BENEFÍCIOS DA DRENAGEM LINFÁTICA NO PERÍODO GESTACIONAL. Suzana Ferreira¹; Silvia Patricia de Oliveira²

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1 BENEFÍCIOS DA DRENAGEM LINFÁTICA NO PERÍODO GESTACIONAL Suzana Ferreira¹; Silvia Patricia de Oliveira² 1. Acadêmica do Curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal pela Universidade Tuiuti do Paraná. (Curitiba, PR); 2. Fisioterapeuta Dermato Funcional. Professor adjunto da Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço para correspondência: Suzana Rodrigues Ferreira, zisuq@hotmail.com RESUMO: A gestação é um período onde ocorrem algumas alterações no organismo feminino. Alterações fisiológicas, emocionais e físicas como o aumento do peso corporal, crescimento uterino, alterações hormonais e edema. O edema gestacional é um dos principais desconfortos desse período por favorecer sintomas desagradáveis como dor, cansaço, sensação de peso e formigamento. A drenagem linfática manual é uma técnica de massagem que utiliza manobras precisas, leves, suaves, lentas e rítmicas sempre no sentido do sistema linfático. Auxiliando na redução do edema drenando o excesso de liquido intersticial. O objetivo deste artigo é demonstrar através da revisão de literatura os benefícios da drenagem linfática manual no período gestacional. Palavras-chave: Drenagem linfática, edema, gestação. ABSTRACT: Pregnancy is a period when the female body goes through certain changes. These changes may be physiological, emotional, and physical such as increased body weight, uterine growth, hormonal changes and edema. Gestational edema is the cause to major discomfort in such period for it favors unpleasant symptoms like pain, tiredness, heaviness and tingling. Manual lymphatic drainage is a massage technique that uses precise, lightweight, soft, slow and rhythmic movement in the same direction of the lymphatic system, thus helping reduce swelling by draining excess interstitial fluid. The aim of this paper is to demonstrate through literature reviews the benefits of manual lymphatic drainage during pregnancy. Keywords: Lymphatic drainage, edema, pregnancy 1

2 Introdução No período gestacional o organismo feminino sofre extensa adaptação para acomodar o feto, essas modificações são detectadas nos sistemas reprodutor, endócrino, renal, cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, dermatológico e musculoesquelético (STEPHENSON e O CONNOR, 2004). As alterações e adaptações nessa fase podem às vezes trazer como consequência dor e limitações nas atividades diárias da gestante (SOUZA, 2000). Além dessas mudanças e alterações fisiológicas sofridas no período gestacional, as mulheres podem desenvolver sensações de vulnerabilidade, medo e ansiedade. Sentimentos que podem deixar as mulheres emocionalmente instáveis (MOLLART, 2003). A técnica de drenagem linfática manual consiste em uma forma especial de massagem, é destinada a melhorar as funções do sistema linfático por meio de manobras precisas, leves, suaves, lentas e rítmicas, que obedecem ao trajeto do sistema linfático superficial, drenando o acumulo de liquido intersticial e pode ser uma das opções terapêuticas no edema gestacional. (CAMARGO E MARX, 2000; HERPERTZ U, 2006; LEDUC E LEDUC, 2007; TACANI E TACANI, 2008). A drenagem linfática manual no período gestacional é amplamente usada na parte clinica recomendada por médicos e obstetras (BURT et al, 2006). Com isso, o objetivo deste artigo foi realizar uma revisão de literatura sobre os benefícios da drenagem linfática manual durante o período gestacional. Alterações fisiológicas da gestação A gestação é definida como um processo fisiológico compreendido pela sequência de adaptações ocorridas no corpo da mulher a partir da fertilização. Ao longo das prováveis 39 semanas de gestação a mulher estará sujeita a estas adaptações fisiológicas e anatômicas, que culminam em alterações funcionais e metabólicas. (POLDEN E MANTLE, 2000). Uma das adaptações mais significativas no sistema cardiovascular da gestante é o aumento do volume sanguíneo, aumentando cerca de 40% na gestação, isso ocorre para ser possível enfrentar as necessidades crescentes da parede uterina. Outra alteração notada é a função cardíaca alterada devido à 2

3 mudança de posicionamento do coração e também se observa diminuição da pressão arterial (PA) pelas alterações que se manifestam na pressão diastólica, e a pressão sistólica sofre pequeno decréscimo. Se colocada na posição supina a gestante tem pequena alteração na pressão sistólica, como na pressão diastólica. (BARACHO, 2007). Durante a gestação as alterações que ocorrem resultam de um quadro de mudanças principais, a do colágeno e músculo involuntário que são mediados por ações hormonais, o aumento do volume sanguíneo que esta ligado a distribuição de sangue o útero e rins, o desenvolvimento do feto que é uma das alterações mais relevantes que pode causar aumento e deslocamento do útero e por fim o aumento do peso corporal da gestante que pode gerar alterações do centro de gravidade e da postura.(polden E MANTLE, 2000). As alterações musculoesqueléticas ocorrem devido ao ganho de peso materno progressivo associado ao aumento do abdome, mamas e ainda pelo aumento de hormônios placentários. Os mais frequentes relatos de desconforto são sintomas como dor, sensação de peso, formigamento e fadiga. Também relatam desconforto na região abdominal e sensação de peso na região pélvica podendo se irradiar para os MMII (membros inferiores) dificultando a marcha e ainda, podendo deixar alguns movimentos menos potentes. (CONTI MHS ET AL, 2003). As gestantes tem maior predisposição de desenvolver edema, cerca de 80% das gestantes desenvolvem, sendo que metade dos 80% desses edemas é limitada ao edema em MMII e a outra metade é mais generalizado. (PICCININ, 2009). No terceiro trimestre há uma maior retenção de água que pode resultar em um grau variante de edema dos tornozelos e pés na maioria das mulheres, reduzindo a extensão da articulação. (POLDEN E MANTLE 2000). A drenagem linfática drena os líquidos excedentes que banham as células, mantendo, dessa forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais. Sendo também responsável pela evacuação dos dejetos provenientes do metabolismo celular (LEDUC, 2007). Edema gestacional O edema é definido como sendo um acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial que ultrapassa 30% da quantidade deste no tecido ou região (CAMARGO 3

4 E MARX, 2000; HERPERTZ U, 2006; LEDUC E LEDUC, 2007; TACANI E TACANI, 2008). Em gestantes, o edema é conhecido por edema gestacional, pode afetar cerca de 80% destas e tende a diminuir logo após o parto (BAMIGBOYE E SMYTH, 2007; BAMIGBOYE E HOFMEYR, 2006). Segundo Cardoso 2003, devido à dificuldade do retorno venoso, é normal o aparecimento de edemas em MMII no final da gestação, resultante do extravasamento de líquido para os interstícios dos tecidos. Em relação às alterações no corpo da mulher, a retenção hídrica aumenta em media 6,5 litros, isto ocorre devido ao aumento do liquido amniótico e do volume sanguíneo. Geralmente as gestantes referem que seus pés ficam edemaciados durante a gravidez, visto que estas alterações podem ser explicadas pelo o aumento de fluído e/ou gordura, ou pelas mudanças nos ligamentos, causados pelo peso extra que é carregado, ou modificações do tecido conjuntivo induzidas pelas alterações hormonais. (RIBAS, 2006). Para algumas gestantes, o edema causa certo desconforto, levando à dor, sensação de peso, câimbras noturnas e formigamentos nos membros inferiores; podendo piorar após longos períodos em pé ou com a evolução da idade gestacional e aumento de peso corporal (BAMIGBOYE E SMYTH, 2007; BAMIGBOYE E HOFMEYR, 2006). Ação fisiológica da drenagem linfática manual Dentro do contexto linfático, a drenagem linfática é um dos recursos de grande auxilio ao terapeuta. O objetivo básico da técnica no edema linfático é drenar o excesso de fluído acumulado nos espaços intersticiais, de forma a manter o equilíbrio das pressões tissulares e hidrostáticas. (GUIRRO E GUIRRO, 2004). Os efeitos da massagem são obtidos a partir da estimulação mecânica nos tecidos por meio de pressão e estiramento ritmicamente aplicados, que irão produzir efeitos mecânicos, fisiológicos (inclusive reflexo) e psicológicos (DE DOMENICO; WOOD, 1998). Os efeitos reflexos são muito importantes e ocorrem de modo indireto, a partir da estimulação da rede de receptores, que produzirá respostas provenientes da interação entre sistemas nervosos em periférico e central (CASSAR, 2001). 4

5 Outro efeito fisiológico importante é o auxílio na filtração e na reabsorção dos capilares sanguíneos na drenagem linfática, no fluxo da linfa para dentro dos capilares linfáticos; facilitação do transporte da linfa; e auxilio no bombeamento e na quantidade de linfa processada nos linfonodos (PICCININ, 2009). Segundo Antônio et al (2010), a drenagem linfática manual aumenta o fluxo sanguíneo em decorrência da retirada de liquido do espaço intersticial por meio dos capilares linfáticos, promovendo uma aumento na excreção renal. Seu efeito sobre o sistema vegetativo é simpaticolítico ou vagotônico com queda da frequência cardíaca e da pressão sanguínea, assim como o aumento do peristaltismo intestinal, melhora do sono e promove o relaxamento da musculatura estriada e, além disso, há uma redução dos mediadores inflamatórios (HERPERTZ, 2006). A drenagem linfática em gestantes é realizada principalmente nos MMII sendo importante salientar que técnicas utilizadas na drenagem linfática manual são superficiais, feitas de uma forma continua e lenta, para a linfa ser conduzida de maneira rítmica e progressiva. A pressão deve ser suave, superando a pressão interna fisiológica, podendo chegar entre 25 a 40mmhg nos grandes vasos linfáticos. O cuidado com a intensidade da pressão visa preservação da integridade da tênue capilar. (GUIRRO e GUIRRO, 2004). Os benefícios da drenagem linfática manual na reabsorção do liquido intersticial, é uma forma de tratamento eficaz no edema gestacional. (PICCININ, 2009). Contra indicações da drenagem linfática manual Silva e Mejia (2012), afirmam que a drenagem linfática não oferece risco ao paciente, ao menos que seja aplicada de forma incorreta. Borges (2006) classifica as contra indicações como: Absolutas: Tumores malignos: diante da probabilidade de desencadear reincidência de tumores na cabeça e no pescoço, apesar da drenagem linfática oferecer uma melhor qualidade de vida; Tuberculose: pelo alojamento e encapsulamento nos gânglios linfáticos; 5

6 Infecções agudas e reações alérgicas: devido o aceleramento do fluxo linfático, vírus, bactérias, dejetos celulares e alérgenos serem enviados para os linfonodos através dos vasos podendo disseminar no organismo; Edemas sistêmicos de origem cardíaca ou renal: uma vez que o músculo cardíaco encontra-se fraco em decorrência da condição de bombeamento de sangue; Insuficiência Renal: dependerá do estágio da doença, pois o aumento do aporte de líquido filtrado pelo sistema renal pode desencadear congestão, problema cardíaco e pulmonar; Trombose Venosa: pelo risco de embolismo (desgarrar o trombo). Relativas: Hipertireoidismo: a drenagem linfática pode ser realizada desde que não ocorra manipulação na área da tireóide; Insuficiência Cardíaca descompensada: devido às chances de ocorrer um aumento do trabalho cardíaco resultando na falha desse sistema, podendo levar ao edema agudo pulmonar; Asma e bronquite: em decorrência da crise não é indicado realizar a drenagem linfática na região do esterno por potencializar a crise; Flebite: para não causar aceleração da inflamação. Depois de tratada a drenagem linfática pode ser efetuada; Trombose Venosa Profunda: com o aumento do fluxo sanguíneo, há chance de ocorrer o deslocamento do trombo e como consequência o tromboembolismo e o acidente vascular encefálico. Benefícios da drenagem linfática manual Segundo Brongholi e Silva (2005) a drenagem linfática manual deve ser aplicada de forma lenta e apropriada, obedecendo sempre o sentido da linfa, com efeito sedativo e relaxante. Rebello e Mejia (2012), além de mencionarem a drenagem linfática manual como uma técnica eficaz na redução do edema é importante adotar postura preventiva no que se refere aos cuidados com a gestante, por exemplo: controle da pressão arterial e posicionamento na hora da massagem. 6

7 A drenagem linfática manual é uma das especialidades da área de saúde que contribui para o alívio das dores que surgem no membro inferior no período da gestação (REBELLO; MEJIA, 2012). Fonseca et al (2009), complementam dizendo que a drenagem linfática manual além de promover alívio das dores, proporciona relaxamento, mobiliza estruturas,reduz o edema, previne deformidade e auxilia nas atividades de vida diária. Métodos O estudo refere-se a uma revisão de literatura sobre os benefícios da drenagem linfática manual no período gestacional. Para a realização desse estudo foram utilizados artigos e livros relacionados ao assunto em questão utilizando os seguintes descritores: drenagem linfática, gestação, edema. Discussão A utilização da técnica da drenagem linfática manual em gestantes é amplamente usada na parte clínica, recomendada por médicos obstetras (BURTI et al, 2006; DA FONSECA et al, 2009), sendo uma das principais terapêuticas de escolhas entre as gestantes. De acordo com Rebello e Mejia (2012) a pressão venosa em membros inferiores aumenta devido à compressão que o útero faz na veia cava inferior e nas veias pélvicas, ocorrendo o aprisionamento nas pernas e nas coxas, justificando o aparecimento do edema nos membros inferiores. Silva e Brongholi (2007) realizaram um estudo para investigar os efeitos da drenagem linfática no edema gestacional. Foram selecionadas duas gestantes no terceiro trimestre de gestação para a realização da técnica da drenagem nos MMII. Foram realizadas 15 sessões para uma e 7 para outra gestante com a duração de 90 minutos. A aferição da massa corporal e de cinco níveis de perimetria (antebraço, braço, perna, coxa e tornozelo) foi realizada em casa sessão. Observou-se diminuição significativa do edema de MMII das duas gestantes, assim como redução da massa corporal de uma das gestantes. 7

8 Cardoso (2003) realizou um estudo de caso comum a gestante no 3º trimestre gestacional com o objetivo de verificar o efeito da aplicação da técnica de drenagem linfática manual no edema de membros inferiores. A gestante foi submetida à avaliação da massa corporal,pressão arterial (PA), perimetria e frequências cardíaca(fc) e respiratória (FR). A avaliação do edema nos membros inferiores foi feita por meio da perimetria, realizada a cada cinco centímetros, previamente ao início e no final das oito sessões da técnica de drenagem linfática manual, realizada três vezes na semana, com duração de sessenta minutos cada. Observou-se aumento da massa corporal, conforme esperado pela evolução gestacional; diminuição das FC e FR após cada sessão; e redução na maior quantidade dos pontos da perimetria nos membros inferiores. Não houve alteração da PA, sendo que a mesma permaneceu dentro dos níveis considerados normais para a faixa etária da paciente. De acordo com o observado neste estudo (Cardoso, 2003), sugere-se que a técnica de drenagem linfática manual pode promover benefícios na redução do edema gestacional. No entanto, trata-se de um relato de caso, assim seus resultados tornam-se pouco consistentes para considerar a drenagem linfática manual como uma forma ampla de tratamento do edema gestacional. Além das contra indicações já citadas, sabe-se que deve ser realizada a drenagem linfática manual a partir do terceiro mês para que não ocorram riscos para a gestação. Considerações finais A drenagem linfática manual mostra-se eficaz durante o período gestacional por promover alivio das dores, causar relaxamento e reduzir o edema, principalmente o edema de membros inferiores. A técnica aplicada de maneira correta promove efeito relaxante, que para a gestante é extremamente agradável nessa fase repleta de alterações físicas e emocionais. Mostrou-se ainda que é uma técnica muito utilizada por profissionais da área da saúde e uma terapêutica bastante procurada pelas gestantes. Portanto, o Tecnólogo em estética, com os conhecimentos adquiridos durante o curso como, anatomia, fisiologia e técnicas de massagem esta completamente 8

9 apto para executar a drenagem linfática manual com segurança atendendo as necessidades da gestante. Referências bibliográficas ANTONIO, F.E. ET AL. Avaliação de Parâmetros Bioquímicos na Drenagem linfática Manual em Mulheres Idosas. Anuário da Produção de Iniciação Cientifica Discente, Campinas, v.13, n.17, p.53-61, BAMIGBOYE, AA; HOFMEYR, GJ. Interventions for leg edema and varicosities in pregnancy. What evidence? Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2006; 129(1):3-8. BAMIGBOYE, AA; SMYTH, R. Interventions for varicose veins and lego edema in pregnancy. Cochrane Database SystRev. 2007, 24(1): CD BARACHO E. Fisioterapia aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. BORGES F.S. Dermato-funcional modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Editora Phorte, p. BURTI JS, de Andrade LZ, Caromano FA, Ide MR. Adaptações fisiológicas do período gestacional. Fisioter Bras CAMARGO MC, MARX AG. Reabilitação física no câncer de mama. São Paulo: Roca, CARDOSO CM ET AL. Drenagem linfática manual de membros inferiores de uma paciente no terceiro trimestre de gestação Disponível em:<http// pd>. Acessado em 25/09/2014. CASSAR, MP. Manual de massagem terapêutica: um guia completo para o estudante e para o terapeuta. 1 ed. Barueri: Manole, CONTI MHS, ET AL. Desconfortos músculo-esqueléticos da gestação Uma visão obstétrica e fisioterápica. Femina. V.31, n.6, p , DA FONSECA FM, PIRES JLVR, PAIVA GMMFA, DE SOUZA CT, BASTOS VPD. Estudo comparativo entre a drenagem linfática manual e atividade física em mulheres no terceiro trimestre de gestação. Fisioterapia Ser

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