ÁRVORE DA REALIDADE FUTURA (ARF): APLICAÇÃO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNOESC CAMPUS CHAPECÓ

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1 ÁRVORE DA REALIDADE FUTURA (ARF): APLICAÇÃO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNOESC CAMPUS CHAPECÓ Anselmo Rocha Neto Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) campus Chapecó - R. Senador Atílio Fontana, 591-D Chapecó - SC Antonio Cezar Bornia Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (cezar@inf.ufsc.br) - R. Dep. Antonio Edú Vieira, 1304/501C - Florianópolis - SC Abstract This work is an application of the Theory of Constraints (TOC) tool in a graduation course of a University. The TOC has developed tools to deal with non-physical constraints. This set of tools, named Thinking Processes (TP), is used to manage new constraints that occur, in a way that the TOC turns to be not only a tool applicable to production systems but it becomes a management philosophy. The TP are composed by five tools: the Current Reality Tree (CRT), the Evaporating Cloud Technique (ECT), the Future Reality Tree (FRT), the Prerequisite Tree (PRT) and the Transition Tree (TT). This work proposes to use the FRT to identify solutions and solve the underiseble effects in the Business Administration course at UNOESC, campus Chapecó. Key Words: Theory of Constraints, Thinking Processes, Future Reality Tree. 1 O Processo de Raciocínio (PR) O Processo de Raciocínio (PR), criado pelo físico israelense Eliyahu M. Goldratt, foi desenvolvido a partir de um software para o planejamento de produção e que deu origem a Teoria das Restrições (TOC), uma filosofia de gerenciamento utilizada principalmente nos sistemas produtivos e que trata questões gerenciais sob novos paradigmas. A partir do sucesso da TOC no gerenciamento de sistemas produtivos, Goldratt escrevendo o Mais que $orte: um processo de raciocínio em 1994, apresenta uma série de ferramentas para resolução de problemas através de um processo lógico de raciocínio, o Processo de Raciocínio. O Processo de Raciocínio pode ser definido como um processo de otimização contínua tendo como base ferramentas de análise lógica que capacita o diagnóstico de problemas, a formulação de soluções e a preparação de um plano de ação. Conforme Noreen, Smith, Mackey (1996, p. 135), O Processo de Raciocínio formal é uma ferramenta potencialmente poderosa para identificar e pôr em prática soluções para qualquer problema. Ele pode ser usado para atacar pequenos ou grandes problemas. Pode ser aplicado a problemas estratégicos ENEGEP 2002 ABEPRO 1

2 numa das 500 empresas multinacionais citadas na Fortune ou a problemas familiares corriqueiros, tais como as condições sob as quais um adolescente pode ter acesso ao carro da família. Estas ferramentas do Processo de Raciocínio podem ser utilizadas em conjunto para solucionar um problema específico ou pode-se utilizar apenas uma delas, dependendo do que se procura resolver. As 5 ferramentas são: Árvore da Realidade Atual (ARA), Diagrama de Dispersão de Nuvem (DDN), Árvore da Realidade Futura (ARF), Árvore de Pré-Requisitos (APR) e Árvore de Transição (AT). Desta maneira, tem-se a Árvore da Realidade Atual que é uma ferramenta para saber o que mudar. Para identificar para o que mudar utiliza-se o Diagrama de Dispersão de Nuvem e a Árvore da Realidade Futura. E, finalmente, para como causar a mudança as ferramentas são a Árvore de Pré-Requisitos e a Árvore de Transição. Este artigo trata da utilização da Árvore da Realidade Futura, buscando responder a questão: para o que mudar?, no curso de da UNOESC campus Chapecó. 2 Árvore da Realidade Futura (ARF) A ARF é uma ferramenta de análise lógica que apresenta os resultados da implementação de soluções - chamada de injeção no Processo de Raciocínio - para o problema identificado, os quais transformarão os efeitos indesejáveis em efeitos desejáveis. Portanto a ARF nasce da injeção que quebra o conflito na DDN. Segundo Rodrigues (1995, p.57), a ARF: É uma estrutura que apresenta os resultados da implementação das injeções definidas na etapa anterior, as quais transformarão os efeitos indesejáveis por efeitos desejáveis. Estas injeções, definidas no Diagrama de Dispersão de Nuvem, devem ser estudadas proporcionando uma clareza quanto a eliminação dos Efeitos Indesejados (EIs) e, também, se elas não irão provocar outros efeitos indesejados. Conforme Noreen, Smith e Mackey (1996, p.52), Uma vez identificada uma injeção (a base de uma solução), uma Árvore da Realidade Futura é usada para verificar se a aplicação bem sucedida da injeção irá eliminar os sintomas. Ela é igualmente usada para verificar se a injeção terá possibilidade de gerar novas conseqüências negativas. Com o objetivo de verificar a situação futura advinda da implementação das soluções encontradas para eliminar o problema-raiz, deve-se utilizar a ARF para transformar os efeitos indesejáveis em efeitos desejáveis, através de injeções que são implementadas. A construção da ARF permite visualizar os ramos negativos que poderão surgir, elaborando ações para neutralizá-los. Segundo Goldratt (1994, p.189),..., os ramos-negativos que levam aos verdadeiros riscos têm de ser podados, o que significa que devemos completar nossas ofertas com ações adicionais que praticamente impeçam que os pontos negativos identificados ocorram. Estas ressalvas de ramo-negativo são a base fundamental e o verdadeiro poder da ARF, com o isolamento do ramo-negativo pode-se melhor estudá-lo e fazer aparecer o pressuposto que quebra a irrealidade da injeção. Segundo Noreen, Smith, Mackey (1996, p.170): Uma Árvore da Realidade Futura é bastante similar à Árvore da Realidade Atual, exceto que as injeções as providências a serem tomadas como parte da solução são incluídas em quadros com cantos quadrados. No processo de construir a Árvore da Realidade Futura, injeções adicionais são freqüentemente acrescentadas para desenvolver a solução e evitar possíveis conseqüências negativas. ENEGEP 2002 ABEPRO 2

3 O processo de construção da ARF tem como ponto de partida a injeção do DDN, adiciona-se as relações de causa-efeito na estrutura assegurando a compreensão de toda a lógica do porque o objetivo será alcançado se a injeção for implementada. O processo continua até que todos os efeitos desejados estejam conectados a ARF. Normalmente, a injeção identificada no DDN é responsável pela maior quantidade de transformação de efeitos indesejáveis em efeitos desejáveis, mas, em muitos casos necessita-se de injeções adicionais para eliminar alguns efeitos indesejáveis que não possam ser eliminados apenas pela injeção original do DDN. A ARF é ferramenta imprescindível para o controle da implementação e alcance da solução desejada. 3 Aplicação da Árvore da Realidade Futura (ARF) Este trabalho utiliza a ferramenta Árvore da Realidade Futura (ARF) do Processo de Raciocínio (PR) para resolver problemas no curso de na UNOESC campus Chapecó, portanto, aplicando esta ferramenta em uma Instituição de Ensino Superior (IES). A aplicação do Processo de Raciocínio no curso de pode responder à três perguntas: O que mudar?, Para que mudar?, Como causar a mudança?. A construção da ARF, busca responder: o que mudar?. Para isto necessita-se da informação anterior, ou seja, o que mudar?. A investigação do que mudar pode ser feita pelo próprio Processo de Raciocínio, através da utilização da Árvore da Realidade Atual e pelo Diagrama de Dispersão de Nuvem. 3.1 O que mudar? - Árvore da Realidade Atual (ARA) A Árvore da Realidade Atual (ARA) descreve o sistema como ele é no momento. O processo de construção da ARA se inicia com a identificação dos Efeitos Indesejáveis (EIs) e uma conexão lógica do tipo: Se, Então destes EIs. A ARA, quando validada, descobrirá o problema raiz, desta maneira, concentram-se os esforços em direção a causa e não aos efeitos. Com o problema raiz identificado, necessita-se de uma solução, para que ele deixe de existir e os efeitos indesejáveis transformem-se em efeitos desejáveis. É importante mencionar que o efeito indesejável identificado como problema-raiz é responsável direta ou indiretamente por mais de 70% dos demais EIs, conforme a figura 1 demonstra, o que caracteriza a sua importância na existência dos demais EIs. Portanto o Efeito Indesejado: Existem muitas no curso de é o problema raiz. A figura 1 demonstra a Árvore da Realidade construída 1 : 1 O processo de construção da Árvore da Realidade Atual está descrito no artigo: A utilização da ferramenta Árvore da Realidade Atual (ARA) para identificação do problema raiz em uma Instituição de Ensino Superior (IES) - ENEGEP ENEGEP 2002 ABEPRO 3

4 Figura 1: Árvore da Realidade Atual EI 10 Professores trabalham mesmo assunto em distintas EI 12 Professores pouco se reúnem para discutir assuntos relacionados às EI 11 Algumas com carga horária elevada EI 8 Indefinição dos alunos quanto a escolha da profissão EI 3 Professores sobrecarregados com várias atividades EI 6 Troca constante de nas EI 7 Falta o hábito de leitura e escrita nos alunos EI 5 Professores com baixa capacitação nas EI 2 Número pequeno de 40 horas EI 9 Curso é muito longo EI 4 Faltam recursos didáticos para os Faltam recursos e incentivos para a capacitação de EI 1 Existem muitas no curso de Alunos Imaturos Má formação do aluno no ensino fundamental e médio ENEGEP 2002 ABEPRO 4

5 3.2 O que mudar? - Diagrama de Dispersão de Nuvem (DDN) O Diagrama de Dispersão de Nuvem (DDN) descreve um conflito, levando a encontrar a solução do problema-raiz. A obtenção do problema raiz Existem muitas no curso de, com a utilização da ARA parece ter uma solução fácil, mas se esta solução é fácil pergunta-se por que ela ainda não foi implementada? Provavelmente existe algum conflito que tenha impedido esta implementação. Para resolver este conflito utiliza-se a DDN, cujo objetivo ou resultado desejado é a eliminação do problema raiz descoberto na ARA. Então para eliminar o problema raiz Existe muitas no curso de constrói-se a DDN. Descreve-se, no DDN, os requisitos para que o objetivo seja alcançado e os pré-requisitos conflitantes. A figura 2 apresenta o DDN elaborado: Figura 2: Aplicação da Ferramenta Diagrama de Dispersão de Nuvem Requisito B Pré -Requisito D Objetivo A Obedecer as leis e regras da LDB e SESu/MEC Quantidade mínima de Diminuir o número de no curso de Conflito Requisito C Pré -Requisito Não D Dar uma formação condizente aos acadêmicos de Maior quantidade de Injeção Adequar conteúdo necessário à formação acadêmica em um número menor de A solução para o problema raiz pode ser descrita como: Adequar conteúdo necessário à formação acadêmica em um número menor de. Esta solução, chamada de injeção na Teoria das Restrições, é a base da construção da Árvore da Realidade Futura. 3.3 Para o que mudar? - Árvore da Realidade Futura (ARF) A ARF é o agrupamento de todo o suporte lógico que prova, pela relação de causaefeito, que as mudanças que se propõe irão trazer os resultados esperados. As injeções são necessárias para transformar todos os EIs presentes em seus opostos, ou seja, os efeitos desejáveis que se deseja para a realidade futura. ENEGEP 2002 ABEPRO 5

6 Para construir a ARF deve-se definir os efeitos desejáveis (EDs) que se quer obter. Estes EDs são o oposto dos efeitos indesejáveis. O quadro 1 mostra os efeitos indesejáveis e seu respectivos efeitos desejáveis: Quadro 1: Efeitos Indesejáveis x Efeitos Desejáveis Efeito Indesejável (EI) Efeito Desejável (ED) 1. Existem muitas no curso de 1.Um número menor de no curso de 2. Número pequeno de 40 horas 2. Número suficiente de 40 horas 3. Professores estão sobrecarregados com 3. Professores com tempo suficiente para várias atividades cumprir suas atividades 4. Faltam recursos didáticos para os 4. Recursos didáticos suficientes para os 5. Professores com baixa capacitação nas 5. Professores com capacitação adequada nas 6. Troca constante dos nas 6. Manutenção dos nas 7. Falta o hábito de leitura e escrita aos 7. Alunos habituados a ler e escrever alunos 8. Indefinição dos alunos quanto a escolha 8. Alunos conscientes na escolha de sua da profissão profissão 9. Curso é muito longo 9. Curso com duração adequada 10. Professores trabalham mesmo assunto 10. Professores trabalham apenas o assunto em diferentes específico de sua disciplina 11. Algumas possuem carga 11. Disciplinas com carga horária adequada horária elevada 12. Professores pouco se reúnem para 12. Reuniões periódicas entre do discutir assuntos relacionados às curso Neste processo de construção percebe-se que somente a injeção: Adequar conteúdo necessário à formação acadêmica em um número menor de é insuficiente para transformar todos os efeitos indesejáveis em efeitos desejáveis. Portanto, são necessárias mais 4 injeções que são: Contratar 40 horas capacitados nas áreas mais carentes, Esclarecer alunos sobre o que é a profissão e o curso, Promover encontro de nas mesmas áreas, e Disponibilizar mais recursos didáticos aos. É importante mencionar que implementação das injeções propostas por este trabalho foram ou estão sendo implementadas. Pode-se citar: - A formação de um grupo de estudos para a reformulação da grade curricular do curso de campus Chapecó. Os avaliam as, sua inserção no curso e seus respectivos ementários para propor uma diminuição na carga horária total do curso, eliminando ou modificando algumas, para se adequar ao mercado. - Realização de pesquisa com alunos, ex-alunos e empresários em busca do perfil dos futuros profissionais a serem formados. Estes dados servirão de base para a mudança na grade curricular do curso de. - Realização de palestras com administradores enfatizando sua função e mercado de trabalho, para que os acadêmicos tenham informações sobre a profissão de administrador. - O colegiado de curso aprovou a contratação de profissionais para sete áreas onde existem carência de profissionais, em regime total ou parcial de trabalho. - O calendário acadêmico está prevendo uma semana semestral para os discutirem o curso, levantar problemas e propor soluções. A figura 3 apresenta a ARF construída: ENEGEP 2002 ABEPRO 6

7 Figura 3: Aplicação da Ferramenta Árvore da Realidade Futura ED 9 Curso com duração adequada ED 4 Professores com recursos didáticos suficientes Disponibilizar mais recursos didáticos aos ED 11 Disciplinas com carga horária adequada ED 1 Número menor de no curso de ED 3 Professor com tempo suficiente para cumprir suas atividades ED 6 Manutenção dos nas ED 5 Professores com capacitação adequada nas Necessidade de menor número de nas Diminuir número de ED 7 Alunos habituados a ler e escrever Alunos mais interessados nas, no curso ED 8 Alunos conscientes da escolha da profissão ED 2 Número suficiente de 40 horas ED 10 Professores não trabalham o mesmo assunto em distintas Professores tem claro o que é o conteúdo de sua disciplina ED 12 Reuniões periódicas entre do curso Promover encontro de das mesmas áreas Adequar conteúdo necessário à formação acadêmica em um número menor de Contratar 40 horas, capacitados nas áreas mais carentes Esclarecer alunos sobre o que é a profissão e o curso ENEGEP 2002 ABEPRO 7

8 4 Conclusão Este trabalho demonstrou a aplicabilidade da utilização da ferramenta Árvore da Realidade Futura (ARF), do Processo de Raciocínio, em uma Instituição de Ensino Superior, mais precisamente na busca da resposta a questão: para o que mudar?, no curso de do campus Chapecó da UNOESC. Para responder a próxima questão do Processo da Raciocínio, como mudar?, sugere-se a utilização da Árvore do Pré-Requisito e Árvore de Transição. Bibliografia Avraham Y Goldratt institute United Kingdor. Disponível em: < Acesso em: 11/04/2002. BORNIA, Antonio Cezar; ROCHA NETO, Anselmo. A utilização da ferramenta árvore da realidade atual (ARA) para a identificação do problema raiz em uma instituição de ensino superior. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, Anais... [CD-ROM] ENEGEP, CORBETT NETO, Thomas. Contabilidade de ganhos: a nova contabilidade gerencial de acordo com a teoria das restrições. São Paulo: Nobel, GAION, Aparecida Vani Frason, OLIVEIRA, Cosmo Rogério de, SCARPIN, Maria Aparecida e CALIJURI, Mônica Sionara Schpallir. Teoria das restrições aplicada à prestação de serviços. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, Anais... [CD-ROM] ENEGEP, GOLDRATT, Eliyahu M. e COX, Jeff. A meta. São Paulo: Educator, GOLDRATT, Eliyahu M. Corrente crítica. São Paulo: Nobel, GOLDRATT, Eliyahu M. Mais que sorte... um processo de raciocínio. São Paulo: Educator, GOLDRATT, Eliyahu M. Avaham Y. Goldratt institute. Disponível em: < Acesso em: 08/04/2002. MACKNESS, John Robert, RODRIGUES, Luis Henrique. A review of the theory of constraints as a thinking process. [S.l.: s.n], MARQUES, José Augusto Veiga da Costa, CIA, Joanília Neide Sales. Teoria das restrições e contabilidade gerencial: interligando contabilidade a produção. São Paulo: RAE Revista de de Empresas, Jul/Set NOREEN, Eric W., SMITH, Debra, MACKEY, James T. A teoria das restrições e suas implicações na contabilidade gerencial: um relatório independente. São Paulo: Educator, RODRIGUES, Luis Henrique. Apresentação e análise crítica da tecnologia da produção otimizada e da teoria das restrições. [Porto Alegre: s.n.], ROCHA NETO, Anselmo. O processo de raciocínio da teorias das restrições em uma instituição de ensino superior: um estudo de caso. Florianópolis, Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Centro Tecnológico. Universidade Federal de Santa Catarina. ENEGEP 2002 ABEPRO 8