distrito Federal e Território a autonomia já garantida às DPEs. Entretanto, como será visto mais a frente, foi requerida a inconstitucionalidade desta emenda, passando a ser objeto de análise na ADI n Para o professor Daniel Sarmento (ANADEP, 2015): Com tais emendas, objetivou-se robustecer a Defensoria Pública, assegurando-lhe verdadeira blindagem institucional perante os demais poderes, contra os quais ela tem, frequentemente, que pelejar em prol das camadas socialmente vulneráveis da população. Essa autonomia, diga-se de passagem, é essencial para o efetivo cumprimento da sua missão constitucional. Ressalta-se, ainda, a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou, em junho de 2014, a Resolução nº 2821, em que recomendou aos estados que concedam aos defensores públicos independência e autonomia funcional, financeira e/ou orçamentária e técnica (item 5). No que se refere à autonomia funcional, a Defensoria Pública deixa de se submeter à submissão aos demais Poderes da República no cumprimento de suas funções institucionais. Implica na definição, pela própria Instituição, dos meios a serem adotados para a consecução de seus objetivos institucionais. Detendo a autonomia funcional, a Defensoria Pública está sujeita somente à observância da Constituição e suas leis (GROSTEIN, 2013, p. 32). Já em relação à autonomia administrativa, esta garante à Instituição Defensorial, a capacidade de autogestão, acarretando a independência para gerir seus recursos, escolhendo os rumos administrativos livremente, sem submissão externa, com a ressalva do controle externo exercido pelo Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas (GROSTEIN, 2013, p ). Como efeito direto dessa autonomia, impede-se que a Defensoria Pública esteja vinculada às Secretarias de Estado. Segundo o Supremo Tribunal Federal: A EC 45/2004 outorgou expressamente autonomia funcional e administrativa às defensorias públicas estaduais, além da iniciativa para a propositura de seus orçamentos (art. 134, 2º): donde ser inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da Defensoria Pública à Secretaria de Estado. A norma de autonomia inscrita no art. 134, 2º, da CF pela EC 45/2004 é de eficácia plena e aplicabilidade

31 31 imediata, dado ser a Defensoria Pública um instrumento de efetivação dos direitos humanos. (ADI 3.569, 2007, apud, RÉ, 2013, p. 114) Os estados de Mato Grosso do Sul, Alagoas, Roraima, Maranhão e São Paulo são aqueles nos quais os Defensores Públicos Estaduais se sentem mais autônomos em relação aos Governos Estaduais. Por outro lado, Goiás, Santa Catarina, Paraíba, Piauí e Paraná são as unidades da Federação nas quais os DPEs afirmam que suas instituições são menos autônomas em relação aos Executivos estaduais (BRASIL, 2015). Por outro lado, os Defensores Federais alegam possuir uma menor autonomia institucional e orçamentária da Defensoria Pública da União, apresentando uma opinião mais crítica, em comparação aos Defensores Públicos Estaduais, cuja percepção de autonomia na alocação de recursos é maior. Segundo os dados coletados, 94,6% deles afirmam que a unidade da Defensoria em que trabalham possui pouca ou nenhuma autonomia para gerir a alocação e aplicação de seus próprios recursos. Além disso, eles apontam o Governo Federal como o órgão que mais restringe a autonomia institucional da DPU (BRASIL, 2015). No tocante à autonomia orçamentária ou financeira, cabe à Defensoria Pública apresentar sua proposta orçamentária, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, 2º da Carta Federal. Cumpre observar que, nos termos do art. 168 da Constituição Federal, os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativos e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, deverão ser entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, 9º (GROSTEIN, 2013, p. 33). Em se tratando das Defensorias Públicas Estaduais e do Distrito Federal, incide o art. 97-B da LC n. 80/94. Desta forma, torna-se incontestável o reconhecimento da autonomia funcional, administrativa e financeira da defensoria pública estadual, do DF e da União (ECs ns. 45/2004, 69/2012 e 74/2013), não se admitindo a sua vinculação a quaisquer dos Poderes (as disposições são de eficácia plena e aplicabilidade imediata). Estabelecer que a defensoria pública é integrante ou subordinada ao Poder Executivo, diante das regras introduzidas, significa afrontar a Constituição e regredir em termos do direito fundamental de proteção aos necessitados (LENZA, 2015).

32 Áreas de atuação da Defensoria Pública A atuação da Defensoria Pública não se restringe em garantir a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; ela tem como objetivos a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais; a afirmação do Estado Democrático de Direito; a prevalência e efetividade dos direitos humanos; e a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório (artigo 3º-A da LC n. 80/94). Desse modo, a Instituição presta relevante serviço de justiça gratuita à imensa demanda dos excluídos socialmente, garantindo, assim, seus direitos humanos (artigo 1º, inciso III, e artigo 4º, inciso II, ambos da CF/88). Conforme indaga Bissochi (2009, p ): Na realidade, o papel da Defensoria Pública vai muito além do que se percebe da interpretação literal dos dispositivos constitucionais. A Defensoria Pública é, por vocação constitucional, instituição que se presta a buscar a realização da dignidade da pessoa humana e de grande parte dos demais que lhe são correlatos. É pacífico que o não exercício dos direitos fundamentais deve-se, em grande parte, à carência financeira da população brasileira. Fragilidade econômica que leva ao analfabetismo, a condições precárias de saúde, ao subemprego, à violência, à falta de moradia, à marginalidade social e especialmente à total e completa alienação quanto a seus próprios direitos, que culmina, inevitavelmente na ausência de dignidade. [...] Se a hipossuficiência é um dos maiores, se não o maior problema da sociedade brasileira, representando um grande entrave à eficácia social dos direitos fundamentais e a Defensoria Pública foi criada especialmente para garantir integralmente os direitos desta parcela da população, impossível não concluir pela essencialidade desta instituição à realização da cidadania plena. Não obstante a essa atuação judicial, a concretização de direitos fundamentais também envolve a atuação extrajudicial e a educação em direitos pela Defensoria Pública, primando pela prevenção de conflitos e conscientização de direitos e deveres para o exercício da cidadania. Essas frentes são materializadas por palestras, cursos populares, conciliações e atendimentos multidisciplinares. A seguir serão analisadas brevemente as áreas de atuação da Defensoria Pública da União, das Defensorias Públicas Estaduais e da Defensoria Pública do Distrito Federal. Também será analisada em tópico separado a atuação da Instituição Defensorial na resolução extrajudicial de conflitos, devido sua importância na busca da pacificação social A Defensoria Pública da União A Defensoria Pública da União (DPU) é responsável pela prestação de assistência jurídica aos necessitados junto ao Poder Judiciário da União (Justiça Federal, Justiça do

33 33 Trabalho, Justiça Eleitoral, Justiça Militar, Justiça Eleitoral) em todas as instâncias, bem como junto à Administração Pública Federal, seja direta ou indireta, embora a redação do art. 14 da LC n. 80/94 se refira somente à União, devendo neste caso ocorrer uma interpretação extensiva para abranger toda a administração federal. As principais atividades da DPU se dão na área da saúde (exemplo: ação de medicamentos), da educação (exemplo: ação envolvendo o não cumprimento do contrato do FIES), da previdência social (exemplo: ação requerendo a concessão de benefícios previdenciários negados pelo INSS administrativamente), da assistência social (exemplo: ação requerendo a concessão do benefício assistencial de prestação continuada LOAS negado pelo INSS administrativamente), das ações coletivas, da área penal (exemplo: defesas em processos criminais perante a Justiça Federal, os Juizados Especiais Federais Criminais, as Auditorias Militares e as Penitenciárias Federais), da defesa dos direitos humanos fundamentais das minorias, bem como em outras matérias, como por exemplo, no ajuizamento de ações que busquem garantir ao trabalhador o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) ou para a obtenção e regularização do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) perante a Receita Federal. Cabe também atuação extrajudicial para resolução de conflitos às pessoas físicas e jurídicas e prestação de assistência jurídica preventiva e consultiva, para minimizar conflitos de interesse na sociedade e, assim, contribuir para a formação da cidadania plena As Defensorias Públicas dos Estados As Defensorias Públicas Estaduais (DPEs) possuem atribuições para atuar perante o Poder Judiciário dos respectivos estados e das Instâncias Extraordinárias do Poder Judiciário Federal Comum (Superior Tribunal de Justiça e Superior Tribunal Federal). Uma vez que a competência da Justiça Estadual é extremamente ampla e abarca a maior parte dos problemas jurídicos vivenciados pelos cidadãos, não existe uma fixação prévia sobre quais casos a Defensoria Pública pode atuar. No entanto, é possível destacar as seguintes áreas de atuação: a) Área Cível: Trata-se de extenso campo que compreende ações na área do Direito Civil, Direito de Família e de Sucessões, Direito do Consumidor, Direito Urbanístico, Direito Ambiental, Direito à Saúde, Garantias Constitucionais, entre outras. b) Tutela Coletiva:

34 34 A Defensoria Pública possui a prerrogativa legal de oferecer ações civis públicas na defesa coletiva dos cidadãos carentes. Esse instrumento pode ser manejado em diversas áreas do Direito tais como Habitação, Urbanismo, Saúde, Meio-Ambiente e Defesa do Consumidor. A lei prevê também que a Defensoria Pública promova termos de ajustamento de conduta (acordos extrajudiciais com força legal) para garantir que as demandas dessa natureza sejam resolvidas rapidamente e sem necessidade de um processo judicial. c) Área Criminal: A atuação na área criminal corresponde essencialmente à defesa dos réus de forma ampla e abrangente. A Defensoria promove não apenas a defesa em primeira instância, mas maneja todos os recursos cabíveis, tendo atuação marcante perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Superior Tribunal Federal (STF). Também é possível a atuação em defesa da vítima, especialmente nas hipóteses de Juizados Especiais ou de aplicação da Lei Maria da Penha (proteção contra mulheres vítimas de violência doméstica). d) Área da Infância e Juventude: A atuação perante os Juízos da Infância e Juventude concentra-se na defesa de adolescentes acusados de terem cometido atos-infracionais ou que cumprem medidas socioeducativas por determinação judicial (internação, liberdade assistida, serviços comunitários, entre outras). Outros casos incluem o atendimento de problemas relacionados a crianças e adolescentes que vivem em abrigos, de pedidos de adoção ou de guarda e demais disposições relativas ao Estatuto da Criança e do Adolescente. e) Área de Execução Criminal: É a área responsável pela defesa de cidadãos que estejam cumprindo pena após condenação judicial pelo cometimento de um crime. Inclui a formulação de diversos pedidos, tais como: progressão de regime, liberdade condicional, indulto, defesa em faltas disciplinares, além de outros relativos aos tratamentos dispensados dentro do sistema penitenciário. As Defensorias Públicas dos Estados também poderão atuar por intermédio de núcleos especializados, como por exemplo o Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania do Estado de São Paulo, dando-se prioridade, às regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional (art. 107, LC n. 80/94).

35 35 Os núcleos especializados incorporam, com nitidez a ideia e a importância da adoção do modelo público de assistência jurídica, visto que possuem sua atuação voltada aos problemas jurídicos sociais de massa ou estruturais, com prioridades mais preventivas, informativas, que meramente ressarcitórias ou curativas na defesa dos grupos mais vulneráveis. (RÉ, 2013, p. 173) A Defensoria Pública do Distrito Federal A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) apresenta algumas peculiaridades decorrentes de sua organização e atribuições específicas. Recentemente, ela passou por um processo de desfederalização, pois as competências administrativa e legislativa deixaram de ser da União, como era desde a promulgação da Constituição Federal (art. 21, XIII, art. 22, XVII). Tal fato é decorrente da Emenda Constitucional n. 69/2012 que alterou essa realidade, mantendo com a União, além da DPU, apenas a competência para organizar a Defensoria Pública dos Territórios. Com a referida emenda, a Defensoria Pública do Distrito Federal ficou submetida aos mesmos princípios e às mesmas regras que regem a instituição nos estados, cabendo neste caso, as mesmas áreas de atuação A Defensoria Pública como agente na resolução extrajudicial de conflitos Ao se analisar as dificuldades vividas pelo Poder Judiciário e o seu potencial limitador de solução dos problemas dos jurisdicionados, nota-se a importância da difusão das técnicas de resolução extrajudicial de conflitos entre as instituições públicas e na própria comunidade. Diversos fatores apontam à indispensável desjudicialização dos conflitos, empregando-se meios alternativos para sua resolução, como forma de evolução do Direito. A ideia é a de que a partir da composição entre as partes, ocorra um atendimento mais ágil e célere de forma a evitar a judicialização desnecessária dos conflitos e ao mesmo tempo estimular a efetiva pacificação. Neste sentido, Antônio Pessoa Cardoso (2007) afirma que: Com o advento da Constituição cidadã, onde se exige razoável duração do processo inciso LXXVIII, artigo 5º, a desjudicialização passa a ser reivindicação do jurisdicionado. Além da quebra do monopólio judicial, através de leis, adequadas umas, capciosas outras, aparecem formas alternativas para solução dos conflitos, a exemplo dos juizados especiais, da conciliação, da mediação, etc.

36 36 Reforçando tais entendimentos, Cappelletti e Garth (1988, p ) demonstraram em sua obra vantagens na solução de conflitos em uma fase conciliatória informal, apontando que: Existem vantagens óbvias tanto para as partes, quanto para o sistema jurídico, se o litígio é resolvido sem a necessidade de julgamento. A sobrecarga dos Tribunais e as despesas excessivamente altas com os litígios podem tornar particularmente benéficas para as partes as soluções rápidas e mediadas, tais como o juízo arbitral. Ademais, parece que tais decisões são mais facilmente aceitas do que decretos judiciais unilaterais, uma vez que eles se fundam em acordo já estabelecido pelas partes. É significativo que o processo dirigido para a conciliação ao contrário do processo judicial, que geralmente declara uma parte vencedora e a outra vencida ofereça possibilidade de que as causas mais profundas de um litígio sejam examinadas e restaurado um relacionamento complexo e prolongado. No âmbito das Defensorias Públicas, a solução extrajudicial de conflitos alcança status de função institucional, na medida em que estas devem promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de conflitos (art. 4º, II, da LC n. 80/94). Dentre as legislações estaduais que organizam as Defensorias Públicas, diversas delas mencionam o dever da instituição quanto a sua atuação em trabalhos mediadores. A atuação da Defensoria Pública é considerada fundamental para a promoção da cultura de paz e para a educação da população que não teria acesso aos serviços de mediação sem a atuação de um defensor público. Os meios alternativos de resolução de disputas, quando utilizados de forma adequada, podem ajudar as pessoas a lidarem com o conflito e a construírem soluções consensuadas. Em instituições como a Defensoria Pública, o acesso à justiça aos hipossuficientes assume novo patamar, permitindo-se a restauração do vínculo mantido entre as pessoas envolvidas no litígio e garantindo-se maior qualidade nos acordos lavrados. Neste contexto, é relevante que o Poder judiciário confira credibilidade aos acordos extrajudiciais referendados pela Defensoria Pública, independente de participação do Ministério Público, que também possui a prerrogativa de firmar tais títulos extrajudiciais. Como exemplo da atuação da Defensoria Pública como agente na resolução extrajudicial de conflitos, tem-se o Núcleo de Mediação Familiar da Defensoria Pública da Bahia. Criado em setembro de 2010, tem o objetivo de resolver conflitos ligados à área de família, orientando as partes a encontrarem soluções possíveis e convenientes para ambas (DPE/BA, 2013).

37 37 A defensora pública Tatiane Franklin (DPE/BA, 2013), responsável pelo Núcleo, pontua sobre a importância da prática de resoluções extrajudiciais de conflitos no âmbito defensorial: Como o Poder Judiciário não vem solucionado os conflitos que lhe são postos em tempo razoável, a Defensoria Pública entendeu ser necessário incentivar a prática da mediação, principalmente na área de família, vez que é imprescindível empoderar o cidadão, despertando-lhe a consciência de que ele é a pessoa mais apta para encontrar a melhor solução para o seu conflito. Outro exemplo da Instituição frente a resolução extrajudicial de conflitos é a atuação da Defensoria Pública de São Paulo na cidade de São José do Rio Preto. Após a instalação de uma câmara de conciliação pela Defensoria Pública de SP e a celebração de dois termos de ajustamento de conduta (TAC), várias instituições assistenciais da cidade de São José do Rio Preto receberam recursos diretamente da empresa América Latina Logística (ALL) para a execução de vários projetos sociais de atendimento à comunidade, dentre os quais estão incluídos a aquisição de veículos. A ALL é a empresa responsável pela administração da linha férrea onde, em novembro de 2013, um trem descarrilou, atingindo duas casas e matando oito pessoas. (DPE/SP, 2016) De acordo com o Defensor Público Júlio Tanone (DPE/SP, 2016), responsável pelos acordos, a atuação da Defensoria Pública de SP no caso demonstra a importância da busca por soluções extrajudiciais na solução de conflitos: Com dois TACs e uma câmara de conciliação com 37 acordos e 98% de êxito, foi possível mediar o conflito dos moradores com a empresa concessionária, além de firmarmos acordo de indenização por danos morais coletivos, o que consolida a Defensoria Pública como instituição moderna e dinâmica na tutela dos direitos sociais e solução alternativa de conflitos. As Defensorias Públicas dos Estados têm se engajado na prestação de assistência para resolução de conflitos extrajudiciais, pois 85% dos Defensores realizam esse tipo de serviço nas unidades em que atuam. Vale mencionar que a promulgação da Lei de Mediações Lei n , em 26 de junho de 2015, passará a influenciar, ainda mais, a realização de tais práticas na atuação da Instituição Defensorial (BRASIL, 2015).

38 38 3 AS DIFICULDADES PARA O EFETIVO EXERCÍCIO DA DEFENSORIA PÚBLICA Embora nas sociedades modernas o acesso à justiça seja aceito como direito fundamental, no Brasil, ele está longe de ser efetivado. A garantia de assistência jurídica à população de baixa renda, instituída pela Constituição, e realizadas por meio da atuação da Defensoria Pública, não tem sido cumprida nos estados e União. Uma análise superficial da realidade brasileira demonstra que, como este, outros direitos fundamentais positivados não chegam a se materializar, impedindo o acesso à justiça de forma igual para todos e, consequentemente, a efetivação do Estado Democrático de Direito. Diante das enormes dificuldades encontradas para a criação e o desenvolvimento das Defensorias Públicas, e do custo jurídico-social que a sonegação do acesso à justiça representa para a sociedade brasileira, foram realizadas pesquisas com o intuito de se verificar a situação do Órgão Defensorial nas comarcas e sessões judiciárias no país. Dentre os trabalhos mais relevantes, cita-se, primeiramente, o Mapa da Defensoria Pública no Brasil, uma pesquisa realizada em 2013 pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em que se verifica dados importantes sobre a presença da Defensoria Pública em todo o país, como por exemplo, a falta de defensores públicos nas comarcas brasileiras e a discrepância dos investimentos no sistema de justiça. Têm-se, também, os quatro estudos diagnósticos nacionais da Defensoria Pública elaborados pelo Ministério da Justiça. O I Diagnóstico da Defensoria Pública, lançado em 2004, apresentou, pela primeira vez, dados consolidados sobre essa instituição que é tão essencial para o acesso à Justiça no Brasil. O II Diagnóstico, publicado dois anos depois, mostrou aspectos importantes sobre a sua estruturação, a partir da EC n. 45/04. O III Diagnóstico, elaborado em 2009, mostrou diversos avanços decorrentes da promulgação da LC n. 132/09. O IV Diagnóstico foi elaborado no âmbito do projeto Fortalecimento do Acesso à Justiça no Brasil, parceria entre a Secretaria de Reforma do Judiciário, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) (BRASIL, 2015). Todos estes estudos servem como parâmetro para uma investigação detalhada a respeito da situação em que se encontram as Defensorias Públicas no Brasil, tanto no âmbito federal, quanto no âmbito estadual. No presente trabalho, serão utilizados majoritariamente o

39 39 Mapa da Defensoria Pública e o IV Estudo Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil, buscando-se demonstrar, brevemente, o retrato das Defensorias Públicas atualmente. Embora não seja o único indicador de vulnerabilidade social (e legal), o critério de renda e o limite de três salários-mínimos têm sido os parâmetros utilizados pelo Ministério da Justiça e pelo PNUD nas edições do Diagnóstico da Defensoria Pública no Brasil, como também no estudo Mapa da Defensoria do Brasil, por serem de fácil aferição com base nos dados no IBGE. No Diagnóstico também foi utilizado como critério a idade mínima de 10 anos. A adoção desse corte, no âmbito financeiro, facilita a comparação e o diálogo com estudos precedentes. Todavia, deve-se ressaltar que não há legislação que estabeleça qualquer limite remuneratório, assegurando que pessoas com renda maior possam utilizar os serviços da Defensoria Pública, sempre que verificada a necessidade (BRASIL, 2013). De acordo com o último levantamento do IBGE, realizado em 2010, 82% da população brasileira se encontra na faixa salarial que os coloca como destinatários dos serviços da Defensoria Pública, o que possibilita inferir que a maioria da população brasileira está sendo prejudicada com a falta de aparelhamento do órgão (MIGALHAS, 2013). Cabe destacar que vários concursos para a carreira de Defensor Público, bem como para o corpo administrativo do Órgão Defensorial, ocorreram no país após a realização destes estudos, podendo alguns índices estarem desatualizados no momento de realização deste trabalho, por ainda não terem sido computadas as novas aprovações. A seguir serão apresentados alguns dos principais problemas que assolam o desenvolvimento deste órgão, dificultando sua completa implementação e o seu fortalecimento institucional. 3.1 A falta de estrutura física e material da Defensoria Pública Apesar das previsões legais e do reconhecimento internacional como boa prática do modelo adotado no Brasil, a criação e a implementação de Defensorias Públicas têm sido um processo lento e intrincado, tanto em nível estadual como em nível federal (SANTOS, 2008). Constata-se que as Defensorias Públicas Estaduais e da União sofrem com a falta de infraestrutura material e humana. Possuem insuficiência de recursos humanos defensores além de quadro de apoio técnico e administrativo, o que gera enormes prejuízos a sua atividade fim.

40 40 Tanto nas Defensorias Públicas Estaduais quanto da União, a principal deficiência encontrada em termos de recursos humanos refere-se à disponibilidade de servidores que prestam apoio administrativo ao trabalho dos defensores públicos. De acordo com os dados coletados, em 58,4% das unidades da DPU, não há quadro próprio de servidores para o desempenho de atividades administrativas e em 79,3% não há servidores de apoio para o trabalho dos defensores. Nas DPEs, esses percentuais são de 44,4% e 62,5%, respectivamente. Na esfera estadual, nos estados do Acre e de Goiás, 100% dos Defensores Públicos avaliaram a disponibilidade de recursos humanos de suas unidades como pouco ou nada adequadas, constituindo os casos mais críticos. Por sua vez, Minas Gerais também apresentou elevado percentual de profissionais que consideravam nada adequada a estrutura de pessoal da Defensoria Estadual, com 58,2%. (BRASIL, 2015). No que tange ao âmbito federal, para agravar ainda mais este quadro de insuficiência de recursos humanos, ficou suspenso por cinco meses no ano de 2015, o concurso destinado a seleção para a área administrativa da DPU. A suspensão ocorreu porque o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG) redirecionou os cargos disponibilizados para o concurso. Segundo o MPOG, desde 2013, com a aprovação da EC n. 74/2013, a Defensoria detém autonomia funcional, administrativa e iniciativa de proposta orçamentária, o que lhe dá condições de contar com estrutura própria de cargos e realizar seus concursos. Porém, tal autonomia impede que a DPU realize seleções para provimento de cargos do Executivo Federal, motivo pelo qual os cargos do edital atual foram redirecionados para o Sistema de Pessoal Civil (Sipec), da Administração Pública Federal. Assim, a continuidade do concurso dependeria da criação de cargos específicos para a DPU (PACHECO, 2015). Entretanto, após pedido de liminar da DPU, deferido pela Justiça Federal, os cargos redirecionados da Defensoria Pública da União, pelo Ministério do Planejamento, foram devolvidos ao órgão. De acordo com o juiz Marcelo Rebello, da 16º Vara Cível Federal, a inexistência de cargos compromete gravemente o desempenho de proteção dos direitos das pessoas com menos recursos, que é a missão da defensoria. O magistrado defende que: A redistribuição prejudica a continuidade de serviço público relevante e indispensável, o que se revela incompatível com os valores da Constituição e o interesse público primário (máxima concretização do direito fundamental de assistência jurídica integral e gratuita), em nítido retrocesso social (PACHECO, 2015). Para além do espaço físico e da garantia de acessibilidade ao público a que se destina, o bom desempenho das atividades dos Defensores Públicos está vinculado, também, à

41 41 disponibilidade e à qualidade do local e material de trabalho, tais como telefone, computador, fax, impressora, estrutura de rede e acesso à internet, sistema informatizado, material de expediente, serviço de limpeza, mobiliário e infraestrutura física. Segundo os Defensores Públicos Estaduais, os itens acima mencionados, necessários para um bom atendimento à população carente, foram considerados regulares, ruins ou inexistentes por mais de 40% dos entrevistados na pesquisa realizada para o IV Diagnóstico. A infraestrutura física e o mobiliário das unidades das DPEs foram criticados e considerados regular ou ruim, respectivamente, por 62,6% e 56,5% dos Defensores Públicos. Aspectos tecnológicos também mereceram destaque negativo, uma vez que o sistema informatizado foi considerado inexistente (16,4%), ruim (21,4%) ou regular (29,6%) por 67,4% dos Defensores. Já a estrutura de rede e acesso à internet, considerada ruim ou regular por 57,2% dos Defensores Públicos, chama a atenção por inexistir em 2,9% dos casos. Os dados analisados destacam a necessidade de investimento em infraestrutura e tecnologia nas unidades das DPEs, especialmente no interior ou em unidades menores (BRASIL, 2015). Buscando acompanhar esse desenvolvimento tecnológico, a Defensoria Pública do Rio de Janeiros estabeleceu uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro para desenvolver um sistema que possa interligar toda a Defensoria, com o cadastro dos usuários da instituição e a conexão com o processo eletrônico, otimizando assim o trabalho do defensor público, o que refletirá em um melhor atendimento para seus assistidos (SOUZA, 2015). Também foram verificadas deficiências na estrutura física da DPU. Para os Defensores Públicos Federais os itens anteriormente mencionados foram considerados regulares ou ruins por mais de 40% dos entrevistados, assim como os Defensores Públicos Estaduais. De forma mais destacada, a infraestrutura física das unidades da DPU foi criticada por 56,9%. O mesmo ocorreu em relação ao mobiliário e à estrutura de rede e acesso à internet, considerados insatisfatórios por 62,6% e 60,1% deles, respectivamente. Os dados analisados destacam a necessidade de adequação das condições de trabalho dos Defensores Públicos Federais para exercício de suas atividades, já que as deficiências demonstradas podem prejudicar a prestação da assistência jurídica pela DPU. Outro grande empecilho ao desenvolvimento da Instituição Defensorial é a falta de orçamento para a realização de suas atividades. Essa falta de investimentos atinge principalmente as defensorias públicas do interior do país, onde a situação ainda mais grave do que nos grandes centros. Os repasses realizados pelo Tesouro Federal constituem, ainda, a fonte de receitas mais importante das Defensorias Públicas, sendo responsável por

42 42 praticamente todo o orçamento da DPU e de cerca de 75% do orçamento das DPEs. Nos últimos anos, percebe-se, contudo, o aumento dos recursos provenientes de fundos próprios das Defensorias. Tais recursos, porém, correspondem a uma parcela pequena do orçamento, especialmente na Defensoria Pública da União. O baixo volume de recursos próprios pode ser, em grande medida, um indicador da dependência financeira da qual estas instituições ainda padecem. Ainda que o montante destinado pela União a essas instituições seja imprescindível para seu funcionamento, a diversidade das fontes orçamentárias continua a ser necessária para se preservar a autonomia destas instituições (BRASIL, 2015). Como exemplo desta disparidade no orçamento, cita-se a Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Seu orçamento do ano de 2015 foi de quase um terço do orçamento do Ministério Público, variando entre esse valor e a metade nos últimos dez anos. Entre 2008 e 2014, a despesa com pessoal na Defensoria Pública, em valores atualizados, foi inferior a 1,38%, enquanto a média nos poderes e nas instituições autônomas foi de 33,37%. Ou seja, o Poder Judiciário, o Poder Legislativo, o Ministério Público e o Tribunal de Contas, entre 2008 a 2014, registraram um aumento de 33,37% na despesa com pessoal. Esse é um dado demonstra o cenário em que a Defensoria Pública se encontra (SOUZA, 2015). Infelizmente, a maioria das Defensorias Públicas ainda repousa sob a tutela da União ou dos estados, não sendo destinados recursos orçamentários fixos, tal como é feito para o Ministério Público ou para a Magistratura (BRASIL, 2015). A falta de estrutura da Defensoria Pública se reflete em visível negação de acesso à justiça ao povo brasileiro, em especial, na área criminal, pois, nessa área, o público preferencial do sistema punitivo é a população marginalizada e pobre, que necessita dos serviços de uma defesa penal pública materialmente eficaz (SOUZA, 2011, p.114). A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que a falta de defensores públicos é uma das principais causas da superpopulação carcerária no Brasil. O problema foi apontado em estudo feito pelo órgão no Brasil em A carência de defensores afeta o acompanhamento dos processos dos detentos e contribui para o alto índice de presos provisórios, que correspondem a aproximadamente 40% do total (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2014). Nestor Távora e Rosmar Antonni (2009, p. 47) reafirmam a necessidade de aparelhamento da Defensoria Pública, visto que a falta de estrutura da Instituição impossibilita a aplicação do princípio da igualdade processual ou paridade de armas:

43 43 [...] seria fictícia a paridade, se o órgão ministerial, acusador oficial, desfrutasse da estrutura e condição digna e necessária de trabalho, ao passo que os defensores, assoberbados pelas demandas que se acumulam, ficassem na condição de pedintes, subjugados a boa vontade do Executivo para que pudessem galgar um mínimo de estrutura para desempenhar as suas funções. É por isso que, sem uma Defensoria Pública forte, bem estruturada, com recursos materiais e humanos adequados para o desempenho da sua missão constitucional, fica comprometido o gozo de todos os direitos fundamentais dos indivíduos e grupos hipossuficientes e vulneráveis. Foi o que ressaltou o Ministro Celso de Mello (2014, apud, SARMENTO, 2015, p. 5), em memorável decisão: Cumpre, desse modo, ao Poder Público dotar-se de uma organização formal e material que lhe permita realizar, na expressão concreta de sua atuação, a obrigação constitucional mencionada, proporcionando, efetivamente, aos necessitados plena orientação jurídica e integral assistência judiciária, para que os direitos e as liberdades das pessoas atingidas pelo injusto estigma da exclusão social não se convertam em proclamações inúteis nem se transformem em expectativas vãs. A questão da Defensoria Pública, portanto, não pode (e não deve) ser tratada de maneira inconsequente, porque de sua adequada organização e efetiva institucionalização depende a proteção jurisdicional de milhões de pessoas carentes e desassistidas que sofrem inaceitável processo de exclusão que as coloca, injustamente, à margem das grandes conquistas jurídicas e sociais. Embora as atribuições de magistrados, promotores de justiça e defensores públicos sejam distintas, as três carreiras integram o sistema de justiça e têm funções claramente complementares (2013). Entretanto, há uma ausência de integração destas instituições no sistema de justiça brasileiro, principalmente, em relação aos recursos repassados aos órgãos, à proporção de seus componentes, além de suas remunerações. No que se refere ao número destes componentes do sistema de justiça, percebe-se claramente uma grande desproporção entre eles, fato que gera grande impacto na prestação de assistência jurídica aos necessitados, em virtude do desiquilíbrio existente entre o estado-juiz, o estado-acusação/fiscal da lei e o estado-defensor. Por meio do Mapa da Defensoria (2013) observa-se que os estados contam com magistrados, membros do Ministério Público e defensores públicos (nas 1ª e 2º instâncias). O Rio Grande do Norte é o estado com a pior relação entre magistrados, promotores de justiça e defensores públicos, pois para cada defensor público há cinco juízes e cinco promotores. Em São Paulo, estado com situação econômica muito superior ao Rio Grande do Norte, a relação não é muito diferente, visto que para cada defensor há 4 magistrados e 3 promotores de justiça. O estado do Rio de Janeiro, o qual possui a Defensoria Pública mais antiga, é o que possui a menor desproporção entre os membros do sistema de justiça.

44 44 Gráfico 1. Cargos providos no Sistema de Justiça Estadual Fonte: ANADEP, 2013; CNJ, 2012; CNMP, Já em relação à remuneração, é necessário que ocorra uma equiparação entre as remunerações das carreiras, em especial à dos membros da carreira do Ministério Público. Ao se analisar os subsídios recebidos entre a carreira da Defensoria Pública e o Ministério Público, verificou-se que a média no Brasil se dá, respectivamente, em R$ 7.622,74 e R$ ,64, ou seja, uma diferença de 257% (SOUZA, 2011). Em relação à DPU, foi aprovado no dia 30 de março de 2015 pelo plenário da Câmara dos Deputados, o projeto de lei (PL 7924/14) que equipara o salário do Defensor Público Geral ao dos ministros do Supremo Tribunal Federal e do procurador-geral da República, que é de R$ 33,7 mil. O reajuste previsto no projeto de lei terá impacto nas três categorias que compõem a carreira de defensor público federal, com escalonamento de 5% entre elas: defensor de 2ª categoria (início de carreira), de 1ª categoria (intermediário) e especial (final). O defensor em início de carreira deverá passar a ganhar em torno de R$ 28 mil. O projeto de lei tem de ser votado ainda pelo Senado (CARNEIRO, 2015). Registra-se que, no que se refere à remuneração dos Defensores Públicos Estaduais, deve-se também ocorrer uma valorização dentro da própria carreira, inclusive quando se trata

45 45 dos valores iniciais e finais a serem percebidos pelos Defensores Públicos, uma vez que não há um padrão remuneratório nacional, e dessa forma cada unidade da federação apresenta o seu, não ocorrendo, assim, a isonomia buscada entre as carreiras acima mencionadas no âmbito interno da Instituição. Há uma variação considerável na remuneração das Defensorias Públicas recebida pelos seus profissionais. O valor inicial bruto pago aos defensores vai desde os R$ 5.115,00, no estado do Pará, até os R$ ,15 vigentes em Tocantins e Alagoas. A remuneração bruta final, por sua vez, varia de R$ ,00 em Santa Catarina, estado em que há a menor diferença entre o salário inicial e final da carreira, podendo chegar até R$ ,00, em Rondônia, que apresenta, ademais, a maior diferença salarial. Os valores médios nacionais são de R$ , para a remuneração inicial, R$ ,00, para a final, com uma diferença de R$ entre uma e outra (BRASIL, 2015). Cabe também mencionar a necessidade da criação de um Conselho Nacional da Defensoria Pública, nos moldes do Conselho Nacional do Ministério Público e do Conselho Superior da Magistratura. O órgão seria responsável pelo controle da atuação administrativa e financeira das Defensorias Públicas e pela fiscalização do cumprimento dos deveres funcionais dos Defensores, contribuindo dessa forma para o fortalecimento da Instituição. De acordo com o IV Diagnóstico (2015), 53,7% dos Defensores pesquisados avaliam que a criação da CNDP é muito importante (BRASIL, 2015). Constata-se, portanto, através das informações apresentadas, o quão necessário se faz uma estruturação eficaz da Defensoria Pública, mediante o apoio dos governos (federal e estadual), principalmente no âmbito financeiro, para o efetivo exercício da Instituição e um arcabouço institucional adequado, evitando-se, assim, nas palavras da Ministra Carmen Lúcia (2012, apud, SARMENTO, 2015, p. 5), que a inanição administrativa faça definhar não só a Defensoria Pública, mas o próprio quadro de desvalia social dos mais carentes. 3.2 O déficit de Defensores Públicos nas comarcas e sessões judiciárias do Brasil A institucionalidade da Defensoria Pública tem sofrido uma série de dificuldades no que concerne à sua consolidação. Atualmente, ainda é grande o número de Comarcas sem a presença de Defensorias Públicas ou mesmo que contam com o trabalho de advogados dativos em virtude da falta de profissionais concursados, sobretudo em áreas mais sensíveis, como as regiões Norte e o Nordeste do Brasil. Além disso, Defensores relatam o inconcluso processo

46 46 de ampliação da autonomia, sobretudo financeira, das Defensorias Públicas, que ainda se mostram dependentes da estrutura administrativa dos Poderes Executivos (BRASIL, 2015). Apesar da prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados garantir à Defensoria Pública um lugar de extrema relevância na democracia brasileira, anteriormente ao ano de 1990, havia Defensorias Públicas em apenas sete estados brasileiros. Esse número cresceu, consideravelmente, a partir dos anos 1990, período em que mais dez estados implantaram essas instituições. Também nos anos 1990 foram implementadas as primeiras unidades da DPU. Posteriormente, oito estados criaram as suas Defensorias Públicas, contudo, somente nos anos 2000, com as duas últimas delas tendo sido criadas por lei apenas em 2011, no estado do Paraná, e em 2012, no estado de Santa Catarina (BRASIL, 2013), conforme pode ser constatado no gráfico a seguir: Gráfico 2 - Criação das Defensorias Públicas no Brasil: uma cronologia Fonte: III Diagnóstico Defensoria Pública no Brasil/MJ (2009) e Leis Orgânicas das Defensorias Públicas de Goiás (2005), Paraná (2011) e Santa Catarina (2012). Apesar da previsão constitucional, a implantação das Defensorias Públicas nos Estados sofreu grande resistência por parte de seus governos, fato que dificultou o fortalecimento das instituições e o desenvolvimento e amadurecimento de políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos dos hipossuficientes. O professor Daniel Sarmento (2015) acredita que:

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