ASPECTOS BOTÂNICOS E DE USOS DE Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (VITACEAE): INSULINA-VEGETAL
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1 FLOVET, 1: ASPECTOS BOTÂNICOS E DE USOS DE Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (VITACEAE): INSULINA-VEGETAL Fabiano Alves de Souza Biólogo. Grupo de Pesquisas da Flora, Vegetação, Etnobotânica. UFMT. Cuiabá MT. fabis@gmail.com Germano Guarim Neto Professor Titular. Departamento de Botânica e Ecologia. Instituto de Biociências. Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá - MT. guarim@ufmt.br RESUMO - (Aspectos botânicos e de usos de Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae): insulina-vegetal). No presente trabalho são apresentados dados botânicos e de usos de uma importante planta usada na medicina popular, denominada de insulina-vegetal, Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis, da familia Vitaceae. Palavras-chave: Cissus, planta medicinal, insulina-vegetal. ABSTRACT - (Botanical aspects and uses of Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae): insulina-vegetal). This paper present botanical data and uses of an important plant of the Vitaceae family used in the popular medicine, called insulinavegetal, Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis. Key words: Cissus, medicinal plant, insulina-vegetal. INTRODUÇÃO A flora brasileira está constituída por numerosas espécies, nativas ou exóticas, que de uma forma ou de outra apresentam uma potencialidade de uso, sob as mais diferentes formas. Nesse contexto, as plantas medicinais têm sido alvo de crescentes estudos nos últimos tempos, envolvendo, entre outros aspectos, a população e estudiosos interessados no conhecimento das potencialidades e riquezas da flora, especialmente no Brasil, país que abriga uma megadiversidade. Assim, pensando nos pressupostos do conhecimento popular sobre plantas, podemos verificar que relação entre o conhecimento popular e o conhecimento
2 2 científico pode ser enquadrada dentro de uma visão dialética, em uma valoração do etnoconhecimento. O conhecimento alicerçado sobre bases empíricas e em resultados práticos, que contribuam para a solução de problemas defrontados no cotidiano, se contrapõe ao conhecimento científico, que se fundamenta em teorias comprovadas experimentalmente com métodos aceitos pela classe científica. O método científico fundamenta-se nas proposições ou hipóteses que têm a sua veracidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação (CASTRO et al. 2001). Por outro lado, Bragança (1996) afirma que a história dos medicamentos mostra que um dos benefícios da pesquisa envolvendo plantas medicinais, é que, em muitas ocasiões, ele se inicia para justificar ou comprovar a indicação popular e, no decorrer dos ensaios farmacológicos, revela propriedades mais importantes. Ainda segundo Bragança (1996), é certo que a medicina tradicional permanece como o único recurso terapêutico para muitos habitantes dos países em desenvolvimento. As pessoas que exercem a medicina tradicional e a indígena se baseiam principalmente em plantas e ervas medicinais para a preparação de medicamentos. O acúmulo de conhecimentos empíricos sobre a ação dos vegetais vem sendo transmitido desde as antigas civilizações até os dias atuais, a utilização de plantas medicinais tornou-se uma prática generalizada na medicina popular. Hoje seu uso não se restringe às zonas rurais ou regiões desprovidas de assistência médica e farmacêutica. Nos últimos anos, as plantas medicinais estão sendo utilizadas intensamente no meio urbano, como forma alternativa ou complementar aos tratamentos da medicina oficial, como pode ser verificado nos dados apresentados por Borba & Macedo (2006). Alguns fatores têm contribuído para o aumento da utilização de tal recurso, mesmo em camadas sociais que até então não o empregavam, tais como a crise econômica, o alto custo dos medicamentos industrializados, o difícil acesso a população à assistência médica, bem como uma tendência generalizada da população em utilizar, preferencialmente, produtos de origem natural (SIMÕES et. al., 1988) De acordo com Peigen (1981) características como a eficácia na ação terapêutica, a baixa toxicidade e efeitos colaterais tornaram as plantas medicinais e suas preparações amplamente aceitas em toda a China. Entretanto, Fernandes (2002) ressalta que os conhecimentos populares das plantas medicinais estão concentrados principalmente em pessoas idosas devido ao
3 3 acúmulo de experiências adquiridas de seus antepassados. Também em pessoas que mantém maior contato com a flora, como os índios, raizeiros e curandeiros. Entre as doenças que preocupam o ser humano, situa-se o diabetes, que é uma moléstia da nutrição, ou seja, um distúrbio do metabolismo determinada pela redução da insulina, resultando na elevação da taxa de açúcar (glicose) no sangue. Doença caracterizada por abundante excreção de urina que contém uma substância açucarada (REVILLA, 2002). Basicamente há dois tipos de diabetes, do tipo melittus: o insulino dependente (chamado também de infanto-juvenil) e o comum, ou do adulto. No primeiro caso a pessoa nasce geralmente com uma quantidade menor de células produtoras de insulina e é obrigada a recebê-la de fontes externas (injeções, etc.). No segundo caso a pessoa não necessita exatamente de insulina, mas de substâncias que simplesmente reduzam o açúcar no sangue (REVILLA, 2002). A insulina é um hormônio protéico (isto é, uma proteína), constituída por duas cadeias de aminoácidos, A e B, ligadas entre si por pontes de enxofre. Sua produção ocorre nas células betas da ilhota de Langerhans, no pâncreas, onde fica armazenada em grânulos que migram em direção à membrana da célula e se rompem liberando-a para a circulação (BRAGANÇA, 1996). Entre as plantas usadas na medicina popular, é conhecida a ação hipoglicemiante em plantas do gênero Cissus e seu uso sob a forma de chá é associado aos casos de diabetes. Este trabalho tem como objetivo principal reunir dados sobre Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis, da família Vitaceae, uma espécie vegetal com ampla ocorrência em Mato Grosso, assim como evidenciar os aspectos botânicos gerais e as potencialidades de usos da espécie em estudo, com possibilidade de subsidiar posteriores estudos e pesquisas sobre o potencial medicinal da mesma, em outras áreas do conhecimento. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada através de um intenso levantamento bibliográfico em relação à Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae), verificando dados relacionados à espécie, aspectos botânicos e seus usos gerais, caminho metodológico
4 4 seguido por Abe (2006), estudando Averrhoa carambola L. e Cunha (2006), estudando Siparuna guianensis Aublet. Em paralelo, por meio de um roteiro (Quadro 1) foram realizadas as entrevistas com 10 raizeiros que comercializam espécies medicinais, localizados no centro de Cuiabá, para levantamento e reconhecimento do saber popular a respeito da espécie estudada neste trabalho Ainda foi feita uma catalogação de dados da espécie no acervo do Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), parar atualização dos dados e da identificação da espécie estudada. A documentação fotográfica da espécie foi obtida em locais de sua ocorrência, e também de um local onde ela é comercializada, como mostram as Figuras 1 e 2.. Quadro 1 Roteiro utilizado nas entrevistas sobre C. verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae), realizadas com raizeiros na cidade de Cuiabá MT. RESULTADOS E DISCUSSÃO a) Descrição botânica da família Vitaceae Lianas ou raramente ervas não escandentes ou arvoretas, geralmente com gavinhas opostas às folhas (representando inflorescências modificadas); folhas alternas, simples ou compostas, freqüentemente palminérveas, geralmente com estípula. Inflorescência cimosa ou paniculada, terminal, axilar ou oposta às folhas; flores geralmente pouco vistosas, bissexuadas ou unissexuadas, actinomorfas, diclamídeas; cálice geralmente muito reduzido, 4 5 mero, gamossépalo, prefloração valvar ou aberta; corola 4 5 mera, dialipétala ou gamopétala (formando uma caliptra em Vitis), prefloração valvar; estames em número igual,
5 5 anteras rimosas, disco nectarífero ou glândulas nectaríferas isoladas presentes; ovário súpero, bilocular, placentação axial, óvulos 2 por lóculo. Fruto baga. Sementes pequenas, escuras (JOLY, 1966; SOUZA & LORENZI, 2005). A família Vitaceae possui distribuição tropical e subtropical, incluindo cerca de 12 gêneros e 800 espécies. No Brasil, em estado nativo, ocorre apenas o gênero Cissus, com cerca de 50 espécies (JOLY, 1966; SOUZA & LORENZI, 2005). b) Descrição botânica de C. verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae). Erva escandente ou sarmentosa, com folhas membranáceas simples, inteiras, ovadas ou oblongas às vezes hastadas, com 4 7 cm de comprimento e 2,5 4,5 cm de largura, ápice agudo, base incisa, margem às vezes denticulada. Inflorescências corimbiformes, multifloras; com flores brancacentas pequenas, cálice cupuliforme verde claro com cerca de 2 mm de comprimento, corola com 4 pétalas livres, com cerca de 3 mm de comprimento; androceu com 4 estames, com anteras arredondadas; gineceu com ovário ovóide, globoso, glabro. Baga ovóide-globosa com uma semente com cerca de 6 mm de comprimento (BERG, 1993; LORENZI & MATOS, 2002). A espécie tem uma ampla distribuição neotropical, ocorrendo na América Central e do Sul, da Flórida à Argentina e ao Uruguai. No Brasil do Amazonas ao Rio Grande do Sul (POTT POTT, 1994). Ainda segundo Pott Pott (1994) é muito freqüente em carandazal, vegetação ciliar, caapão de vazante, espinheiral, solos argilosos e pouco freqüente nos solos arenosos. Cresce melhor a pleno sol e aumentando com perturbações por preferir locais abertos. Guarim Neto (1991) descreve a ocorrência dessa espécie em áreas inundáveis, sobre arbustos; encontradas também nas margens de estradas (cerrado) e das matas semidecíduas (SOUZA et. al., 2005). c) Nomes populares: a variação dos nomes populares atribuídos à espécie está apresentada no Quadro 2, onde pode-se observar que a espécie tem denominações diferenciadas em regiões brasileiras onde ocorre.
6 6 Quadro 2 Nomes populares atribuídos a C. verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae). Nomes Populares Autor Anil trepador (CORRÊA, 1926); (BERG, 1993); (ALMEIDA et. al., 1994); (DA SILVA et. al., 1994); Cipó puçá (BERG, 1993); (ALMEIDA et. al., 1994); (DA SILVA et. al., 1994) Cipó puci (BERG, 1993) Cipó da china (MARTINS et. al., 2000) Uva do mato (MARTINS et. al., 2000) Insulina-vegetal (MARTINS et. al., 2000); (LIMA et.al., 2001); Insulina (ALMEIDA et. al., 1994); (DORIGUNI et. al., 2001); (AMOROZO, 2002); Uvinha (POTT POTT, 1994) Uva brava (POTT POTT, 1994 Puçá (MATOS, 1999) Proeza-japonesa (MARTINS et. al., 2000) d) Dados gerais da espécie: d.1 Dados da literatura Segundo Lima et. al. (2001), espécies do gênero Cissus são conhecidas devido às suas propriedades farmacológicas, tendo a sua atividade hipoglicemiante associada à presença de polissacarídeos. As folhas são empregadas externamente contra o reumatismo e a cura de abcessos (CORRÊA, 1926; ALMEIDA et. al., 1994; DA SILVA et. al,.1994; POTT POTT, 1994; OLIVEIRA, 2006). A infusão das folhas e do caule é usada internamente como anticonvulsivante (ALMEIDA et. al., 1994) e antidiabético (ALMEIDA et. al., 1994; MARTINS et. al., 2000; ABREU et. al., 2003). Doriguini et. al. (2001) apontam ainda atividades indicadas para o fígado, problemas de visão e sistema nervoso através da infusão do caule da espécie estudada.
7 7 Matos (1999), relata o uso no nordeste de Cissus sicyoides L. (antigo nome da atual espécie) para o combate de açúcar na urina, fazendo uso das partes aéreas da planta. É citada ainda por Da Silva et. al.(1994) como sendo utilizada pela população nos casos de inflamação muscular, epilepsias, derrame, e como sudorífera, hipotensora e ativadora da circulação sangüínea e ainda empregada para tratamento contra a diabetes. A raiz é boa para o intestino (POTT POTT, 1994), e a atividade hipoglicemiante é citada ainda por Lima et. al., (2001) como motivo para o uso popular na região da Zona da Mata Minas Gerais. Berg (1993) traz seu modo de preparo através do chá, unicamente de suas folhas ou misturadas com flores de vindicá (Alpinia nutans), usado como tratamento medicinal de doenças do coração, da taquicardia, da hidropsia, tremores e para baixar pressão arterial. d.2 Dados obtidos com os raizeiros Os dados coletados através de entrevistas com raizeiros no centro da capital (Cuiabá MT) demonstram que os raizeiros entrevistados têm conhecimento sobre a planta, porém a comercialização é feita somente encomendada, pois é vendida in natura. A indicação para o uso mostrou-se múltipla, reiterando em muitas partes o encontrado em literatura científica. Contudo, a maioria dos entrevistados indicou o chá como forma de preparo do remédio natural. Pôde-se notar através de contatos durante as entrevistas, que a procura por esta espécie para o tratamento de diabetes é compartilhada com outras espécies que apresentariam o mesmo potencial antidiabético, o que entre, outros motivos, diminuiria sua procura. Dessa forma, os outros dados obtidos com as entrevistas, mais detalhados, estão apresentados no Quadro 3, o que possibilita transcrever com fidelidade o que foi obtido na interlocução com os raizeiros em seus locais de comercialização.
8 8 Quadro 3 Dados gerais sobre C. verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae) coletados com os raizeiros na cidade de Cuiabá MT. Raizeiro: 1. Localização: Av. Getúlio Vargas em frente à Praça da República Sim. Diabetes. Folha e caule. Infusão. Quintal abandonado, chácaras. Rancador de raiz. Índio, povo do mato Bem procurada. Raizeiro: 2. Localização: Rua Candido Mariano em frente ao cartório do 3º Ofício. Sim. Diabetes. Folha e caule. Chá. Brejo. Não tem fornecedor definido. Não é muito procurada porque existem outras melhores. Raizeiro: 3 Localização: Calçadão da Ricardo Franco Sim, mas não vende porque só querem verde.
9 9 Diabetes, colesterol. Só a folha. Chá. Casas abandonadas, sobre os muros. Não vende porque qualquer um orientado por quem entende a encontra facilmente. Pouco. Raizeiro: 4 Localização: Calçadão da Rua Antonio Maria Sim. Diabetes. Folha e talo (ramos). Chá. Casas velhas, quintais. Não vende. Difícil procura. Raizeiro: 5 Localização: Calçadão da Rua Antonio Maria Sim. Rins, gonorréia, quebradura. Folha. Amassa e tira o sumo
10 10 Difícil de encontrar, era encontrada nas praças. Não vende, está extinta. Pouco procurada. Raizeiro: 6 Localização: Rua Joaquim Murinho esquina com Generoso Ponce. Sim. Diabetes. Folhas e caule. Chá Nunca encontrou no mato, só plantada em quintal. Não vende. Bastante. Raizeiro: 7 Localização: Calçadão em Frente à Praça Ipiranga Não conhece (não viu a planta). Combater glicose. Folha. Chá. Quintais. Não vende. Quase não há procura.
11 11 Raizeiro: 8 Localização: Praça Maria Taquara Não conhece. Diabetes, lavar feridas, inflamação no útero. Folha. Chá. Nas casas, no mato nunca viu. Não vende. Muita procura. Raizeiro: 9 Localização: Rua 13 de Junho esquina com Av. Dom Bosco Sim. Diabetes. Folhas. Chá. Até em quintais. Não vende. Não é muito procurada porque diminui a potência nos homens. Raizeiro: 10 Localização: Av. Ten. Cel. Duarte, em frente ao ginásio de esporte do colégio São Gonçalo. Sim. Diabetes.
12 12 Inteira. Chá, por infusão. Lugares úmidos. Ele próprio procura. Pouco procurada, quase sem saída. d.3 Dados do Herbário da UFMT Na catalogação de dados feita no Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tem-se referências a espécies do gênero Cissus ocorrendo em várias regiões de Mato Grosso, dentre elas, C. verticillata e C. sicyoides como mostra a Tabela 1. Vale salientar que o nome atual da espécie é C. verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis, sendo C. sicyoides L. o seu basiônimo. Tabela 1. Dados da espécie obtidos no Herbário da UFMT. NOMES CIENTÍFICOS LOCAIS DE COLETA C. sicyoides L. Dom Aquino. C. sicyoides L. Cáceres, Estação Ecológica de Taiamã, Pantanal. C. sicyoides L. Feliz Natal MT; orla da da mata, margem da estrada. Xingu refúgio Amazônico. Rio Von Stein. C. sicyoides L. Poconé, fazenda Ipiranga, murundus C. verticillata Mato Grosso, estrada velha Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae) de Acorizal, proximidades da Passagem da Conceição, Vegetação de cerrado.
13 13 e) Dados químicos: Cissus verticillata (L.) Nicholson & C. E. Jarvis (Vitaceae) apresentou, segundo Almeida (1994) que, isolou e identificou da mistura de carotenóides, entre outros, o Alfa e Beta caroteno. Na sua composição há alcalóides, flavonóides (MOURA, 1986; ALBUQUERQUE, 1989), esteróides, saponinas, mucilagens, compostos fenólicos (SILVA, 1995), antocianinas (TOLEDO, 1983) e vitamina E (BARBOSA et. al., 2002). f) Dados Farmacológicos: Cissus verticillata apresentou atividade hipoglicemiante, atividade essa associada à presença de polissacarídeos sendo os resultados coerentes com as investigações feitas em espécies do gênero Cissus (LIMA, 2001; OLIVEIRA, 2006), Atividades farmacológicas já comprovadas no tratamento de convulsão, doenças do coração (ELIZABETSKY et. al.,1986; MOURA, 1986; COSTA, 1990) e controle de diabetes crônica (PEPATO et. al., 1998). É usada pela medicina tradicional paraense em associação com outras espécies, para o tratamento de seqüelas do acidente vascular cerebral (BARBOSA et al., 2002). g) Dados de Cultivo Guarim Neto (1996) considera que a prática do cultivo de espécies em quintais, hortos, chácaras, jardins botânicos, etc., deve ser incentivada porque somente dessa forma teremos possibilidades de perpetuação das mesmas, principalmente se analisarmos que a fisionomia vegetal do Estado de Mato Grosso vem sofrendo acelerado processo de alteração. Pott Pott (1994) informam que Cissus verticillata multiplica-se por estaca, cresce melhor a pleno sol, em terreno alagadiço ou seco. h) Outros dados O caule serve para fazer trançados e das raízes fazem-se se cestos. A folha macerada espuma e é utilizada para lavar linho, na América Central. O fruto contém um corante azul (POTT POTT, 1994). O fruto já foi usado pelos índios Coroados e outros para tingimento de panos (CORRÊA, 1926).
14 14 CONCLUSÃO O estudo realizado permite concluir que a medicina popular tem uma significativa contribuição para a medicina tradicional. No âmbito popular aonde muitas vezes a medicina tradicional não chega ou se faz presente de forma insatisfatória e de baixa qualidade, a população vê nesses métodos uma saída ou busca de melhoras, isso claramente evidenciado no aumento da procura pelos remédios naturais, oriundos das plantas. A pesquisa nessa área revela a necessidade de estudos mais profundos em nossa flora, tão rica e repleta de possibilidades. Várias espécies vegetais têm ampla procura e utilização pela população, revelando a necessidade de estudo mais sistematizados com relação às propriedades das espécies medicinais tais como os já realizados com Cissus verticillata. Podemos verificar, da mesma forma, que é notório o crescimento de estudos na área de propagação de espécies utilizadas na medicina popular. Isto devido ao crescente investimento em pesquisas na procura de novos fármacos. Enfim, que a flora brasileira, especialmente a mato-grossense, tanto em nível de espécies nativas, como exóticas, está repleta de possibilidades, especialmente quanto aos aspectos dos usos potenciais das plantas que compõem a vegetação regional, quanto às potencialidades dos recursos vegetais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABE, E. P. DE A. Aspectos Botânicos e de Usos de Averrhoa carambola L. (OXALIDACEAE): CARAMBOLA f. (Monografia de conclusão de Curso de Biologia). Cuiabá: IB/UFMT, ALBUQUERQUE, J. M. D. Plantas Medicinais de Uso Popular. Programa de agricultura nos trópicos. Brasília. ABEAS p. ALMEIDA, M. I. G.; DA SILVA, G. A.; FERRO, V. DE O. Carotenóides em Cissus sicyoides (L.) XIII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Fortaleza AMOROZO, M.C. DE M. Uso e Diversidade de Plantas Medicinais em Santo Antonio de Leverger, MT, Brasil. Acta bot. bras. 16 (2): BARBOSA, W. L. R.; SANTOS, W. R. A.; PINTO, L. N.; TAVARES, I. C. C. Flavonóides de Cissus verticillata e a atividade hipoglicemiante do chá de suas folhas. Revista Brasileira de Farmacognosia. V. 12, supl. P BERG, M. E. Van Den. Plantas Medicinais na Amazônia: contribuição ao seu conhecimento sistemático. Belém. Museu Paraense Emilio Goeldi p
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17 17 Figura 2 - Banca de um raizeiro em Cuiabá MT. Figura 3 - Banca de um raizeiro em Cuiabá MT.
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