A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

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1 A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Francielli Nazari Pinto 1 Jorge Roberto Krieger 2 SUMARIO Introdução; 1 O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990); 1.1Os Inimputáveis; 2 O Adolescente e o Crime; 2.1 A Responsabilidade Penal do Adolescente no Direito Brasileiro; 3.1 A Redução da Maioridade Penal; 3.1 Diminuir a idade é a Solução?; Considerações Finais; Referência das fontes citadas. RESUMO O presente artigo será desenvolvido pelo método indutivo através de pesquisa bibligráfica.tem como objetivo geral a redução da maioridade penal e como objetivo específico verificar a inimputabilidade do menor de 18 anos. A redução da maioridade penal vem sendo discutida em todo o Brasil e apresentada como a possível solução para o problema dos adolescentes envolvidos com o crime. Hoje, a maioridade ocorre aos 18 anos, mas esse limite poderia ser diminuído para os 16 anos, idade em que o jovem já seria capaz de entender o caráter ilícito de um ato e escolher se deve ou não praticálo. Mas, tal proposta representa também um retrocesso na garantia dos direitos da criança e do adolescente e um afronto a Constituição Brasileira. A possibilidade dos menores responderem pela prática de infrações penais com base na legislação aplicada aos adultos pode agravar a criminalidade no País. Há que se fazer uma análise do Sistema Carcerário Brasileiro, pois colocar menores em prisões pode resultar em um agravamento da violência, formando jovens ainda mais delinquentes. Nesta hipótese, verifica-se que o ECA, adequadamente aplicado, pode sim apresentar bons resultados. Palavras-chave: Inimputável. Adolescente. Maioridade penal. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objeto de pesquisa a redução da maioridade penal. Será analisada a inimputabilidade do menor de 18 anos. 1 Acadêmica do 9º período do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Balneário Camboriú (SC). franciellinazari@hotmail.com. Telefone: (47) Orientador, é Professor de Direito Penal e Processual Penal na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (1990) e graduação em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) (1997). É especialista em direito processual pela FURB e mestre em Direito pela UFSC (2002). 325

2 Tem como objetivo institucional, produzir um Artigo Científico para a obtenção do grau de Bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. Verifica-se que no Brasil são inúmeros os casos de menores de idade envolvidos em atos criminosos, tipificados penalmente. Porém, não há que se falar em pena prevista no Código Penal Brasileiro para menores infratores, eis que são inimputáveis penalmente. Cabe ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) proteger e aplicar medidas aos sujeitos dessa faixa etária em conflito com o crime. Desta forma, uma mudança se faz urgente no ordenamento jurídico brasileiro para diminuir a violência praticada pelos jovens que ainda não completaram 18 anos. Uma possível solução que vem sendo discutida para combater a criminalidade praticada por adolescentes é a redução da maioridade penal, dos 18 anos de idade para os 16 anos. Sendo assim, os adolescentes que cometerem atos ilícitos tipificados penalmente serão punidos pelo Código Penal Brasileiro, sem a intervenção do Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas, como toda proposta de emenda à Constituição, existe as contradições acerca da matéria e que serão debatidas no presente artigo. 1. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI Nº 8.069/1990) O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, foi concebido, em consonância com a Carta Magna de 1988, para assegurar, com absoluta prioridade, direitos fundamentais inerentes à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento 3. Assim, Crianças e Adolescentes são sujeitos de direito, titulares de direitos fundamentais. Não importando a situação pessoal ou social da criança e do adolescente, de acordo com o Artigo 1º do Estatuto 4 : 3 ALVES, Henrique Eduardo. Estatuto da criança e do adolescente e legislação correlata: Lei n , de 13 de julho de 1990, e legislação correlata [recurso eletrônico].10. ed. página 09 Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 18,maio

3 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Cabe destacar que o Estatuto considera como criança o indivíduo com idade de zero e doze anos (0 à 12) incompletos, e como adolescente a pessoa com idade entre doze e dezoito anos (12 à 18) incompletos, conforme dispõe seu artigo 2º 5 : Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Nesta senda, no tocante a crianças e adolescentes, particularizados dentre os direitos fundamentais, estão aqueles indispensáveis à formação do indivíduo em desenvolvimento, elencados no art. 227 da CRFB/88 6 : Art É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O ECA foi criado especialmente para garantir os direitos e os deveres das crianças e dos adolescentes, visando o acesso à saúde, educação, cultura, esporte, lazer, entre outros, sendo esses direitos deveres do Estado e da Família, propiciados pelas políticas públicas. Assim dispõe o ECA 7 Artigo 4º: em seu Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 5 BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 18, maio BRASIL, Constituição Federal. Disponível < >Acessado em 18,maio BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 18, maio

4 Desta perspectiva, devemos compreendê-los como pessoas em desenvolvimento, e o ECA também reconhece os inimputáveis penalmente, conforme está previsto no artigo : Art São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. Mas isto não quer dizer que os menores infratores não serão responsabilizados pelos atos praticados. Terão que responder pela prática de infrações penais com base no referido Estatuto, diferentemente das penas aplicadas aos maiores de 18 anos pelo Código penal. Neste contexto, passamos a uma análise dos inimputáveis penalmente. 1.1 Os inimputáveis A inimputabilidade é a falta de imputabilidade. É o estado de pessoa a quem não se pode atribuir, por razão particular ou legal, responsabilidade criminal por alguma infração 9. Nos dizeres de Tourinho Filho 10 : A imputabilidade é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser atribuída a prática de fato punível. Partindo desse pressuposto, o imputável deve ter capacidade de entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. Já o doutrinador Fernando Capez 11 inimputabilidade: faz a seguinte definição de É o desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido à recente idade cronológica do agente ou à sua falta de convivência em sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional. 8 BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 18, maio GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico/organização.11. Ed. São Paulo: Rideel, 2008 p.367/ TOURINHO FILHO, F. da Costa. Processo penal. 30. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, v.3, p CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p

5 É perceptível que a inimputabilidade é a ausência da capacidade do indivíduo de compreender os seus atos, falta discernimento ético, é incapaz de entendimento e autodeterminação. Destaca Jorge Trindade 12 : Como a criança e o adolescente, num certo sentido recebem com emoção toda a experiência que lhe chega, que é sempre nova em sua vida, não conseguem fazer a mediação entre o impulso e o mundo externo, passando logo para a instância da ação. Eles têm diminuída sua capacidade de ser e estar no mundo, o que explica a inimputabilidade genérica frente à lei. Ademais, falta-lhes experiência, requisito importante para que se agreguem os fatos às respectivas consequências, razão pela qual são impedidos de serem culpáveis. Em razão dos menores de idade não entenderem o caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato é que são considerados inimputáveis. Segundo Tourinho Filho 13, o Direito Pátrio para aferir a inimputabilidade dos menores de 18 anos adotou o critério biológico. Senão vejamos: Assim, se Mévio, com 17 anos, 11 meses e 29 dias, comete um fato previsto como infração penal, não se pode perquirir se, ao tempo da ação ou omissão, era ele incapaz de entendimento ético-jurídico ou de autodeterminação. O simples fato de ser menor de 18 anos, nos precisos termos do art.27 do CP, é o suficiente para que se o tenha como inimputável. Contra ele não se pode instaurar processo. Não houve o crime no seu aspecto trinômico, segundo a doutrina clássica. Pode o fato ser típico e antijurídico. Teria havido culpabilidade? Se esta pressupõe a imputabilidade e se, na hipótese, o agente era inimputável, logo, não se pode falar em culpabilidade, e, ausente esta, impossível a inflição de pena. Assim, é isento de pena o agente que ao tempo da ação ou da omissão é incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Seguindo, o conceito de inimputável encontra previsão legal no Artigo 104 do ECA, como foi supracitado, e no Código Penal nos Artigos 26 a : Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 12 TRINDADE, Jorge. Delinquência Juvenil. 2. ed. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 1996, p TOURINHO FILHO, F. da Costa. Processo penal. 30. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, v.3, p BRASIL, Código Penal. Disponível em < Acessado em 21,maio

6 entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Art Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Os artigos 26, caput, 27 e 28, 1º do Código Penal, enumeram a menoridade como causa de exclusão de imputabilidade. Assim, também dispõe a Constituição Federal 15 em seu art São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Sendo assim, a inimputabilidade é causa de exclusão da culpabilidade. Não é culpável o agente que não compreende a reprovabilidade de sua conduta e não pode ser imposta pena ao menor infrator. Vale ressaltar que a falta da sanção penal não torna impune o menor infrator. O Estatuto da criança e do Adolescente propõe responsabilização dos adolescentes que cometem atos infracionais, aplicando medidas condizentes com a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 2 O ADOLESCENTE E O CRIME No Brasil, em todas as classes sociais, crianças e adolescentes se envolvem cada dia mais cedo em atos violentos. A sociedade apresenta tanta violência juvenil que alguma mudança se faz necessária e urgente. 15 BRASIL, Constituição Federal. disponível em < acessado em 21,maio

7 As estatísticas recentes indicam que vem aumentando o número de adolescentes brasileiros em conflito com a lei. Há poucos anos, o Brasil possuía o 8º PIB Produto Interno Bruto do mundo. Mas em poucos anos mudou a sua posição. Atualmente é o 10º país em geração de riqueza. Lamentavelmente, é o país com a pior distribuição de renda do mundo, a menor per capita das Américas, só comparável à dos países mais pobres da África. Quarenta milhões de pessoas, (1/4) da população, ganham menos de R$2,00 (dois reais) por dia, situando-se, portanto, abaixo da linha da pobreza e vivendo em completo estado de miserabilidade. O adolescente em conflito com a Lei é forjado nessa trincheira de exclusão! Crianças e adolescentes têm suas trilhas interditadas pela ausência de políticas públicas que assegurem os seus direitos básicos. São deserdados desde o ventre materno, nascem em territórios destituídos de condições mínimas de desenvolvimento e crescem em condições de miserabilidade. Essa é a verdadeira interdição. Nascidos para brilhar eles têm todas as possibilidades de crescimento e de desenvolvimento aniquiladas pela falta de oportunidades. Não trilha o sucesso na ausência de oportunidades 16. Neste contexto, a violência na adolescência, não se restringe apenas a exclusão, está ligada também, a pobreza, desigualdade social, baixa escolaridade, a ausência da função paterna e ausência da mãe, são crianças e adolescentes desassistidos que acabam tornando-se vulneráveis a criminalidade. Nessa condição, sem os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, a criminalidade se torna uma alternativa onde os jovens adquirirem o prestígio que não foi alcançado pela educação no País. 2.1 A Responsabilidade infracional do adolescente no direito brasileiro Como visto anteriormente, o jovem infrator é considerado pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro inimputável e não pode ser punido pelo Direito Penal por seus atos infracionais. 16 FALQUETO,Vicente. Trilhas Interditadas: medida socioeducativa uma prática humanizada. Belo Horizonte: UBEE Província Marista do Brasil Centro- Norte, ed. Leitura, 2004, p

8 Segundo Tourinho Filho 17 : Na hipótese dos menores de 18 anos, ficarão eles, quando cometerem crimes, sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas pela Lei nº 8.069, de 13/7/90, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, estabelecendo as medidas adequadas aos menores de 18 anos, pela prática de fatos previstos como infrações penais. Cabe ao Estatuto da Criança e Adolescente aplicar as devidas medidas socioeducativas e de proteção aos menores de idade em conflito com o crime. Aos menores de 12 anos de idade que praticaram atos infracionais penais, não cabe procedimento de responsabilização, apenas a inserção em programas de proteção, conforme os seguintes Artigos do ECA 18 : Art Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art Art Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII - abrigo em entidade; VIII - colocação em família substituta. Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; IX - colocação em família substituta. Já na faixa etária seguinte, entre 12 a 18 anos, existe a responsabilidade especial, cujas regras estão disciplinadas no próprio Estatuto. Destarte vejamos o que diz o seguinte artigo do Estatuto 19 : 17 TOURINHO FILHO, F. da Costa. Processo Penal. 30. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, v.3, p BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 19,maio

9 Art Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade; VI - internação em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado. 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições. Art A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. Diante do exposto, verifica-se que às medidas socioeducativas em meio aberto que responsabilizam o adolescente pela prática do ato infracional, permitindo a frequência à escola, o convívio familiar e em sociedade. Cabe ressaltar que as medidas em regime fechado não excederá a 3 (três) anos conforme seu artigo 121, 3º 20 : Art A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos. Sendo assim, pode-se considerar que os adolescentes que cometem atos infracionais não estão impunes. 3. A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 20,maio BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em < Acessado em 20,maio

10 A redução da maioridade é vista como a alternativa eficaz para a proteção da sociedade contra a participação de jovens em ações delinquentes. Neste contexto, viável entender se um jovem de 16 anos de idade sabe discernir o que está fazendo e a gravidade de seus atos, para responder penalmente pelos crimes cometidos. Neste sentido Nucci destaca 21 : A imputabilidade é a capacidade do ser humano de discernir entre o certo e o errado e, assim fazendo, optar, livremente, pelo caminho do lícito ou do ilícito. Sendo assim, não se pode pensar em falta de discernimento para esses menores de idade, consistiria na própria falta de discernimento daquele que requer a imputabilidade para os adolescentes entre 16 a 18 anos de idade. Por essas razões, não se pode acreditar que hoje menores de 16 ou 17 anos não possam compreender o caráter ilícito de um delito. Diante desse paradoxo, Fernando Capez 22 destaca: A redução da maioridade penal, contudo, é tema bastante polêmico, devido aos aspectos políticos, biológicos, sociais, filosóficos etc., que a matéria envolve. Daí a dificuldade prática, entre juristas e integrantes da sociedade como um todo, de se chegar a um consenso, a uma solução válida. Há, inclusive, diversas Propostas de Emendas Constitucionais tramitando no Senado, com o fito de alterar, nesse aspecto, o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Desta forma, a redução da maioridade penal é uma alternativa para os adolescentes em conflito com a lei, mas é também um afronto a Constituição Federal. Greco 23 claramente elucida que: Apesar da inserção no texto de nossa Constituição Federal referente à maioridade penal, tal fato não impede, caso haja vontade política para tanto, de ser levada a efeito tal redução, uma vez que o mencionado art. 228 não se encontra entre aqueles considerados irreformáveis, pois que não se amolda 21 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p CAPEZ, Fernando. Disponível em < Acessado em 23,maio GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 10. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008,p

11 ao rol das cláusulas pétreas elencadas nos incisos I a IV, do 4º do art. 60 da Carta Magna. Destarte, se realmente for comprovado que reduzir a idade penal diminui os índices de criminalidade juvenil, dever-se-ia falar em uma reforma Constitucional. A intenção é proporcionar uma visão geral sobre a redução da maioridade penal e se restar provada sua eficácia como medida solucionadora para adolescentes em conflito com o crime, será admissível a alteração da idade fixada como maioridade penal. 3.1 Diminuir a idade é a solução? Para saber se a redução da maioridade penal é medida necessária e correta, ou seja, a solução para os jovens em conflito com o crime e para a coletividade, mister se faz analisar o sistema prisional, afinal é para lá que será encaminhado o adolescente infrator depois que ocorrer à redução da maioridade penal no Brasil. Vejamos o que diz o doutrinador Nogueira 24 : A prisão segundo consenso comum e generalizado, não reeduca ninguém, mas pelo contrário, tem sido causa de rebeliões e revoltas, com profundos reflexos na reincidência, ainda que pareça um paradoxo, têm sido sugeridas medidas alternativas de punição, como meio mais eficaz de substituí-la. Por tanto, a pena privativa de liberdade não reeduca, não ressocializa, somente perverte e corrompe. Nesse sentido Oliveira 25 destaca em seu estudo: O sistema prisional não representa hoje apenas uma simples questão de grades e de muros, de celas e trancas, mas é visto como uma sociedade dentro de uma sociedade, onde foram radicalmente alterados numerosos comportamentos e atitudes da vida livre. 24 NOGUEIRA, Paulo Lúcio, Comentários à lei de execução penal: Lei nº 7.210,3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1996 p OLIVEIRA, Odete Maria de. Prisão: um paradoxo social. 2 edição revista ampliada. Editora da UFSC Florianópolis 1996, p

12 Sendo assim, incluir os adolescentes infratores em um sistema prisional falido não é solução. Essa medida tem sim apenas um caráter punitivo. Por outro lado, a discussão sobre a redução da maioridade penal, quer mostrar que não existe impunidade, sem resolver a essência do problema, assim em nada contribuiria para a prevenção e repressão da criminalidade visto que o sistema dos adultos nada resolve. CONSIDERAÇÕES FINAIS A redução da maioridade penal dos 18 para os 16 anos de idade é a solução mais cômoda para responsabilizar penalmente um jovem infrator. Assim, um adolescente que comete um crime é colocado em um sistema prisional e excluído por um tempo da sociedade, mostrando a todos que não está impune. Os defensores dessa mudança esquecem que no Brasil o sistema prisional está precário. As prisões mais parecem verdadeiros depósitos de pessoas, esquecidas e excluídas pela sociedade, abandonados pelos seus e pelo Estado. Diante disso, se hoje o adolescente for julgado, processado e responsabilizado pelo Código Penal, será o adulto delinquente de amanhã, agravando ainda mais a criminalidade, eis que vai retornar à sociedade sem estar apto à reinserção, aumentando assim a reincidência. Conclui-se com o presente artigo que a redução da maioridade penal não é a solução para coibir a violência praticada pelos jovens, apenas irá possibilitar o jovem delinquente também seja inserido num sistema que não recupera nada, e que também está a exigir mudanças. Os jovens, pessoas em desenvolvimento, devem sim ser responsabilizadas e reeducadas, mas por uma legislação especial, em decorrência do período de transformações em que se encontram. A solução ideal para a criminalidade e a violência é prestar mais atenção na condição de vida da população. É propiciar qualidade de vida, 336

13 moradia, educação, emprego, saúde. Desta forma, o jovem não irá ver o crime como a única opção para melhorar sua vida. REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS. ALVES, Henrique Eduardo. Estatuto da criança e do adolescente e legislação correlata: Lei n , de 13 de julho de 1990, e legislação correlata [recurso eletrônico]. 10. ed. p.09 Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, BRASIL, Constituição Federal. Disponível em: < Acessado em maio BRASIL, Código Penal. Disponível em: < Acessado em maio BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: < Acessado em maio CAPEZ, Fernando. Disponível em: < d=1807>. Acessado em maio CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, FALQUETO,Vicente. Trilhas Interditadas: medida socioeducativa uma prática humanizada. Belo Horizonte: UBEE Província Marista do Brasil Centro- Norte, ed. Leitura, GRECO, Rogério. Curso de direito penal. 10. ed. Rio de Janeiro: Impetus, GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico/organização. 11. ed. São Paulo: Rideel, NOGUEIRA, Paulo Lúcio, Comentários à lei de execução penal: Lei nº 7.210,3. ed. rev. e ampl-,são Paulo: Saraiva, OLIVEIRA, Odete Maria de. Prisão: um paradoxo social. 2 ed. revista ampliada. Editora da UFSC Florianópolis TRINDADE, Jorge, Delinquência Juvenil. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,

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