Direito Penal Carreiras Jurídicas Professor: Christiano Gonzaga Aulas: 01 a 10

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1 Direito Penal Carreiras Jurídicas Professor: Christiano Gonzaga Aulas: 01 a 10 Página 1 de 7

2 Apresentação Promotor de Justiça na área criminal no Estado de Minas Gerais; Mestre em Direito; Professor em diversos cursos preparatórios para ingressos em cargos públicos; Professor convidado da Fundação Escola Superior do Ministério Público do Estado de Minas Gerais; Ex-Defensor Público do Estado de Minas Gerais. Esperamos que todos consigam alcançar o sonho da almejada vaga no cargo público. Para tanto, estudem e vençam um dia de cada vez, pois o segredo está em fazer bem feito dia após dia, sempre mirando o futuro, mas nunca pensando (sofrendo) apenas no futuro e esquecendo a caminhada que deve ser percorrida. Estamos juntos e forte abraço! Página 2 de 7

3 Teoria Geral da Norma Direito Penal- Busca, com seu estudo DEDUTIVO, a aplicação da lei penal para aqueles que infringiram a norma penal e praticaram uma infração penal. Objetivos- 1) Proteção ao bem jurídico. Este é tutelado penalmente de acordo com os valores almejados pela Constituição da República, em seu artigo 5º. Importante observação a ser feita está na FORMA de tutela penal, que deve ser feita observando o princípio da intervenção mínima. Por sua vez, esta última tem como corolários a FRAGMENTARIEDADE e a SUBSIDIARIEDADE. 2) Garantista. Objetivo de maior estudo na atualidade, visa aplicar o direito penal de forma a respeitar as garantias constitucionais, sem pugnar pela impunidade, como muitos equivocadamente definem tal garantismo penal. Em outras palavras, o garantismo penal seria uma forma de conceder-se segurança jurídica a todos os jurisdicionados, pois existem regras que devem ser observadas e cumpridas. Livro de grande expressão é o Direito e Razão de Ferrajoli. Conceituação de norma penal em Binding- Tema recorrente em provas de concurso público, apesar de estudado em cursos de Mestrado, o nome da teoria, que leva o nome de seu autor (Binding), busca demonstrar que quando alguém pratica uma infração penal, na verdade está infringindo a norma, e não a lei penal. Diferentemente do direito civil, em que o cumprimento da lei gera um bônus, na lei penal o seu cumprimento gera um ônus, consubstanciado na sanção penal. Assim, o que deve ser cumprido no direito penal é a norma. Esta pode ser subdividida em: a) proibitiva- quando o tipo penal for comissivo; b) mandamental- quando o tipo penal for omissivo. Norma penal em branco- é aquela que necessita de complementação por outro tipo de norma, com o fim de entender-se o seu real significado. Há alguma expressão que o próprio tipo penal não contém o seu significado, necessitando de ser explicado. A complementação ou significado pode vir por meio de um diploma legislativo de mesma estatura legislativa do primeiro ou de estatura diversa. Assim, será homogênea a lei penal em branco se a complementação vier por meio de uma espécie legislativa idêntica. Por outro lado, será heterogênea se a complementação vier por meio de espécie legislativa diferente. Página 3 de 7

4 Normas penais incompletas/imperfeitas- Ocorre quando o tipo penal secundário é incompleto, ou seja, a sanção penal. Também chamado de tipo penal remetido. Não confundir com lei penal em branco em que o preceito primário é incompleto. Anomia versus Antinomia- Não confundir os dois institutos. A anomia ocorre quando existe ausência de norma regulamentando a questão. Todavia, recentemente, tem sido debatido o ponto de a anomia ocorrer quando há um excesso de leis e, ainda assim, presente está a sensação de impunidade. Ora, quando há uma inflação legislativa, a sociedade tende a não acreditar mais nas leis, pois se com a multiplicidade de leis os crimes ainda não são punidos, é como se as citadas leis não existissem. A antinomia é mais simples, ocorrendo quando há um conflito real de leis. Para tanto, utilizam-se os critérios propostos por Bobbio, quais sejam: 1) cronológico. Lei nova revoga lei antiga; 2) hierárquico. Lei superior revoga lei inferior; 3) especialidade. Lei especial revoga lei geral. Conflito aparente de normas- Principal anotação é que o conflito é APARENTE, não se confundindo com o conflito real demonstrado no tópico anterior. Seus requisitos são os seguintes: a) pluralidade de normas; b) identidade fática. Para solucionar os o aludido conflito aparente de normas, os seguintes princípios são necessários: 1)Especialidade: norma especial afasta a aplicação da norma geral. CUIDADO: não existe revogação igual ocorre nas hipóteses de antinomia. O conflito é APARENTE. Ex: infanticídio e homicídio. O primeiro tem elementos denominados especializantes (estado puerperal e próprio filho) em relação ao homicídio. 2)Consunção/absorção: crime-fim absorve crime-meio, independentemente da gravidade da pena dos crimes. Súmula 17/STJ muito cobrada nos concursos públicos. Sua aplicação ocorre nos crimes progressivos e na progressão criminosa. Esse é o princípio de maior incidência nas provas. ATENÇAO! 3)Subsidiariedade: norma mais grave afasta a norma menos grave, DESDE QUE O BEM JURÍDICO TUTELADO DE AMBAS SEJA O MESMO. Ex: roubo e receptação. Pode ser tácita e expressa. Página 4 de 7

5 4)Alternatividade: a mesma norma possui várias condutas, dando a entender que a prática de mais de uma delas ensejaria a soma das penas. Todavia, tal pensamento está equivocado. Ocorre nos crimes de ação múltipla ou conteúdo variado. Na realidade, aplica-se uma única pena, apesar da prática de mais de uma conduta prevista no mesmo tipo penal. Não confundir tal princípio com o da ALTERIDADE. Este último ocorre no princípio da lesividade em que se exige a violação de bem jurídico de terceiros para falar-se em crime. Interpretação da lei penal: apesar de a norma penal ser bem clara, algumas interpretações são necessárias para entender-se o seu real significado. Espécies mais comuns: 1)Teleológica: busca-se o fim da lei. Seus propósitos. 2)Sistemática: a norma deve ser interpretada em seu conjunto. Exemplo ocorrido com as duas formas acima foi no informativo 456/STF, ao analisar-se a natureza do art. 28, Lei 11343/06. 3)Analógica: a norma possui cláusulas específicas seguida de uma cláusula geral. Não confundir com analogia, que é método de integração da lei penal. 4)Progressiva: depende dos costumes vigentes no período de sua aplicação. 5)Declaratória: a lei é clara e não precisa ser ampliado ou restringido o seu significado. 6)Extensiva: a lei diz menos do que deveria e seu significado deve ser ampliado. 7)Restritiva: a lei diz mais do que deveria e seu significado deve ser restringido. Princípios de direito penal Princípio X Regra. Robert Alexy e Dworkin. Regra. Tudo ou nada. Critérios da hierarquia, especialidade e cronologia. Sua não aplicação gera a revogação da norma não aplicada. Princípios. Neo-positivismo.Otimização do Direito. Possuem normatividade e preponderam sobre as regras, pois é a base que dá legitimidade a todo o ordenamento jurídico. Permite uma ponderação e aplica-se um em dado momento e depois se aplica outro, sem que ocorra a revogação. Normas é algo bem mais genérico que princípios e regras, que são espécies daquelas. Página 5 de 7

6 Princípios de Direito Penal são orientados no sentido de proteger o indivíduo frente à repressão estatal, que deve ser feita baseada em tais mandamentos de otimização. 1) Princípio da humanidade- não haverá penas cruéis, banimento, trabalhos forçados e etc. Art. 5º, XLVII, CR. Teoria da co-culpabilidade. Princípio da dignidade da pessoa humana, art. 1º, III, CR. 2) Princípio da reserva legal- art.1º, CP; ART. 5º, XXXIX, CR. Segurança jurídica. Dosimetria da pena (Art. 68, CP). Elaboração da Lei Penal (art. 22, I, CR). Corolários da Legalidade: a) irretroatividade da lei penal maléfica (art. 33, Lei 11343/06 em relação ao art. 12, Lei 6368/76); b) proibição de criar crimes e penas com base nos costumes; c) proibição da analogia in malam partem. Analogia x Integração analógica (interpretação analógica); d) proibição de incriminações vagas e imprecisas. Tipos abertos. Crimes culposos e Crimes omissivos impróprios. Atenção para a problemática da inconstitucionalidade e seus pensamentos doutrinários. 3) Princípio da intervenção mínima- Só deve atuar nos casos extremos, em que a atuação enérgica e repressora do Direito Penal é necessária. Ultima ratio. Há dois corolários: 1) fragmentariedade: Tutela apenas os bens jurídicos mais importantes, ficando alguns sem tutela penal, mas porque outros ramos já tutelam adequadamente; 2) Subsidiariedade: O Direito Penal somente atua quando os demais ramos do Direito não foram suficientes para a repressão da conduta ilícita. Exemplo: Art. 240, CP (foi revogado, pois o direito civil tutela as ocorrências de adultério). 4) Princípio da Lesividade ou Ofensividade- somente podem ser punidos os comportamentos humanos que lesionem bens jurídicos de terceiros. Foi extraído dos ideais iluministas. Possui 4 funções: a) proibir a incriminação de uma atitude interna (cogitação não é punível); b) proibir a incriminação de uma conduta que não exceda ao âmbito do próprio autor (art. 28, Lei 11343/06. Informativo 456, STF, Despenalização); c) proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais (Direito Penal (Culpabilidade) de Autor (Mezger); Página 6 de 7

7 d) proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico. Ex. Práticas sexuais anormais; não tomar banho regularmente. Página 7 de 7