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- Nathalia Neves Álvares
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1 DIREITO PENAL PARTE GERAL I. Princípios Penais Constitucionais II. A Lei Penal III. Teoria Geral do Crime IV. Concurso de Crime V. Teoria do Tipo VI. Ilicitude VII. Teoria Geral da Culpabilidade VIII. Concurso de Agentes IX. Teoria Geral da Pena X. Extinção da Punibilidade
2 DIREITO PENAL I. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL a) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: é o núcleo da ordem jurídica, conferindo unidade teleológica e axiológica a todas as normas jurídicas. O Estado e o direito não são fins, mas meios para a realização da dignidade do homem. b) Princípio da Legalidade: não há crime sem lei que defina o fato como infração penal e não há pena sem cominação legal (também a pena deve ser prevista por lei). Portanto, pode-se fazer tudo desde que não haja lei proibindo. O princípio da legalidade está expresso no art. 5, II, da Constituição Federal: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. c) Princípio da Anterioridade: a lei penal, via de regra, só é aplicada a fatos posteriores à sua vigência. Por isso, para que alguém responda por crime e pela respectiva pena é necessário que a lei, prevendo o crime e a pena, esteja em vigor na data em que o fato é praticado. O princípio da anterioridade está expresso art. 5º, XXXIX da Constituição Federal e no Art.1º do Código Penal. d) Princípio da Irretroatividade: decorre do princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não atinge fatos pretéritos. Contudo, a retroatividade é permitida quando for em benefício do agente (retroatividade in mellius).o princípio da irretroatividade está expresso no art. 5º, XL, da Constituição Federal: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. e) Princípio da Extra-Atividade da Lei Penal: extra-atividade é a possibilidade de a lei penal, depois de revogada, continuar a regular fatos ocorridos durante a vigência (ultraatividade) ou retroagir para alcançar fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor (retroatividade). f) Princípio da Alteridade: o princípio da alteridade veda a incriminação de conduta meramente subjetiva ou que não ofenda a nenhum bem jurídico. Por exemplo: a tentativa de suicídio ou a autolesão não serão considerados crimes se não provocarem outros danos materiais a terceiros e se não houver intenção de fraude contra seguradora. 2
3 g) Princípio da Intervenção Mínima: por este princípio o Direito Penal só deve intervir quando nenhum outro ramo do Direito puder dar resposta efetiva à sociedade (Princípio da Subsidiariedade), atuando, pois, como última ratio. O princípio da intervenção penal mínima foi recepcionado pela Constituição através da cláusula geral prevista pelo 2 do art. 5 : Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. h) Princípio da Fragmentariedade: por força do princípio da intervenção mínima, o Direito Penal somente é chamado a tutelar as lesões de maior gravidade para os bens jurídicos, ou seja, apenas protege um fragmento dos interesses jurídicos. i) Princípio da Ofensividade ou Lesividade: para que haja crime é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico. Só há crime se a conduta expuser a perigo de lesão o bem jurídico penalmente tutelado. Se a conduta não provoca dano, não há perturbação da paz social. Portanto o ordenamento jurídico penal moderno deve exigir perigo concreto por força da conduta. Sem se afetar um bem jurídico não há porque criminalizar a conduta. No direito penal moderno não há lugar para o crime de perigo abstrato. Este princípio da ofensividade vem ao lado dos princípios da intervenção mínima e da fragmentariedade. j) Princípio da Insignificância ou Bagatela (delitos de lesão mínima): só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e relevante ao bem jurídico, não se podendo conferir atipicidade aos casos de íntima relevância. Este princípio se opõe às condutas de escassa lesividade. Gera atipicidade da conduta. Restringe o âmbito de incidência do tipo penal incriminador. Pauta-se na regra de que a incidência penal pressupõe uma lesão mínima ao bem tutelado. Caso contrário não haverá fato típico. l) Princípio da Individualização da Pena: a imposição da sanção de cada agente deve ser analisada e graduada individualmente, o que não quer dizer que um agente irá responder por uma infração e outro por outra; todos respondem pela mesma infração, mas a pena de cada um é graduada individualmente. m) Princípio da Responsabilidade Pessoal: os reflexos da pena só podem atingir a pessoa do condenado. Está presente no art. 5º, XLV da CF: que nenhuma pena passará da pessoa do condenado n) Princípio da Territorialidade: a lei penal brasileira só é aplicada, em regra, à infração penal cometida no território nacional. 3
4 II. A LEI PENAL 1. FONTES DO DIREITO PENAL As fontes podem ser materiais e formais. A fonte material é o próprio Estado, que se manifesta por intermédio de órgão competente para legislar sobre Direito Penal (fonte material): a União - conforme o art. 22 da Constituição Federal de 1988 (CF/88) que prescreve: Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho [...]. As fontes formais se dividem em: - imediatas: a lei. - mediatas: o costume, a equidade, a analogia e os princípios gerais do Direito. Conforme leciona Damásio de Jesus: a) O costume é um complexo de regras não escritas, consideradas juridicamente obrigatórias. b) A equidade é a perfeita correspondência jurídica e ética das normas às circunstâncias do caso concreto a que estas se aplicam. c) A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso semelhante. 2. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS PENAIS 2.1. Conceito A interpretação consiste em extrair da norma o seu verdadeiro significado e conteúdo em face a realidade para aplicação ao caso concreto. Obedece à demais técnicas Natureza - Escolas A) EXEGÉTICA - para os defensores dessa escola busca-se a vontade do legislador. 4
5 B) OBJETIVA - busca-se a vontade da lei. Interpretação teleológica Espécies de Interpretação a) Quanto ao sujeito a interpretação pode ser: Autêntica- quando procede do próprio órgão elaborador da norma. Podendo ser: Contextual - feita pelo próprio sujeito que elaborou a norma ou quando está no próprio texto da lei; ou Posterior, interpretação efetuada depois de ditada a lei, servindo para elidir incertezas e obscuridades (vocábulo "coleta" da legislação italiana, não havendo exemplos no Brasil). Art. 327 CP - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Art º CP - A expressão "casa" compreende: qualquer compartimento habitado; aposento ocupado de habitação coletiva; compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. A justificativa - Exposição de Motivos - que acompanha a lei constitui-se em interpretação autêntica? Não, pois não é uma lei, não tem força obrigatória e pode ter antinomias. Vale como interpretação doutrinária. Doutrinária - efetuada pelos escritores de Direito em seus comentários às leis, sendo denominado "Communis Opinio Doctorum". Não tem força obrigatória pela diversidade de pensamentos. Judicial ou jurisprudencial - efetuada pelos órgãos do Poder Judiciário através de juízes e tribunais, tendo força obrigatória para o caso concreto desde que sobrevenha à coisa julgada e esteja coberta pela imutabilidade. Se ultrapassado o prazo de recurso faz coisa julgada material. b) Quanto ao Meio Empregado Gramatical - análise do texto legal verificando o que dizem as palavras da lei. Constitui-se no 1º passo da interpretação, devendo ser levado em consideração o seguinte: 1) em princípio, nenhuma palavra na lei é supérflua; 2) em regra, as expressões empregadas na lei têm significado técnico e não vulgar; e 3) em regra, o singular não exclui o plural e o emprego do gênero masculino não exclui o feminino. 5
6 Associação Criminosa Art Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº , de 2013) (Vigência) Crime é diferente de contravenção penal, se for cometida contravenção não está previsto neste Artigo, não podendo utilizar-se do mesmo. Lógica ou teleológica - consiste em indagar a vontade da lei, levando em consideração os motivos que determinaram a sua produção. As necessidades, os aspectos históricos, o direito comparado e elementos extrajurídicos: química, biologia, psiquiatria, etc. c) Quanto ao Resultado Declarativa - quando a eventual dúvida se resolve pela letra e vontade da lei, sem necessidade de conferir um sentido mais amplo ou restrito. Não precisa restringir ou estender porque está escrito. Art. 141, III, CP - as penas cominadas neste capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido: na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. Restritiva - quando o texto da lei disser mais que a sua vontade, surgindo a necessidade de restringir o alcance de suas palavras: "Lex plus scripsit, minus voluit". Art. 28 I CP - não excluem a imputabilidade penal: a emoção ou a paixão. Necessidade de restringir para não chocar-se com o Art. 26 CP que diz: É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Se o estado for patológico será aplicado o Art. 26. Extensiva - nesse caso o texto da lei disse menos do que deveria dizer: "Lex minus scripsit, plus voluit". d) Interpretação analógica ou intra legem A interpretação analógica é permitida toda vez que houver uma fórmula casuística seguindo uma cláusula genérica, a qual deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados. Interpretação extensiva em que a própria lei determina que se estenda o seu conteúdo. 6
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