FILOSOFIA DA CIÊNCIA. A filosofia e a ciência no mundo medieval
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- Kléber di Castro da Mota
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1 FILOSOFIA DA CIÊNCIA 1 A filosofia e a ciência no mundo medieval» Nesta matéria iremos aprender sobre as idéias que circulavam no período medieval, a partir de autores como Santo Tomás de Aquino e Pedro Abelardo. 2
2 O legado medieval» Muitos foram os pensadores do chamado medievalismo que, como todos de sua época, estavam preocupados em manter a sobrevivência num período de peste, fome e guerras, como foram os cinco séculos que hoje chamamos época medieval.» Os assuntos que envolvem este mote vital foram mais valorizados por eles, assim como a fé e suas questões, haja vista que na Idade Média o homem ocidental se encontrou cada vez mais solitário, disperso pela tomada que os povos germânicos empreenderam no que sobrara do Império Romano. 3 O legado medieval» Todavia, para o homem medieval, o que é compreender e como isso é possível? Existem duas formas de explicação para essa pergunta. A primeira afirma que o mundo é fielmente representado pelas imagens de nosso espírito e pela linguagem comum, a segunda teoriza que o mundo é fundamentalmente diferente do que aparenta ser. Esta é a oposição máxima entre Platão e Aristóteles e o ponto de partida para uma Filosofia da Ciência no período medieval.» Em busca da compreensão, o homem medieval vai dirigir seu olhar para a natureza e para os céus, tentando encontrar respostas para as mesmas questões que os filósofos anteriores fizeram. 4
3 » «A flagelação de Cristo», na igreja franciscana alemã de Esslingen (1320). FONTE: ACESSADO EM 27/02/ O pensamento de São Tomás de Aquino» A teoria cristã fundamentada em Aristóteles ou seja, aquela que afirmava ser o verbo feito da carne, em Cristo era o pensamento mais difundido na ciência teológica deste período.» Todavia, Tomás descordava desta teoria Ele se questionava sobre a polpa e circunstância opositora da humildade de Cristo, banca que os bispos e seguidores de Cristo firmavam em suas ações. Tomás queria unir a fé à razão, o amor à sabedoria. Numa imbricação entre as palavras que os padres proferiam e a sagrada escritura, criou um sistema que unia a vida moral e intelectual à vida teológica, de fé. Desta forma deu-se sua principal obra: Summa Theologica.» A partir daí, a existência de Deus deveria ser provada pela razão. No enlace entre Aristóteles e a Bíblia, Tomás fundamentou tudo o que existia, afirmando que Deus criara o mundo e que todas as coisas provinham Dele teoria que reafirmava Aristóteles, filósofo que teorizava ser Deus o motor que impulsionava tudo. 6
4 SANTO TOMÁS DE AQUINO SANTO TOMÁS DE AQUINO, GHIRLANDAIO, D. Vitral da igreja de Santa Mª Novella, Florença, séc. XV. FONTE: br.geocities.com/discursus/filotext/a quinfil.html, ACESSADO EM: 27/02/ Pedro Abelardo» No livro Dialética, Abelardo expõe sua teoria do conceitualismo. Nesta teoria, Abelardo afirmava que por meio dos nomes chegava-se aos conceitos, que seriam os únicos mecanismos de libertação da lógica perante a metafísica. A polêmica de seu pensamento centrava-se nos conceitos ditos universais.» Utilizando o método da análise de algo por diversas perspectivas, procurando por meio das controvérsias que surgiam, a solução para o problema posto, Abelardo lançou as bases da Escolástica. Estas teorias metodológicas, entre outras, encontram-se no livro conhecido como Sim e não.» O seu método do sim e não permeou profundamente a filosofia escolástica, estando tão intrinsecamente envolvidas que, anos mais tarde, Abelardo seria deixado de lado pela doutrina que ajudou a fundamentar, devido ao não reconhecimento da Escolástica clássica das suas idéias, por serem vistas como dogmas já pertencentes à sua criação. 8
5 ABELARDO E HELOÍSA» ABELARDO E HELOÍSA. Manuscrito do séc. XIV do Roman de la Rose. FONTE: d.htm, ACESSADO EM 27/02/ A multiplicidade do pensamento medieval» Robert Grosseteste ( ): fundador do pensamento científico em Oxford, escreveu textos sobre temas do mundo natural, prioritariamente. Afirmava que os experimentos deveriam compactuar com a teoria referente a eles.» Alberto Magno ( ), o Doutor Universal: representante dos dominicanos, defendia o diálogo entre ciência e religião. Foi, ainda, o introdutor das ciências grega e árabe na Europa estudantil daquela época, nunca contrariando Aristóteles, no entanto.» Roger Bacon ( ), o Doutor Admirável: franciscano interessado, influenciado pelas teorias de Grosseteste, na experimentação de suas teorias, juntamente com a observação da natureza, criando a idéia de Leis da Natureza.» William de Occam ( ), o Doutor Invencível: criador da teoria que dava preferência as explicações mais simplórias para um fato, essa teoria ficou conhecida como Navalha de Occam. Sua criação viria a ser, futuramente, um método cientifico muito utilizado, principalmente pelos reducionistas.» Duns Scot ( ), o Doutor Sutil: membro da Ordem Franciscana, filósofo e teólogo, acreditava que a razão era incapaz de compreender a fé, portanto, a filosofia deveria ser subordinada a teologia.» Jean Buridan ( ): foi o teorizador de um modo de explicar o movimento dos objetos em queda livre, que abriu caminhos para a teoria newtoniana da inércia.» Nicole d'oresme (c ): foi o último dos pensadores medievais antes da peste negra. Defendia a existência de outros mundos habitados no Universo. 10
6 CIÊNCIA MEDIEVAL» De um modo geral, podemos dizer que a ciência medieval é marcada pela filosofia natural, como podemos observar em alguns de seus pensadores centrais. A natureza se reduzia a leis explicadas pela racionalidade humana, sendo a lógica e o empirismo as bandeiras da filosofia medieval predominante, denominada Escolástica. As Sagradas Escrituras e os Padres da Igreja eram fundamentais no aprofundamento de qualquer questão que tocasse o homem naquele período. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ABBAGNANO, N. História da Filosofia. Vol. VI. Editorial Presença: CHALMERS, A F. O que é ciência, afinal? Tradução Raul Fiker. 1ºedição, São Paulo: MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Segunda Edição. Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro,
7 Agostinho e Galileu: Mudanças sutis no pensar humano rumo ao renascimento.» Nesta matéria atentaremos para algumas das mudanças no rumo do pensamento humano, de significativa importância para o período que as seguirá, o Renascimento e para o advento da Ciência Moderna. 13 Santo Agostinho Boticcelli. FONTE: ACESSADO EM: 21/01/08. 14
8 Santo Agostinho» No ano de 386 da era Cristã, aos 34 anos, Agostinho recebia a revelação divina uma iluminação efetuada através da aparição de algumas das palavras de Paulo de Tarso (São Paulo).» Após o acontecimento da revelação na sua vida, Agostinho tornou-se um bispo ativo, na igreja de Hipona (hoje Annaba ou Boné, na Argélia), deixando para trás a vida de professor municipal, cargo exercido em Cartago, Roma e Milão.» Santo Agostinho era considerado um dos seguidores da Patrística, ou seja, uma religião revelada e não uma filosofia, em que algumas regras de conduta moral e a crença na salvação através do sacrifício de Cristo eram suas fundamentações, era uma religião de contestação da ordem imperial, sendo que se tentava demonstrar, nesta linha patrística de pensamento, o não embate entre ideologias cristã e helênica, defendida pelos romanos. 15 Em que Santo Agostinho nos ajuda quando o assunto é filosofia da ciência?» Santo Agostinho era um pensador preocupado com as relações entre a razão e a fé, de modo que, para ele, estas duas categorias centrais no desenvolver humano deveriam se relacionar, e não simplesmente confrontar-se.» A fé, para o bispo, era um caminho para a verdade eterna. No entanto, este caminho devia ser trilhado pela razão.» Nesta perspectiva, a razão antecede a fé, mesmo que as verdades reveladas pela fé não sejam passíveis de prova, é possível demonstrar que se está certo ao afirmá-las.» A razão, desta forma, precede a fé e é sua conseqüência. 16
9 Se eu me engano, eu sou, pois aquele que não é não pode ser enganado.» Para o filho pródigo da cidade de Tagaste, - Numídia, na África a sensação era ação sofrida pela alma, e não apenas paixão.» As verdades reveladas aos homens provinham da Iluminação Divina, o saber - assim como na teoria platônica já se encontra na alma, porém, para Santo Agostinho, este saber da alma não proveio de uma vivência passada, mas da irradiação divina.» A presença de Deus estaria em todas as formas de conhecimento humano, sejam eles científicos, estéticos ou morais. 17 FORMAS DE CONSUBSTANCIAÇÃO» Para Agostinho, Deus compreenderia três formas de consubstanciação: Pai, Filho e Espírito Santo. A primeira forma é a essência divina, a perfeição, a segunda forma é o verbo, a razão ou a verdade por meio da qual Deus se manifesta, e a terceira forma é o amor, a qual Deus dá a vida» Diferentemente da concepção helênica onde Deus apenas ordenaria o Cosmo - retirando-o do Caos originário - a concepção cristã formulada por Agostinho, afirmava que Deus era o criador de todos os seres, conseqüência do seu amor infinito. 18
10 O Maniqueísmo» O Maniqueísmo era uma teoria que colocava todas as coisas e seres existentes dentro de um padrão, ou modelo, onde ou se participada do Bem ou pertencia-se ao Mal. Em Agostinho esta teoria tomava formas distintas, porém afirmativas de sua proposta. Ele distinguia entre Homem e Deus, mal e bem, trevas e luz.» Para o ex-professor, a salvação divina por meio da graça era concedida apenas à alguns escolhidos, predestinados, teoria a qual Calvino ( ) aderia; discordando do monge Pelágio (c. 360 c.420) e seus seguidores que minimizavam a intervenção da graça em prol da decisão do livre-arbítrio.» Inovadoramente, Agostinho tentava conciliar ambas as teorias, naquilo que este considerava apropriado em cada uma delas. Acreditava no livre-arbítrio como forma manifesta da graça divina, presente nos escolhidos, dizia que a graça e a liberdade não se excluíam. 19 Galilei Galilei FONTE: ACESSADO EM 22/01/08 20
11 Galileu Galilei» Criador da física moderna, Galileu Galilei ( ), contribuiu significativamente para que a ciência moderna emergisse na história do pensamento humano. O filósofo nascido em Pisa (Itália), foi importante por suas teorias quanto ao método cientifico, além de suas descobertas físicas e astronômicas.» A observação dos fenômenos, a experimentação e a regularidade matemática compunham os três princípios galileanos. Nesta clássica forma de observação da natureza, hoje vista como banalidade, foi uma grandiosa revolução em se tratando de análise do objeto. 21 A oposição ao finalismo» Galileu se opôs, principalmente, ao finalismo - teoria de Aristóteles de que tudo ocorre na natureza por meio dos desígnios/vontades de Deus e à visão antropológica em que o homem como um todo é valorizado, tanto em sua característica metafísica quanto física/fenomenológica. Tal como Demócrito, Galileu acreditava na explicação da natureza através das leis mecânicas, dos fenômenos físicos, das resoluções matemáticas.» Isto posto, Galileu inventava um hábito metodológico científico que até então não existia: a especificação. O cientista passaria a ser aquele que domina os mecanismos de análise real de um objeto, ou seja, a matemática, a física, a astrologia, no caso galeliano. Fazendo com que as interpretações acerca da natureza fossem puramente objetiváveis, Galileu conduziu a ciência moderna à sua maturidade (Idem, p. 19). 22
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Os Pensadores. Santo Agostinho. Editora Nova Cultural Ltda., Os Pensadores. Galileu. Editora Nova Cultural Ltda., ABBAGNANO, N. História da Filosofia. Vol. VI. Editorial Presença:
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