Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique
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- Regina Bernardes Quintão
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1 Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique Organização Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau CEPSA i
2 Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique Organização Carlos Arnaldo Boaventura Manuel Cau iii
3 Titulo Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique Organização Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau Edição CEPSA Design Gráfico, Capa e Paginação Luis M.S. Ribeiro Revisão David Seth Langa Henriqueta Tojais Impressão e Acabamento FM Comercial, Lda. Número de Registo 7802/RLINLD/2013 ISBN Tiragem 1000 Exemplares Endereço do Editor Rua de França, n.º 72 R/C Tel: cepsa@cepsa.ac.mz Maputo Moçambique Maputo, Julho de 2013 iv
4 ÍNDICE Capítulo 1 Introdução Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau 1 Capítulo 2 Tendências e Desafios do Crescimento da População em Moçambique Carlos Arnaldo Ramos Cardoso Muanamoha 7 Capítulo 3 Fecundidade em Moçambique nos últimos 50 anos: alguma mudança? Carlos Arnaldo 37 Capítulo 4 A dinâmica da mortalidade em Moçambique Boaventura M. Cau 61 Capítulo 5 Nível e factores associados à mortalidade materna em Moçambique Cassiano Soda Chipembe João Mangue Carlos Arnaldo 89 xi
5 Capítulo 6 Mortalidade neonatal em Moçambique: evidência de três inquéritos nacionais Sandra Dzidzai Matanyaire Gonçalves 111 Capítulo 7 Impacto da mortalidade por Malária e SIDA na esperança de vida em Moçambique João Mangue Carla Jorge Machado Roberto do Nascimento Rodrigues 135 Capítulo 8 A dinâmica migratória em Moçambique Inês Macamo Raimundo Ramos Cardoso Muanamoha 157 xii
6 Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau Capítulo 1 Introdução Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau Com este livro, o Centro de Pesquisa em População e Saúde (CEPSA) pretende contribuir para o debate sobre a dinâmica da população e saúde em Moçambique. Nos últimos anos, Moçambique tem registado mudanças económicas, sociais, culturais e políticas cujos efeitos na saúde da população são menos conhecidos. Se se tomar em consideração que a saúde das pessoas é influenciada, não só pelos factores individuais, mas também pelos factores do nível do grupo ou da comunidade, estudar os efeitos, na saúde, das mudanças económicas, sociais, culturais e políticas que o país tem experimentado é particularmente relevante. Ao mesmo tempo, as transformações que a população moçambicana per si tem sofrido nos últimos anos têm sido igualmente pouco estudadas e documentadas. No entanto, e, como Leone (2010) Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique 1
7 Introdução poderia argumentar, as transformações da população são uma componente fundamental das mudanças nas necessidades de saúde e têm implicações nos programas e políticas de saúde e bem-estar da população. Por exemplo, o entendimento da dinâmica da população na forma de tamanho, estrutura etária e mudanças nos padrões e determinantes de fecundidade, mortalidade e migrações é vital na formulação de políticas públicas ajustadas à realidade. O estudo dos principais factores sociais e culturais que podem constituir barreiras para uma redução rápida das taxas de mortalidade infantil e infanto-juvenil, influenciar o início precoce da actividade sexual e a consequente exposição a gravidezes na adolescência e a doenças de transmissão sexual, incluindo o HIV e SIDA, pode orientar o desenho e implementação de políticas e programas de combate a estes desafios em Moçambique. As mudanças económicas, sociais, culturais e políticas de Moçambique registadas nos últimos anos são igualmente factores importantes da mobilidade populacional cujas implicações na saúde pública urge estudar. Os prospectos da exploração dos recursos naturais que vão sendo descobertos no país e o contexto internacional têm tornado o país um destino de pessoas oriundas de diversas partes do mundo e com potencial impacto na sua estrutura social, económica e perfil de saúde. Por outro lado, a estagnação da economia rural força muitos residentes rurais a migrar para as áreas urbanas, contribuindo para a precariedade das condições de vida e de saúde nestas áreas. Tendo em conta esta realidade, o CEPSA inicia, com este livro, uma série de publicações sobre questões de população e saúde em Moçambique, baseadas na análise aprofundada dos dados que vêm sendo recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística e outras instituições/organizações nacionais e internacionais, com o objectivo de contribuir para o conhecimento das dinâmicas de população e saúde que possam servir de suporte no desenho e implementação de programas e políticas para a promoção da saúde pública e do bem-estar da população, bem como da formação de nível superior nestas áreas. O livro integra, para além desta introdução, sete artigos analisando vários aspectos de dinâmica demográfica e saúde. No capítulo dois, Tendências e desafios do crescimento da população em Moçambique, Carlos Arnaldo e Ramos Muanamoha analisam as tendências do crescimento populacional em Moçambique e as suas implicações para a demanda dos serviços sociais básicos. Os progressos que se têm verificado na área da saúde, sobretudo os 2 Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique
8 Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau observados depois da independência nacional, em 1975, têm provocado uma redução da mortalidade, em particular a infanto-juvenil. Esta redução ocorre num contexto de uma fecundidade elevada e quase constante, resultando num crescimento populacional elevado, de cerca de 3% ao ano. Esta situação resulta numa estrutura jovem da população moçambicana e grandes desafios na providência de serviços básicos como os de educação, saúde e emprego. Os restantes capítulos tratam das componentes do crescimento populacional: fecundidade, mortalidade e migração. A tendência do nível de fecundidade constitui o foco principal do capítulo três. Neste capítulo, com o título Fecundidade em Moçambique nos últimos 50 anos: alguma mudança?, Carlos Arnaldo usa os dados dos censos para avaliar a tendência e os factores associados ao nível de fecundidade nos últimos cinquenta anos. Com um número médio de seis filhos por mulher, Moçambique está entre os países com a taxa global de fecundidade mais elevada do mundo, e tem-se mantido quase estável nos últimos 50 anos, excepto nas áreas urbanas e na região Sul do país, onde há sinais de uma diminuição contínua a partir dos finais da década de O nível elevado de fecundidade é sustentado, em grande medida, pelas ainda altas taxas de analfabetismo das mulheres, início precoce da actividade sexual (e consequente casamento precoce) e pouco ou nenhum uso de métodos de planeamento familiar, tanto dentro, como fora das uniões. O autor considera importante que o país desenhe e implemente programas para retardar o inicio da vida sexual, reduzir o desejo por muitos filhos e assegurar a satisfação das necessidades actuais de contracepção. No capítulo quatro, A Dinâmica da mortalidade em Moçambique, com base em indicadores de mortalidade dos censos de população e da literatura sobre mortalidade em Moçambique, Boaventura Cau analisa a dinâmica da mortalidade em Moçambique. O autor constata que as taxas de mortalidade infantil e infanto-juvenil declinaram em todas a províncias, mas com as províncias do Centro e Norte do país, por sinal as que apresentam os piores indicadores socioeconómicos, a apresentar níveis de mortalidade mais elevados. O autor chama a atenção para a necessidade de um maior esforço na elevação do acesso à educação da rapariga, acesso aos serviços de saúde, acesso à água potável e ao saneamento do meio. No capítulo cinco, Nível e factores associados à mortalidade materna em Moçambique, Cassiano Chipembe, João Mangue e Carlos Arnaldo tiram partido dos recentes desenvolvimentos metodológicos na demografia e Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique 3
9 Introdução estimam a mortalidade materna a partir da informação do censo populacional de Em primeiro lugar, os autores fazem uma avaliação da qualidade dos dados e chamam a atenção para o facto de alguns erros, que normalmente caracterizam os dados do censo, poderem ter influenciado as suas estimativas. A estimativa resultante, de 489 óbitos maternos em cada 100 mil nascimentos, é consistente com estimativas feitas por agências internacionais e mostra que a redução da mortalidade materna constitui ainda um desafio para o país. Pela sua natureza, os dados do censo não permitem análises mais aprofundadas no que se refere aos factores determinantes, mas o artigo mostra que a mortalidade materna é mais elevada nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Sofala e Inhambane, particularmente entre as mulheres rurais, menos escolarizadas e aquelas que iniciam a actividade reprodutiva precocemente. As razões para estas diferenças deverão merecer especial atenção em futuros estudos do CEPSA. Sandra Gonçalves, em Mortalidade neo-natal em Moçambique: evidência de três inquéritos nacionais, capítulo seis, aplica o método da estimação das taxas de mortalidade infantil e na infância do novo manual das Nações Unidas para calcular taxas específicas de mortalidade por faixas etárias padrão. Através da análise dos dados dos Inquéritos Demográficos e de Saúde de 1997 e de 2003 e do Inquérito sobre Indicadores Múltiplos de 2008, a autora constata que os níveis de mortalidade no primeiro mês de vida são mais elevados do que em qualquer outro período na infância, mostrando a sobrecarga de mortalidade neo-natal e reforçando a prioridade de orientar acções programáticas e recursos em saúde para saúde neo-natal em Moçambique. No capítulo sete, Impacto da mortalidade por malária e SIDA na esperança de vida da população em Moçambique, João Mangue, Carla Machado e Roberto Rodrigues avaliam o efeito da mortalidade por malária e SIDA na esperança de vida da população moçambicana. De acordo com estes autores, a malária e o SIDA reduzem a esperança de vida da população moçambicana em cerca de 9%. Este efeito corresponde a uma perda de cerca de 10 anos de vida nos homens e 9 anos nas mulheres, por cada uma das duas doenças. Por fim, no capítulo oito, Dinâmica migratória em Moçambique, Inês Raimundo e Ramos Muanamoha analisam a dinâmica migratória interna e internacional em Moçambique. Embora os dados utilizados (do censo) não tenham permitido avançar de forma conclusiva com as causas das tendências migratórias, os autores estimaram os volumes e as taxas de migração interna 4 Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique
10 Carlos Arnaldo Boaventura M. Cau e internacional e as tendências migratórias inter-provinciais. O estudo revela uma mudança de paradigma na migração interna em Moçambique, com um cada vez maior envolvimento da população feminina, sobretudo na região Sul do país, onde o volume total da migração feminina supera o da masculina. Referências Bibliográficas Leone, T How can demography inform health policy? Health Economics, Policy and Law, 5:1-11. Dinâmicas da População e Saúde em Moçambique 5
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