UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
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- Marisa Vasques Quintão
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO DEPARTAMENTO DE EXPRESSÃO GRÁFICA CURSO DE DESIGN
2 FOTOGRAFIA Prof. Dr. Isaac A. Camargo
3 Objetivas: tipos e características. Ângulos, enquadramento e ponto de vista: a Composição. Linguagem e poética fotográfica.
4 Domínio da fotografia: função e ajustes dos componentes da câmara fotográfica
5 A linguagem ou Poética fotográfica se baseia nos parâmetros técnicos definidos pela e para a fotografia como, por exemplo o conceito de Planos, decorrente da idéia de enquadramento
6 A Planificação se refere ao uso e características dos diferentes planos usados na organização da imagem fotográfica
7 PLANIFICAÇÃO
8 Falar em planos nos remete à idéia dos planos cinematográficos. Basta lembrar que cinema é o desdobramento da fotografia, colocando-a em movimento mediante a tomada de imagens sucessivas
9 Os planos cinematográficos não são diferentes dos planos fotográficos, o que os diferencia são os nomes e a difusão que os planos cinematográficos tiveram ao longo da história
10 O cinema como entretenimento mobilizou muito mais atenção do que a fotografia, assim é mais comum conhecermos os planos em cinema do que em fotografia
11 Só para situar, no cinema são usadas siglas para nos referirmos aos planos usados naquele contexto: PG, PA, PP e Close
12 PG é o plano geral, aquele que toma toda a cena, como uma grande paisagem;
13 PA é o plano americano, em geral a uma distância que engloba os corpos inteiros e situa o assunto na cena;
14 PP é o plano próximo no qual as pessoas estão, em geral, a meio corpo e o Close uma visão aproximada o bastante para destacar detalhes do corpo, por exemplo, como mãos e rostos
15 Como se percebe, a variação dos planos faz também com que varie o sentido proposto. Uma visão geral toma dados mais abrangentes e uma visão próxima detalha estes dados
16 Entretanto, na fotografia não é costume nomear os planos, com exceção dos planos próximos como as tomadas em close up e em macrofotografia
17 Falar em planos na fotografia, implica em falar também à respeito dos diferentes tipos de objetivas. As objetivas são projetadas para abranger campos de visão variados, logo, diferentes ângulos, diferentes planos
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19 Uma objetiva chamada de normal, usada em câmeras fotográficas, vê de um modo muito parecido com o olho humano, ou seja, tem uma angulação em torno de 40º-55º de abrangência
20 Ao passo que uma grande angular pode variar de 150º a 22º de abrangência, o que toma mais área, mas em compensação, provoca deformações de perspectiva na imagem
21 Uma teleobjetiva tem uma área de abrangência pequena, em torno de 2º - 28º, o que nos aproxima do que está muito distante, o que provoca a sensação de achatamento na imagem
22 Variações de objetivas
23 Devemos saber também que o uso de objetivas de angulações diferentes, usadas para variar os planos tomados, ampliando ou reduzindo a abrangência
24 A numeração das objetivas se refere à distância focal, ou seja, a medida que vai do centro da objetiva ao plano focal, região onde a imagem é projetada pela objetiva, dentro da câmera, onde se encontra o filme nas câmeras analógicas, e o CCD nas câmeras digitais
25 Esta medida é indicada em milímetros e as identifica. Uma objetiva normal, por exemplo, tem uma distância focal que pode variar entre 40mm a 55mm, dependendo do fabricante
26 A lente normal se parece com o que vemos
27 Uma objetiva grande angular pode variar a distância focal entre 8mm a 28mm; uma teleobjetiva pode variar de 80mm a 1.500mm ou mais se pensarmos em objetivas telescópicas compostas com refletores espelhados
28 A grande angular provoca distorções
29 Uma teleobjetiva provoca o achatamento da imagem, reduzindo o efeito de profundidade
30 Uma foto produzida com teleobjetiva é mais compacta
31 A escolha das objetivas determina os diferente planos de tomada das imagens, o que implica nos usos e funções que as imagens vão cumprir
32 Grandes angulares, normais ou teles
33 A título de exemplo podemos dizer que o equipamento fotográfico para uso geral pode ser composto por um conjunto de várias objetivas
34 Uma objetiva normal de 50mm, uma grande angular de 28mm, uma tele de 150mm, uma macro de 70mm, e também lentes de aproximação +1, +2 e +3 que servem para acoplar à lente normal ou macro, individualmente ou superpostas e produzir imagens em close up como também intensificar as aproximações macroscópicas
35 Além da Planificação, podemos falar em Angulação que se refere às variações das posições de tomada da imagem segundo a escolha dos pontos de vista e inclinação do enquadramento
36 1.8-Concepção da imagem: ângulos e enquadramentos, lentes e objetivas.
37 Angulação: Enquadramento e efeitos de sentido
38 A Angulação é a escolha da posição relativa da câmera em relação ao assunto em foco, o que resulta também na idéia de enquadramento
39 O enquadramento frontal toma a imagem no mesmo nível do assunto. Como se a câmera estivesse na mesma altura do assunto.
40 Isto resulta numa imagem mais estável na medida em que estamos habituados a olhar o mundo por nossos olhos e as cenas estão sempre em acordo com nossa altura e posição, portanto, não há nenhum estranhamento
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44 Vamos observar que ângulos inusitados, descendentes (mergulho/plongée) ou ascendentes (subida contra mergulho/contra-plongée), produzem efeitos diferentes nas imagens
45 Mergulho
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50 Este tipo de tomada submete a imagem a uma sensação de menor destaque, a uma pressão vertical que diminui a dimensão da imagem
51 Contra-mergulho
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56 O Contra-mergulho, aumenta a importância da imagem, traz a idéia de grandeza/grandiosidade
57 É comum a utilização de ângulos laterais. Tomadas das imagens à esquerda, à direita e em ângulos diagonais em nível, em mergulho ou contra-mergulho. Nestes casos as imagens têm menos estabilidade, embora pareçam mais dinâmicas e interessantes, podem provocar distorções na perspectiva e nos corpos quando tomados em escorço
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59 Man Ray.
60 Edward Weston.
61 A configuração da imagem (diafragma e obturador). Exposição (ISO).
62 Além da capacidade ótica de uma câmera, é necessário entender duas outras características relacionadas ao tempo de exposição de uma fotografia
63 Originariamente as imagens fotográficas eram registradas em filmes fotográficos que tinham diferentes sensibilidades em relação à luz. Eram mais sensíveis ou menos sensíveis
64 Essa sensibilidade era indicada originarimente indicada por um número padrão ASA (American Standard Association), mais tarde por um número ISO (International Standard Association), quanto maior o número, maior a sensibilidade
65 Os filmes mais sensíveis eram adequados para produzir imagens em situações de baixa luminosidade, os filmes menos sensíveis eram usados para produzir imagens em situações normais ou muito iluminadas
66 Entretanto, não era possível mudar a sensibilidade dos filmes a cada momento, quando se colocava um filme, ele devia ser exposto até o fim
67 Mas não era apenas o a sensibilidade do filme que definia o registro de uma imagem, era possível, nas câmeras manuais, ou profissionais, ajustar também a quantidade de luz e o tempo de exposição que uma imagem sofreria na câmera
68 Para adequar a quantidade de luz que atingiria o filme, ajustava-se o Diafragma e para adequar o tempo de exposição de um filme à luz, ajustava-se o Obturador
69 O Diafragma possui diferentes ajustes que deixam o orifício de entrada de luz mais aberto ou mais fechado, conforme o caso. Muita luz podemos reduzir a abertura de entrada; pouca luz, podemos aumentar a abertura de entrada
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71 O Obturador deixa entrar luz por diferentes períodos de tempo na câmera. Com pouca luz podemos deixar a exposição mais longa; com muita luz, podemos deixar a exposição mais rápida
72 É uma espécie de Timer que controla períodos de exposição curtos ou longos
73 Deste modo é possível adequar a tomada da imagem em quatro pontos distintos: 1- A situação de luz ambiente; 2- A sensibilidade (ISO); 3- A quantidade de luz que entra na câmera e 4- O tempo de exposição à luz
74 Para isto, a maioria dos fabricantes de filmes, indicavam diferentes situações de iluminação e os possíveis ajustes para a obtenção de imagens com luzes adequadas
75 Atualmente, nas câmeras digitais, mais sofisticadas ou menos sofisticadas, estas situações são controladas de outro modo. Algumas câmeras possuem ajustes de diafragma e obturador com controles manuais, outras, somente automático
76 É bom esclarecer que, quando falamos em câmeras digitais, muitas vezes estes controles são também digitais, mostrados no display e não mecânicos como nas câmeras analógicas
77 Primeiro devemos saber que numa câmera digital o ISO (sensibilidade) pode ser ajustada a cada foto e não para todas
78 Em algumas é possível ajustar a exposição em velocidades muito mais rápidas e muito mais lentas do que numa câmera analógica
79 É também possível ajustar o diafragma em aberturas variáveis como numa câmera analógica
80 O que devemos saber é que tanto nas imagens analógicas quanto digitais, os ajustes realizados por meio do diafragma e do obturador, influenciam na tomada e na aparência da fotografia
81 Neste caso, a imagem resultante é a somatória das condições e escolhas de ângulos e seleção de cenas realizadas no ambiente, do ajuste do diafragma e do obturador
82 A combinatória destes diferentes fatores irão definir tanto a qualidade quanto a aparência e significação da imagem que obtivermos
83 Para clarear exemplificar o que estamos dizendo, basta levarmos em conta as ressalvas a seguir e observarmos as imagens que virão
84 Ao observarmos o anel da objetiva da câmera fotográfica, teremos uma indicação F, esta letra Foco, portanto, ao ajustar o diafragma ajustamos também a nitidez da imagem na câmera fotográfica
85 Objetiva de câmera analógica
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87 Quando usamos aberturas pequenas, temos maior Profundidade de Campo, ou seja, mais foco. Quando usamos aberturas grandes, temos menor Profundidade de Campo, ou seja, menos foco
88 Ao usar aberturas maiores, devemos ajustar a Distância Focal, corrigir a distância em metros no anel de foco da câmera, assim estaremos adequando a câmera a um dado limite de espaço diante dela
89 Sabemos que Diafragmas mais abertos, podem deixar entrar mais luz, isto implica em obter imagens com menos foco, ou o que chamamos de foco seletivo, nestas imagens obtidas na net
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94 Como é possível notar nas imagens acima, o fundo ficou fora de foco e o primeiro plano em foco, é isso que chamamos de Foco Seletivo
95 Ao contrário, se usarmos uma abertura de diafragma pequeno, podemos fazer com que entre menos luz na câmera, mas também teremos mais foco, ou foco contínuo do primeiro ao último plano da imagem, teremos mais nitidez
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99 Close
100 O close-up ou aproximação, é um modo de destacar a importância de um dado elemento na imagem, dando a ele o destaque principal
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105 Outro tipo de close, mais aproximado é a Macrofotografia, que amplia a imagem para dimensões além do natural
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111 A Grande Angular
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116 Teleobjetiva
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120 Alterando a aparência das imagens, mediante o uso de dos componentes da câmera ou suas objetivas, podemos dizer que operamos a estética fotográfica, seu modo de fazer e instaurar imagens: sua poética ou, como querem alguns, sua linguagem
121 Posições, distâncias, formatos, dimensões, direções são modos de constituir presença e instituir a espacialidade na imagem
122 Portanto, não basta saber que podemos controlar a quantidade de luz, mas saber também que este controle implicará em imagens totalmente diferentes entre si
123 O mesmo acontece quando se trata de controlar o tempo de exposição
124 Obturador de uma câmera analógica
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126 Veremos que a velocidade do obturador também influi na aparência da imagem, aqui entra o efeito de movimento na fotografia
127 Este efeito de movimento é dinâmico, registra na imagem a ação que ocorria no meio ambiente de, pelo menos, duas maneiras
128 Se usarmos uma velocidade alta de captação numa câmera fotográfica, podemos interromper o movimento, criando a aparência de congelamento, cujo efeito é de suspensão ou supressão temporal
129 Esta imagem de Cartier- Bresson nos mostra isso.
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132 Fotos de Picasso Publicadas na Revista Life
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139 Ao usarmos uma velocidade lenta de captação, a câmera também pode borrar parte ou toda uma imagem fotográfica, distendendo o movimento, inscrevendo ou demonstrando o efeito de ação
140 A foto de Almeida deixa clara a ação
141 Como também a de Brake, e outras publicadas na net
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147 Velocidades lentas dão a impressão de que a imagem escorre, borra, mancha a cena registrada pela câmera
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150 Estas características das imagens são, além de efeitos, elementos de sentido. Estes modos de escolha e de realização das fotografias implicam em modos de dizer e significar, é isso que distingue uma fotografia de outro tipo de imagem
151 Estes efeitos de supressão ou de acentuação do movimento, só são possíveis em sistemas fotográficos, nossos olhos e mente não possuem recursos para apreender o movimento desta forma, só por intuição ou imaginação é que podemos criar. imagens assim
152 Construção da imagem fotográfica: composição e organização da imagem.
153 Composição e enquadramento são duas questões diferentes mas complementares no contexto da fotografia
154 Compor se refere à organização dos elementos constituintes da imagem na superfície ou suporte
155 enquadramento, se refere ao recorte, à angulação e aos campos de tomada da imagem mas, tanto a composição quanto o enquadramento, determinam a estrutura visual da imagem fotográfica
156 A composição, tomada a partir de sua origem, ou seja, do campo da arte, foi tratada durante muito tempo por meio de técnicas de organização do espaço orientada por certas condutas e até mesmo regras
157 A mais comum destas regras é a do Segmento Áureo, Retângulo Áureo, Divina Proporção, Pontos Ouro e outros nomes pomposos que esta estratégia pudesse assumir
158 Em síntese, a idéia dos pontos ouro vem da divisão do segmento em média e extrema razão, o que gera o conhecido número PI que corresponde à expressão numérica de 0,1416
159 Na prática podemos dizer que é a divisão do espaço em terços, fazendo corresponder 2X1, logo a divisão do espaço não é simétrica, mas assimétrica
160 A idéia de localizar os pontos ouro numa área ou superfície, facilitaria a distribuição dos elementos mais importantes, posicionando-os nestes pontoschave, proporcionando uma organização mais equilibrada ou coerente, do espaço
161 Desde a antiguidade são conhecidos diferentes procedimentos, não simétricos, mas equivalentes para organizar o espaço
162 Os egípcios, gregos e romanos já conheciam alguns sistemas e, inclusive, o calculavam
163 Este procedimento recebeu diferentes nomes, mais ou menos sofisticados
164 Seção dourada,razão sagrada, segmento áureo, são modos de se referir aos sistemas de cálculo aritmético para subdivisão do espaço.
165 A base de cálculo a que se refere a divisão de um segmento em média e extrema razão
166 A razão numérica resultante desta equação é 0,618
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168 Qualquer segmento multiplicado ou dividido por esta expressão numérica indicará uma fração assimétrica
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170 Embora assimétricas, as frações resultantes são proporcionais entre si
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172 Isto cria uma regularidade constante, daí a idéia de proporção áurea, divina proporção ou seção sagrada
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174 Podemos encontrar muitos exemplos deste sistema ao longo da história da arte:
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198 Dorothea Rockburne
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200 Regras comumente usadas para compor imagens
201 Julio Carmo
202 Julio do Carmo,
203 Julio do Carmo
204 Julio Carmo
205 Júlio Carmo
206 Julio Carmo.
207 Tomada da imagem: surgimento e desenvolvimento das câmaras fotográficas.
208 A câmara ou câmera fotográfica acabou sendo o aparelho mais sofisticado para produção de imagens. Composto por elementos óticos, por mecanismos de controle de exposição (de luminosidade e tempo), fosse analógica ou, atualmente, digital
209 Das câmaras escuras às câmaras fotográficas atuais a meta é fazer com que o suporte (material químico sensível ou CCD digital), seja capaz de reter informações luminosas para serem usadas posteriormente
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217 A compreensão mais simples do que é a fotografia passa pelo entendimento de que ela decorre de uma imagem estenopéica, ou seja, uma imagem resultante da passagem da luz por um orifício
218 A imagem decorrente desta circunstância implica em características que são próprias deste tipo de obtenção e difere radicalmente dos demais tipos de imagens obtidas por meios pictóricos ou gráficos
219 Pode-se dizer que durante muitos anos ou séculos, a produção de imagens dependia da observação e da habilidade dos pintores e desenhistas, e o modo de produzir imagens destes profissionais seguia a tradição pictórica
220 Normalmente tomada mediante o olhar frontal e ao nível do observador, este tipo de tomada também influenciou as primeiras fotografias
221 Henry Peach Robinson, fotografia pictorialista, 1857
222 Henry Peach Robinson, pictorialismo, 1858
223 Este olhar frontal não foge ao recorte da perspectiva de ponto de fuga único e, coincidentemente, também decorre do olhar estenopéico da câmera fotográfica, tanto um quanto outro modo de olhar definem esta frontalidade
224 Tal recorte passa a ser o mais utilizado pela fotografia, como foi também o recorte preferencial da pintura ao longo de sua existência, o que define um tipo de Enquadramento
225 Pensar o enquadramento da imagem, os ângulos de tomada da fotografia, bem como as demais características decorrentes de seus elementos constitutivos nos leva e pensa em torno da Linguagem ou da Poética fotográfica, o que nos leva a refletir sobre os Aspectos técnicos e plásticos da fotografia
226 Trasladamento fotônico: transferência do mundo natural para o ambiente fotográfico
227 A idéia de trasladamento fotônico é a transferência da imagem do meio ambiente por meio da luz que transporta informações sobre o meio para a câmara fotográfica
228 Como se sabe, a principal característica da fotografia é sua capacidade de produzir uma imagem semelhante ao que se coloca diante da câmera fotográfica criando uma correspondência entre aquilo que é visível e o que é registrado pela câmera
229 Há uma sensação de correspondência ponto a ponto entre o que se enquadra no mundo natural e o que a fotografia mostra, a cada ponto de luz ou ausência de luz, corresponde um ponto de luz ou sombra na imagem
230 De fato, podemos acreditar que haja uma certa correspondência, no entanto, as imagens que tomamos do mundo acabam sendo modificadas em função dos elementos componentes da câmera fotográfica como o diafragma e o obturador, por exemplo, logo, cria uma ilusão de fidedignidade
231 Pode-se dizer que esta ilusão é um fato pois o próprio enquadramento é uma escolha que promove um recorte em relação ao que está disponível diante da câmera, portanto, o que se recorta é uma parte do que se vê e não tudo o que se vê
232 Estas escolhas são baseadas em diversos fatores, sejam eles o simples gosto de quem fotografa, as condições de iluminação e do ambiente em que se fotografa, com em outros temas e assuntos que mobilizam a atenção do fotógrafo
233 É esta possibilidade de trasladar as informações luminosas do meio para a imagem que dá a fotografia a credibilidade que tem como registro ou documento factual, como a testemunha de ocorrências, eventos e circunstâncias
234 A capacidade de ser crível, ter credibilidade, ser verdadeira, ampara a idéia de veridicção e lhe confere fidúcia, fidedignidade suficiente para amparar leituras documentais e torná-la registro de ocorrências do mundo em que vivemos
235 Esta é também uma função essencial da fotografia, ser um documento que se ampara em fatos ou registro de eventos do mundo natural atuando como substituta, sucedânea ou testemunha ocular das ocorrências do mundo
236 Dai surge a necessidade de acreditar que exista um trasladamento fotônico entre as ocorrências e fenômenos do mundo natural que possam ser documentados e registrados por meio da fotografia de modo seguro e consistente
237 Neste sentido, a fotografia tem cumprido sua missão e reproduzido eventos, circunstâncias e ocorrências com bastante eficiência
238 A Fotografia Documental, se caracteriza como uma construção imagética em que os compromissos éticos são bem delimitados e de grande importância no contexto contemporâneo
239 Neste campo, podemos falar de diferentes tipos de documentação e registros que seguem aportes teóricos distintos, atuando como registros etnográficos, antropológicos, sociológicos, históricos e jornalísticos
240 Documentos históricos como batalhas, passeatas, comícios e outros eventos políticos que rememoram nossas memórias
241 Registro de grupos étnicos, culturas estrangeiras, ambientes naturais ou urbanos que requeiram o conhecimento imediato ou posterior
242 John Thomson, A Noiva Manchu, Beijing, , Documentação etnográfica
243 Andre Kertesz, Violinista, Abony, Hungria, 1921, social
244 Andre Kertesz, Circo, Budapeste, Hungria, 1920, comportameto
245 George Rodger, Cerimônia de iniciação, Sudão, África, 1949
246 George Rodger, Uganda. Dança do povo da floresta, Wagasero, 1948
247 Bruce Davidson, Londres, 1964
248 Elliott Erwitt, Museu Prado, Madri, 1995
249 Fotos do álbum de família do artista Inglês Ben Nicholson
250 Bruce Davidson, Marcha para Montgomery, movimento de consciência negra, EEUU, 1964
251 Bob Adelman, Marcha para Montgomery, movimento de consciência negra, EEUU, 1964
252 Robert Capa, Madri, 1936
253 Zeppelin Hindenburg, em chamas, maio de 1937, Naval Air Station, New Jersey. Foto da marinha americana
254 Primeiro pouso na lua, 1969, foto NASA
255 A denúncia ou a constatação de fatos ou acontecimentos que dêem ao jornalismo a possibilidade de alterar os caminhos da história
256 Elliott Erwitt, bebedouro dágua da segregação racial, Carolina do Norte, 1950
257 Weegee,Arthut Felling, Manhatan, 1942
258 Weegee, New York, cidade nua, 1945
259 Robert Frank, the americans, bonde, 1950
260 Robert Frank, Drug Store, Detroit, 1955.
261 Werner Bishof, India, 1951
262 Foto IRC - International Rescue Committee, Nigéria, 1960,
263 Kevin Carter, Biafra, 1969
264 Bruno Barbey / Magnum Photos, Protestos Estudantis, Paris, 1968
265 Huynh Cong (Nick), Vietnam Napalm, 1972
266 Manifestações estudantis na Praça da paz celestial, Pquim, China, 1989
267 World Trade Center, atentado, 2001
268 Abu Ghraib
269 Abu Ghraib
270 Podem ser incluídas ainda, outras aplicações técnicas da fotografia, também entendidas no contexto da fotografia documental como as fotografias destinadas a documentar espécies biológicas como a zoofotografia, a fotografia entomológica ou a fotogametria que atende à geografia
271 Thomas, 2009
272 Mark Vincent Müller. Wild life, Pelicano
273 Foto Entomologia
274 Foto Entomologia, Bruce Marlin
275 Foto Aérea
276 Aerofotogametria
277 1997, Shinnecock Bay, Long Island, NY, identifying submerged aquatic vegetation.
278 Reordenação do visível: luminosidade, espacialidade e temporalidade
279 Como já dissemos, a questão da fotografia também se discute por meio da reordenação do visível, já que a imagem fotográfica não é uma cópia do mundo natural como se pensa genericamente
280 Embora haja uma certa correspondência entre a luminosidade do ambiente recortado pela fotografia, esta correspndência não é integral, há mudanças provocadas pelos elementos componentes da câmara, como diafragma e o obturador que limitam esta relação
281 Neste caso, as imagens produzidas pela câmera, passam por uma reordenação que, além de alterar as relações com os aspectos sensíveis do mundo natural, alteram as próprias imagens
282 É o caso das imagens que vimos anteriormente, com foco seletivo, foco contínuo, congelamento e distenção do movimento
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287 Nestes casos podemos perceber que a fotografia não é necessariamente uma reprodução literal do que vemos, mas uma reoperação dos valores visíveis em valores plásticos
288 Ao mesmo tempo, vale reforçar que as tomadas, alterações, manipulações de imagem buscam sempre a significação, ou seja, produzir sentido, promover a comunicação ou a transferência de dados dentro das diferentes funções que ocupa na sociedade
289 A fotografia documental opera de um modo, a expressiva de outro, mas tanto uma quanto outra quer promover a interação entre os destinadores e os destinatários da informação com qual ela lida.
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