Capacidade funcional de mulheres da terceira idade participantes de um projeto de atividade física para melhor idade
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- Eugénio Fragoso Gama
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1 Capacidade funcional de mulheres da terceira idade participantes de um projeto de atividade física para melhor idade 31 Danessa Cristina da SILVA 1 Alex Fabrício BORGES 2 Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar a capacidade funcional para realização de atividades de vida diária (AVD) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD) de trinta mulheres com idade igual ou superior a sessenta anos, praticantes de hidroginástica, participantes do projeto Atividade Física para Mulheres da Melhor Idade, há, pelo menos, dois anos, no Claretiano Centro Universitário de Batatais. Utilizou-se como instrumento para obtenção dos dados a Escala de Autopercepção do Desempenho em Atividades da Vida Diária de Andreotti e Okuma (1999). Com a aplicação da escala, verificou-se que 90% da amostra se classificou como muito boa e apenas 10% como boa, sendo que 40% obteve a pontuação máxima, ou seja, alcançou os 160 pontos. Conclui-se que a atividade física tem papel influenciador na vida dessas idosas, mantendo seu nível de capacidade regular, fazendo que possam executar suas atividades do cotidiano sem ajuda. Palavras-chave: Capacidade Funcional. Terceira Idade. Hidroginástica. 1 Danessa Cristina da Silva. Especialista em Educação Física na Saúde: Fisiopatologias, pelo Claretiano Centro Universitário. Graduada em Educação Física pela mesma instituição. <danessa@ netsite.com.br>. 2 Alex Fabrício Borges. Mestre em Performance Humana pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Especialista em Natação e Atividades Aquáticas, e em Nutrição e Condicionamento Físico pelo Claretiano Centro universitário. Graduado em Educação Física pela mesma instituição, onde também atua como Docente em cursos de Graduação e Pós-Graduação. <alexborges@ claretiano.edu.br>.
2 32 Functional ability of elderly women participating in the project: Physical activity for seniors Danessa Cristina da SILVA Alex Fabrício BORGES Abstract: This study aimed to analyze the functional capacity to perform activities of daily living and instrumental activities of daily living of thirty women aged over sixty years old, practicing gymnastics, project participants Physical Activity for Women of the Golden Age, there are at least two years at Centro Universitário Claretiano in Batatais. It was used as a tool to obtain data the Self Perception Scale Performance in Activities of Daily Living Andreotti and Okuma (1999). With the application of the scale was verified that 90% of the sample classified as very good and only 10% as good, 40% of the sample obtained the highest score, reached 160 points. Conclude that physical activity plays a role in influencing the lives of these elderly women, maintaining their level of regular capacity, making that they can perform their daily activities without assistance. Keywords: Functional Capacity. Elderly. Water Aerobic Exercise.
3 33 1. INTRODUÇÃO O presente estudo tem por objetivo geral coletar dados, por meio de uma autoavaliação que utiliza a Escala de Autopercepção do Desempenho em Atividades da Vida Diária (ANDREOTTI; OKUMA, 1999) de voluntárias com idade igual ou superior a sessenta anos, participantes do projeto Atividade física para mulheres da melhor idade, do Claretiano Centro Universitário de Batatais, que participam de aulas de hidroginástica duas vezes por semana, com uma hora de duração cada. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), em 2020, a população idosa poderá exceder 30 milhões de pessoas, representando cerca de 13% do total de habitantes. Dados mais recentes do IBGE revelam que, em 2025, esse número pode chegar a 32 milhões. E nesse mesmo ano a OMS prevê que, pela primeira vez na história, teremos mais idosos do que crianças no planeta. Moragas e Rodrigues (1997) relatam que a velhice não é uma doença; o que ocorre, apenas, é que a probabilidade de se adoecer durante a velhice é muito maior que em outras etapas da vida. Para que isso não ocorra, é necessário que o idoso reconheça a importância de se envelhecer com qualidade; e, para isso, nada mais benéfico que a prática da atividade física. Para Guimarães et al. (2004), um aspecto importante no envelhecimento é a incapacidade funcional, que compromete o desempenho na realização de atividades da vida diária (AVD) e de atividades instrumentais de vida diária (AIVD). Segundo Barbosa (2005), o declínio da capacidade funcional está diretamente associado à diminuição de seus componentes; são eles: coordenação, flexibilidade, força, agilidade, equilíbrio, capacidade aeróbia e anaeróbia. Guedes e Guedes (1995) afirmam que a prática habitual de exercícios físicos promove a saúde e influencia na prevenção de certas patologias agregadas ao acréscimo dos índices de morbidade e mortalidade. Os autores comentam sobre a inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde. Para eles, a atividade e a
4 34 aptidão físicas influenciam-se, determinando, assim, o estado de saúde. Para Ueno (1999), aderir a um estilo de vida ativo ocasiona a manutenção da saúde e do desempenho fisiológico ao longo da vida, uma vez que minimiza o risco da perda desse desempenho, atrasando a dependência física pelo fato do alto grau de aptidão. A água, por exemplo, sempre exerceu um forte estímulo no ser humano. Nesse sentido, está claro e comprovado pela literatura que realizar atividade nesse meio é um exercício eficiente e seguro quando praticado sob a supervisão de um profissional qualificado. A hidroginástica vem inovando e ganhando espaço, mostrando sua principal vantagem, que é, justamente, a segurança que ela proporciona ao praticante. Essa nova tendência das academias é uma das atividades mais democráticas, visto que não impõe limites de idade, não é necessário ter condicionamento físico privilegiado e muito menos estar com a saúde em dia para praticá-la (DELGADO, 2001). Está claro que, atualmente, os idosos procuram a hidroginástica pelos benefícios que ela causa não apenas ao corpo físico, mas também ao mental e social (ROCHA, 2001). Ao perceber que a população tem uma expectativa de vida cada vez maior e que a preocupação do profissional da saúde é fazer desse prolongamento de vida uma época saudável, torna-se preocupante como essas pessoas pertencentes à terceira idade realizam suas atividades, que, na juventude, eram simples e, com o avançar da idade, tornaram-se cada vez mais complexas. Assim, é necessário que haja o entendimento da capacidade funcional desses indivíduos. Por essa razão, este estudo tem o objetivo específico de classificar as voluntárias segundo o grau de independência funcional proposto por Andreotti e Okuma (1999) e relacionar os dados obtidos com a idade delas e com o tempo de participação nas aulas, analisando, dessa forma, os efeitos que essa atividade tão reconhecida e procurada (a hidroginástica) pode causar sobre o desempenho de atividades do cotidiano dessas mulheres que estão na terceira idade.
5 35 2. METODOLOGIA Este estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva. Segundo Cervo e Bervian (1983), esse tipo de pesquisa observa, registra, analisa e correlaciona fatos e/ou fenômenos (variáveis) sem a interferência e a manipulação do pesquisador. Foram excluídas da pesquisa as mulheres que mesmo participando do projeto há, pelo menos, dois anos ainda não estão na terceira idade. Todas as participantes precisavam ter idade igual ou superior a 60 anos e participar do projeto há, pelo menos, dois anos. Como citado anteriormente, as avaliadas são mulheres participantes do projeto Atividade Física para Mulheres da Melhor Idade, do Claretiano Centro Universitário de Batatais. A idade das voluntárias variou de 61 a 99 anos, idade média 72,8 anos, com desvio padrão de 8,04. Para a coleta de dados, foi utilizada a Escala de Autopercepção do Desempenho em Atividade da Vida Diária (ANDREOTTI; OKUMA, 1999). Esse questionário é comporto por 40 atividades, com 15 itens iniciais que descrevem as AVDs e mais 25 itens que descrevem as AIVDs das participantes. Para cada item da escala, cada voluntária respondeu: A Não consigo realizar essa atividade. B Realizo essa atividade só com a ajuda de outra pessoa. C Realizo essa atividade sozinha, mas com muita dificuldade. D Realizo essa atividade sozinha, mas com um pouco de dificuldade. E Realizo essa atividade sozinha e com facilidade. A voluntária teve sua capacidade funcional classificada de acordo com a pontuação alcançada no questionário. O modelo a seguir representa a pontuação proposta por Andreotti e Okuma (1999, p. 46):
6 36 Tabela 1. Pontuação da escala para classificar a capacidade funcional. Pontuação Capacidade Funcional 0 31 Muito ruim Ruim Média Boa Muito boa Todas as voluntárias assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conhecendo, assim, o protocolo utilizado para o desenvolvimento do estudo. O estudo foi aprovado pelo CEP da instituição: n. 30/2010. Após a coleta, os dados foram armazenados em banco computacional. Na sequência, foi feita a análise desses dados e das medidas de centralidade e dispersão (média e desvio padrão). 3. RESULTADOS Com base nos dados coletados, os resultados são apresentados nas Tabelas 2 a 5, a fim de gerar informações quanto às pontuações adquiridas com a aplicação da escala. Na Tabela 2, são apresentados a idade, a pontuação obtida no teste e o tempo de participação. Tabela 2. Variáveis adquiridas em ordem crescente de acordo com a pontuação alcançada na escala. Nº de participantes do projeto Idade (anos) Pontuação do teste Tempo de participação (anos)
7 37 Nº de participantes do projeto Idade (anos) Pontuação do teste Tempo de participação (anos) Média 72,8 150,7 6,4 Desvio padrão 8,04 15,2 3,16 A Tabela 3 mostra a relação da idade das voluntárias com a sua capacidade funcional alcançada no teste. Percebe-se que 50% delas têm entre 71 a 80 anos, e, desse percentual, 40% tiveram a sua capacidade classificada como muito boa ; apenas 10% foram
8 38 classificadas como boa. Nota-se que a voluntária com mais de 90 anos também obteve a melhor classificação. Tabela 3. Capacidade funcional em porcentagem da capacidade funcional de acordo com a idade. Capacidade Funcional Idade (anos) Muito Boa (%) Boa (%) anos 33% anos 40% 10% anos 14% - > 90 anos 3% - Na Tabela 4, são apontadas, em porcentagem, as participantes de acordo com suas pontuações alcançadas no questionário e a classificação da capacidade funcional de acordo com os pontos. De toda a amostra, apenas 10% obtiveram pontuação boa, tendo, no mínimo, 100 e, no máximo, 128 pontos; 90%, ou seja, o restante da amostra, classificaram-se com uma capacidade muito boa. Dessa parte da amostra que atingiu a melhor classificação, 40% conseguiram a pontuação máxima, ou seja, atingiram os 160 pontos. Os outros 50% que também atingiram a classificação muito boa obtiveram pontos que variaram de 135 a 159 pontos. Tabela 4. Valores em porcentagem de acordo com os pontos e sua respectiva classificação. Participantes (%) Pontos obtidos Classificação da capacidade 3,33% 100 Boa 3,33% 108 Boa 3,33% 128 Boa 3,33% 135 Muito Boa 3,33% 139 Muito Boa 3,33% 144 Muito Boa 3,33% 148 Muito Boa 3,33% 149 Muito Boa
9 39 Participantes (%) Pontos obtidos Classificação da capacidade 10% 150 Muito Boa 3,33% 155 Muito Boa 3,33% 156 Muito Boa 6,66% 157 Muito Boa 3,33% 158 Muito Boa 6,66% 159 Muito Boa 40% 160 Muito Boa Analisando as respostas para cada atividade descrita na escala, pode-se perceber que os quinze primeiros itens da escala que relatam as AVDs básicas (como lavar as costas, lavar os pés, deitar na cama, vestir calça comprida, sentar em uma cadeira sem usar os braços), somados tiraram, pontos de 15% das participantes. Ainda entre as AVDs, a atividade que descreve o corte das unhas dos pés tirou ponto de 26,66% das voluntárias, enquanto calçar meias e calçar sapatos de amarrar tiraram pontos de 20% da amostra. Nas AIVDs, apenas três itens não subtraíram pontos das participantes. Entre as AIVDs, as atividades que mais tiraram pontos foram: levantar do chão, andar depressa, subir de 15 a 20 degraus, subir e descer mais de quarenta degraus; essas atividades subtraíram pontos de 30%, 46%, 33%, 40% e 40% da amostra respectivamente. Na Tabela 5, são apresentadas, em porcentagem, as voluntárias de acordo com o tempo de participação no projeto e a classificação obtida. Verificou-se que a maioria da amostra participa do projeto desde o seu início, ou seja, há dez anos; e todas se classificaram com a capacidade muito boa. Mesmo as 13,33% da amostra que participam do projeto há apenas dois anos obtiveram a melhor classificação. Uma das voluntárias que se classificaram como boa participa do projeto há três anos; outra, há quatro; e, por fim, mais uma que participa há seis anos.
10 40 Tabela 5. Capacidade funcional quanto ao tempo de participação no projeto. Tempo de participação no projeto (anos) Capacidade Funcional Muito Boa (%) Boa (%) 2 anos 13,33 % - 3 anos - 3,33% 4 anos 20% 3,33% 5 anos 10% - 6 anos 6,66% 3,33% 10 anos 40% - 4. DISCUSSÃO Spirduso (1995) conceitua o envelhecimento como um processo singular de várias dimensões, bem como classifica o idoso em cinco categorias hierárquicas, que mostram os níveis da capacidade funcional: 1) Fisicamente dependentes: pessoas que não conseguem realizar atividades básicas da vida diária e que dependem de alguém para preencher suas necessidades cotidianas. 2) Fisicamente frágeis: pessoas que realizam atividades básicas da vida diária, mas que não conseguem realizar todas as atividades instrumentais de vida diária. 3) Fisicamente independentes: pessoas que podem executar todas as atividades instrumentais da vida, mas não conseguem realizar todas as atividades básicas da vida. 4) Fisicamente ativos: são aqueles que praticam exercícios regularmente e parecem ser mais jovens que sua idade cronológica. 5) Atletas: indivíduos engajados em atividades competitivas, que representam uma pequena porcentagem da população.
11 Como se pode perceber, o envelhecimento é um processo complexo que está associado ao declínio social, cognitivo e fisiológico, que pode prejudicar a qualidade de vida do idoso (MAZZEO et al., 1998). Andreotti e Okuma (1999) relatam que, com o envelhecimento, ocorre a diminuição da função motora na realização das AVDs, atingindo, assim, diretamente, a qualidade de vida do idoso. Afirmam ainda que muitas das pessoas com mais de 60 anos precisam de ajuda para realizar suas AVDs; sendo assim, a perda da capacidade funcional leva à incapacidade para realizar as AVDs e AIVDs (OKUMA, 1998). Com o envelhecimento, percebem-se reduções no equilíbrio, na força, coordenação; sendo assim, acredita-se que a participação do idoso em programas de exercícios físicos regulares pode influir no processo de envelhecimento, com impacto sobre a qualidade de vida, melhoria das funções orgânicas, garantia de menor dependência pessoal e um efeito benéfico no tratamento, na prevenção e no controle de algumas doenças (MATSUDO et al., 1992). A compreensão dos idosos sobre a importância da atividade física fundamenta-se na consciência de que estes passam a ter a respeito dela, seja como consequência das próprias vivências, seja pelos conhecimentos que adquirem durante a experiência. Com a prática, o idoso percebe a possibilidade de viver uma velhice mais sadia e com maior qualidade por ter a capacidade de executar suas atividades com maior eficiência (OKUMA, 1998). Para Berger (1989), a qualidade de vida dos idosos vem melhorando; dentre os fatores envolvidos nessa mudança, estão os fatores econômicos, sociais e psicológicos. O autor também aponta a importância da atividade física nas melhoras das funções física, mental e social do idoso. Segundo Okuma (1998), existem cada vez mais estudos que evidenciam a atividade física como recurso importante para diminuir a alteração provocada pelo avanço da idade, dando a oportunidade ao idoso de manter uma qualidade de vida. O autor complementa o potencial da atividade física sobre o idoso, estimulando várias funções essenciais do organismo. Para ele, a atividade na 41
12 42 terceira idade não é só um coadjuvante ressaltando importante no tratamento e no controle de doenças, como também é essencial para a manutenção das funções do aparelho locomotor, que é o principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de independência e autonomia do idoso. A atividade física regular e sistemática aumenta ou pelo menos mantém a aptidão física da população idosa e tem potencial de melhorar o bem-estar funcional e, consequentemente, de diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade dessa população. A Organização Mundial da Saúde (OMS/INPEA, 2002) apresenta dados que mostram que, para cada dólar investido em programas de atividades físicas para idosos, há uma economia de 4,5 dólares em serviços de saúde. Em um estudo semelhante, Kuwano e Silveira (2002) analisam a influência das atividades físicas sistematizadas (no caso, a hidroginástica) na autoavaliação do idoso com relação às atividades de vida diária. Foram analisados 20 indivíduos praticantes de hidroginástica há mais de um ano. Também foi aplicado o questionário de Andreotti e Okuma (1999). Verificou-se que os indivíduos atingiram a classificação muito boa. Também foram analisados 20 indivíduos não praticantes, e houve diferença significativa p<0,05 entre os grupos. O estudo concluiu que a atividade física auxilia na manutenção da autonomia do idoso em relação às AVDs, corroborando os resultados encontrados neste estudo. Aguiar e Gurgel (2009) e Alves et al. (2004), após estudos semelhantes buscando compreender os efeitos da hidroginástica na vida de indivíduos idosos por meio de testes físicos diretos com uma população, chegaram à conclusão semelhante de que a prática de hidroginástica por indivíduos da terceira idade deve ser estimulada, pois, além de ser uma atividade relaxante, auxilia na melhoria e na manutenção da aptidão, além de fazer desses sujeitos seres independentes nessa etapa tão importante da vida. Oliveira et al. (2009) realizaram um estudo analisando a capacidade funcional de idosos institucionalizados a partir da autoavaliação. Foram avaliados 70 idosos, que responderam à ficha de autoavaliação da capacidade funcional. Notou-se um alto índice
13 de dependência na realização das AVDs, baixa (47%) e moderada (49%); percebeu-se, ainda, um baixo índice de independência total (4%). Em nenhum momento do estudo, os autores citam que os idosos avaliados praticam alguma atividade física em suas instituições; talvez por isso, tenha ocorrido um resultado com o grau de dependência tão alta. Em contrapartida, um estudo de Assis e Rabelo (2006) teve por objetivo verificar, por meio da autoavaliação, os efeitos que a prática de hidroginástica tem sobre a capacidade funcional de mulheres idosas. O questionário foi aplicado em 15 idosas com média de idade de 70,5 anos, que praticavam hidroginástica há, pelo menos, 6 meses. Com a análise dos dados, percebeu-se que 84% da amostra se classificaram como muito boa e os outros 16% encaixaram-se como boa. Esse índice ainda alto de 16% pode ser resultado do pouco tempo de prática das idosas. Entretanto, mesmo assim, os autores concluem que o resultado obtido é um claro indicativo do bom nível de desempenho funcional adquirido com a prática de hidroginástica, e essa prática influencia de forma positiva, contribuindo para a independência, fornecendo uma melhora na qualidade de vida dessas idosas. Cosme, Okuma e Mochizuki (2008) buscaram traçar o perfil funcional de 193 idosos praticantes de atividade física há, pelo menos, dois anos. Previamente, os idosos foram avaliados e classificados nos grupos IV e V de capacidade funcional de Spirduso. Após a classificação, todos os idosos foram submetidos a testes físicos semelhantes às AVDs e AIVDs. E, com os resultados encontrados, pôde-se concluir que o grupo com perfil funcional de fisicamente ativos se mantém em condições ótimas até idades avançadas, acima da média dos idosos que não praticam atividades. Carvalho et al. (2003) buscaram verificar a compreensão dos alunos praticantes de hidroginástica em uma academia da cidade de Juiz de Fora, relacionando as mudanças da capacidade funcional consequente dessa atividade e assimilá-los aos resultados obtidos em uma pesquisa semelhante realizada em Aracaju. O estudo contou com 43 pessoas de ambos os gêneros, de 60 a 75 anos, praticantes de hidroginástica, por meio de um questionário organizado em 43
14 44 escala de Likert, contendo questões que examinaram parâmetros físicos. Com a aplicação do questionário, percebeu-se que os alunos da academia pesquisada notaram uma influência significativa no que diz respeito ao benefício de suas capacidades funcionais. Tais resultados e conclusões são confirmados com o estudo de Belloni et al. (2008), que teve o objetivo de comparar a autonomia funcional de mulheres idosas, praticantes e não praticantes de hidroginástica. Foram avaliadas 19 mulheres, de 61 a 80 anos, divididas em dois grupos: o grupo das praticantes e o das não praticantes. Utilizou-se o protocolo de GDLAM (Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para Maturidade) que é composto por alguns testes que imitam as AVDs. Com os resultados, os autores concluíram que a hidroginástica pode ser uma atividade física utilizada para prevenir o declínio funcional e, ainda, para manter a autonomia funcional de idosas. Velardi e Júnior (2008) tentaram, por meio de uma revisão da literatura, mostrar os reais efeitos que a prática de atividade física regular oferece ao indivíduo no processo de envelhecimento. Após uma longa discussão diante de vários estudos que levam em consideração os verdadeiros benefícios que um indivíduo praticante de atividade física pode obter, os autores concluem que o hábito regular de atividades físicas para idosos está sendo conceituado como um aspecto fundamental em relação aos diversos benefícios confirmados cientificamente e que, agregado a outros fatores, poderá colaborar para uma melhor qualidade de vida. Assim, ao fim da revisão, os autores consideraram que os fundamentais benefícios da prática regular de atividade física para o idoso são vários, dentre os quais estão a prevenção de doenças e a manutenção ou melhoria da capacidade funcional desses sujeitos. O leque de referências pesquisado sobre a qualidade de vida dos idosos é bastante extenso; no entanto, há o consenso de que é verdadeira a relação entre a prática de atividade com a melhoria da qualidade da capacidade funcional dessa população idosa.
15 45 5. CONCLUSÃO Com os resultados obtidos e com embasamento nos estudos discutidos, conclui-se que a atividade física praticada regularmente tem, sim, papel influenciador na qualidade de vida dos indivíduos idosos. Percebe-se que uma das melhores atividades e a mais aceita por essa faixa etária é a hidroginástica, que melhora todos os componentes da aptidão física, além de influenciar o estado mental e social desses sujeitos. REFERÊNCIAS AGUIAR, J. B.; GURGEL, L. A. Investigação dos efeitos da hidroginástica sobre a qualidade de vida, a força de membros inferiores e a flexibilidade de idosas: um estudo no Serviço Social do Comércio. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 23, n. 4, ALVES, R. et al. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência da hidroginástica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 10, n ANDREOTTI, R. A.; OKUMA, S. S. Validação de uma bateria de testes de atividades da vida diária para idosos fisicamente independentes. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 13, n. 1, jan./jun ASSIS, E. L.; RABELO, H. T. Percepção da capacidade funcional de mulheres idosas praticantes de hidroginástica. Movimentum: Revista Digital de Educação Física, Ipatinga, v. 1, ago./dez BARBOSA, T. D. Envelhecimento e capacidade funcional: comparação na performance de mulheres jovens e acima de 50 anos. Trabalho de conclusão de curso Instituto de Biociências. Rio Claro: Universidade Estadual Paulista (UNESP), BELLONI, D. et al. Estudo comparativo entre a autonomia funcional de mulheres idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica. Revista de Educação Física, São Paulo, n. 140, p , BERGER, B. G. The role of physical activity in the life quality of older adults. In: SPIRDUSO, W.; ECKERT, H. (Orgs.). Physical activity and aging. American Academy of Physical Education Meeting. Champaign: Human kinetics publishers, 1989.
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