CORREÇÃO DO DESVIO CAUDAL DO EIXO PODOFALANGICO ATRAVÉS DO CORTE E FERRAÇÃO DE CASCOS

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1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro CORREÇÃO DO DESVIO CAUDAL DO EIXO PODOFALANGICO ATRAVÉS DO CORTE E FERRAÇÃO DE CASCOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Daniel Corte Real Gomes da Costa ORIENTADOR: Professor Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio CO-ORIENTADOR: Capitão Médico Veterinário Ricardo Matos Vila Real, 2014

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3 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro CORREÇÃO DO DESVIO CAUDAL DO EIXO PODOFALANGICO ATRAVÉS DO CORTE E FERRAÇÃO DE CASCOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Daniel Corte Real Gomes da Costa ORIENTADOR: Professor Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio CO-ORIENTADOR: Capitão Médico Veterinário Ricardo Matos COMPOSIÇÃO DO JÚRI: Professora Doutora Maria da conceição Medeiros de Castro Fontes Professor Doutor Mário Manuel Dinis Ginja Professor Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio Professor Doutor Filipe Costa Silva Vila Real, Janeiro de 2014

4 DECLARAÇÃO NOME: Daniel Corte Real Gomes da Costa C.C: TELEMÓVEL: (+351) CORREIO ELECTRÓNICO: DESIGNAÇÃO DO MESTRADO: MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA: CORREÇÃO DO DESVIO CAUDAL DO EIXO PODOFALANGICO ATRAVÉS DO CORTE E FERRAÇÃO DE CASCOS ORIENTADORES: PROFESSOR DOUTOR MÁRIO PEDRO GONÇALVES COTOVIO CAPITÃO MÉDICO VETERINÁRIO RICARDO MATOS ANO DE CONCLUSÃO: 2014 DECLARO QUE ESTA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO É RESULTADO DA MINHA PESQUISA E TRABALHO PESSOAL E DAS ORIENTAÇÕES DOS MEUS SUPERVISORES. O SEU CONTEÚDO É ORIGINAL E TODAS AS FONTES CONSULTADAS ESTÃO DEVIDAMENTE MENCIONADAS NO TEXTO, E NA BIBLIOGRAFIA FINAL. DECLARO AINDA QUE ESTE TRABALHO NÃO FOI APRESENTADO EM NENHUMA OUTRA INSTITUIÇÃO PARA OBTENÇÃO DE QUALQUER GRAU ACADÉMICO. VILA REAL, 13 DE JANEIRO DE 2014 DANIEL CORTE REAL GOMES DA COSTA

5 Try not to become a man of success but a man of value Albert Einstein

6 AGRADECIMENTOS Quero agradecer ao meu orientador Prof. Doutor Mário Pedro Gonçalves Cotovio, por todo o apoio na elaboração desta tese, por todos os conselhos pela dedicação e pelas incansáveis revisões e correções ao longo das diferentes etapas da sua realização. Gostaria de agradecer ao meu co-orientador Capitão Médico Veterinário Ricardo Matos, pela boa disposição, pela ajuda fundamental na realização deste estudo e pela disponibilidade para esclarecer as dúvidas que foram surgindo ao longo do caminho. Agradeço ao Centro Militar de Educação Física e Desporto (CMEFD) pela disponibilidade dos equipamentos e pelo bom ambiente de trabalho do Hospital de Equinos. Aos Médicos Veterinários do Hospital Veterinário Militar de Equinos, Major Ana Teresa Silva, Capitão Francisco Medeiros, Capitão Gonçalo Paixão por toda a transmissão de conhecimentos durante o estágio. Bem como ao Tenente Médico Veterinário David Couto, ao Sargento Mor Cristóvão, à 2º Sargento Sara Saraiva, à colega de estágio Maria João e a todo o pessoal da Ferração sem os quais seria impossível realizar esta tese. Um agradecimento especial ao capitão Médico Veterinário Francisco Medeiros, pelo apoio durante o estágio e por todo o conhecimento, acompanhamento e paciência demonstrados nas atividade desenvolvidas. Foi uma Honra estudar na Mui Nobre Universidade de Trás-os-Montes. Agradeço a todo o corpo docente do curso de Medicina Veterinária, por todos os conhecimentos transmitidos, pelo ambiente fantástico das aulas. Um sentido agradecimento aos camaradas do Curso de 2007, no Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, são uma malta espetacular e foi um privilégio passar os últimos 6 anos na presença de tão ilustres figuras. Em especial a minha segunda família, Ana Júlia Gavião, Catarina Gonçalves, Cláudia Morgado, Joana Sousa, Helder Valente, Ricardo Silva e Pedro Barbosa, a eles deixo um grande abraço e desejo o maior sucesso para o futuro. E como não poderia deixar de ser agradeço do fundo do coração à minha família, pelo apoio e amor incondicional. E à minha namorada e amigos que nunca deixaram de me apoiar. A todos estes que me deixam profundamente orgulhoso por fazer parte da sua vida, obrigado. i

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8 RESUMO O principal problema dos desequilíbrios do casco é não levarem obrigatoriamente à claudicação. Por isto têm uma elevada prevalência. Apesar de não ser uma condição grave, com o tempo pode levar a sérios problemas, principalmente a nível do osso navicular, articulação interfalângica distal (AIFD) e articulação interfalângica proximal (AIFP), provocando, em casos mais graves, elevados graus de claudicação e diminuição drástica da vida útil do cavalo. Diz-se que um casco tem um desvio caudal do eixo podofalangico (em inglês broken back) quando o ângulo dorsal do casco é mais baixo que o ângulo da quartela (HPA não está alinhado). Ocorre com frequência em cavalos com muita pinça e/ou talões baixos ou esmagados. Este desequilíbrio é tão frequente, que se pensa que até certo ponto pode ser normal. Para a realização deste estudo foram observados 15 cavalos do Centro militar de educação física e desporto (CMEFD) em Mafra, todos com sinais compatíveis com desvio caudal do eixo podofalangico, como, pinça longa, talões baixos ou esmagados, ângulo do casco mais baixo que o ângulo da quartela e com ângulos palmares inferiores a 2 graus. Os animais foram observados por exame estático, exame dinâmico e exame radiográfico com projeções lateromediais das extremidades dos membros torácicos. Foram executadas radiografias antes do aparo, depois do aparo e depois da ferração e para cada momento foi medido o COR, o HPA e o angulo palmar da P3. Foi usada uma ferradura corretiva, recuada, com rolling, com um ligeiro alargamento dos ramos para maior suporte em piso mole, batida por dentro para não contactar com a palma e biselada para evitar que os cavalos se desferrassem. Os cascos com desvio caudal do eixo podofalangico podem chegar a estados irrecuperáveis em poucos meses, mas com uma correção precoce esta situação pode ser evitada. E este estudo demonstrou que através do aparo corretivo e ferração, se pode corrigir ou gerir da melhor maneira o desvio caudal do eixo podofalangico e melhorar o equilíbrio do casco. Este tipo de práticas deve continuar durante o resto da vida do cavalo, e deve variar de acordo com as diferentes respostas do casco às forças internas e externas. O objetivo é o equilíbrio. iii

9 Palavras-chave: Broken back, cavalo, casco equilibrado, corte de casco, desvio caudal do eixo podofalangico, eixo quartela-casco, ferração corretiva, dor nos talões. iv

10 ABSTRACT The main problem of imbalanced hoofs is that these changes do not necessarily lead to lameness. According to studies of Kobluk et al (1989) and Curtis (1999) the imbalance should be corrected as soon as possible because it can lead to serious injuries mainly in the navicular bone, distal interphalangeal joint and proximal interphalangeal joint, and it may cause a high degree of lameness and reduce the horse condition leading to a poor performance. A horse has a broken back hoof-pastern axys when the hoof angle is lower than the pastern angle. In horses with long toe/ low heel this unbalance is so common that is considered normal. For this study were observed 15 horses from Centro militar de educação física e desporto (CMEFD) in Mafra, all with signs compatible with a broken back, as long toe, low or crushed heels, hoof angle lower than the pastern angle and palmar angles with less than 2 degrees. The horses were evaluated through weight bearing examination, examination in motion and radiographic examination with lateral-medial projections of both distal forelimbs. Radiographs were performed before trimming, after trimming and after shoeing, and for each moment we measured the distance between COR and the current hoof center, HPA and P3 the palmar angle. The horses were shod with corrective horseshoes with "rolling" with a slight enlargement of the shoe branches for greater support in soft ground, beat from the inside to avoid shoe contact with the palm and beveled to prevent shoe loss. In few months broken back hooves can reach irreparable states, but it can be prevented with simple correction in early stages. This study has demonstrated that through the described trimming and farriery techniques the broken back hoof can be corrected or managed, balancing the hoof and reducing the aggression to the foot structures and tissues. This practice must continue through the horse life, adapting to the hoof response to internal and external forces. Balance is the goal. Keywords: Broken back, horse, heel pain, hoof-pastern axys, hoof balance, hoof trimming, corrective farriery. v

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12 ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS... i RESUMO... iii ABSTRACT... v ÍNDICE GERAL... vii ÍNDICE de Figuras... ix Índice DE GRÁFICOS e tabelas... x Lista de Siglas e Abreviaturas... xi Introdução ANATOMIA DA EXTREMIDADE DISTAL ESTRUTURAS DO CASCO Bomba do dígito CASCO EQUILIBRADO Breakover Ângulo palmar/plantar Eixo podofalangico (HPA) Centro de rotação (COR) Equilíbrio do casco BIOMECÂNICA DA LOCOMOÇÃO DO CAVALO Cavalo desferrado Cavalo ferrado FERRAÇÃO E CORTE DE CASCO Ferração terapêutica Efeitos do corte e ferração no plano dorsopalmar Elevação dos talões Elevação da pinça Desequilíbrios dorsopalmares DESVIO CAUDAL DO EIXO PODOFALANGICO Etiologia Patogenia (PLTB) Diagnóstico História pregressa vii

13 Exame físico Exame dinâmico Bloqueios anestésicos Radiografia Tratamento Aparo do casco Ferração corretiva Materiais e Métodos Objetivos Critérios de seleção Materiais Métodos RESULTADOS DISCUSSÃO Limitações do estudo CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sites viii

14 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Anatomia comparativa do Homem e do Equino Figura 3. Imagem ilustrativa das interdigitações das lâminas dérmicas e epidérmicas... 6 Figura 4. Ângulo palmar negativo (-5º) Figura 5. Ângulo quartela-casco broken back (138º)... 9 Figura 6. Centro de rotação do casco (COR). Coincide com o centro de rotação da AIFD Figura 7. Desgaste do casco Figura 8. Suporte dos talões Figura 9. Balança que representa a distribuição de peso no casco Figura10. Variações na relação entre o ângulo dorsal do casco e o ângulo da quartela Figura 11. Radiografia latero-medial de um desvio caudal do eixo podofalangico Figura 12. Casco com pinça longa e talões esmagados Figura 13. Técnica radiográfica na projeção latero-medial Figura 14. Ângulo palmar da P3 é extremamente negativo Figura 15. Ferradura compensada Figura 16. Casco com os talões esmagados (A). Palma achatada (B) Figura 17. Aparelho radiográfico GIERTH HF 100 plus Figura 18. Instrumento de medição (à esquerda). Blocos de madeira (à direita) Figura 19. Radiografias lateromediais Figura 20. Vista lateral de um casco após o corte Figura 22. Comparação do MAE, do cavalo da fig.22, antes e depois da correção Figura 23. Radiografia do cavalo do casco das figuras 19 e 20, após a ferração, nota-se o alinhamento das falanges e o ângulo da P3 com o solo ix

15 ÍNDICE DE GRÁFICOS E TABELAS TABELAS Tabela 1. Exemplo de anamnese num caso de claudicação Tabela 2. Tabela representativa da percentagem de indivíduos do grupo de estudo divididos por raça e género GRÁFICOS Gráfico 1. Variações no HPA dos MAE ao longo do tratamento Gráfico 2. Variações no HPA dos MAD ao longo do tratamento Gráfico 3. Variações na distância do ponto médio do casco ao COR dos MAE ao longo do tratamento Gráfico 4. Variações na distância do ponto médio do casco ao COR dos MAD ao longo do tratamento Gráfico 5. Variações no AP dos MAE ao longo do tratamento Gráfico 6. Variações no AP dos MAD ao longo do tratamento Gráfico 7. Evolução do HPA ao longo de 3 ciclos de ferração consecutivos Gráfico 8. Evolução do COR ao longo de 3 ciclos de ferração consecutivos Gráfico 9. Variações no ângulo palmar em 3 ferrações consecutivas x

16 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AAEP Associação Americana dos Veterinários de Equinos AIFD Articulação interfalângica distal AIFP Articulação interfalângica proximal AP Ângulo palmar cm Centímetro CMEFD Centro Militar de Educação Física e Desporto COR center of rotation ; centro de rotação DP- Dorso-Palmar/Plantar HPA- hoof-pastern axys ; eixo quartela-casco Kv Quilovolt LSB Ligamento suspensor do boleto ma - Miliampere MAD Membro anterior direito MAE Membro anterior esquerdo mas Miliampere por segundo mm Milímetro xi

17 P1 Primeira falange P2 Segunda falange P3 Terceira falange PLTB Pinça longa/talões baixos PSI Puro-sangue inglês s - segundo SD sesamóide distal TFDP Tendão flexor digital profundo TFDS Tendão flexor digital superficial xii

18 INTRODUÇÃO Os primeiros vestígios fósseis de cavalos domésticos foram encontrados na Ucrânia e reportam-se à idade do cobre (cerca de 4000 a 3000 a.c.) (Werner, 2012). Nesta época os cavalos selvagens percorriam grandes distâncias duma forma lenta e gradual exceto quando perseguidos por predadores. Após a domesticação, passaram a ser usados, principalmente, para o trabalho. Estas alterações no modo de vida, provocaram um grande desgaste e fragilidade nos cascos, conduzindo à necessidade de proteção adicional, para prolongar a vida útil dos cavalos (Choen, 1996). As primeiras tentativas de proteção vieram da Ásia, onde os cascos eram enrolados em peles de animais com algodão ou outros materiais com vista à sua proteção. Mas foi entre o 1º e o 2º século d.c., que o império romano desenvolveu a hipossandália, a primeira proteção em metal para o casco. A hipossandália tem a forma de uma sandália semelhante às usadas pelo exército romano, e consiste numa bota em cabedal, revestida por uma placa metálica que envolve toda a extremidade distal, não tem cravos e é fácil de colocar e retirar, com tiras de cabedal que se adaptam ao casco. Pensa-se que no início era usada apenas como adereço para cerimónias. A partir desta sandália pioneira houve alterações no modelo, tal como muitas outras invenções foi impulsionada pelas guerras e pela tentativa de criar uma vantagem importante face ao inimigo. Foram surgindo modelos com menos material (o ferro era um bem precioso), torná-la mais leve, e melhorar a função de proteção. Com o tempo começaram a surgir ferraduras cravejadas no casco semelhantes às atuais produzidas manualmente pelos ferreiros, e após a industrialização começou a ser produzida em massa e continuou a evoluir diversificando os modelos até aos dias de hoje (Choen, 1996). Uma outra grande diferença na vida do cavalo selvagem e do cavalo doméstico foi a estabulação. Esta alteração teve um grande impacto no cavalo, sendo hoje uma das principais responsáveis pelos problemas mais comuns. Relativamente ao casco, este confinamento pode levar a uma estimulação insuficiente, e provocar desequilíbrios que afetam o desempenho do cavalo. Estes desequilíbrios podem incluir redução gradual da região dos talões, contratura dos talões, diminuição do tamanho da almofada digital, enfraquecimento da sola, estreitamento das barras, perda de elasticidade da ranilha, diminuição da perfusão sanguínea 1

19 podal pela falta de movimento. O casco sofre com outros hábitos, como por exemplo os banhos frequentes, que podem afetar a qualidade do casco devido a ciclos anormais húmido/seco, podem originar taipas quebradiças, separação da linha branca e gasto excessivo da sola (Peters, 2010). Atualmente o cavalo tem um papel menos relevante para a sociedade, é fundamentalmente usado para fins lúdicos e desportivos. As lesões na porção distal dos membros são muito frequentes, ocorrem principalmente em cavalos de desporto devido ao stresse intensivo das estruturas anatómicas envolvidas. A ferradura deixou de ser apenas uma proteção, agora é vista como um prolongamento do casco, tem uma grande influência na saúde do aparelho locomotor. Os conhecimentos de biomecânica da locomoção evoluíram bastante, o que permite hoje em dia, alterar as forças que atuam no casco através da ferração. Surge assim a ferração corretiva ou terapêutica (Denoix, 2007). A performance ótima de um cavalo de desporto pode depender da atenção que se dá ao corte e ferração dos cascos. Em ferração, a avaliação tem que ser feita caso a caso. O sucesso é conseguido através do trabalho conjunto do veterinário, do ferrador e do cavaleiro, para criar um tipo de ferração que permita explorar o potencial máximo do cavalo, durante o máximo tempo possível (Peters, 2010). O médico veterinário, como principal responsável pela saúde do cavalo, deve ter boas bases de ferração, para facilitar a comunicação com o ferrador, e melhorar a qualidade do tratamento dos cascos (O Grady, 2009). 2

20 1. ANATOMIA DA EXTREMIDADE DISTAL Segundo O Grady (2008), é importante conhecer bem as estruturas afetadas pelas estratégias de ferração. Durante a evolução da espécie, os equinos sofreram uma adaptação dos membros, para se conseguirem deslocar a altas velocidades e escapar aos predadores. Estas alterações incluíram a simplificação da região distal do membro a um único dedo (Denoix, 1994). Ao conjunto de estruturas localizado abaixo da articulação metacarpo/metatarso-falângica dáse o nome de dígito (Parks, 2003).O dígito equino é equivalente ao terceiro dedo humano (fig.1), constituído por três ossos, a primeira falange ou falange proximal (P1), segunda falange ou falange intermédia (P2) e a terceira falange ou falange distal (P3) (Butler, 1985). Figura 1. Anatomia comparativa do Homem e do Equino. A preto pode ver-se as áreas correspondentes às mãos e aos pés (adaptado de Floyd & Mansmann, 2007) No dígito ideal a superfície dorsal do casco e a superfície dorsal da quartela (P1) devem ser paralelas, refletindo o correto alinhamento das falanges (Baxter, 2011). 3

21 A extremidade distal dos equinos é constituída pela P3, a porção distal da P2 e o osso navicular ou sesamoide distal (SD). Estas estruturas encontram-se protegidas no interior da cápsula do casco (O Grady, 2008). Na extremidade distal do membro inserem-se dois tendões flexores, o tendão flexor digital profundo (TFDP), que se insere na face palmar da P3 e o tendão flexor digital superficial (TFDS). Este último, emite dois ramos ao nível da extremidade distal da P1 que divergem até ao local de inserção na extremidade distal e proximal da P2. A extensão é feita por dois extensores, o tendão extensor digital comum que se insere no processo extensor da P3 e o tendão extensor digital lateral que se insere numa tuberosidade na extremidade distal do terceiro osso metacarpiano (Parks, 2003). A extremidade distal possui duas articulações, importantes na extensão e flexão: A articulação interfalangica proximal (AIFP), ou articulação da quartela é a articulação entre a P1 e a P2. Pode identificar-se através da palpação da porção distal da quartela onde se pode sentir a protuberância da porção distal da P1 (Floyd & Mansmann, 2001) A articulação interfalangica distal (AIFD) é formada pela P2, P3 e o osso navicular com o tendão flexor digital profundo (TFDP) a oferecer apoio à articulação. É nesta articulação que se localiza o centro de rotação (COR) em torno do qual toda a porção distal do membro roda. O osso navicular aumenta a superfície articular da articulação e mantém um ângulo constante na inserção do TFDP na P3. A posição do navicular faz com que esta região esteja mais susceptível a alterações nas forças biomecânicas (Fig. 2) (Parks,2003). 4

22 Figura 2. Corte sagital do dígito (adaptado de Denoix, 2000). 1: Osso terceiro metacarpiano 2: Primeira falange (P1) 3: Segunda falange (P2) 4: Terceira falange (P3) 5: Osso navicular 6: Articulação Metacarpofalageana 7: Articulação Interfalangica proximal 8: Articulação Interfalangica distal 9: Tendão flexor digital superficial 10: Tendão flexor digital profundo 11: Tendão extensor digital dorsal 12: Ligamento sesamóide reto 2. ESTRUTURAS DO CASCO O casco pode dividir-se em estruturas externas, que suportam o peso: a taipa ou muralha, as barras, a sola e parte da ranilha; e em estruturas internas, que são a almofada digital, as cartilagens digitais, o TFDP e as lâminas do casco. As estruturas moles oferecem mecanismos que dissipam a energia resultante do impacto com o solo e amortecem o choque quando o membro suporta peso (O Grady, 2011) A extremidade distal do membro é protegida pelo casco, formado por queratinização, contínua com a epiderme comum da pele na coroa. As lâminas epidérmicas da parede do casco estão fortemente interligadas com as lâminas dérmicas do córion (Fig.3), criando assim uma ligação forte entre a falange distal e o casco. (O Grady, 2011). 5

23 Figura 3. Imagem ilustrativa das interdigitações das lâminas dérmicas e epidérmicas (adaptado de Floyd & Mansmann, 2007). A muralha do casco é constituída por um tecido viscoelástico e corresponde à epiderme da extremidade distal do membro (O Grady, 2003). Esta camada cresce uniformemente, cerca de 6mm por mês, a partir da coroa do casco e é mais recente nos talões (onde é mais curta), por isso é mais rígida na pinça e torna-se progressivamente mais elástica em direção aos talões, permitindo assim a flexibilidade e expansão do casco (O Grady 2011; O Grady, 2003). Nos talões a muralha flete num ângulo agudo (ângulo da sola) e estende-se dorsalmente, formando as barras. A muralha, as barras e a sua íntima ligação com a sola, formam a base dos talões (O Grady, 2011; O Grady, 2003) A base dos talões tem dois propósitos, suporte do peso na região dos talões e confere estabilidade e flexibilidade ao casco para expandir (O Grady, 2003). As estruturas moles do casco localizam-se na face palmar/plantar do casco (O Grady, 2003). Nesta face encontramos: A sola, que deve ser côncava, sendo esta concavidade maior nos membros posteriores para favorecer a propulsão. Esta concavidade segue a concavidade da superfície solar da P3, o que pode servir de prova em como a sola, excepto a porção adjacente à muralha, não tem função de suporte de peso (Redden, 2003), mas suporta o peso interno, transmitido pela superfície solar da P3 (O Grady, 2011). 6

24 A ranilha deve ser firme e bem desenvolvida (O Grady, 2003). Consiste numa massa em forma de cunha de tecido com epitélio estratificado queratinizado, mais mole que outras zonas do casco, por maior acumulação de água (O Grady, 2011). Esta parece auxiliar na expansão dos talões, fornece tração ao movimento e amortece as forças de impacto no solo através do seu tecido mole e elástico (Redden, 2003). No entanto, pensa-se agora que o principal responsável pelo movimento dos talões é o movimento da muralha em geral. Isto deve-se à sua forma cónica que quando sofre pressão do peso do cavalo abre; ao que parece a expansão não se dá devido ao aumento de pressão interna na cápsula do casco, pois esta pressão diminui quando os quartos abrem (Thomason, 2011). Como estruturas mais internas encontram-se: A almofada digital, com a forma da ranilha, que se localiza diretamente acima desta. A almofada digital estende-se desde a pinça e passa ventralmente ao TFDP ao longo da superfície solar da terceira falange (O Grady, 2003). As cartilagens digitais, que possuem uma forma romboide irregular, e encontram-se ligadas à terceira falange (P3). Estas cartilagens expandem com o casco e crê-se que a pressão exercida nas barras durante o suporte de peso tem influência na expansão das cartilagens, que por sua vez contribuem para a bomba do dígito (O Grady, 2003) Bomba do dígito A bomba do dígito deve-se a movimentos que ocorrem entre a cápsula do casco e a P3 quando o cavalo se move. Estes movimentos afetam diretamente a corrente sanguínea na zona, através de diferenças de pressão. As grandes diferenças de pressão que ocorrem principalmente em andamentos mais rápidos estão claramente implicadas no bombeamento de sangue em torno do dígito. As diferentes interações entre a cápsula do casco, a P3, as cartilagens do casco, a almofada digital e a derme, contribuem para o retorno venoso a cada passo. A eficácia desta bomba vai depender diretamente de como o cavalo pousa o membro no solo, bem como da proporção dos diferentes tecidos e a sua posição relativa dentro da cápsula do casco. É bastante provável que alterações no trabalho, ferração e ambiente, levem a alterações no fluxo sanguíneo do casco (Davies, Philip & Merrit, 2007). 7

25 3. CASCO EQUILIBRADO Para obter um casco equilibrado é necessário conhecer as medidas do casco, e o que é considerado normal ou pode ser melhorado através das diferentes técnicas de ferração Breakover O breakover (saída do solo) é o ponto do casco ou da ferradura, distal ao centro de rotação, em torno do qual os talões rodam durante a elevação do solo na passada. O breakover permite avaliar o equilíbrio dorso-palmar/plantar do casco (Curtis, 2002) Ângulo palmar/plantar O ângulo palmar/plantar é o ângulo que a P3 faz com o solo. Este ângulo varia entre 2 a 10 graus num cavalo saudável. O ângulo palmar depende da quantidade de massa na face palmar da P3 e do eixo P1-P3. Um ângulo palmar positivo, normalmente assegura um sistema de amortecimento saudável. O ângulo palmar é regulado pela contração do TFDP e restante sistema podo-troclear. Não manter o ângulo palmar dentro de um intervalo saudável pode levar a desequilíbrios (fig.4) (Heel, 2004). Figura 4. Ângulo palmar negativo (-5º). 8

26 3.3. Eixo podofalangico (HPA) O eixo podofalangico é medido traçando uma linha que passa na face dorsal da P1 (eixo da quartela) e uma linha paralela à face dorsal da P3 (eixo da P3) e medindo o ângulo formado entre os eixos (Fig.5). O valor ideal do HPA é de 180º que indica um correto alinhamento entre as falanges. Para efetuar esta medida o metacarpo/metatarso deve estar perpendicular ao solo. Se o animal não estiver corretamente posicionado para radiografia, pode distorcer os resultados. A posição do cavalo nos blocos durante o raio-x pode indicar-nos sinais de dor, posicionando a P1 mais vertical ou horizontal (Ovnicek, 2003). Figura 5. Ângulo do eixo podofalangico com desvio caudal (138º) Centro de rotação (COR) O centro de rotação, também conhecido como centro da articulação, localiza-se no ponto de movimento zero durante a rotação dos côndilos da P2 (fig.6). Segundo a literatura, traçando uma linha do COR ao solo, esta deve separar as estruturas de suporte de peso do casco, em duas partes iguais (O Grady & Poupard, 2003). 9

27 Figura 6. Centro de rotação do casco (COR). Coincide com o centro de rotação da AIFD Equilíbrio do casco A palavra equilíbrio era raramente usada pelos primeiros ferradores, pois é um termo que provoca grande controvérsia e por isso deve ser considerado um conceito, que não tem uma definição universal (O Grady & Poupard, 2003). Atualmente existem duas categorias principais, o equilíbrio morfológico e o equilíbrio dinâmico. É lógico assumir que um influencia o outro (Moyer & Carter, 2007). O exame visual do casco é feito para avaliar as proporções do casco e a superfície total que suporta o peso. O ideal de equilíbrio mais falado é aquele em que a ranilha divide o casco e a parte lateral é igual à medial, e quando se observa uma superfície de suporte estável da pinça aos talões. A simetria absoluta é inexistente na natureza, os cavalos não são simétricos, nem os seus cascos devem ser. A proporção relativa da superfície de suporte de peso no casco, é determinada pela posição dos tecidos responsáveis pelo crescimento do casco e a sua direção/forma, bem como das forças internas e externas que influenciam esse crescimento (podem levar a distorções) (Moyer & Carter, 2007). É necessária cautela ao considerar um membro desequilibrado sem ter em conta as forças normais e anormais que influenciam uma determinada forma de casco. Podemos ter um cavalo com superfícies de suporte de peso assimétricas e conformações muito aquém do ideal, 10

28 mas esse casco pode estar adaptado da maneira mais eficiente a uma deformação no membro, permitindo que o cavalo se sinta confortável com aquele casco (Moyer & Carter, 2007). O equilíbrio latero-medial é outro aspeto muito importante no equilíbrio geral do casco e é normalmente avaliado em termos do comprimento da pinça, ângulo do casco, altura dos talões e ângulo dos talões. A conformação pinça longa/talões baixos contribui significativamente para problemas nos cascos e nos membros. Resumindo, no equilíbrio devemos ter em conta pelo menos: o comprimento da pinça, o ângulo do casco, o equilíbrio mediolateral do casco, o contorno da muralha e a superfície do solo, e simetria ou assimetria entre membros (i.e. direito e esquerdo (Moyer & Carter, 2007). 4. BIOMECÂNICA DA LOCOMOÇÃO DO CAVALO 4.1. Cavalo desferrado Para melhor entender como ferrar corretamente um cavalo devemos analisar as forças envolvidas na sua locomoção. Fases do andamento O andamento é separado em duas fases, a fase de apoio e a fase de suspensão, estas são separadas por dois eventos de transição, o impacto e o breakover. O impacto começa quando o membro contacta com o solo, e termina pouco depois, quando a energia do choque com o solo se dissipa. O breakover começa no fim da fase de apoio, quando os talões começam a deixar o solo e continua até a pinça deixar o solo (Merrit & Davies, 2007). Fase de apoio A fase de apoio começa quando o cavalo pousa o membro no chão (após o impacto), neste momento, o membro sofre uma força de impacto no solo chamada força de reação do solo (GRF), cuja magnitude varia com o peso e velocidade do movimento (Nigg & Herzog, 1994). O seu principal efeito é a extensão da articulação IFD, para facilitar optou-se por estudar esta 11

29 força como se fosse aplicada apenas num ponto do casco, o ponto de força (PF) (Wilson, et al, 1998). Este ponto tem uma localização horizontal ao centro de rotação da articulação IFD, isto cria uma alavanca. A GRF e esta alavanca criam uma força de rotação responsável pela extensão da articulação IFD. O momento de extensão é equilibrado por um momento de flexão criado pelo TFDP (Eliashar, 2007). Outro momento é criado pelo TFDP; este começa a contrair mais em torno do osso navicular, durante a fase de apoio do andamento, o tendão comprime o osso navicular com uma força proporcional não só à força do tendão mas também ao ângulo de desvio em torno do osso. Continuando o andamento, o PF move-se dorsalmente em direção à pinça, pois a pressão nos talões vai diminuindo gradualmente. Quando o PF atinge a pinça não consegue progredir mais, a GRF deixa de se exercer, o que resulta no fim da extensão, pois as forças flexoras excedem as extensoras e a articulação flete, ou seja, os talões deixam de contactar com o solo (fim da fase de apoio), de seguida inicia-se o momento de breakover (Eliashar, 2007). Fase de suspensão Esta fase inicia-se após o breakover, quando a pinça deixa o solo. Durante esta fase a pinça segue um movimento curvo pelo ar e a suspensão termina quando alguma parte do casco contacta com o solo dando-se assim o momento de impacto no solo. (Merrit & Davies, 2007). Num estudo com apenas dois cavalos, verificou-se que um angulo de casco mais pequeno aumenta a frequência com que o membro aterra com a pinça e aumenta o tempo de breakover, mas não aumenta o comprimento da passada. Sabe-se que uma pinça longa prolonga o tempo de breakover, a passo e trote e aumenta a altura máxima da pinça e a flexão do boleto durante o trote. Sabe-se ainda que um aumento na massa do casco, provoca uma aumento da altura da pinça a trote, bem como um aumento da flexão do boleto. Mas é importante referir que nenhum mecanismo foi sugerido para explicar estas observações na fase de suspensão do andamento (Merrit & Davies, 2007). Com andamentos mais rápidos o cavalo aumenta o desgaste do casco, as forças de desgaste por fricção aumentam à medida que o cavalo vai apoiando mais segmentos do casco, isto porque a força do peso do corpo sobre o casco aumenta desde o impacto no solo até ao apoio total do casco (fig. 7) e diminui de seguida até à elevação do membro do solo (Rooney, 2001) 12

30 Figura 7. Desgaste do casco (1) e força vertical ao longo do apoio (2) (adaptado de Floyd & Mansmann, 2007) 4.2. Cavalo ferrado A ferração altera o andamento em alguns aspectos importantes e diminui o mecanismo de amortecimento do casco, resultando num aumento das forças de impacto. Este aumento de impacto parece não se estender à parte superior do membro, pois é bastante atenuado na interface entre a muralha e a terceira falange (Eliashar, 2007). Ao nível da articulação metacarpofalangeana (boleto) as diferenças entre um cavalo ferrado e desferrado são mínimas. A ferração também eleva o casco, resultando numa diminuição da sua capacidade de expansão. Mesmo assim os talões expandem, apesar de a ranilha não contactar com o solo. A ferradura aumenta a pressão ao nível da pinça e dos quartos. Apesar das alterações descritas, a importância clínica e efeitos a longo prazo para a saúde do casco ainda não foram completamente esclarecidos (Eliashar, 2007) 5. FERRAÇÃO E CORTE DE CASCO O casco de um cavalo saudável cresce continuamente, e a não ser que o cavalo não tenha ferradura e o ambiente permita o desgaste do casco, este estará a evoluir para a distorção do estojo córneo até à ferração seguinte em que se restabelece o equilíbrio e o processo recomeça (Bach, et al, 1995). 13

31 Após a ferração a ferradura passa a ser a base mecânica do casco, e a sua aplicação pode aumentar o equilíbrio ou suprimi-lo. A maioria dos cavalos faz ciclos de ferração de cerca de seis semanas. Em média o casco terá crescido cerca de 15mm; perdido 2 graus no angulo palmar da P3 e consequentemente 5 graus no eixo P1-P3 (HPA). A perda de 2 graus é perfeitamente aceitável num casco saudável com uma boa profundidade de sola. Mas em cascos com talões fracos tem que se cortar mais pinça e a ferração pode ter que ser mais cedo, para evitar sobrecarregar a região dos talões (Moleman, et al, 2006). A avaliação do corte de casco e ferração deve fazer parte de todo o exame de claudicação realizado por um médico veterinário. Um bom conhecimento de podologia permite ao médico veterinário implementar um programa preventivo de saúde podal (Merriam,2003). A ferração tem um efeito direto sobre uma variedade de parâmetros associados ao casco e restante membro (Fig.8). O corte e ferração afetam a função normal do membro, o breakover, a forma como o membro apoia no solo, a duração da fase de apoio na passada e podem levar a lesões relacionadas com contacto com o solo e suporte de peso (Merriam,2003). Figura 8. Suporte dos talões. A. Está na situação ideal, onde os talões estão íntegros e paralelos à pinça, a ferradura ultrapassa ligeiramente os talões, dando maior suporte e a linha que divide a canela toca na ponta dos talões, o membro está em equilíbrio DP. B. A ferradura é curta demais, os talões sofrem uma grande pressão, o que pode levar a desequilíbrios DP que se vão agravar com o tempo. C. O casco de B com uma ferradura com ramos mais longos que conferem o suporte adequado. D. Ferradura curta, o membro está em desequilíbrio DP, apesar dos talões e a pinça estarem paralelos, resulta num casco que se encontra à frente do restante membro e esta ferradura não fornece qualquer suporte. E. uma ferradura mais comprida em D fornece o suporte adequado ao casco. (adaptado de Stashak, 2002). 14

32 Um conhecimento profundo de ferração fornece uma compreensão que permite modificar e melhorar as conformações anormais dos membros, tais como pinça longa e talões subdesenvolvidos, broken back (desvio caudal do eixo podofalangico) ou club foot (topino). Contribui ainda para uma melhoria da função da porção distal do membro, para um conhecimento de ferração terapêutica que permite tratar algumas lesões, possibilitando ainda a avaliação crítica de qualquer cavalo ferrado. Finalmente proporciona uma base de comunicação com os ferradores e, mais importante, permite que o médico veterinário tenha expectativas razoáveis do que um ferrador pode ou não fazer (Merriam,2003) Ferração terapêutica Segundo Werner (2010), a ferração terapêutica consiste no tratamento de doenças ou distúrbios dos membros dos equinos, através da aplicação de métodos de correção médica e/ou de aplicação no digito. A ferração terapêutica abrange uma grande variedade de tratamentos, que vão desde a simples remoção de uma ferradura desadequada ao uso de sofisticados equipamentos de diagnóstico de imagem e o fabrico de ferraduras específicas para um determinado cavalo. É um elemento importante para a saúde dos cavalos de todas as idades e áreas de trabalho sendo essencial na prática de medicina de equinos, desde a medicina geral até às áreas mais específicas (Werner, 2010) Efeitos do corte e ferração no plano dorsopalmar As manipulações feitas através do corte e ferração provocam alterações no comportamento biomecânico dos ligamentos e tendões. É importante perceber as consequências destas manipulações, principalmente no plano dorsopalmar (Denoix, 2007). 15

33 Elevação dos talões A Elevação dos talões leva à flexão da articulação IFD e relaxamento do TFDP e do ligamento acessório do TFDP. Devido a este relaxamento, a articulação metacarpofalangeana fica em hiperextensão, levando a uma maior tensão no terceiro músculo interósseo, ligamento suspensor e no TFDS. Esta elevação leva ainda, a um relaxamento dos ligamentos sesamoides do aparelho podotroclear (ligamentos sesamoides colaterais e ligamento impar). A flexão da AIFD provoca o relaxamento do tendão FDP, a elevação diminui a pressão no osso navicular (Denoix, 2007) Elevação da pinça A elevação da pinça por sua vez, provoca a extensão da articulação IFD, aumentando a tensão no TFDP e no ligamento acessório do TFDP. Devido ao aumento da tensão o TFDP e o ligamento acessório fornecem mais suporte ao boleto, diminuindo a participação do terceiro músculo interósseo e TFDS. Esta elevação provoca um aumento de tensão nos ligamentos sesamoides do aparelho podotroclear. Com a extensão da articulação IFD o TFDP fica em tensão, o que leva a um aumento da pressão no osso navicular. (Denoix, 2007) Desequilíbrios dorsopalmares Pensava-se que o ângulo da quartela era semelhante ao ângulo do ombro. Mas um estudo recente em cavalos puro-sangue inglês (PSI) demonstrou que, o ângulo das quartelas dos membros anteriores tem pouca correlação com o ângulo da espinha da escápula. O estudo demonstrou variabilidades, provocadas pela ferração e perda de talões, e verificou uma boa correlação entre o ângulo do casco e o ângulo da quartela (Dysen & Ross, 2011). O eixo quartela-casco deve ser uma linha reta. O ângulo da quartela não deve ser nem muito baixo, nem muito alto, pois determina a distribuição do peso no casco. Sendo assim, ângulos baixos indicam uma distribuição mais palmar/plantar do peso, e ângulos mais altos indicam uma distribuição mais dorsal (Dysen & Ross, 2011). 16

34 Durante o suporte de peso, estando ferrado ou não, os talões abrem, quer contra a ferradura, quer contra o solo, levando a um maior desgaste dos talões em comparaçãoo com a pinça. Uma diminuição marcada do ângulo dos talões em comparação com o ângulo da pinça leva a talões baixos ou esmagados. Originam-se desequilíbrios na distribuição do peso no casco (Fig. 9), sobrecarregando a zona mais fragilizada, neste caso os talões. O casco ideal tem uma boa muralha, com a base dos talões íntegra e forte, um ângulo da sola bem definido e barras direitas (O Grady, 2003). Figura 9. Balança que representa a a distribuição de peso no casco. P é a pinça. T são os talões. As letras s e l representam a distância de T e P, respetivamente, ao centro o casco. Pc é o peso que o cavalo faz sobre o casco (adaptado de Floyd & Mansmann, 2007).Quanto maior o l (comprimento da pinça) menos força é exercida em P, logo T fica mais sobrecarregado, isto é o que ocorre no desvio caudal do eixo podofalangico. No caso do casco topino o l é menor e/ou o s é maior logo há uma maior força de Pc sobre P. Quando há equilíbrio entre s e l, a força Pc é bem distribuída pelo casco (Rooney, 2007). O comprimento da quartela também é importante, porque está frequentemente relacionado com o ângulo da quartela. Os cavalos com quartelas mais longas têm tendência a ter ângulos mais baixos. Num cavalo bem conformado uma linha traçada dos cabos ao solo deve tocar cerca de 5 cm atrás dos talões. Em cavalos com quartelas longas e fracas, esta linha toca no solo a mais de 5 cm dos talões, no caso oposto, em quartelas mais curtas, a linha atravessa o casco. Há variações entre as medidas da quartela, é importante, de uma forma geral, que esta seja proporcional ao restante membro (O Grady, 2003). 17

35 6. DESVIO CAUDAL DO EIXO PODOFALANGICO Diz-se que um casco tem um desvio caudal do eixo podofalangico quando o ângulo dorsal do casco é mais baixo que o ângulo da quartela (fig. 10). Em cavalos com muita pinça e/ou talões baixos ou esmagados, esta conformação é tão frequente, que se pensa que até certo ponto pode ser normal. (O Grady, 2011). Figura10. Variações na relação entre o ângulo dorsal do casco e o ângulo da quartela (adaptado de Enlightenedequine.com) 18

36 O desvio caudal do eixo podofalangico tem uma elevada prevalência. Num estudo de claudicações esta conformação de casco foi encontrada em 77% dos cavalos (Curtis, 1999) e noutro em desempenho de cavalos, foi encontrada em 52% (Kobluk et al, 1989). Um excesso de pinça pode levar a um atraso no breakover. Esta alteração pode contribuir para a extensão da AIFD, o que concentra o peso na região mais palmar/plantar do casco, aumentando a distensão do TFDP. Estas alterações podem levar a sobrecarga no aparelho navicular, e nos tecidos associados ao osso navicular (O Grady, 2003). Num estudo de cavalos com síndrome navicular, 71% apresentavam desvio caudal do eixo podofalangico (Baxter, 2011). A correção de um cavalo com desvio caudal do eixo podofalangico deve ser feita o mais cedo possível, pois o prognóstico desta condição vai agravando devido ao aparecimento de alterações secundárias, como a alteração da forma da sola, que fica achatada (Dysen & Ross, 2011). Se como resultado desta conformação o cavalo sentir dor, começa a pousar primeiro a pinça no solo, para se defender, o que pode levar a lesões subsolares. Este processo inicia-se com dor nos talões que mais tarde pode levar a sinovite na AIFD, fissuras nos quartos ou nos talões. Também há provas de que um ângulo de casco baixo leva a problemas circulatórios na zona dos talões, pois não expandem normalmente (Colles, 1983). É importante saber a diferença entre talões baixos e talões esmagados. No caso dos talões baixos, o ângulo dos talões é claramente mais baixo que o ângulo da pinça, mas a estrutura dos talões está intacta e relativamente boa, quer ao nível dos talões, barras e ângulo da sola (O Grady, 2011) No caso dos talões esmagados (fig. 11), o ângulo dos talões é 5º menor que o ângulo da pinça (Turner, 1992), e a estrutura está comprometida a tal ponto que a muralha dos talões está fina e quebradiça, enrolada para baixo do casco, não tem ângulo da sola e as barras estão destruídas. Quando os cavalos começam a ficar com os talões esmagados estas alterações conseguem observar-se facilmente. Com auxílio de radiografias, o ângulo da P3 com o solo é próximo de 0º ou até mesmo negativo. Este ângulo significa que as estruturas moles do casco diminuíram, provavelmente por lesão contínua, ou estão em prolapso palmar (Baxter, 2011; O Grady,2003). 19

37 Figura 11. Radiografia latero-medial de um casco com desvio caudal do eixo podofalangico. Consegue observar-se as falanges desalinhadas, sinais de lesão antiga na articulação interfalângica proximal, talões esmagados, ângulo palmar negativo (original do autor) Segundo Stashak (2002), os talões podem ficar esmagados numa questão de meses e a sua correção é muito difícil se não impossível, os tratamentos envolvem ferraduras com ramos compridos para dar maior apoio aos talões, mas isto facilita que o cavalo pise a ferradura e a remova, o que pode ainda implicar perda significativa da muralha na zona dos cravos (Stashak, 2002) Etiologia A causa deste tipo de alterações é multifatorial (O Grady,2003). Alguns estudos demonstram que a conformação dos cascos é hereditária e está relacionada com o desempenho desportivo e a duração da vida competitiva (Ducro, Bovenhuis & Back, 2009). Pensa-se que os fatores ambientais podem ter influência. Segundo um estudo feito na Austrália, acerca dos efeitos do piso e do meio na conformação do casco, os ambientes com um solo mais duro, permitem um melhor equilíbrio crescimento/desgaste, mas a distância que têm que percorrer diariamente também é muito importante e pode levar a um desgaste exagerado, tendo a combinação destes dois fatores levado às patologias podais mais graves. Por outro lado no piso mole, os cascos crescem demais e começam a abrir e a rachar (Ducro, Bovenhuis & Back, 2009). 20

38 Sabe-se que o confinamento e a vida sedentária de um cavalo, têm um grande impacto no fraco desgaste do casco. Cavalos sem cuidados frequentes de corte ou ferração adquirem, em mais de 70% dos casos uma pinça longa/talões baixos (PLTB), com os quartos afastados, que mais tarde podem rachar (Hampson & Pollitt, 2011). Isto também ocorre em casos em que os cavalos começam a ser ferrados muito cedo, principalmente quando o corte é mal efetuado e são colocadas ferraduras curtas, para o tamanho do casco (O Grady,2003), ou cavalos cujas ferraduras são deixadas durante longos períodos de tempo. A ferradura protege do desgaste excessivo mas quando deixada demasiado tempo o casco cresce e perde o equilíbrio (Stashak, 2002). Outro erro comum em ferração é não mover o angulo da sola continuamente em direção à base da ranilha (O Grady,2003) Patogenia (PLTB) O problema que melhor se identifica nos cavalos com desvio caudal do eixo podofalangico é na sua grande maioria, talões baixos e pinça longa. Para se perceber é importante analisar a patogenia desta condição (O grady, 2003). Os talões baixos podem surgir devido a pinças longas ou vice-versa. De um modo geral, os talões acompanham a direção de crescimento da pinça, logo à medida que a pinça cresce, o ângulo do casco diminui e consequentemente o ângulo dos talões também. Isto leva a que os talões cresçam cada vez mais paralelos ao solo, perdendo assim, o suporte e ficando progressivamente mais baixos. Com este desequilibrio a quartela desloca-se dorsalmente, o que aumenta o ângulo da quartela e desalinha as falanges. Com a diminuição do ângulo do casco e o aumento do ângulo da quartela desenvolve-se um desvio caudal do eixo podofalangico (O grady, 2003). Se o desvio caudal do eixo podofalangico se mantiver, os talões vão ficando mais baixos, os túbulos córneos vão ficando mais inclinados até ficarem paralelos ao solo (Fig.6). A partir desta fase os talões ficam esmagados e perdem a capacidade de suportar peso. Começam a ficar mais finos e frágeis, colapsam e ficam debaixo do casco, destruindo as barras. Os talões perdem completamente a sua função (O grady, 2003). 21

39 A lesão agrava-se durante a expansão do casco, quando os talões contactam com a superfície interna da ferradura. Estas agressões constantes agravam ainda mais a lesão e impedem o crescimento de talões saudáveis entre ferrações, enquanto o crescimento da pinça permanece inalterado. Nesta fase é preferível retirar a ferradura (Fig. 12) (O grady, 2003). Figura 12. Casco com pinça longa e talões esmagados. Ferradura está demasiado curta e não confere suporte ao casco. Ângulo da palma (seta mais pequena). Ponta do ramo lateral da ferradura (seta maior) (adaptado de The Natural hoof). Os talões perdem a sua funcionalidade, perdem a capacidade de suporte de peso, e passa a ser exercida uma maior pressão sobre a ranilha, a almofada digital e o TFDP. Perdem a capacidade de amortecimento, o que leva à incapacidade de atenuar as forças de impacto para conduzi-las até às estruturas de amortecimento, provocando um aumento das forças de impacto no casco, conduzindo à atrofia da almofada digital e ao estreitamento e prolapso da ranilha, que pode deslocar-se em sentido palmar/plantar. Por outro lado a pinça longa, começa a sofrer uma força de alavanca que torce os túbulos dorsalmente, levando a que o cavalo apoie mais peso na sola. Este excesso de pressão na sola leva a que esta desça e fique achatada. A sola achatada torna-se mais susceptível a lesões, principalmente nestes cavalos que devido à dor nos talões tendem a pousar primeiro a pinça no solo (O grady, 2003). Este tipo de conformação compromete as funções do casco e impede um funcionamento eficaz. O ângulo do casco está mais agudo, ou seja, é menor que 55º e aumenta a tensão no TFDP. Com o tempo esta sobrecarga pode levar a problemas graves no aparelho podotroclear. Todas estas alterações referidas contribuem significativamente para a claudicação (O grady, 2003). 22

40 6.3. Diagnóstico História pregressa Para cada caso deve ser obtida uma história médica detalhada. Os registos devem incluir informação específica sobre o grau e duração da claudicação, sintomas, a atividade que precedeu o aparecimento da claudicação e todos os tratamentos anteriormente efetuados (Baxter, 2011). Para obter uma boa história pregressa, o questionário tem que se adaptar à situação e ao animal. Algumas questões são óbvias, enquanto outras exigem uma observação mais cuidada do cavalo (Moyer & Carter, 2009). A tabela seguinte mostra um possível questionário: 1. Qual o problema do cavalo e há quanto tempo começou? Há algum padrão na claudicação? Quais as suspeitas do proprietário/cavaleiro sobre o problema e a possível causa? 2. Qual a raça do cavalo? Ou talvez mais importante, que desporto pratica? 3. Em que condições ambientais o animal vive, treina e compete? 4. Quando é que os cascos foram aparados e/ou ferrados? O ferrador teve problemas para ferrar? Corrigiu alguma alteração no casco? 5. Que tipos de ferrações foram feitos anteriormente? (tipo e duração da ferração) 6. Qual o historial do cavalo, principalmente, problemas de cascos e claudicações? 7. Já foi tratado por outro veterinário, para este problema? Se sim, o que foi feito? Possíveis medicações que esteja a tomar ou tenha tomado recentemente? 8. Por fim discutir o problema com o ferrador. Tabela 1. Exemplo de anamnese num caso de claudicação (Moyer & Carter, 2009; Turner, 2010b). Nunca devemos assumir que o proprietário/cavaleiro/tratador nos vai fornecer toda a informação voluntariamente, é melhor perguntar sempre (Moyer & Carter, 2009). Parece haver uma predisposição a certos problemas de acordo com a raça e o tipo de desporto praticado. Por exemplo, cavalos de obstáculos, sofrem frequentemente de lesões nos membros, desferram-se com consequente perda/destruição da muralha, quartos. (ponto 2 da tabela), (Moyer & Carter, 2009). As condições ambientais são importantes e ajudam-nos a perceber como reage o casco quando sujeito a diferentes temperaturas e humidades. Como já foi referido, o ambiente tem um papel preponderante na condição do casco e no desenvolvimento de possíveis lesões. O casco 23

41 precisa de se adaptar às novas condições externas, os cavalos podem treinar em pisos distintos e com diferentes condições climáticas ao longo do ano (Turner, 2010b). As lesões no casco, a osteíte podal, as fraturas da P3 ocorrem com maior frequência em solos duros. Os cavalos sujeitos a grandes alterações de humidade relativa ao longo do dia, estão mais predispostos a cascos fracos e quebradiços, a doença da linha branca, e desferram-se mais facilmente. Um bom conhecimento do ambiente pode levar a alterações que influenciam de forma bastante positiva o tratamento e prognóstico, nomeadamente as condições do piso do picadeiro, por exemplo (Moyer & Carter, 2009). Uma claudicação aguda após a ferração pode indicar um cravo mal colocado ou aparo excessivo do casco. As dificuldades que o ferrador tem podem indicar problemas comportamentais, dor, muralhas finas (dificultam a colocação dos cravos), lesões no casco, entre outros (Moyer & Carter, 2009). Quando o cavalo tem uma ferração especial é importante saber porquê o cavalo a está a usar, e se está a ajudar ou a agravar o problema (Turner, 2010b). O historial de ferração (ponto 5 da tabela 1), permite saber com que frequência e como o cavalo é ferrado (Moyer & Carter, 2009). Quanto maior for o intervalo de tempo entre ferrações maior o desequilíbrio do casco e menor a adaptação da ferradura ao casco (Turner, 2010b). É importante tentar saber se o cavalo já foi visto por outro médico veterinário, pois no caso de isto ter ocorrido e o tratamento ter sido ineficaz, podemos tentar abordá-lo de outra forma (Moyer & Carter, 2009). Também ajuda em casos de recidiva, para perceber o que se fez na altura e evitar repetir tratamentos sem sucesso (Turner, 2010b) Exame físico Observação do casco O exame físico parte da observação dos cascos, de preferência os quatro ao mesmo tempo e de ângulos diferentes para comparação (Moyer & Carter, 2009). 24

42 É importante verificar se o cavalo se encontra bem aprumado, e as relações entre as estruturas anatómicas, o tamanho da pinça, o tamanho dos talões, o eixo quartela-casco (HPA). É nesta fase que se tem uma noção geral do equilíbrio do cavalo, postura e simetria (Turner, 2010c). Deve observar-se todo o cavalo, vistas lateral direita e esquerda, frontal e caudal. Na vista frontal deve observar-se o alinhamento do casco com o restante membro e sua simetria (Turner, 2010b). A postura do cavalo pode dar informações acerca do membro afetado, ou da natureza da lesão (Parks, 2010). Na vista lateral, é importante observar o alinhamento do casco, bem como avaliar o eixo quartela-casco, angulo da pinça e angulo dos talões (Turner, 2010b). Para avaliar os talões é necessário observar a superfície de contacto com o solo numa vista lateral e caudal, o que permite saber se estas estruturas estão íntegras e funcionais, se os talões estão deslocados dorsalmente, se estão simétricos, e mesmo que não seja a causa da claudicação pode corrigir-se possíveis erros que mais tarde se podem agravar (Turner, 2010b). A observação da posição relativa dos bulbos fornece informação acerca da conformação dos talões/casco e do equilíbrio do casco (Parks, 2010). A avaliação da firmeza dos bulbos pode fazer-se tentando afastá-los verticalmente um do outro, com o membro em suspensão (Moyer & Carter, 2009). Devemos avaliar a forma e o equilíbrio do casco: geralmente os cascos dos membros anteriores têm a forma circular, e os cascos posteriores uma forma mais triangular. O casco deve ser liso, íntegro e sem linhas de pressão. Se o cavalo estiver ferrado não nos podemos esquecer de avaliar também a posição dos cravos e da ferradura no casco (Turner, 2010b) Palpação A palpação da região distal começa pela quartela, onde se procuram zonas mais quentes, com dor, com inflamação ou edema. Palpa-se os ossos e tendões. Geralmente os tendões flexores não são mais largos que o metacarpo/metatarso III, têm menos cerca de um dedo de largura lateral e medial, percorre-se os tendões em toda a sua extensão até aos bulbos dos talões. A palpação das artérias digitais, para avaliar o pulso digital, pode fornecer informações importantes acerca de possíveis processos inflamatórios uni ou bilaterais, na porção distal dos 25

43 membros. Segundo Turner (2010) e Parks (2010) sentir o pulso digital pode ser normal, exceto quando este é forte, deve comparar-se com o membro oposto, e se anormal e simétrico indica uma inflamação bilateral. Se for assimétrico o processo inflamatório está instalado no membro com o pulso mais forte (Parks, 2010; Turner, 2010b). Na coroa o normal é sentir uma textura esponjosa, palpa-se em busca de sinais de tumefação, desvios na linha da coroa, corrimentos, dor, calor e perda da textura normal (Turner, 2010b) Exame dinâmico No exame dinâmico é feita a observação do cavalo em movimento. Esta fase do exame tem o objetivo de detetar o membro afetado (caso ainda não se saiba). O exame deve ser realizado com uma guia e num piso duro e plano. Segundo Moyer e Carter (2009) os cavalos deveriam ser observados no piso onde treinam e/ou competem e em casos de claudicações ligeiras deveriam ser montados por um cavaleiro capaz de detetar alterações no andamento do cavalo, bem como ajudar a perceber se os bloqueios são positivos ou não. O facto de o cavalo ser montado pode aumentar os sinais de claudicação. Claro que isto é completamente desaconselhado no caso de claudicações evidentes ou quando há possibilidade de agravar a lesão (Moyer & Carter, 2009). O cavalo deve ser avaliado tanto em piso mole como em piso duro. Em linha reta deve ser dirigido a afastar-se e a aproximar-se do plano visual do examinador, tanto a passo como a trote. Trotar o cavalo em círculo intensifica, muitas vezes, a claudicação. Durante o exame o cavalo deve ir com a cabeça o mais solta possível, permitindo total liberdade de movimentos, tanto em linha reta como nos círculos (Moyer & Carter, 2009). Durante o exame devemos observar como ocorre o contacto do casco com o solo numa vista lateral (aterra todo o casco, pinça primeiro, talões primeiro) e de frente, para comparar o eixo do casco com o eixo do restante membro. Também é importante avaliar a saída do solo (breakover) e a fase de voo. Este exame deve ser feito a todos os membros, nesta fase é mais importante o passo, pois é o único andamento lento o suficiente para detetar ligeiras alterações de movimento (Moyer & Carter, 2009). O andamento mais útil na avaliação das claudicações é o trote, pois trata-se de um andamento simétrico e saltado, que permite detetar alterações. Um cavalo com claudicação procura retirar 26

44 o peso sobre o membro em que sente dor, cada vez que o apoia no solo. Quando a claudicação se encontra num membro anterior, o cavalo eleva a cabeça durante o apoio do membro no solo e esta desce para a sua posição de equilíbrio quando apoia o membro são (pode baixá-la ligeiramente). Quando o cavalo claudica de um membro posterior, eleva a anca durante o apoio do membro afetado e baixa-a quando apoia o membro contralateral. As claudicações dos membros posteriores vêem-se melhor com o cavalo visto por trás, a trote e em linha reta (Baxter 2011). Se alguma das três articulações da extremidade distal estiver afetada, a flexão distal do membro pode aumentar a claudicação (Moyer & Carter, 2009) Bloqueios anestésicos Os bloqueios anestésicos continuam a ser a técnica mais útil para localizar a origem da dor. Há dois tipos de bloqueios, intra-articulares e regionais (Moyer & Carter, 2009). Os bloqueios intra-articulares bloqueiam articulações, são mais precisos, não interferem com a analgesia regional e exigem sempre uma assepsia cirúrgica, com uma lavagem exaustiva da região e uso de material esterilizado. Os bloqueios regionais dessensibilizam nervos locais que enervam determinadas regiões do membro, não requerem tantos cuidados de assepsia (Moyer, Schumacher & Schumacher, 2007). Para a maioria dos bloqueios regionais usam-se agulhas de 22 a 25-gauge. As soluções mais utilizadas são lidocaína a 2% e a mepivacaína a 2%. A lidocaína é mais económica, mas mais irritante para os tecidos que a mepivacaína, por isso opta-se mais pela segunda nos bloqueios intra-articulares e pela lidocaína nos bloqueios regionais. A duração do efeito da lidocaína é mais curta (entre 30 e 45 minutos) que a da mepivacaína (cerca de 90 a 120 minutos) (Moyer, Schumacher & Schumacher, 2007). Para avaliar toda a região do dígito, recorre-se a dois bloqueios, primeiro o bloqueio digital palmar e depois da sua avaliação, procede-se ao bloqueio sesamoide abaxial (Moyer & Carter, 2009). O bloqueio digital palmar é efetuado a entre o boleto e os bulbos, após palpação da artéria, veia e nervo digital palmar num sulco entre a quartela e os tendões flexores. Injeta-se cerca de 1,5 a 2 ml de anestésico sobre o nervo (Turner, 2010b). Quando bem efetuado, este bloqueio dessensibiliza os tecidos moles dos talões, toda a sola, o aparelho navicular, a totalidade da 27

45 AIFD, a porção distal do TFDP e os ligamentos sesamoides distais. A perda de sensibilidade na porção caudal da banda coronária indica que este bloqueio foi bem efetuado. (Moyer, Schumacher & Schumacher, 2007). Segundo Moyer & Carter (2009), os efeitos analgésicos destes bloqueios devem ser vistos 15 minutos depois, tendo andado alguns minutos antes de ser avaliado (Moyer & Carter, 2009). O bloqueio sesamoide abaxial é efetuado para detetar claudicações que não melhoraram após o bloqueio digital palmar ou para anestesiar o dígito para cirurgia. O bloqueio é efetuado na face palmar/plantar da superfície abaxial dos sesamoide proximais. As estruturas neurovasculares são facilmente identificadas por palpação, injeta-se 1,5 a 2mL de anestésico sobre o nervo (Turner, 2010b). Este bloqueio dessensibiliza todo o casco, a P2, a AIFP, a área distopalmar da P1, a porção distal dos tendões flexor digital profundo e superficial, os ligamentos sesamoides distais, o ligamento anular e por vezes a porção palmar da articulação metacarpofalangeana (Schumacher & Schumacher, 2007) Radiografia As técnicas de radiografia são as mais usadas para avaliar claudicações em cavalos. Permitem visualizar tecido ósseo e avaliar alterações crónicas. O futuro assenta nas técnicas de radiografia digital, em técnicas como a radiografia computorizada (RC) e radiografia digital direta. No caso da radiografia computorizada são usadas cassetes especiais, que são lidas pelo computador. Tem como vantagem, menos repetições, menor radiação e melhor imagem. A radiografia digital também usa cassetes especiais, mas o computador lê diretamente a radiação que recebe a cassete e produz a imagem, tem as mesmas vantagens da radiografia computorizada mas é mais rápido (Baxter, 2011) Independentemente do sistema usado, uma radiografia bem executada, providencia uma visão muito clara da arquitetura das estruturas ósseas. A imagem radiográfica reflete a quantidade de raios-x que atravessaram o objeto. Na ampola consegue-se regular a quantidade de raios-x emitidos por exposição (miliampere, em ma, e tempo de exposição em s ou o conjunto em mas) e a sua energia (kilovoltagem, kv). Uma falta de mas leva a uma radiografia cinzenta, há uma sub-exposição. Para a maioria das radiografias à extremidade distal pretende-se um bom contraste logo deve-se diminuir a energia dos raios-x (kv) para que se consiga diferenciar melhor, alterações ligeiras na radiopacidade de estruturas adjacentes. Com o 28

46 aumento da energia (kv elevados) mais raios-x passam através dos tecidos para a película, dá origem a imagens mais escuras, há uma perda de contraste. A exposição também depende da distância entre a âmpola e a película, esta deve permanecer constante para assegurar a consistência das imagens (Weaver & Barakzai, 2009). Na película as zonas que não são expostas aos fotões de raio-x ficam brancas, enquanto as zonas expostas diretamente ao feixe primário ficam pretas. Todas as outras regiões têm vários tons de cinzento que em conjunto formam a estrutura radiografada. Os tecidos mais densos, como o osso, absorvem mais radiação que fluídos, músculo e gordura. Os tecidos mais espessos também absorvem mais raios-x, por exemplo uma zona de esclerose aparece ligeiramente mais branca que o osso adjacente (Weaver & Barakzai, 2009) Plano latero-medial Esta projeção pode ser obtida com uma direção lateromedial ou mediolateral. Os membros são elevados com o auxílio de plataformas nos dois membros para o cavalo ficar em equilíbrio e para incluir a superfície de suporte de peso do casco na radiografia. A avaliação do equilíbrio do casco deve ser feita com o cavalo a suportar peso no membro, o membro deve estar perpendicular ao solo e deve evitar-se a rotação lateral ou medial do casco (Schramme, 2007). O feixe deve ser horizontal e tangencial aos bulbos dos talões e deve estar centrado a cerca de 1cm abaixo da banda coronária e entre a sua posição mais dorsal e mais palmar (fig. 13) (Weaver & Barakzai, 2009; Schramme, 2007). Figura 13. Técnica radiográfica na projeção latero-medial (adaptado de Floyd & Mansmann, 2007). 29

47 Para estudos de relação entre a cápsula do casco e as estruturas ósseas que esta engloba, é útil o uso de marcadores radiopacos, como arames e chapas metálicas com funções como marcação da parede do casco, da banda coronária, da superfície do solo, entre outras (Schramme, 2007). As principais alterações, no equilíbrio do casco, na relação entre a P3 e o casco, na AIFD e no contorno do osso navicular e da P3, conseguem ser vistas numa projeção latero-medial desde que a radiografia seja bem executada. Desequilíbrios como desvio caudal do eixo podofalangico devido a PLTB são os mais observados nesta projeção. Em cavalos com este desequilíbrio, uma linha traçada do COR da AIFD separa o casco muito mais próxima dos talões que da pinça. Em casos graves de desequilíbrio dorsopalmar o ângulo palmar pode inverter, ficando assim, a região dos talões mais próxima do solo que a pinça. Esta inversão leva a um ângulo palmar negativo, e é frequentemente associada à claudicação (Fig. 14) (Schramme, 2007). Figura 14. Ângulo palmar da P3 é extremamente negativo (cerca -14,3 graus) (adaptado de Werner, 2010) 30

48 6.4. Tratamento Aparo do casco Há muita literatura que descreve diferentes tratamentos para correção do desvio caudal do eixo podofalangicoo, mas poucos são efetivamente eficazes e não parece haver qualquer investigação sobre o problema (O Grady, 2003). Este desequilíbrio está normalmente relacionado com cavalos com pinça comprida e/ou talões baixos ou esmagados. O principal objetivo é repor esse equilíbrio, através de corte de casco (várias vezes consecutivas) até que o eixo quartela-casco esteja direito. Como os desequilíbrios dorsopalmares se começam a desenvolver logo após a ferração, é útil cortar mais pinça e menos talão (Dysen & Ross, 2011). Numa fase mais precoce, pode-se baixar os talões (se possível) para redirecionar os túbulos do casco, ajustar o breakover e colocar uma ferradura recuada com ramos suficientemente compridos e largos para um bom suporte dos talões. Pode optar-se por uma ferradura em coração, para suportar mais peso na ranilha e aliviar os talões (O Grady, 2003). A distância entre o ápice da ranilha e o ponto de breakover afetam o eixo quartela-casco e a posição do osso navicular (tensão do TFDP), o breakover deve ser recuado para junto do ápice da P3 (Page & Hagen, 2002). Avaliar o ângulo do casco é importante, para perceber se melhorou, antes de fazer outras medições. Num cavalo desferrado o breakover é posicionado através do corte, em cavalos ferrados depende do modo como é colocada a ferradura e através do rolling (arredondamento) da ferradura na pinça. O casco vai alargando com as ferrações e as novas ferraduras devem acompanhar o movimento abaxial dos quartos. É possível adquirir uma boa proporção largura/comprimento dos cascos, mas leva o seu tempo. Se o problema está nos talões, estes podem ser recuados, embora a maioria das vezes o ângulo dos talões já esteja demasiado baixo para permitir o alinhamento do eixo quartela-casco, independentemente do que se tente fazer a nível da pinça (Dysen & Ross, 2011). 31

49 Ferração corretiva Para um casco saudável a longo prazo é preferível realinhar o eixo quartela-casco quartela o melhor possível (através do corte e ferração), e permitir o desenvolvimento de uns talões mais largos e mais direitos. Isto pode implicar um tempo de baixa (Dysen & Ross, 2011) Ferradura fechada e recuada Segundo a literatura em geral, quando quando a lesão está mais avançada, devemos usar ferraduras fechadas, colocadas até aos bulbos dos talões e se necessário com cunhas. Nestes casos espera-se se que a ferradura apoie os talões, mas na realidade é pouco provável, pois o apoio é dado pelas estruturas que suportam o peso na base dos talões, a muralha, barras e ângulo da sola. la. Com uma ferração deste tipo, tipo e os talões danificados e deslocados dorsalmente, fazem com que o peso seja colocado nas estruturas de suporte s do casco, o que neste caso leva a que a ferradura faça uma alavanca nos talões, esmagando-os esma os e agravando a situação (O Grady, 2003) Ferradura compensada As ferraduras compensadas (figura 15), 1, segundo a lógica seriam a solução mais simples e mais rápida para os cascos com pinça longa e talões baixos. baixos. Estas ferraduras resolvem a falta de talões com a colocação de cunhas na ferração ou reconstituinte para elevar os talões. Mas, infelizmente, este processo aumenta a pressão na banda coronária dos talões ta e fragiliza ainda inda mais o seu desenvolvimento. desenvolvimento. É uma excelente solução a curto prazo, mas pode deitar abaixo todos os esforços para uma resolução permanente (Dysen & Ross, 2011). Figura 15. Ferradura compensada (original do autor). 32

50 Desferrar o cavalo Retirar a ferradura a um cavalo com problemas recentes, provocados por ferraduras curtas é uma solução razoável. Em casos mais avançados, desferrar os cavalos e deixá-los a recuperar, pode não ser uma boa opção, pois em cavalos com as palmas achatadas a claudicação pode agravar-se, por aumento da dor e da sensibilidade na região (fig.16) (Dysen & Ross, 2011). A B Figura 16. Casco com os talões esmagados (A). Palma achatada (B). Podemos pensar que a intervenção humana não contribui para a saúde do casco, mas ao contrário do que se possa pensar, o casco natural, não está isento de problemas. Num estudo em 100 membros anteriores esquerdos de cavalos de raças autóctones australianas pertencentes a 5 populações destintas, foram encontradas 377 deformações no casco, e apenas 3 tinham uma boa conformação. A gravidade das lesões variou com a população, e a ocorrência de laminite crónica variou entre 40 a 93% (Hampson & Pollitt, 2011). 33

51 7. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo de correção de cavalos com desvio caudal do eixo podofalangico decorreu durante o estágio no Centro Militar de Educação Física e Desporto (CMEFD) em Mafra, durante o período de seis meses, entre Novembro de 2012 e Abril de Objetivos O objetivo principal deste estudo foi corrigir o desvio caudal do eixo podofalangico para isto foram estipulados objetivos intermédios que consistiram em: Avaliar a saúde podal dos cavalos através de exames de claudicação Fazer radiografias para avaliar o eixo podofalangico Selecionar um grupo de estudo Desenvolver uma ferradura para usar no estudo Definir as técnicas de corte de casco Fazer radiografias antes do aparo, depois do aparo e depois da ferração Fazer a avaliação radiográfica dos cascos e medir o HPA, a distância ao COR e o AP Organizar e interpretar a informação recolhida 7.2. Critérios de seleção Os critérios de seleção para o grupo de estudo foram, cavalos com pinça longa e talões baixos ou esmagados observados durante o exame estático, seguido de um exame radiográfico para confirmar o desvio caudal do eixo podofalangico. Todos os casos foram sujeitos a um exame visual dos cascos, história pregressa de problemas de cascos, exame de estado geral e exame de claudicação, conforme a revisão bibliográfica anterior. O exame de claudicação englobou exame estático, exame dinâmico e exame radiográfico Materiais Para as radiografias foi usado: Ampola de radiografia GIERTH HF 100 plus (Fig. 17) Películas Kodak verdes 18 x 24 34

52 Cassetes de raio x 18 x 24 Suportes para revelação Tina de revelação Líquidos de revelação Aventais de chumbo Luvas de chumbo Blocos de madeira e instrumento de medição da distância ampola-casco (fig.18). Figura 17. Aparelho radiográfico GIERTH HF 100 plus. 35

53 Figura 18. Instrumento de medição (à esquerda). Blocos de madeira (à direita). Na fase do corte, ferração e avaliação dos cascos foi usado: Pinça de cascos Faca inglesa Faca francesa Martelo de cravos Martelo Martelo de borracha Grosa Afiador Turquês de cravos Turquês de corte de cascos Alicate de cravos Aplicador de cravos Forja Bigorna 36

54 7.4. Métodos No exame estático fez-se a avaliação do equilíbrio do casco (nos cavalos ferrados, avaliou-se também a qualidade da ferração anterior) e pesquisa de alterações de postura. Fez-se a palpação dos quatro membros tentando identificar zonas quentes e/ou dolorosas. Quanto ao exame dinâmico foi feita a observação dos cavalos a passo e trote, em piso duro e ambos em linha reta. O objetivo deste exame foi detetar assimetrias no trote, identificar a área do casco que faz o primeiro contacto com o solo e possíveis interferências em ambos os andamentos. Todos os dados foram devidamente registados para análise posterior. A radiografia foi o exame base para este trabalho. Realizaram-se projeções lateromediais nos membros anteriores, seguindo, para todos os casos, os seguintes parâmetros: 62Kv 25Ma Tempo de disparo de 0,08s. Distância de 70cm entre a ampola e o casco, feita com o auxílio de um instrumento de medida (Fig. 18). Os membros anteriores aplicados em blocos de madeira (fig. 18), as canelas do cavalo perpendiculares ao solo, pescoço direito e o peso bem distribuído pelos quatro membros. O centro do feixe a cerca de 1cm abaixo da coroa do casco e num ponto equidistante entre o limite dorsal e palmar da coroa. Neste exame avaliou-se o alinhamento das três falanges, através do ângulo formado com a interseção do eixo da P1 e o eixo da P3 (eixo podofalangico), o ângulo palmar da P3, medido (em graus) na interseção de uma linha paralela à face palmar da P3 e o solo. Com angulo palmar da P3 consegue-se averiguar a tensão no aparelho podo-troclear. Ainda se avaliou o COR, uma linha vertical que desce do centro de rotação (COR) da P2 até ao solo. O COR indica de que forma o peso é distribuído pelo casco, mais dorsal ou caudal. Para cada animal foram executadas, em cada membro anterior, três radiografias de momentos distintos, antes do corte, depois do corte e depois da ferração. Para cada momento foram feitas as medições referidas anteriormente. 37

55 Nas medições foram usados o programa Perfect Screen Ruler 3.0 e métodos convencionais, com o recurso a uma régua, esquadro e transferidor. Com os quais foi medida uma linha reta paralela à superfície dorsal da P3 e uma linha paralela ao eixo da P1, o angulo formado por esta interseção dá-nos o valor (em graus) que permitiu comparar as variações do eixo podofalangico (HPA) ao longo do estudo. Após a medição dos cascos procedeu-se à preparação para o corte e ferração para corrigir ou atenuar os desequilíbrios, principalmente ao nível do eixo quartela-casco. Corte Durante o corte de casco houve cooperação entre o veterinário e o ferrador onde se procurou equilibrar a relação entre a pinça e os talões. Nos cavalos do estudo cortou-se mais pinça e menos talões, mas dependendo do seu estado de degradação. Para talões baixos mas íntegros optou-se por cortar mais um pouco para alinhar, facilitar a expansão e permitir o crescimento correto dos túbulos do casco. Para talões, frágeis ou esmagados apenas se cortou pinça, na região dos talões passou-se ligeiramente a grosa no sentido dorsopalmar com o intuído de abrir os túbulos e tentar redireciona-los no sentido palmar. Ferradura A ferradura seguiu as indicações bibliográficas, foi aplicado o mesmo tipo de ferradura nos 7 cavalos do estudo. A ferradura do estudo (fig.20) consiste: Modelo em ferro; Recuada, para melhorar o suporte na região palmar Rolling na pinça. Facilita a saída do cavalo e melhora o breakover; Batida por dentro. Evita o contacto com a palma (palma achatada é frequente em casos avançados); Biseladas, para evitar que os cavalos se desferrem; Ramos mais largos. Em piso mole (piso de treino e competição, nestes casos), os talões enterram-se menos e o peso é distribuído mais para a região dorsal. 38

56 8. RESULTADOS Durante a fase de seleção foi feita a avaliação de 15 cavalos pertencentes às cavalariças do exército no CMEFD, dos quais apenas 7 foram efetivamente usados para o estudo (tabela 2), sendo 5 excluídos por apresentarem um exame radiográfico sem alterações e 3 por problemas de logística. Os animais tinham idades compreendidas entre os 6 e 29 anos. Num dos cavalos do estudo foi possível acompanhar 3 ciclos de ferração, o que deu uma melhor perceção do comportamento do casco desse cavalo face às forças a que esteve sujeito durante o período de estudo. Género raça Lusitana Puro-sangue árabe Cruzado português Total (%) Fêmea 0 Macho inteiro 1 14,3 Macho castrado ,7 Total (%) 28,6 14,3 57,1 100 (7) Tabela 2. Tabela representativa da percentagem de indivíduos do grupo de estudo divididos por raça e género. Ao exame estático todos os cavalos do estudo apresentaram um acentuado desequilíbrio dorsopalmar com uma sobrecarga da região dos talões com consequente destruição ou perda de integridade nesta região. Dos sete cavalos observados 85,7% (6) tinha os talões baixos e 14,3% (1) tinha os talões esmagados. 39

57 Durante o exame dinâmico, nenhum cavalo apresentava claudicação, mas em 71,4% (5) o impacto no solo era feito com a região da pinça e apenas 28,6% 2 (2) faziam um contacto normal. No exame radiográfico avaliou-se avaliou a estrutura óssea do casco, o ângulo palmar foi inferior a 2 graus, nos dois membros anteriores, em 57,1% (4) e destes, um tinha ambos os ângulos negativos, em 28,6% (2) foi inferior a 2 graus só num dos membros e 14,3% (1) foi superior nos dois membros.. Um dos animais tinha sinais de lesões antigas nos dois membros principalmente ao nível das AIFP (fig.19). Figura 19. Radiografias lateromediais dos membros, anterior direito (à direita) e anterior esquerdo (à esquerda). Observar-se se as reações de osteoartrite principalmente a nível das da AIFP (original do autor). O aparo corretivo do casco é o que cria as a maiores variações no equilíbrio, equilíbrio porque é o que pode alterar por completo o apoio do cavalo (fig.20). (fig. Figura 20. Vistaa lateral de um casco após o corte (original do autor). 40

58 Talões do membro esquerdo. Vista lateral do membro anterior esquerdo. Palma do membro anterior esquerdo Membro anterior esquerdo em apoio Figura 21. Diferentes planos da ferradura do estudo (3ª semana após a ferração). Nas imagens da figura 21 consegue ver-se todas as características referentes à ferradura. No caso deste cavalo os ramos não estão mais achatados, pois teve que colocar pitons. O principal fator limitante na correção do eixo podofalangico são os talões. Nestas imagens conseguimos ver um casco com bons talões, o que permite gerir melhor o equilíbrio dorso- 41

59 palmar. É importante termos em atenção todo o casco, na imagem da palma, a ranilha está fechada, isto verifica-se quando a largura da ranilha é menor que dois terços do seu comprimento. Num casco contraído ou encastelado, pode ocorrer aumento da pressão ao nível da terceira falange, predispondo a claudicação. É importante que na próxima ferração se abra bem os sulcos da ranilha para melhorar a função de amortecimento, abrir mais o casco (os membros anteriores têm uma forma mais circular) e melhorar o suporte. O desencastelamento (nome do processo de corte para abrir talões encastelados ) não só melhora a conformação do casco como evita que a ranilha apodreça devido à acumulação de detritos nos sulcos. Figura 22. Comparação do MAE, do cavalo da fig.22, antes e depois da correção. A correção dos cascos foi feita através da avaliação externa e interna das estruturas com recurso a radiografias. Na figura 22 consegue ver-se que houve um aumento do angulo palmar da P3, diminuição do angulo de tensão do TFDP, maior alinhamento das falanges. O valor ideal para o eixo podofalangico (HPA) é o de 180º. Este valor indica-nos que as falanges estão alinhadas. Durante o corte e ferração o objetivo foi aumentar o HPA para aproximarmos mais o dígito do equilibrio (180º) (fig.23) 42

60 Figura 23. Radiografia do cavalo do casco das figuras 20 e 21, após a ferração, nota-se o alinhamento das falanges e o ângulo da P3 com o solo (original do autor). Os gráficos 1 e 2 mostram o resultado da comparação entre o angulo formado pelo eixo podofalangico - HPA antes do aparo (azul), depois do aparo corretivo (vermelho) e depois da ferração (verde) em estudo: Graus (º) HPA inicial 160 HPA após o corte 150 HPA após a ferração Gráfico 1. Variações no HPA dos MAE ao longo do tratamento. 43

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