FOI ESCRITO NAS ESTRELAS
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- Ricardo Carvalho de Mendonça
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1 1 FOI ESCRITO NAS ESTRELAS UM O homem corria procurando lugar pra se esconder. Os cães e os homens vasculhavam cada canto. Das janelas moças, senhoras, crianças e jovens queriam saber o que estava acontecendo. Ele ganha a mata depois de ter corrido pela estrada sem asfalto. Cansado,
2 2 confuso e sem saber o que fazer, pôs-se a correr mato adentro sem direção. O alarido dos cães era ouvido ao longe. Iam entrando no mato depois de ter cheirado o pedaço da roupa que tinha ficado grudada no galho. Subiu numa árvore pra se esconder e deixar que passassem sem o vir. Nem notou que perto da árvore havia um prédio. Não
3 3 era muito alto. Os galhos da árvore iam bater na janela de um dos apartamentos e a mulher chegara à janela pra ver o que se passava do lado de fora. Os cães não davam trégua, passaram em baixo da árvore sem notar o homem escondido entre a folhagem se engalfinhado com os cipós. Conseguiu se livrar de algumas
4 4 folhagens e pôs a cabeça pra fora dos galhos, ai foi visto pela mulher que vasculhava com os olhos até onde eles podiam ver. Viu o homem tentando se soltar dos cipós, com a camisa rasgada:- - Tá fazendo o que ai meu jovem? -- Disse ela-- Assustado e confuso falou o que lhe veio à cabeça:- --O meu bichinho subiu e...
5 5 Perdido... ficou se perde. A mulher podia ter fechado a janela. Podia ter gritado, mas não o fez. Ao invés disso, com palavras ásperas mandou que ele entrasse pela janela:- - Como pôde subir tão alto. Cairia da árvore se fosse descer pelo tronco. Sem discutir, entrou pela janela sendo ajudado por
6 6 ela. Que foi até a cozinha, trouxe-lhe um copo de suco, pois o rosto dele estava melado de suor. Em seguida, indicou-lhe o caminho do banheiro pra que se lavasse. Sem discutir, fez tudo que ela quis. Não era daqueles que se olha e se perde de paixão, mas era carismático e tinha a sua beleza natural.
7 7 Forte, pele clara, cabelos nos ombros dentes fortes e limpos parecendo um pedaço de queijo. Já ela morava sozinha num apartamento espaçoso de móveis antigos, sofás antigos e tudo limpo. Puxou conversa depois de passar um bom tempo observando o seu
8 8 jeito:- - Diz pra mim a verdade. Estava espiando quando eu fosse entrar pro meu banho pra me observar, é ou não:- - O que disse senhora?-- Sem essa de senhora, não sou tão velha. Ele não parava de pensar em como sair dali. Passar pelos cães, ganhar a estrada, fugir daquele lugar. Não ouvia mais o que a mulher já se
9 9 engraçando pro seu lado estava falando:- - Não estou entendendo:- - Tá sim! - --Não, é o meu bichinho que me preocupa:- --Pra cima de mim:- - Tenho que ir. Ela olha pra ele firme e muda radicalmente de atitude:- --Eu aqui pensando... Tem, tem razão. Vou deixar pra você tomar o remo.
10 10 Vamos conversar. É conversando que se entende. Ela ajeita a roupa no corpo e senta do seu lado com atitude despretensiosa. O telefone tocou, ela se levantou para atender. Agitado, ele andou até a janela. Viu que tinha alguns homens e cães parados diante do prédio de quatro andares. Um dos homens olhou para
11 11 cima, ele se escondeu atrás da cortina. A mulher continuou a falar no telefone, mas olhava pra ele e mudava a fisionomia de quando em vez. Desligou o telefone e disse em tom engasgado:- - Senta, senta aqui, vou preparar alguma coisa pra você comer, deve está faminto. Ele olha novamente pela janela e vê os homens
12 12 entrando no prédio. Ela vai para a cozinha que ficava no fim do corredor. Sem alternativa ele se preparou pra descer pela árvore, mas o galho que pisara era muito fino quebra, ele despenca de lá. Eli deu um grito, sentou na cama de uma vez só. Estava suado e tinha a respiração ofegante. Retirou o cobertor de
13 13 cima do corpo, levantou-se de um pulo só. Estava vestido com um calção de couro do geito que todo homem acorda. Do peito cabeludo descia as gotas de suor. Ele andou até aporta que dava pra uma varanda. Abriu-a e saiu pra respirar. A respiração tinha voltado ao seu normal. Ele passou a mão na
14 14 cabeça e na barba abastada. Em baixo da varada passava a água sem pressa. No fim do horizonte se podia ver a neve cobrindo a água do rio, que mais parecia um caldeirão em ebulição. E a neve subia até o topo da montanha que rodeava a margem. Ele deu meia volta e se dirigiu pra o banheiro. O rio corria, mas a gente não via as águas
15 15 se movendo. Era como se fosse um braço do mar. Devia haver jacarés, tartarugas e anacondas trafegando pelo canal. Ele conhecia o habitar de todos eles. A sua morada de palafitas incrustada feito um barco em cima das águas do rio manso e extenso era o paraíso. A cerca era feita de montanhas ao seu redor. Pra chegar até
FOI ESCRITO NAS ESTRELAS
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