IX Encontro da ABCP. Área Temática: Estudos de Política Externa

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1 1 IX Encontro da ABCP Área Temática: Estudos de Política Externa Os think tanks como atores da política externa americana: visões do populismo na América Latina Ricardo Alaggio Ribeiro Universidade Federal do Piauí Brasília, DF 04 a 07 de Agosto de 2014

2 2 Os think tanks como atores da política externa americana: visões do populismo na América Latina Resumo: Este trabalho busca entender o papel dos principais think tanks americanos como atores na formulação da agenda e do debate em torno da política externa norte-americana para a América Latina. De forma mais especifica, visa analisar como se dá a influência destes institutos de pesquisa em relação a sensível questão do que é entendido na ciência política norte-americana como populismo. O trabalho primeiramente define populismo nas suas diversas óticas e em um segundo momento apresenta a estrutura dos principais think tanks, mostrando o alinhamento político ideológico hoje existente. A seguir apresenta-se a posição destes institutos em relação aos regimes considerados populistas. Por último, é feita uma análise do impacto destas avaliações, considerando o papel dos think tanks como suporte intelectual; como elemento legitimador da política externa; como espaço de debate e como espaço de formação de quadros da burocracia do Departamento de Estado e de outras agências governamentais norte-americanas. Introdução Após as ondas de regimes militares presentes nos governos latino-americanos até o final da década de 1980, a historiografia registra o ressurgimento do populismo no continente, assumindo novas características. Neste sentido, Coutinho (2006) esclarece que decepcionadas com as reformas estruturais e com o desempenho social das democracias, as sociedades, em quase todo o continente latino-americano, renovaram suas esperanças elegendo novos líderes preocupados com a defesa dos interesses nacionais e enfrentando questões referentes à pobreza e à desigualdade. Pautado na formação dos regimes populistas na América Latina, o objetivo deste artigo está focado em verificar o posicionamento dos principais institutos de pesquisas norteamericanos denominados think tanks, no que diz respeito ao desenvolvimento dos novos modelos populistas presentes nos países latino-americanos na década de 1990 e ao longo dos anos 2000, ganhando destaque as condições econômicas e políticas presentes na Venezuela, Bolívia, Brasil e Argentina. Boa parte destas análises realizada pelos think tanks evidenciam que os novos regimes populistas latino-americanos têm convergido para a

3 3 realização de acordos comerciais com a abertura de mercado, além de aproveitar as frágeis condições sociais que os países deste continente apresentam. Desta forma, o artigo estrutura-se da seguinte maneira: primeiramente, é definido o populismo considerando sua evolução e as diversas óticas nos países latino-americanos. Em seguida, são apresentadas as principais formulações teóricas que contribuíram para o desenvolvimento do conceito dos think tanks; a terceira seção, refere-se ao posicionamento destes institutos de pesquisa mediante os regimes considerados populistas, sendo relevante as análises dos seguintes institutos: Brookings Institution, Carnegie Endowment, Center for Global Development, Council on Foreign Relations e Heritage Foundation; e por fim serão apresentadas as conclusões. 1. Definição e conceito de populismo na América Latina Esta seção visa apresentar as principais formulações teóricas que estudam o desenvolvimento dos regimes populistas na América Latina considerando suas diversas óticas e demonstrando sua evolução, dentro do contexto econômico e social da região, além de observar a direção ideológica dos discursos utilizados pelos líderes populistas. Para Conniff (1999) o modelo populista que se desenvolve no continente latinoamericano pode ser definido em três grandes períodos: o primeiro abrange as três primeiras décadas do século XX; o segundo corresponde ao apogeu do populismo, entre os anos 40 e 70 e o último período, também conhecido como neopopulismo, segue a redemocratização, iniciada nas décadas de 1980 e 1990.O populismo que se desenvolve na América Latina entre 1940 e 1970, tem como base o Estado nacional desenvolvimentista, o apoio das classes trabalhadoras e da burguesia nacional. Já o neopopulismo surge no final dos anos 1990, no âmbito da globalização, não apoiando-se diretamente na classe trabalhadora organizada, mas sim nas grandes massas negligenciadas pelas ações do Estado até então. A classificação dos regimes populistas apresentado por Conniff (1999), aborda primeiramente o populismo definido como populismo clássico, ligado ao desenvolvimento de líderes carismáticos, com a presença de seguidores pertencentes a um amplo espectro social, resultando em uma grande expansão do número de eleitores. Neste período o populismo clássico utiliza como fonte de legitimidade, além do discurso carismático, elementos da cultura popular e socioculturais, estabelecendo programas de organização partidária e com foco em realizações administrativas de impacto. Nas décadas de 1980 e 1990, após a transição democrática dos países da região, ocorre o ressurgimento do

4 4 populismo com novas características.segundo Conniff (1999), esse novo modelo definido como neopopulista tem como uma de suas principais características o abandono de setores que foram fundamentais para o seu desenvolvimento, como o aparato sindical, e o surgimento de um discurso com menos ênfase em elementos socioculturais, embora existam exceções. Na definição de Kaufman e Stallings (1991), o populismo assume a característica de agregar um conjunto de políticas econômicas tendo como objetivo o alcance ou manutenção do poder político, além de envolver uma série de questões como: mobilizar o trabalho organizado; buscar o apoio complementar de partidos aliados; dar suporte a empresas estrangeiras e de forma geral à elite industrial doméstica.o contexto econômico do populismo apresenta um conjunto de metas para o desenvolvimento,incentivando o aumento dos salários nominais, programas de distribuição de renda, controle da taxa de câmbio e o propósito de reduzir a inflação. No entanto, as políticas macroeconômicas implementadas por governos de caráter populista na América Latina visando o controle da inflação e programas de distribuição de renda tendem muitas vezes a não convergir com o interesse das coligações. Na hipótese defendida por de Kaufman e Stallings (1991) o populismo encontra-se bastante enraizado na América Latina, representado por políticas distributivas desencadeadas desde o início do século XX, sendo este fenômeno presente em toda região, apesar das variações institucionais entre os países e os diferentes períodos. Os autores supracitados também apontam que a crise da década de 1980 representou um afastamento dos modelos populistas, apontando a política deste período como marcada por um limite imposto aos processos econômicos mantidos pelos regimes populistas, buscando a partir deste momento o crescimento econômico pautado no controle do processo inflacionário, no aumento da demanda doméstica e redistribuição de renda e também, o desenvolvimento de planos nacionais para o ajuste da economia dos países latinoamericanos presos na armadilha do endividamento. Os regimes populistas também estão ligados a fatores nacionalistas, com líderes de caráter personalista carismático fazendo específicos apelos a massas populares, buscando alianças com as classes trabalhadoras. Neste sentido, Cammack (2000) defende como ponto de principal importância a associação desenvolvimentista entre o Estado, a classe operária e a burguesia industrial, com o objetivo de desenvolver a indústria nacional nos padrões do modelo de substituição de importações. Assim, os governos populistas organizam-se em torno destas alianças e do discurso nacionalista para reforçar a posse ou manutenção do poder político. Cammack (2000) ressalta ainda que no campo institucional

5 5 os modelos populistas, com ênfase em líderes personalistas frente à perda de força dos partidos e do legislativo, os governos populistas mobilizam e organizam controle sobre os variados campos de decisão da área econômica. Analisando a formação do populismo latino-americano Cammack (2000) defende que seu surgimento não foi diretamente ligado a crises tipicamente econômicas dos países deste continente, mas sim ao discurso ideológico dominante utilizando como pauta as crises sociais. A condição de existência dos regimes populistas está relacionada em sua origem a elementos democrático-populares apresentando-se como uma opção antagônica contra a ideologia dos blocos dominantes, trazendo consigo um risco palpável para qualquer fração dos blocos dominantes existentes p.152, tradução nossa). Cammack (2000) destaca a formação dos regimes populistas por meio de uma análise do discurso com o apelo direto ao povo, considerando a conjuntura econômica e política, além do cenário institucional - desta forma o modelo populista vinculado a um discurso direto ao povo torna-se reflexo da crise das instituições políticas dos países latino-americanos. Buscando identificar um conceito a respeito dos regimes populistas desenvolvidos, Mitre (2008) associa como principal característica do populismo latino-americano o fato de ter tido início em setores urbanos, onde desempenhou um papel modernizador, utilizando o discurso político como instrumento de legitimação direcionado para as bases populares, tendo a massa operária das cidades como principal alvo. Essa política direcionada a classe operária reflete o processo de industrialização, e objetiva o controle do Estado, que passa a atuar como suporte político, promovendo políticas nacional-desenvolvimentistas, produzindo condições de legitimidade e intervenção nas áreas econômica e social, conforme Mitre (2008). No campo das reformas executadas pelos regimes populistas, Mitre (2008) apresenta a aliança de classes como instrumento para promover a diminuição do poder das elites latifundiárias; ampliar o mercado interno e utilizar a política cambial como ferramenta a favor do protecionismo. O autor supracitado também aponta que os governos populistas de origem latino-americana apresentam a intenção de realizar o rápido crescimento econômico, com objetivo de implantar programas de redistribuição de renda. Desta forma, atuam estimulando medidas macroeconômicas de aumento de salários, o que se reflete em aumento do gasto público, além de restringir programas que favorecem a elevação gradual da produtividade. Mitre(2008) aponta que as políticas macroeconômicas expansivas tornamse insustentáveis no médio prazo, uma vez que essa estratégia conduz a um corolário inexorável: após uma melhoria temporária no salário real e nas taxas de emprego e de

6 6 produção, a demanda crescente de bens domésticos puxa a inflação para cima (p.11, tradução nossa). Mitre (2008) identifica um ciclo de políticas ligadas ao Estado nacionaldesenvolvimentista implementadas pelos novos regimes populistas: primeiro, os governos executam reformas políticas estabelecidas pelo pensamento neoliberal, alinhando-se a políticas externas norte-americanas; em segundo lugar, políticas são implementadas mediante a teoria social-democrata, buscando diminuir desigualdades sociais e se este for o caso - finalmente são implementados modelos populistas pautados no ataque direcionado contra um suposto neoliberalismo, acompanhado de um discurso anti-norteamericano, como por exemplo, na Venezuela. Considerando os problemas metodológicos baseados na formulação do conceito do populismo, Debert (2008) considera que, apesar dos modelos populistas latino-americanos apresentarem um caráter nacionalista herdado do populismo europeu, difere-se pela participação dos estratos menos favorecidos, pois, enquanto no continente europeu a classe média atuava garantindo as bases fundamentais para o desenvolvimento de movimentos de direita, já na América Latina os movimentos nacionalistas passaram a ser direcionados a estratos populares da sociedade, observando o contexto social e econômico dos países latino-americanos. Desta maneira, os movimentos nacionalistas presentes nos países latinoamericanos tornam-se marca dos regimes populistas assumindo caráter anti-oligárquico, contribuindo com choque de interesses entre classes, conforme Debert (2008, apud GERMANI, 1968). A formação de regimes populistas na América Latina também dependeu de coalizões políticas direcionadas ao apoio de reformas sociais, em muitos casos alimentados pelo Estado, em um ambiente marcado por programas de industrialização, reforçando o Estado nacionalista através de líderes personalistas e carismáticos. Roberts (2000) aponta que os modelos populistas estruturados a partir deste tipo representação política sofreram grandes impactos com a formação de regimes militares que surgiram nos países latino-americanos a partir da segunda metade do século XX, criando pressões para conter reivindicações trabalhistas necessárias a formação de movimentos populistas. A crise da década de 1980 também se tornou um obstáculo para o desenvolvimento dos regimes populistas, com o início dos planos de austeridade orientando políticas de ajuste estrutural, contribuído para cortes de salários e abandono de programas sociais de distribuição de renda, resultando ainda conforme Roberts (2000) em abertura das economias ao mercado internacional. Examinando o modelo econômico desenvolvido pelos regimes populistas Roberts (2000) considera que o populismo não é confinado às políticas econômicas estatistas e de

7 7 redistribuição, podendo coexistir com uma variedade de programas de desenvolvimento, podendo até surgir em contextos de austeridade econômica e da reforma neoliberal.(p.04, tradução nossa). Em virtude dos modelos econômicos seguidos pelos regimes populistas Roberts (2000) ressalta ainda que outros estudos rejeitam qualquer ligação do conceito de populismo a agenda de reformas e políticas neoliberais, defendendo ainda que não existem significantes contribuições aos índices de democratização realizados por regimes populistas a exemplo de Lynch (1999) e Quijano (1998). Entretanto, Roberts (2000) expressa que o populismo latino-americano apresenta-se de forma resistente e bastante adaptável às ameaças impostas pelos regimes militares e pela crise da década de 1980, passando nesse contexto a ser orientado por reformas econômicas estabelecidas por meio de políticas neoliberais em meados da década de 1990, como expressam os casos do Brasil, Argentina, Equador e Peru renovando os padrões de liderança populista. Roberts (2000) especifica como fatores de ressurgimento do populismo a falta de políticas direcionadas aos setores de baixa classe e pela ausência de representação partidária institucionalizadas, sendo estas questões reprimidas durante os regimes militares. Através da análise de Przeworski (1995) é possível estabelecer a distinção entre as novas lideranças que surgiram no continente europeu, através do fascismo e o populismo, e as formas de liderança que se desenvolveram nos países da América. O Estado no fascismo se ergue sobre classes já formadas e organizadas, enquanto o populismo domina e organiza sociedades em que a estrutura de classes é menos desenvolvida. O autor defende que no caso de uma burguesia forte e um partido atuando sobre uma classe trabalhadora lançam-se as bases para o fascismo; já a atuação de uma burguesia fraca confrontada por setores populares fracos leva ao populismo. Tanto no fascismo Europeu quanto no populismo a formação do Estado surge de uma relação direta entre um líder personalista e uma massa de indivíduos menos favorecida, incapazes de representar a si mesmos por meio de quaisquer organizações mediadoras. Portanto, ao longo dos anos os regimes populistas desenvolvem-se como uma prática típica dos países da América Latina, com a presença de líderes carismáticos; prática de nacionalização de empresas estratégicas, além do desenvolvimento de amplos programas de benefícios sociais em diferentes contextos históricos e nacionais.

8 8 2. Think tanks: Origens e Formulação Teórica Nesta seção, é apresentado o conceito de think tank, suas principais formulações sobre a natureza da política nos países latino-americanos, além de apresentar a posição destes institutos em relação aos regimes considerados populistas. Foster (2009) destaca a importância dos think tanks como institutos de pesquisa voltados para questões políticas, oferecendo melhores condições para a tomada de decisão relacionada à formulação de políticas públicas e, nesse sentido, tornando-se uma importante ferramenta para o desenvolvimento de programas e agendas de governos específicos. Pesquisas envolvendo think tanks como instrumento metodológico têm-se consolidado como método de pesquisa compreendendo em sua origem o sistema político norte-americano. Além de contribuir para o processo de tomada de decisão em diversos níveis do governo americano, seus estudos também abordam questões ligadas à sociologia, economia e antropologia, fornecendo informações necessárias para soluções de problemas e auxiliando a compreender suas causas, conforme Foster (2009). Analisando a formação conceitual Medvetz (2008, apud STONE, 1998) aponta um dilema quanto à construção de um conceito envolvendo a definição dos think tanks, surgindo como organizações autônomas envolvidas na realização de pesquisas e análises contemporâneas, atuando de forma independente de grupos ligados a centros acadêmicos, partidos ou até mesmo grupos de pressão. Em segundo lugar, Medvetz (2008) destaca que em sua origem, os think tanks ao analisarem estudos sobre as questões norte-americanas não eram efetivamente autônomos, sendo formados a partir da necessidade de pesquisas voltadas para questões governamentais, estudos de mercado e universitários. Neste contexto, a formação conceitual dos think tanks envolve uma série de debates acadêmicos buscado identificar uma melhor abordagem conceitual sobre este tipo de organização, a partir do fato que pode-se observar que estas baseiam-se em orientar questões políticas, por meio de uma produção envolvendo conhecimento especializado. Buscando adequar esta definição, Medvetz (2008) estrutura o conceito de think tank em um grupo organizacional que apresenta um conjunto de interesses orientados para fatores múltiplos, explorando além de questões políticas, pesquisas voltadas para diversas questões sociais. Nesta mesma linha, o autor defende que os think tanks são definidos como organizações híbridas, embora não se distanciando de outras formas de organizações voltadas para a pesquisa, defendendo que cada organização assume um caráter específico frente às questões que buscam analisar. Medvetz (2008) esboça uma estrutura buscando

9 9 orientar o conceito de think tanks frente os diversos campos de atuação que suas pesquisas e estudos podem beneficiar, conforme o esquema abaixo: Fonte: Medvetz (2008) Figura 1 Think tanks e seu espaço social Metodologicamente Medvetz (2008) utiliza-se das estruturas de campo do poder e espaço social de Bourdieu(1989) para demonstrar como os think tanks são formados a partir da interação entre o campo político; campo econômico e campo da mídia, além do campo de conhecimento que envolve as universidades. Conforme a Figura 1 apresentada por Medvetz (2008) é possível verificar que os think tanks são estruturados a partir da relação entre estes campos e suas subdivisões orientando pesquisas e estudos conforme o campo de atuação, apresentando, por este motivo, um caráter múltiplo como um ponto de interseção entre diversos campos. Financeiramente, os think tanks mantêm-se através do apoio de fundações privadas ou de corporações empresariais, promovendo também associações financeiras com universidades, partidos políticos e grupos ligados a defesa nacional, conforme Medvetz (2008). Analisando a origem conceitual do termo think tank, Rich (2004) indica que a origem deste termo esta associada às estratégias militares adotadas durante a Segunda Guerra Mundial, através da formação de unidades organizadas com finalidade de desenvolver

10 10 suporte para pesquisas militares. Rich (2004) também enfatiza o papel dos think tanks como produtores críveis de conhecimento ligados à ciência política, desenvolvendo-se ao longo do século XX, no auxilio à elaboração de políticas norte-americanas.considerando o aspecto histórico o autor argumenta que os think tanks norte-americanos até a década de 1960 surgiam como uma ferramenta metodológica de pouca aplicação no campo da ciência política, suprimidos pelos campos de estudos pautados na escolha racional e estudos de comportamento político. Neste sentido podemos destacar que: Por um lado, até os anos 1960, think tanks americanos geralmente eram atores de perfil baixo no processo de formulação de políticas. Estudos envolvendo think tanks desenvolveram pesquisas e idéias importantes eusadosfreqüentemente para os formuladores assimilarem determinadas políticas, mas esses estudos raramente foram debatidos publicamente ou de forma altamente visíveis, como outros atores influentes no processo político. (RICH, 2004, p.7, tradução nossa) Rich (2004) destaca ainda o crescimento dos think tanks nas últimas décadas e sua importância no campo ideológico, sendo útil não apenas no auxílio de formulação de políticas, mas como centro de informação em múltiplos campos de interesse social. No campo político, os think tanks atuam como órgãos capazes de contribuir com aumento da credibilidade da atividade pública, desta forma, procurando elevar sua independência de centros financeiros específicos por realizarem pesquisas que podem influenciar o processo político ligado a grupos de interesses. Os think tanks norte-americanos no campo político conforme Rich (2004) tendem ainda a superar pesquisas e estudos realizados por centros acadêmicos, por possuírem um maior conjunto de investimento, além de um segmento específico para o estudo na área política. Considerando contexto político, Haass (2002) destaca o papel dos think tanks como instituições independentes do regime do governo ou do campo acadêmico, desempenhando pesquisas que vêm a preencher lacunas existentes no campo político e na relação entre as universidades e os governos, os quais, atuando na implementação de políticas, em muitos casos tendem a reconsiderar a trajetória destas políticas. Desta forma, estes institutos atuam preenchendo a lacuna existente entre o campo acadêmico e a atuação das políticas governamentais, passando a formular estudos e pesquisas que se aproximam de forma mais adequada ao campo prático. Haass (2002) aponta que a primeira geração dos think tanks norte-americanos surgiu nas primeiras décadas dos século XX, entre eles o Institute for Government Research (1916) e o Brookings Institution (1927). Antes destes formou-se, como o primeiro think tank destinado aos estudos de políticas externas, o Carnegie

11 11 Endowment for International Peace (1910), que destacou-se nesta primeira geração de think tanks, tendo como objetivo imediato informar a opinião do público norte-americano sobre a formação da Liga das Nações e a vinda da Segunda Guerra Mundial. A segunda onda dos think tanks desenvolve-se no âmbito da Segunda Guerra Mundial, surgindo pela necessidade de estudos ligados a área militar com apoio direto do governo norte-americano, contribuindo para o desenvolvimento de estudos e pesquisas militares voltados para estratégias de negociação e estudos de análise de sistemas. A terceira onda dos think tanks defendida por Haass (2002) surge ao longo das ultimas três décadas, passando a contribuir diretamente no campo das decisões políticas. Entretanto, neste período os think tanks são direcionados para múltiplos cenários variando o escopo de suas pesquisas e seus mecanismos de financiamento. No campo político norte-americano Haass (2002) destaca ainda que os think tanks têm ganho espaço, orientando as decisões de interesse nacional; influenciando a classificação de prioridades; fornecendo roteiros para a ação e a mobilização política de coligações burocráticas, além de moldar projetos institucionais.(p. 06, tradução nossa) Desta forma, os think tanks necessitam se formar a partir de múltiplos canais de estratégia, buscando garantir o apoio e credibilidade social por meio de publicações de artigos, produção de fácil leitura e emissão de resumos e promoção de fácil acesso a informações. 3. Análise dos Regimes Populistas na América Latina conforme a avaliação dos Think Tanks Como base na avaliação dos principais institutos de pesquisas norte-americanos denominados think tanks, esta seção tem como objetivo apresentar a posição destes institutos em relação aos regimes considerados populistas. A seção visa compreender ainda o modelo populista e suas características nos campos econômico e político a partir da análise, por parte dos principais think tanks, direcionada aos países latino-americanos. Esta análise será realizada considerando o retorno dos regimes populistas nos anos de 1990 e seu desenvolvimento ao longo dos anos 2000, período considerado por muitos autores como neopopulista. Weyland (2003) destaca que os líderes personalistas de caráter neopopulista se adaptaram às pressões e restrições econômicas durante a crise da década de 1980,

12 12 passando a direcionar em muitos casos programas econômicos e políticos em sintonia com o contexto da globalização, além de formular políticas econômicas de amplo aspecto social, que surgiram como alternativa para promover melhores condições de apoio e popularidade destes líderes. Pesquisas realizadas pelo Brookings Institution (2010), um dos principais think tanks norte-americanos, apontam que os países latino-americanos passaram por mudanças políticas e econômicas no início da década de 1990, afastando-se de ações e práticas ao estilo do populismo clássico, mas permaneceram problemas conducentes às tensões sociais e a desordem estrutural no crescimento econômico. O estudo aponta ainda que os países da América Latina dividem-se quanto à gestão de suas economias; enquanto alguns desenvolvem atividades de mercado direcionadas pela ortodoxia macroeconômica, outros criam instrumentos para uma nova forma de socialismo, como a elaboração de políticas antimercado conduzidas a partir da formação de líderes populistas. Estas políticas econômicas procuram elevar suas receitas através do aumento da produção de commodities, entretanto, estas têm resultado em baixo crescimento econômico, além de contribuir com a elevação das taxas de desigualdade social, conforme estudos desenvolvidos pelo Brookings Institution (2010). O Brookings Institution (2010) também aponta que os sistemas políticos dos países latino-americanos tornam-se mais pluralistas e abertos a partir da década de 1990, realizando reformas em suas constituições com o objetivo de aumentar no campo político os níveis de participação e representação, a exemplo dos seguintes países: Chile (1989); Brasil (1988); Colômbia(1991); Paraguai (1992); Peru (1993); Argentina, Guatemala e Nicarágua (1994); Venezuela (1999); Equador (2008) e Bolívia (2009). As análises do Brookings Institution demonstram que os resultados destas reformas têm apresentado efeitos diversos no plano institucional, contribuindo com o desenvolvimento de políticas e programas sociais em boa parte dos países latino-americanos. O instituto destaca, como ponto positivo da ação destes programas sociais, - em termos quantitativos - a elevação de matrículas escolares e o aumento de renda a partir de transferências, conforme podemos observar a seguir: O aspecto positivo, é que um grande número de países latino-americanos implementaram intervenções através de programas sociais baseados em transferências condicionais de renda, que se tornaram modelo para o resto do mundo. As avaliações existentes sugerem que estes programas, ainda que pouco dispendiosos, são formas eficazes de redistribuição de renda para famílias de baixa renda, enquanto, ao mesmo tempo, oferecem

13 13 incentivos para investimento em capital humano. (Brookings Institution, 2010, p.04,tradução nossa) Desta forma, é possível observar os programas sociais tornando-se instrumento característico utilizado por líderes populistas na América Latina. Também é preciso considerar, segundo estudos apresentado pelo Brookings Institution, que no campo das políticas econômicas, alguns governos latino-americanos têm adotado políticas de mercado com a predominância de governança democrática, alinhados em muitas vezes com as políticas norte-americanas como nos casos do, Chile, México, Peru e Colômbia, criando melhores condições de acesso aos mercados financeiros internacionais. Em contrapartida, alguns países latino-americanos passaram a desenvolver em suas economias um maior controle estatal, além de utilizarem politicamente um discurso antiamericano, ao tempo em que tentam suprimir críticas da mídia. Estes regimes tendem a atuar com baixa tolerância às manifestações da sociedade civil, principalmente os países que formaram a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA) em 2004, a exemplo da Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e Cuba. De acordo com Brookings Institution (2010), a política externa promovida pelo governo brasileiro, liderada por Cardoso ( ) e Lula ( ) tem favorecido ao alinhamento com outros países emergentes, distanciando-se em parte da política para a região promovida pelos Estados Unidos, além de contribuir para os padrões de liderança desenvolvidos pelo Brasil frente aos países latino-americanos e emergentes. Quanto à promoção de políticas de desenvolvimento ligadas ao setor energético, o Brookings Institution destaca o caso da Venezuela, onde vigoraria a prática de apostar no aumento do preço do petróleo para garantir a receita do país e forçar programas de nacionalização, resultando inevitavelmente na queda do investimento externo direto no país. Em suma, o Brookings Institution (2010) conclui que os governos latino-americanos seguem formas de crescimento econômico diferentes, alguns buscando estruturar suas economias através de sistemas de metas de inflação, aumentando o controle sobre os preços, a exemplo do Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru. Enquanto outros, como Bolívia, Equador e Argentina repetem ciclos de crescimento econômico de curta duração, seguidos de contrações continuadas de crescimento, fenômeno freqüente nos países latino-americanos de orientação populista mais forte. Na análise da nova onda de governos populistas na América Latina, também podemos destacar os resultados apresentados pelo Carnegie Endowment (2010)

14 14 considerado como um dos principais think tanks norte-americano. Em suas análises relacionando as políticas de mercado e os governos populistas latino-americanos, ressalta o desafio, enfrentado por estes governos, referente ao desenvolvimento de uma indústria capaz de reduzir a dependência de produtos importados e garantir melhores condições na geração de emprego, contribuindo através do aumento do produto e dos impostos - para a promoção potencial de um estado de bem-estar social. Desta forma, ganham destaque os governos do Brasil, Argentina e México, que têm desempenhado o papel de Estado regulador, empreendedor ou um Estado pró-desenvolvimento, buscando promover a partir de suas políticas, condições que viabilizem a industrialização por meio de subsídios, incentivos fiscais e proteção tarifária. O Carnegie Endowment (2010) de forma significativa, destaca o modelo chileno, que ao longo dos anos 2000, promoveu cerca de cem programas voltados para o desenvolvimento da indústria, para pequenos produtores agrícolas e empresas de médio e pequeno porte vinculadas ao setor agrícola. Analisando os padrões de desenvolvimento promovidos pelos governos latino-americanos que apresentam as características de modelos populistas, o Carnegie Endowment (2010) aponta que estas condições de fragilidade no setor industrial, presentes nos países da América Latina, contribuíram para reduzir os níveis de investimento de capital externo necessários para o surgimento e incorporação de novas tecnologias, reduzindo as condições de concorrência em relação aos mercados da Ásia, Europa Central, Oriental e Oceania. Estas condições de fragilidade também são justificadas pelas seguintes condições: Com a instabilidade política da América Latina e a imprevisibilidade sobre as regras do jogo para os investidores estrangeiros, a região teve que se contentar com menores cargas tributárias sobre o público do que as de países desenvolvidos, e mesmo daqueles em situação estável, ou em desenvolvimento como os países da Ásia (Carnegie Endowment, 2010, p. 35, tradução nossa) Estudos realizados pelo instituto estabelecem a necessidade dos governos latinoamericanos desenvolverem e mobilizarem relações mais próximas com o setor privado, criando condições para reduzir as condições de desigualdade, além de oferecer incentivos para a cooperação do setor público-privado. Quanto à relação entre o setor privado e o Estado, como atores capazes de contribuir para o desenvolvimento nos países latinoamericanos que apresentam características de regimes populistas, o Carnegie considera que uma reforma nestas relações contribuiria para o fortalecimento das instituições públicas,

15 15 que passariam a atuar de forma mais transparente e viabilizando a promoção de melhores políticas socioeconômicas. Entretanto, a realização destas reformas dependem de um consenso político entre atores envolvidos, que na maioria das vezes não ocorre nos países latino-americanos, inviabilizando a realização desta reforma. A avaliação do Carnegie Endowment (2010) demonstra que após a segunda metade da década de 1990, ocorre o ressurgimento de políticas de origem populista, tendo como causa as crises econômicas e seus reflexos nas condições sociais. Desta forma, os governos passaram a implementar políticas publicas de cunho social, criando um novo tipo de estado do bem-estar social focalizado em grupos mais vulneráveis. O Carnegie enfatiza ainda que a mobilização destas políticas sociais deve buscar atender setores da educação básica, saúde e habitação. Os governos dos países latino-americanos deveriam direcionar reformas institucionais concentradas na prestação de serviços sociais básicos e buscar, por meio do processo de globalização, estímulos para a diversificação de sua produção, instrumentos que tem se concentrado cada vez mais sobre o domínio de governos populistas na América Latina. O Center for Global Development apresenta-se como um dos think tanks norteamericano, que atuam nos estudos e pesquisas dedicados a estudar os níveis de desigualdade globais, além de buscar instrumentos favoráveis ao desenvolvimento e promoção de melhores condições de governança. A exemplo dos outros institutos, também defende a crise dos anos de 1980 e o baixo crescimento econômico dos países latinoamericanos, como fenômeno responsável por contribuir para as reformas econômicas dos anos 1990 e para a problematização da abordagem voltada para execução de programas de amplo aspecto social. Este cenário contribuiu para a diminuição dos padrões de confiança e o crescimento da frustração no processo político na região, fenômeno que favoreceu o ressurgimento de novos regimes considerados populistas. Considerando este cenário político, o Center for Global Development (2005) destaca que, após a realização da primeira Cúpula das Américas no ano de 1994, tinha-se como objetivo contribuir para o desenvolvimento econômico e redução da desigualdade social, através da abertura de mercados proposta no âmbito da globalização - tendo em vista o novo contexto democrático que os países deste continente apresentavam. Os pesquisadores consideram ainda que, o pequeno nível de aumento dos gastos sociais observado na década de 1990, defendidos então por lideranças não-populistas, colaborou, em parte, com a redução da desigualdade social. Mas com as reformas econômicas liberalizantes realizadas a partir desta década, os índices de concentração de renda continuaram altos, contribuindo para o sentimento de insegurança e redução dos níveis de

16 16 confiança com as reformas de mercado. Desta forma, os governos de caráter populista na América Latina buscaram implementar políticas sociais focalizadas para as necessidades das famílias com menores rendas e para as classes trabalhadoras. A principal conseqüência advinda foi o fato de que a participação destas camadas tornou-se fundamental para o desenvolvimento destes regimes. As novas formas de governo que se desenvolveram ao longo da década de 1990, conforme o Center for Global Development (2005) buscaram conduzir suas economias realizando redução das despesas e controle sobre a dívida externa, incluindo para este fim a privatização de setores antes sob o controle do Estado. A política cambial também foi ajustada para a redução da inflação ao longo da década de 1990, criando um cenário econômico favorável para atenuar os efeitos da crise do final dos anos de Quanto à análise das reformas estruturais realizadas por estes regimes na América Latina o Center for Global Development (2005) destaca os seguintes resultados: A análise dos efeitos das reformas estruturais do comércio e da liberalização financeira, com a abertura dos mercados de capitais, privatização e desregulamentação sugere que a América Latina passaria por efeitos adversos sem eles. A renda per capita e o rendimento teriam sido menor, gerando maior volatilidade e agravando a pobreza. Por outro lado, os benefícios visíveis das reformas estruturais têm sido mínimas em termos de crescimento, e em grande parte concentrada em ativos inicialmente mais elevados.(center for Global Development, 2005, p.03, tradução nossa) Os governos de caráter não-populista na América Latina, a partir da década de 90 e ao longo dos anos 2000, buscaram, segundo o Center for Global Development (2005), estruturar suas economias por meio de uma base fiscal forte, além de buscarem alternativas para as condições de instabilidades em suas economias pautadas em redução da dependência da poupança externa. O Center for Global Development (2005) destaca o caso do Chile, capaz de estruturar sua economia com base nos excedentes gerados durante os anos de crescimento econômico, passando a responder positivamente aos fenômenos cíclicos que causaram instabilidade econômica em outros países da América Latina, ao desenvolver setores financeiros nacionais capazes de suavizar efeitos resultantes das crises do mercado externo. Analisando as políticas sociais implementadas por lideranças populistas nos países latino-americanos o instituto verifica que os investimentos sociais acentuaram-se de forma progressiva, pautados em programas de distribuição de renda e seguridade social, destacando-se o Brasil, com programas de seguridade social representando cerca de 70% do gasto social total.

17 17 Outro instituto de prestigio que entrou no debate sobre o caráter destes regimes foi o Council on Foreign Relations, conhecido como um dos principais think tanks norteamericanos. O seu foco é o estudo da política externa elaborada pelo governo dos Estados Unidos e de outros países, promovendo pesquisas independentes que analisam questões políticas que moldam a agenda internacional. Avaliando os governos latino-americanos e suas características políticas ligadas aos novos padrõesde ação que os lideres populistas assumem, o instituto relata que as eleições presidenciais em doze países da América Latina demonstram o surgimento de uma nova esquerda, pautada pelo equilíbrio entre uma economia pró-mercado juntamente com o desenvolvimento de programas de proteção social mais amplos, distanciando-se de políticas anti-americanas promovidas, principalmente pelo governo venezuelano liderado por Hugo Chaves, que seria uma exceção de caráter especial. Estudos desenvolvidos pelo Council on Foreign Relations (2006) apontam que alguns países liderados por esta nova onda de governos populistas, têm se posicionado a favor de políticas econômicas de livre mercado, onde a promoção de políticas de livre mercado alinhadas com os países asiáticos caminha pari passu com um conjunto de políticas sociais. O governo peruano liderado por Garcia ( ), também apoiou acordos de livre comércio com os Estados Unidos, Canadá e com os países asiáticos. O Brasil, uma espécie de exemplo desta busca de equilíbrio citada acima, durante o governo Lula também teria convergido a favor de acordos comerciais com os países sulamericanos e emergentes, assumindo desta forma, uma política econômica mais conservadora, segundo a visão do Council on Foreign Relations (2006). O governo de Vázquez ( ) no Uruguai, adotou inicialmente políticas econômicas ortodoxas, buscando atrair investimentos estrangeiros, principalmente europeus, com objetivo de desenvolver sua indústria ligada à produção de celulose. Os governos latino-americanos que utilizam discursos mais radicais têm diminuído mais recentemente seus apelos populistas, tal como a Bolívia governada por Evo Morales desde 2006, onde a retórica radical populista perdeu espaço ainda em seu primeiro mandato, dirigindo-se a empresas estrangeiras ligadas ao setor de energia e a indústria de mineração por meio da negociação de contratos de cooperação. O mesmo fenômeno pode ser observado no Equador, durante o mandato do presidente Rafael Correa, eleito em Neste sentido,o instituto aponta apenas para um tipo mais radical de regime populista, o venezuelano de Hugo Cháves, com a presença de um contundente discurso de retórica radical, apoiada nas receitas de petróleo e nas frágeis condições sociais prevalecentes.

18 18 Em uma avaliação mais geral, os pesquisadores consideram que as novas lideranças populistas presentes na América Latina passaram a direcionar ou apoiar políticas e discursos a favor das grandes parcelas da sociedade que não foram beneficiadas pelas reformas econômicas dos governos anteriores, buscando estruturar melhores condições de educação, saúde, combate a fome e segurança social. O desenvolvimento destes novos regimes populistas ligados a características de esquerda na América Latina tem favorecido conforme o Council on Foreign Relations não apenas o crescimento econômico global, mas aumentado as oportunidades econômicas de classes sociais menos favorecidas. Estes novos regimes populistas tem impulsionado a economia de seus países passando a competir nos mercados internacionais promovendo melhores oportunidades de crescimento econômico através de acordos comerciais regionais bilaterais ou não. Fundado em 1973, o Heritage Foundation é relacionado como um dos principais think tanks norte-americano de caráter conservador, abordando questões ligadas a liberdade, oportunidade, prosperidade social, além de atuar apresentando propostas para a defesa nacional norte-americana. Analisando os regimes populistas que se instalaram na América Latina, o Heritage Foundation (2009) destaca que os membros pertencentes à ALBA têm buscado, através da implementação de políticas que em defesa da democracia popular restringir a liberdade de imprensa e reprimir as instituições democráticas, com o objetivo de legitimar os direitos coletivos sobre os direitos individuais, além de limitar a liberdade econômicas de suas nações, sendo assim, herdeiros de formas tradicionais de regimes populistas contrários a práticas de políticas norte-americanas. Também é destacado pelo Heritage Foundation (2009) que os governos populistas sempre têm pautado discursos a favor de uma igualdade econômica e a justiça social, porém, as dificuldades econômicas enfrentadas pelos mercados destes países têm contribuído para a diminuição do sucesso das propostas destes líderes. Conclusão Este trabalho, ao estudar a abordagem que os institutos de pesquisas norteamericanos - think tanks - construíram, direcionada ao fenômeno do neopopulismo nos países latino-americanos, mostrou uma série de pontos em comum entre os diversos institutos que, em geral, apresentam uma análise equilibrada e pouco vinculada a um pensamento de cunho oficial, próprio do jargão governamental de Washington. Além de

19 19 apresentar um grande número de estudos referentes às questões políticas e econômicas desenvolvidas no âmbito do neopopulismo latino-americano, os think tanks apontam, grosso modo, que as transformações políticas rumo ao populismo são uma resposta a determinadas políticas que fracassaram nos anos 90. Através da análise dos think tanks também é possível verificar que o conceito de populismo, utilizado por estes, é amplo e abrange um grande número de países da região em momentos diferentes, incluindo o Brasil durante o período do governo Lula ( ), existindo nuanças e diferenças que são claramente percebidas em torno de questões econômicas, políticas e ainda em relação ao conteúdo do discurso ideológico. Em relação às práticas econômicas neopopulistas, os think tanks, em geral, condenam as políticas que levam ao descontrole do gasto público e aplaudem países que conseguem avançar o seu comércio internacional como o Brasil de Lula e o Chile de Bachelet. No que tange às políticas sociais, os diversos institutos apóiam a implementação de políticas de renda e de assistência no continente, defendendo também uma maior inclusão social por meio da educação, percebida como fundamental para a América Latina. Existe, por outro lado, um desconforto com o discurso antiamericano, especialmente por parte dos institutos mais conservadores como o Heritage, que condena o bloco da ALBA como um conjunto de estados antidemocráticos e com uma postura repressiva interna. Nem todos concordam com esta visão, sendo que maior parte dos think tanks preferem criticar o regime chavista, entendido no mais das vezes como um acidente histórico excepcional, de importância circunstancial, mas politicamente contrário aos interesses norte-americanos na área. Referências Bibliográficas BROOKINGS INSTITUTION. What's Next for Latin America After the Global Crisis?.Washington, CAMMACK, P. The resurgence of populism in Latin America.University of Manchester, Manchester, CARNEGIE ENDOWMENT. Market Versus State: Postcrisis Economic s in Latin America.Washington, CENTER FOR GLOBAL DEVELOPMENT. Toward a New Social Contract in Latin America.Washington, 2003.

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