PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO. O Exmº Sr.Juiz Federal Mark Yshida Brandão (Relator):

Transcrição

1 (<ålì0â1r0) PODER JUDICIÁRIO Ap Nº / DF R E L A T Ó R I O O Exmº Sr.Juiz Federal Mark Yshida Brandão (Relator): Trata-se de apelação interposta em face da sentença de fls , que julgou procedente o pedido inicial para determinar à União que proceda à alteração da denominação dos cargos originários ocupados pelos substituídos da autora para técnico do seguro social (nível intermediário) e analista do seguro social (nível superior), integrantes da carreira do seguro social, observados os requisitos do art. 5º da Lei /2004. Devem exercer suas atribuições gerais na Secretaria da Receita Federal do Brasil, vedado o remanejamento para função incompatível com esses cargos ou para outro órgão. Em suas razões recursais (fls ), a União arguiu, preliminarmente, a legitimidade passiva do INSS, pois um número expressivo de representados pela Associação autora optou pelo retorno ao INSS. No mérito, requereu a reforma da sentença, argumentando, em síntese: 1) há contradição entre o pedido e o dispositivo da sentença, uma vez que o requerimento era para que a nomenclatura dos cargos fosse de analista previdenciário e técnico previdenciário ; 2) a sentença, em verdade, acolheu a tese da União, porque a Secretaria da Receita Federal atuou dentro dos parâmetros da legalidade, adotando a nomenclatura dada pela Lei /2007 e pela MP 441/2008, respectivamente, para os integrantes da carreira do Seguro Social, de técnico do seguro social e analista de seguro social, inexistindo direito adquirido a regime jurídico; 3) não há direito adquirido a regime jurídico, não havendo razão para a parte autora pleitear manutenção na nomenclatura anterior, notadamente porque respeitados os ditames constitucionais, tais como a irredutibilidade de vencimentos. Não houve contrarrazões, cf. fl. 680-v. É o relatório. V O T O O Exmº Sr. Juiz Federal Mark Yshida Brandão (Relator): Inicialmente, rejeita-se a preliminar de legitimidade passiva do Instituto Nacional do Seguro Social arguida pela União, uma vez que a pretensão inicial é de alteração da denominação dos cargos dos substituídos que foram redistribuídos à Receita Federal do Brasil (cf. fl. 06, 5º parágrafo). Nº Lote: _1 -

2 A União não se comprovou, no curso da demanda, que houve efetivo retorno de substituídos da parte autora aos quadros do INSS, pelo que não se justifica a manutenção do INSS na lide. Pois bem. O cerne da questão discutida nos autos se refere ao direito dos substituídos da parte autora (Associação Nacional dos Servidores da Secretaria da Receita Previdenciária), redistribuídos à Receita Federal do Brasil, de terem seus cargos devidamente identificados dentro da carreira que optaram por integrar. A sentença que julgou procedente o pedido não merece reparo. Consoante explicitado pelo magistrado sentenciante, a reestruturação da carreira dos substituídos da parte autora ocorreu por meio da Lei /2004, a qual veio a sofrer sucessivas alterações legislativas. As alterações promovidas, na tentativa de unificar a nomenclaturas dos cargos, acabaram por promover algumas distorções na carreira. Para melhor explicitar a questão, eis a Lei /2004 (Lei que reestruturou a Carreira Previdenciária e instituiu a Carreira do Seguro Social), na redação vigente à época do ajuizamento da ação. LEI /2004 Art. 2o Fica estruturada a Carreira do Seguro Social, composta dos cargos efetivos vagos regidos pela Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, integrantes do Quadro de Pessoal do INSS, e dos cargos efetivos cujos ocupantes atenderem aos requisitos estabelecidos por esta Lei, e que sejam: I - integrantes da Carreira Previdenciária instituída pela Lei no , de 26 de dezembro de 2001, ou; II - regidos pelo Plano de Classificação de Cargos instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, ou por planos correlatos, desde que lotados no INSS em 30 de novembro de o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos ocupantes dos cargos de Supervisor Médico Pericial, Auditor-Fiscal da Previdência Social e Procurador Federal. 2o Os cargos da Carreira do Seguro Social são agrupados em classes e padrões, na forma do Anexo I desta Lei. Art. 3o Os servidores referidos no caput do art. 2o desta Lei, integrantes do Quadro de Pessoal do INSS, serão enquadrados na Carreira do Seguro Social, de acordo com as respectivas atribuições, requisitos de formação profissional e posição relativa na Tabela de Correlação, constante do Anexo II desta Lei. 1o O enquadramento de que trata o caput deste artigo dar-se-á mediante opção irretratável do servidor, a ser formalizada no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a contar da vigência da Medida Provisória no 146, de 11 de dezembro de 2003, na forma do Termo de Opção, constante do Anexo III desta Lei, cujos efeitos financeiros vigorarão a partir da data de implantação das Tabelas de Vencimento Básico referidas no Anexo IV desta Lei. (..) Art. 5o O Poder Executivo promoverá, mediante decreto, a reclassificação dos cargos incorporados à Carreira do Seguro Social na forma do art. 2o desta Lei, observados os seguintes critérios e requisitos: (Redação dada pela Lei nº , de 2004) (Vide Medida Provisória nº 359, de 2007) (...) Nº Lote: _1 -

3 Art. 21. Os cargos vagos da Carreira Previdenciária e do Plano de Classificação de Cargos - PCC e planos correlatos, do Quadro de Pessoal do INSS, na data da publicação da Medida Provisória no 146, de 11 de dezembro de 2003, serão transformados em cargos de Analista Previdenciário e Técnico Previdenciário da Carreira do Seguro Social, respeitado o nível correspondente. Da leitura dos dispositivos legais citados, verifica-se que a carreira Previdenciária (criada pela Lei /2001) passou a ser composta por cargos efetivos (vagos e ocupados), dos integrantes do Quadro do INSS. Dentre as premissas fixadas estava a opção do servidor pelo enquadramento na Carreira do Seguro Social ( 1º do artigo 3º); opção esta que, inicialmente, não gerou nenhum direito à nova carreira, porque havia necessidade de decreto do Poder Executivo para reclassificação dos cargos. Os cargos vagos, na carreira, foram transformados em Analista Previdenciário e Técnico Previdenciário, respeitando-se o nível correspondente. Posteriormente, com a edição da Lei /2007, que alterou o artigo 5º da supracitada Lei /2004, foi assegurada a reclassificação aos servidores optantes, sem a necessidade do decreto do Executivo, confira-se: Art. 5o Os cargos de provimento efetivo de nível auxiliar e intermediário integrantes da Carreira do Seguro Social do Quadro de Pessoal do INSS cujas atribuições, requisitos de qualificação, escolaridade, habilitação profissional ou especialização exigidos para ingresso sejam idênticos ou essencialmente iguais ficam agrupados em cargos de mesma denominação e atribuições gerais, conforme estabelecido no Anexo V desta Lei, passando a denominar-se: (Redação dada pela Lei nº , de 2007) I - os cargos de nível auxiliar: Auxiliar de Serviços Diversos; e (Redação dada pela Lei nº , de 2007) II - os cargos de nível intermediário: (Redação dada pela Lei nº , de 2007) a) Agente de Serviços Diversos; (Redação dada pela Lei nº , de 2007) b) Técnico de Serviços Diversos; ou (Redação dada pela Lei nº , de 2007) c) Técnico do Seguro Social; (Redação dada pela Lei nº , de 2007) Art. 5o-A Os cargos de provimento efetivo de nível superior de Analista Previdenciário integrantes da Carreira do Seguro Social do Quadro de Pessoal do INSS, mantidas as atribuições gerais, passam a denominar-se Analista do Seguro Social. (Incluído pela Lei nº , de 2007) Art. 5o-B As atribuições específicas dos cargos de que tratam os arts. 5o e 5o-A desta Lei serão estabelecidas em regulamento. (Incluído pela Lei nº , de 2007) Art. 21-A. Os cargos vagos de nível superior e nível intermediário da Carreira Previdenciária instituída pela Lei no , de 26 de dezembro de 2001, do Plano de Classificação de Cargos - PCC instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo - PGPE instituído pela Lei no , de 19 de outubro de 2006, e de planos correlatos, do Quadro de Pessoal do INSS, em 19 de março de 2007, ficam transformados em cargos de Analista do Seguro Social e de Assistente Técnico do Seguro Social, respeitado o nível correspondente. (Incluído pela Lei nº , de 2007) Nº Lote: _1 -

4 Constata-se que o escopo da norma foi tentar agrupar, sob uma mesma nomenclatura, os cargos da carreira do Seguro Social, mitigando, assim, as distorções existentes entre cargos com atribuições, escolaridade e qualificações semelhantes, ainda que com a necessidade de regulamento para disciplinar as atribuições específicas. Manteve-se, no artigo 21-A a transformação de cargos efetivos vagos, entretanto, com alteração da nomenclatura para: assistente técnico do Seguro Social e analista do Seguro Social (respeitando-se o nível correspondente). O artigo 21-A sofreu, entretanto, nova alteração legislativa por meio da Medida Provisória 441/2008, verbis: Art. 21-A. Os cargos vagos de nível superior e nível intermediário da Carreira Previdenciária instituída pela Lei no , de 26 de dezembro de 2001, do Plano de Classificação de Cargos - PCC instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo - PGPE instituído pela Lei no , de 19 de outubro de 2006, e de planos correlatos, do Quadro de Pessoal do INSS, em 19 de março de 2007, ficam transformados em cargos de Analista do Seguro Social e de Técnico do Seguro Social, respeitado o nível correspondente. (Redação dada pela Medida Provisória nº 441, de 2008) Na redação atual do artigo 21-A da Lei /2006, dada pela Lei /2009, manteve-se a nomenclatura dos cargos vagos transformados em Técnico do Seguro Social e Analista de Seguro Social, respeitado o nível correspondente (intermediário e superior). Daí se verifica nítida distinção entre os cargos efetivos e os cargos vagos, em ofensa à isonomia na carreira. O problema tornou-se evidente após a redistribuição de cargos da antiga Secretaria da Receita Previdenciária para Secretaria da Receita Federal, por meio da Lei /2005 (art. 8º, II) e da Lei /2007 (art. 12, II, alínea c ). Com a transformação da nomenclatura apenas para os cargos vagos, alguns dos cargos já ocupados, por ocasião da redistribuição, mantiveram a nomenclatura anterior. Assim, não é inteiramente verídica a tese da União de que, para todos os ocupantes de cargos efetivos, foi adotada a nomenclatura dada pela Lei /2007 e pela MP 441/2008, aos integrantes da carreira do Seguro Social, respectivamente, técnico do seguro social e analista de seguro social. A documentação anexada comprova a distorção entre algumas nomenclaturas. Como exemplos: 1) a servidora Ana Margareth Leite Gress, ocupante do cargo de Administrador, manteve tal nomenclatura, sem alteração para Analista de Seguro Social (cf. doc. fls ); 2) o servidor Eduardo Santos Nunes, ocupante do cargo de Técnico de Nível Superior, manteve tal nomenclatura (cf. fls ), sem alteração para Analista de Seguro Social ; 3) a servidora Elizete Maria Schopf, ocupante do cargo de Arquivista, manteve a nomenclatura (cf. doc. fls ) - sem alteração para Analista de Seguro Social ; 4) o servidor Evandro de Souza Silva, ocupante do cargo de Contador, manteve a nomenclatura, não sendo alterada para Analista de Seguro Social (cf. doc. fls ); 5) o servidor Evanio Silva Gonçalves, ocupante do cargo de Economista, manteve a nomenclatura, sem alteração para Nº Lote: _1 -

5 sem alteração para Analista de Seguro Social (cf. fls ); 6) a servidora Izabel de Liz Seula, ocupante do cargo de Técnico Educação, manteve tal nomenclatura (cf. fls ); 7) o servidor José Geraldo Hugatt, ocupante do cargo de Técnico em Comunicação Social, manteve a nomenclatura (cf. fls ); 8) o servidor José Levy Machado, ocupante do cargo de Agente de Programas Assistenciais (cf. fls ); a servidora Maria Aparecida Rocha Peixoto Lima, ocupante do cargo de Técnico de Contabilidade, manteve tal nomenclatura (cf. doc. fls ). O rol citado acima é apenas exemplificativo, há outros documentos que comprovam a distorção da nomenclatura de cargos ocupados por outros substituídos da parte autora. Cumpre, pois, seja mantida a sentença em seus exatos termos. Pelo exposto, conheço da apelação União e da remessa necessária tida por interposta, mas nego-lhes provimento. É como voto. Juiz Federal Convocado MARK YSHIDA BRANDÃO Nº Lote: _1 -