MÓDULO ESPECIAL DE CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO Tema: Serviços Públicos Prof.: Flávia Cristina Data: 09/05/07

Transcrição

1 MATERIAL DE APOIO 1.Serviço público 1.1 Definição: Maria Silvia di Pietro: toda atividade material que a lei atribui ao estado para que exerça diretamente ou por meios de seus delegados com o objetivo de satisfazer concretamente as necessidades coletivas sob regime jurídico total ou parcialmente público. Corrente adotada pelo Brasil:conceito com base na corrente formalista ou seja a lei determina o que é serviço público. Há outras, que não são adotadas pelo Brasil: -corrente material (aquele que pela sua própria natureza pode ser definido como serviço público); -corrente subjetiva (tudo o que o Estado faz. Crítica nem toda a atividade do Estado pode ser considerada serviço público. Não é só o que intervenção na propriedade, economia, incentivo. No Brasil o Estado explora loteria que não tem nada a ver com serviço público). 1.2 Elementos necessários para identificar um serviço como sendo público: Se houver duvida, apesar da definição legal, utilizamos dois elementos: a) material: em determinado momento histórico o Estado diz através de suas leis e de sua constituição, quais são os serviços imprescindíveis. b) formal: esta prestação deve se submeter a um regime jurídico público, total ou parcialmente. Significa que obedece princípios como supremacia do interesse publico sobre o particular, auto executoriedade etc. 2. Princípios: Além dos já estudados princípios administrativos que valem para toda a atividade administrativa. Há princípios específicos dos serviços públicos, aplicados em conjunto com aqueles. Para identificar os princípios de serviços publicos, socorre-se da lei 8987/95 (concessões e permissões), que em seu artigo 6 esta lei 8987/95 traz o grande principio que rege a prestação de serviços públicos: A busca de um serviço adequado. A doutrina entendeu que as concessões e permissões também devem perseguir o serviço publico adequado. O que é um serviço adequado? - No parágrafo 1º do artigo 6 - a doutrina entende que as condições devem ser interpretadas como princípios, quais sejam: a) Regularidade; b) Continuidade ou permanência; - Limitação ao direito de greve dos servidores. A cf garante no art. 37 VII da cf o direito de greve aos servidores públicos civis. Esse direito deve ser exercido nos termos e limites de lei especifica que até hoje não existe. A doutrina majoritária entende que esta é uma norma de eficácia limitada. Não consigo exerce-la exige-se lei regulamentando. Mas a lei 7786/89, que regulamenta o direito de greve, não trata sobre o direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada, regulamentando o artigo 9 da CF, não para os servidores públicos. O STF, em 1

2 mandados de injunção, tem seus relatores decidindo que os servidores poderão utilizar quando não houver lei regulamentando. -Delegação; -Aplicação mitigada da clausula de exceção do contrato não cumprido; Exceptio non adimpleti contratus - Ocupação provisória de bens e reversão; Entretanto, há algumas situações em que os serviços serão interrompidos mas não se caraterizará violação dos princípios: 1) Emergência; 2) Após prévio aviso: interrrompe a prestação de serviço publico por razoes técnicas ou de segurança. 3) Após prévio aviso: em razão do inadimplemento do usuário quando o serviço é essencial pode ou não suspender há posicionamentos que permitem ou vedam. c) Eficiência: serviços públicos devem ser prestados de forma quantitativa e qualitativamente satisfatória. d) Segurança: prestação de serviços públicos não pode colocar em risco a integridade dos usuários esta é a razão da existência da faixa amarela no metro que impede a passagem sem o trem estar parada e) Atualidade,atualização ou adaptabilidade: utilização de técnicas modernas, equipamentos e instalações bem conservados, melhoria e expansão do serviço. f) universalidade ou generalidade: a prestação de serviços públicos deve ser para todos. Todos devem ter acesso a ela( cf Lei 9074/95. art. 3º, IV). g) Cortesia:usuários do serviços públicos devem ser tratados com respeito com urbanidade h) Modicidade das tarifas:serviços pub devem ter Valores razoáveis acessíveis, senão não consegue atingir o principio tb da universalidade. As camadas mais pobres não conseguirão pagar pelo serviço. Cuidado serviços públicos não tem como característica a gratuidade,não precisa ser gratuito mas precisa ter valores razoáveis. Estes são os princípios do artigo 6 da 8987/95 são os princípios explícitos. A doutrina traz outros Doutrina: i) Dever inescusável do Estado de promover a prestação de serviços públicos:sob pena de ter de indenizar particulares em razão de sua omissão. Prejuízos causados pela omissão estatal devem ser indenizados. Relaciona-se com a responsabilidade civil do estado culpa administrativa quando se omite tb precisa indenizar os prejuízos. Exemplo chuvas em são paulo no mês de janeiro pelo descumprimento do seu dever de manter limpas as bocas de lobo. j) Princípio da transparência: todas as decisões tomadas devem ser de conhecimento da comunidade. Aplicação de dois princípios publicidade + motivação k) controle: deve haver o controle fiscalização da prestação dos serviços pelos usuários,a própria administração, os demais poderes do estado 2

3 l) Mutabilidade do regime:como o interesse coletivo se altera no decorrer do tempo, o princípio autoriza a mudança no regime de execução de serviços. 3. Classificação. 3.1 Quanto à obrigatoriedade da utilização: a) compulsórios: de utilização obrigatória não podem ser interrompidos no caso de inadimplemento do usuário. Ex. coleta de lixo. b) facultativos: utilização não obrigatória. Ex. telefone. Vide sumula 545 do STF. 3.2 Destinatários: a) uti universi geral Neste caso os usuários são indeterminados. Ex. iluminação pública; recapeamento de asfalto. b) uti singuli individual Usuários determinados e serviços divisíveis.ex. fornecimento de agua. Sum. 670 do STF serviços publicos uti universi não pode ser remunerada mediante taxa. O que os remunera são os impostos. CF art. 145, II. Problema art. 149 A da CF/88, estabelece que o custeio de iluminação pública serviços vinculados a contra prestação como as taxas Classificação do STF no RE 89876/RJ rel min Moreira Alves: Serviços públicos em três categorias: a) propriamente estatais:aqueles em que há uma atuação estatal baseada na soberania. São serviços públicos que não podem ser delegados ex. serviços judiciários b) essências ao interesse público:aqueles que são do interesse de todos, ex. coleta de lixo c) serviços públicos não essências:são serviços públicos importantes que podem ser delegados, ex. telefonia e energia elétrica. 3.4) serviços públicos quanto a forma de execução: a) execução direta:quem executa é a própria administração por seus próprios meios. Suas entidades e seus órgãos executam o serviço por seus próprios meios. b) execução indireta: terceiros prestam o serviços públicos que não podem ser aqueles propriamente estatais.prestação de serviços públicos através de autorização, permissão, concessão e as P.P.P.s Obs. Aqui se transfere apenas a execução e não a titularidade. 1. Autorização: Autorização é ato precario o que significa dizer que quem recebeu essa auto. Não tem direito a sua manutenção. A adm pode revoga-la conforme critérios de conveniência e oportunidade a qq momento, sem ter o particular direito a indenização. 2. Permissão: Delegação a titulo precário, precisa de licitação, art. 2, IV, Lei 8987/95. É ato ou contrato? Na doutrina vem prevalecendo que é contrato. Mas há quem admite que seja ato negocial, doutrina esta que não pode ser desprezada. Pode ser ainda, gratuita ou onerosa. Pode ser cobrada ou não. 3

4 Alguns autores acreditam que no caso da permissão onerosa tambem conhecida como condicional como existe alguma espécie de ônus para o permissionário, uma eventual revogação pode ensejar indenização. ex. transporte pub. 3. Concessão: Definição lei 8987/95, art 2, II. Poder concedente são os entes políticos. No entanto, algumas leis especificas vem trazendo a possibilidade de agencias reguladores celebrarem contratos de concessão. Por ex. as leis da aneel 9427/96 e anatel 9472/97, existe a possibilidade das respectivas agencias reguladoras celebrarem esse contrato contrato de concessão. - Necessita de licitação. Exceção: a) Radiodifusão sonora art. 223, Cr/ /95 b) Telecomunicações e radiofreqüência lei 9472/97 lei da anatel. c) Programa nacional de desestatização lei 9074/95. Poderes e deveres do poder concedente: - intervenção do poder concedente na concessionária (art. 29, III) Art. 32. da lei 8987/95 Quando o serviço não estiver adequado, em desacordo com a lei ou com o contrato - sempre será provisória - formalizada por meio de decreto - 30 dias processo administrativo poder concedente sob pena de a intervenção será considerada inválida - a intervenção não levará obrigatoriamente a extinção da concessão Direitos e deveres do concessionário: - direito ao que consta do contrato de concessão; - manutenção equilíbrio econômico financeiro; - não sofrer exigência de prestação estranha; -Transferência da concessão ou controle acionário da concessionária: é permitida desde que a administração concorde previamente. (altamente criticado pela doutrina). Art. 27 da lei 8987/95 transferência de conceição ou de controle acionários sem previa autorização é causa de extinção da concessão na modalidade caducidade, ou seja, forma de extinção por culpa do concessionário. Formas de extinção da concessão: Art. 35, da lei 8987/95 - advento do termo contratual; - rescisão judicial; - rescisão consensual acordo mútuo; - rescisão unilateral. quem faz é poder concedente clausula exorbitante. Pode ocorrer de três formas: 1) encampação ou resgate. 2) caducidade ou decadência. J.M.F.T. Bibliografia: 4

5 MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo, 21ª edição. Editora Malheiros. MAFFINI, Rafael. Direito Administrativo. Editora RT. 5