O Sagrado Camuflado. A crise simbólica do mundo atual
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- Júlio César Ribas Bonilha
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1 O Sagrado Camuflado A crise simbólica do mundo atual 0
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3 Fernando Felix Schwarz O Sagrado Camuflado A crise simbólica do mundo atual 1ª edição Belo Horizonte, Edições Nova Acrópole,
4 Produção geral: Beatriz Quaglia Pereira Projeto Gráfico: Silvana Perri Paoluzzi Dias Capa: Vicente Passos Ribeiro e Silvana Perri Paoluzzi Dias Trabalho de texto: Dolores Belico, Leandro Guedes, Letícia Schlitler Vieira, Márcio Martinho de Oliveira, Rafael Silva Miramoto, Ruth Maria Fortes Andalafet Colaboração: Rafael José Dias Imagem de capa: Busto de Isabel II, Rainha da Espanha. Camillo Torreggiani, Museu do Prado, Madri. S729s Schwarz, Fernando, O sagrado camuflado: a crise simbólica do mundo atual / Fernando Schwarz; Belo Horizonte: Edições Nova Acrópole, p. il., p&b; 13,5 cm Tradução do original em francês Título original: Le sacré camouflé ou la crise symbolique du monde actuel ISBN: (broch.) 1. Simbolismo 2. Mudança social - aspectos simbólicos I. Schwarz, Fernando Felix II. Título Tarcila Peruzzo Bibliotecária CRB CDD Foi feito o depósito legal Outros números de CDD sugeridos:
5 CONTATOS Associação Organização Internacional Nova Acrópole do Brasil Av. Doutor Mário Galvão, 420, sala 06, Jardim Bela Vista, São José dos Campos, SP - telefone (12) Edições Nova Acrópole faleconosco@editoranovaacropole.com.br - fones (13) Atendimento ao Professor faleconosco@editoranovaacropole.com.br - fones (13)
6 Sumário Introdução... Entre sagrado e profano: mito, rito e símbolo... O sagrado e o profano... O poder significativo do mito... A necessidade de mitos... O propósito significativo do mito... Mitos e heróis... O símbolo... O rito... A iniciação... Tradição e transmissão... A imaginação simbólica, fator de equilíbrio psicossocial... Imagem e símbolo... As três diretrizes do imaginário... Conciliar razão e imaginação... 5
7 A crise simbólica, a modernidade, um imaginário esgotado... O sagrado e o profano no mundo moderno... A modernidade, um imaginário esgotado?... O poder e o sagrado. Seus mitos, ritos e símbolos... O simbolismo, fonte oculta do poder... A geografia sagrada do poder... Os palácios da República... Os rituais de poder... O batismo de Clóvis, rito fundador da França O ritual da investidura presidencial... Os ritos de manutenção do poder... A bandeira francesa, símbolo da união... Lema e hino, memória da identidade... Marianne, a face da República... O retrato oficial, o estilo de governo... O dólar, um mito que se torna história... A União Europeia, uma história sem mito... 6
8 O sagrado camuflado em nossa modernidade: os arquétipos no coração de marcas lendárias, da publicidade e do cinema... Marcas e máscaras: irmãs gêmeas... Os arquétipos, chave das marcas lendárias... Nike, o herói guerreiro... Sony, o mago... Apple, o fora da lei... Star Wars, a odisseia do herói moderno... Da desmitificação à remitologização... O herói exilado; viva o herói!... O fim de um mundo não é o fim do mundo. Oportunidades e desafios da pósmodernidade... O que é a pós-modernidade?... Como está constituída a modernidade?... A transição da modernidade à pósmodernidade... As características da pós-modernidade... Os limites das mitologias privadas... 7
9 Um novo olhar para as profundezas para encontrar uma nova forma de iniciação individual e social... Conclusão... O retorno ao imaginário iniciático... Bibliografia... 8
10 Introdução 9
11 A pesar da secularização 1 de nossas sociedades contemporâneas, o transfundo arcaico simbólico do ser humano não desapareceu. Os vestígios do sentimento religioso e da dimensão do sagrado voltam a ser encontrados hoje, camuflados em nossas práticas cotidianas. A modernidade ocidental é a metamorfose histórica de Fausto como Lionel Buse recorda e desafia o poder do sagrado. Toda criação do mundo moderno é encoberta por uma sacralidade negativa no sentido de que o profano e a matéria converteram-se em autoridades por sua própria sacralização. O domínio da matéria sobre si mesma é a última forma de camuflagem do sagrado no profano. A literatura fantástica também expressa a ideia da dissimulação do imaginário na história. O historiador de religiões, Mircea Eliade, nos 1 Secularização: laicização, dessacralização 10
12 lembra que a novidade do mundo moderno se traduz em uma revalorização dos antigos valores sagrados, ao nível do profano. Apesar das aparências, nossas sociedades reproduzem os comportamentos míticos por meio da repetição de determinados cenários antigos, imitando modelos (personagens literários, heróis, guerreiros, políticos, atletas, estrelas de cinema, estrelas do rock, etc.). O sentimento religioso sofreu perdas, mas não desapareceu por completo. O desgaste dos símbolos, como consequência direta do surgimento do pensamento técnico, reducionista e binário, foi o ensejador desta crise atual. Conforme Pierre Bourdieu, em nossas sociedades profanas reside uma riqueza simbólica que determina a posição social dos indivíduos e que proporciona o reconhecimento e prestígio - ou seu inverso. 11
13 O simbólico é uma das potências ocultas do poder. Os símbolos de uma nação são verdadeiras chaves de decodificação de seu sistema político e social. Na França, dois símbolos derivados da Revolução possuem raízes bastante antigas: a República e a Marianne. A República está representada vestida à maneira da deusa romana Minerva, símbolo da paz armada que protege a cidade, e hoje se encontra em todos os selos oficiais. Já Marianne resgata a imagem da deusa Ceres, a semeadora, e faz alusão à França fértil e à Pátria-Mãe. Ernest Cassirer nos recorda que o homem não vive em um universo puramente material, mas que inclui sentido e valores que organizam a representação simbólica de si mesmo e do mundo. Uma trama ininterrupta de sentido e valores alimenta a correspondência entre o ser humano e o mundo e também entre os pró- 12
14 prios seres humanos. Esta trama também controla sua eficiência. Como as práticas simbólicas deixaram de ocorrer, e isso se deu com os ritos da República e também outros, o impulso coletivo foi buscar outras formas de expressão, como o coletivismo, o fenômeno de organização dos bandos, o tribalismo e o isolacionismo. Apenas uma crise pode interromper a crença na autoridade simbólica reconhecida. Hoje em dia, é precisamente a crise dos mitos modernos - como o mito do progresso ou da sociedade de consumo - que projeta o sentimento de desencanto do mundo contemporâneo. A profanação das sociedades atuais e a deturpação do imaginário e da função simbólica afastaram o homem moderno de suas raízes e de sua identidade; a perda da consciência lançou-o numa profunda desordem metafísica. 13
15 Não poderia então a crise que estamos enfrentando ser a oportunidade de revitalização do sagrado e de regeneração que nossas sociedades necessitam? Este livro se dirige a um público cada vez maior que se pergunta sobre as causas profundas das mutações que estamos vivendo. Nos três primeiros capítulos do livro o leitor encontrará chaves de um novo quadro de interpretação sociológica, antropológica e filosófica do mundo atual. E na segunda parte alguns exemplos ilustrarão as tantas formas em que o sagrado encontra-se camuflado neste momento histórico. 14
16 Entre sagrado e profano: mito, rito e símbolo 15
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