CONTRIBUIÇÕES DA DILVUGAÇÃO CIENTÍFICA PARA O USO ADEQUADO DE PLANTAS MEDICINAIS ATRAVÉS DE UM JOGO DIDÁTICO
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- Filipe Azambuja Peixoto
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1 CONTRIBUIÇÕES DA DILVUGAÇÃO CIENTÍFICA PARA O USO ADEQUADO DE PLANTAS MEDICINAIS ATRAVÉS DE UM JOGO DIDÁTICO Ana Carla da Silva, Ana Paula Lucena Barbosa, Amilton Souza e Ana Paula Souza Centro Acadêmico do Agreste (CAA), UFPE, Caruaru, PE/Brasil. RESUMO: Diante dos riscos de que o uso inadequado e a ingestão excessiva de plantas medicinais podem oferecer à saúde, torna-se necessário promover no âmbito educacional esclarecimentos sobre os efeitos colaterais propiciados por essas ervas. Este trabalho teve como objetivo utilizar a divulgação científica para expor as consequências causadas pelo uso indevido de plantas medicinais. Para tal, utilizou-se da produção de um jogo didático como ferramenta de conscientização, abordando os principais usos, características e efeitos colaterais dessas plantas. Com isto, espera-se esclarecer aos alunos alguns equívocos com relação ao uso dos chás, também foi utilizado a alfabetização científica que tem por finalidade tornar a ciência acessível ao público em geral, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e reflexivos. Palavras-chave: Divulgação Científica; Jogo Didático; Plantas Medicinais. 1. INTRODUÇÃO As plantas medicinais são vistas como um medicamento alternativo na sociedade, em virtude da acessibilidade das ervas, bem como da tradição cultural dos povos antigos em usálas como tratamento para algumas doenças. Esse fato, atrelado ao costume familiar de utilizar ervas no combate as enfermidades, evidencia a necessidade de promover no âmbito escolar esclarecimentos voltados para o uso inadequado e consequências que a ingestão excessiva das plantas pode oferecer à saúde. Para isso, foi proposto, no ambiente educacional um jogo didático que possibilitasse levar informação para a sala de aula através da divulgação científica. De acordo com (MACIEL et al., 2002) o conhecimento sobre plantas medicinais representa, na maioria das vezes, o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. As observações populares sobre o uso e a eficácia dessas plantas, mantém em voga a
2 prática do consumo de fitoterápicos, tornando válidas as informações terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população utiliza remédios naturais ou faz uso da chamada medicina popular para tratar doenças (SILVEIRA, 2008). O que pouco se discute, no entanto, são os riscos da ingestão excessiva das infusões preparadas com ervas, que podem ir de uma dor de cabeça a danos em órgãos vitais (SILVEIRA, 2008). Com isso, tem aumentado a preocupação relacionada com o fato de que essas ervas apesar de apresentarem muitas semelhanças com os medicamentos, não possuem os mesmos controles de prescrição e de venda, o que pode intensificar a frequência e os riscos da automedicação. Segundo Macedo (2007), a atitude mais conveniente a ser tomada em relação a isso, é considerá-las com o mesmo rigor com que se lida com os medicamentos, e reconhecer quando for o caso, sua eficácia, mas também seus efeitos adversos. Em consonância com Macedo, Keller (apud ARGENTA et al., 2011), aponta que assim como acontece em todos os aspectos de automedicação, o uso de ervas representa um perigo em potencial para a saúde humana. A segurança dos fitoterápicos é um fator essencial, pois na maioria das vezes os produtos não são descritos por um profissional de saúde. Levar essa temática para ser discutida em sala de aula permitira desenvolver discussões necessárias à formação do cidadão e esclarecer concepções errôneas arraigadas na sociedade. A divulgação científica tem sido uma das ferramentas educacionais capaz de incorporar em sala de aula, discussões científicas, com a finalidade de esclarecer crenças e tradição existente na sociedade sem um embasamento na literatura. Busca-se com esse instrumento pedagógico, que os estudantes perpassem o que aprendem no campo escolar para a comunidade, contribuindo dessa forma para alfabetizar cientificamente àqueles que não estão inseridos nas instituições de ensino. Assim como a divulgação científica, o jogo possibilita trabalhar o conhecimento de uma forma didática e prazerosa, à medida que os alunos participam e exercem ações durante a aula. Feito, que culmina em uma maior motivação para o aprendizado e consequentemente favorece o desenvolvimento cognitivo do estudante. A sequência didática (SD) por ser um conjunto de ações encadeadas visando facilitar a aprendizagem, oportuniza ao professor abordar os conceitos utilizando diferentes instrumentos como o lúdico, a alfabetização científica, o debate, entre outros. O termo sequência didática é utilizado para definir procedimentos que são vivenciados passo a passo
3 de maneira progressiva com o intuito de tornar o ensino mais eficiente. Elas são planejadas e desenvolvidas a partir de objetivos educacionais bem definidos com início e fim Levando em consideração esses fatores, o objetivo desse trabalho foi aliar a divulgação científica a um jogo didático, o qual descreve as características, bem como os principais usos e efeitos colaterais das principais plantas medicinais. E dessa forma, conscientizar e alertar os estudantes das consequências que tal uso pode ocasionar. 2. METODOLOGIA O delineamento metodológico utilizado neste trabalho pode ser uma sequência didática (SD), baseada em Méheut (2005) envolvendo duas etapas: inicialmente realiza-se uma exposição dialogada utilizando a divulgação científica. Com o intuito de subsidiar a discussão e objetivando identificar as concepções prévias dos alunos sobre os efeitos colaterais que podem ser causados pelo o uso indevido de plantas medicinais. Na segunda etapa aplica-se a atividade lúdica, que consiste em um jogo. Nesse contexto, concorda-se com o entendimento de Vigotsky (1991), que o jogo é uma ótima ferramenta para o professor alfabetizador no processo de aprendizagem, por estimular o interesse no aluno, possibilitando a construção de conhecimentos a partir das suas descobertas e da interação com outros, pois os processos de desenvolvimento dos indivíduos estão relacionados com os processos de aprendizagem adquiridos através da sua interação sociocultural. A SD pode ser aplicada a alunos do 3º ano do ensino médio. O planejamento do jogo partiu do pressuposto de que a maioria da população já utilizou ou utiliza chás no dia a dia. Para confeccionar as cartas foram selecionadas as plantas medicinais mais utilizadas, com base em um levantamento prévio feito com os estudantes. A seguir será ilustrada a produção e regras propostas para o desenvolvimento deste trabalho. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir do uso da SD espera-se esclarecer os possíveis riscos das infusões preparadas por ervas medicinais e também os efeitos adversos com relação ao uso dessas plantas. A introdução do jogo didático para tratar essa problemática mostra-se uma ferramenta eficaz para ser inserida no ambiente escolar. 3.1 PROCEDIMENTO E REGRAS
4 Elaborou-se 36 cartas para desenvolver o jogo. As quais se subdividiram em três categorias com 12 cartas cada. Na primeira categoria encontram-se imagens e informações das plantas medicinais como nome científico, nome popular, parte da planta utilizada e curiosidades; a segunda categoria contém informações sobre os principais usos das ervas; e na última os efeitos colaterais (ver tabela). Tabela 1: Relação das plantas utilizadas no jogo ERVAS UTILIZADAS PRINCIPAIS USOS EFEITOS COLATERAIS Alecrim Arruda Aroeira Barbatimão Babosa Boldo do Chile Capim-santo Camomila Hortelã Erva cidreira Enxaqueca, Sinusite, Fortalecimento da memória e Tosse. Ação analgésica, Antiasmática, Calmante e Antiepilética. Dor-de-dente, Íngua, Infecções e Gastrite. Antibacteriano, Cicatrizante, Antisséptico e Ação adstringente. Hidratação capilar, Queimaduras, Hidratar a pele e Artrite. Digestivo, Anti-inflamatório, Antioxidante e laxante. Stress, Depressão, Digestão e Doenças no fígado. Calmante, Antibacteriana, Sudorífica e antiespasmódica. Descongestionante das vias respiratórias, Expectorante, Anestésica. Calmante, Combate ansiedade, Dores nos olhos Reações alérgicas, Gastroenterites e Náuseas. Dor abdominal, Tremores, Gastroenterites e Convulsões. Irritação na pele, Reações alérgicas e Tóxicas. Irritação gástrica, Envenenamento e Efeito tóxico. Irritação ocular, Inflamação nos rins e Intoxicação. Compromete o sistema nervoso, Diarreia, convulsões e Dermatite alérgica. Diminui a pressão arterial, Desmaios e Sedação. Reações alérgicas, Náusea e Excitação nervosa. Diminuição da sensibilidade, Insônias e Asfixia em crianças e lactantes. Hipotensão, Irritação gástrica e Diminuição da frequência
5 Erva doce Mastruz e Cólicas. Cólicas, Diurética, calmante e Ação expectorante. Vermífugo, Expectorante, Antifúngica e Propriedades digestivas. cardíaca. Alucinações, Convulsões e Reação alérgica. Náuseas, Danos no fígado, Transtornos visuais e Dor de cabeça. Em grupo ou individualmente o aluno, com base nos seus conhecimentos prévios, deverá escolher uma das 12 ervas para iniciar o jogo. Deverá associar corretamente a planta escolhida ao uso principal e efeito colateral, formando assim um jogo. No verso da carta constará uma numeração que indicará se o jogo formado está correto ou não, por exemplo, se a ordem das cartas escolhidas estiver (1-1-1) o jogo estará correto. Caso a trinca formada esteja incorreta, o jogador da rodada deverá passar a vez para o próximo. Ganha aquele que somar o maior número de trincas. Figura.1: Ilustração da trinca a ser formada 4. CONCLUSÃO Propomos uma sequência didática visando trazer para sala de aula o tema de plantas medicinais vivenciado pelos alunos no seu cotidiano, para isso utilizamos a contribuição da divulgação científica, juntamente com um jogo didático, com intuito de promover uma discussão sobre os riscos que o uso inadequado de plantas medicinais pode oferecer a saúde.
6 Com isso, a expectativa é que esta temática possa estimular o uso da divulgação científica em sala de aula, para tratar sobre assuntos cotidianos, que, embora populares, a sociedade ainda desconhece, como por exemplo, o falso senso comum de que por serem naturais, as plantas não fazem mal a saúde. Portanto, considerando que alfabetização científica tem por finalidade tornar a ciência acessível aos cidadãos em geral, a atividade proposta propõe colaborar para a formação de cidadãos críticos e reflexivos. REFERÊNCIAS: ARGENTA, S. C.; ARGENTA, L. C.; CAZAROTTO, V. S.; GIACOMELLI, S. R. Plantas medicinais: cultura popular versus ciência. Vivências, v. 7, n. 12, p , maio, MACEDO, A. F.; OSHIIWA, M.; GUARIDO, C.F. Ocorrência do uso de plantas medicinais por moradores de um bairro do município de Mauá-SP. Rev. Ciênc. Farm. Básica Ap, v. 28, n. 1, p , MACIEL, M. A. M.; PINTO, A.C.; VEIGA, V.F. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Quím. Nova, São Paulo, v. 25, n. 7, maio, MÉHEUT, M. Teaching-learning sequences tools for learning and/or research. In: Research and Quality of Science Education. (Eds. Kerst Boersma, Martin Goedhart, Onno de Jong e Harrie Eijelhof). Holanda: Springer SILVEIRA, J. O perigo do chazinho. Folha de S. Paulo. São Paulo, 30 out Disponível em: < Acesso em: 20 out VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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