OS ARRENDAMENTOS DE TERRA PARA A PRODUÇÃO DE CANA- DE- AÇÚCAR
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1 Tamires Silva Gama Acadêmica do Curso de Geografia da UEM. Bolsista do CNPq OS ARRENDAMENTOS DE TERRA PARA A PRODUÇÃO DE CANA- DE- AÇÚCAR INTRODUÇÃO Frente os avanços da modernização da agricultura torna-se necessária a abordagem das consequências que este fenômeno imprimiu na sociedade. Estudar o processo de modernização do campo e as transformações que este provocou tanto na paisagem, quanto na população constitui uma missão complexa, no sentido de um tema complicado e ao mesmo tempo no sentido de um conjunto de coisas ligadas por um eixo comum. Desta forma este trabalho pretende abordar os efeitos socioeconômicos e agrários desencadeados a partir da rápida transformação que ocorreu no campo paranaense, enfatizando a dinâmica do arrendamento de terras no noroeste do estado. Sabemos que o processo de modernização tecnológica fez com que as desigualdades entre os produtores agrícolas, que já não eram homogêneas, aumentassem e ficassem cada vez mais evidentes. Ao ponto de expulsar pequenos e médios produtores do campo, devido a concorrência desleal com o capital, com os grandes produtores,gerando assim diferentes configurações locais, não só no Paraná, mas em outras regiões do país. Uma dessas configurações constitui a forma de exploração da terra. A exploração e uso da terra podem ocorrer de diversas maneiras, que são reinventadas e adaptadas com o tempo, seguindo as necessidades do mercado. Hoje mais do que nunca a terra assume o valor de mercadoria. O arrendamento, uma dessas formas supracitadas, constitui uma ferramenta antiga, entretanto muito presente e de grande significado na atualidade para a compreensão das dinâmicas territoriais existentes.
2 Em meio aos estudos referentes à modernização da agricultura, percebemos que o desenvolvimento econômico e a produção do espaço tornou o campo cada vez mais dinâmico, e criou novas possibilidades em um curto espaço de tempo. Entretanto, encontramos poucos trabalhos que abordam a questão do arrendamento de terras e o absenteísmo rural. Sendo assim julgamos que este estudo irá colaborar demasiadamente não só para a sociedade acadêmica, mas também para a população que vivencia tal processo e muitas vezes não o compreende. OBJETIVOS 3.1.OBJETIVO GERAL Estudar as características do uso e exploração da terra no noroeste do Paraná, valorizando os sistemas de arrendamento de terra por parte das usinas produtoras de álcool e açúcar. 3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estudar o processo de modernização do campo e as transformações no espaço agrário paranaense; Debater os impactos socioeconômicos causados pelas transformações rápidas e complexas da produção agrícola; Investigar o caráter excludente da modernização capitalista no campo, onde a propriedade da terra esta cada vez mais subordinada ao capital; Entender como surgiu e se mantem o arrendamento da terra; Analisar as vantagens do arrendamento de terra para as empresas e para os proprietários de terra; METODOLOGIAS
3 Como método de abordagem será utilizado o dedutivo, que parte de teorias e leis mais gerais com sentido ao estudo de fenômenos particulares. O histórico será utilizado como método de procedimento que corresponde a investigação de fatos ocorridos e registrados no passado que servem de referência para o atual estudo e por fim, mas não menos importante, será adotado para o desenvolvimento de tal pesquisa o método de investigação bibliográfica, que consistem em explicar a problemática levantada a partir de referencias teóricas, da revisão de leituras de obras, documentos, artigos científicos e notícias relacionadas ao tema. RESULTADOS PRELIMINARES Ao longo da evolução da humanidade, foram utilizadas diversas técnicas e maneiras para uso e comercialização de terras. Técnicas que muitas vezes se atualizaram de acordo com a necessidade de cada momento histórico. Neste caso, o arrendamento de terras é uma pratica bastante antiga, mas que foi sendo reconfigurada com o passar dos anos para atender as necessidades do mercado. Isto decorre do processo de modernização tecnológica que o campo foi submetido. Sendo assim, a seguir vamos discorrer brevemente sobre como este processo ocorreu no noroeste do Paraná e quais as consequências geradas à população. O noroeste paranaense foi considerado por muito tempo um vazio demográfico e passou a ser reconhecido e a se desenvolver a partir do momento que se tornou uma extensão da cafeicultura paulista. A ocupação da região iniciou de forma efetiva com a chegada dos mineiros e depois dos paulistas. Que aqui encontraram condições suficientes para um bom desenvolvimento da agricultura cafeeira, que até então era o principal produto de exportação nacional e o segundo produto com maior valor agregado no mundo. Sabemos que o Paraná foi ocupado a partir do deslocamento de três frentes pioneiras: Tradicional, norte e sudoeste. Após a década de 60, com o encontro das três frentes pioneiras, o estado estava totalmente ocupado. Desta forma, a estrutura fundiária passou por uma nova fase de transformações,que complicou o acesso a terra e
4 tornou cada vez mais difícil a sobrevivência dos pequenos agricultores a partir da produção familiar. Devido as condições naturais do Estado e dos altos índices de produção de café, houve uma atração muito grande de empresários rurais e de trabalhadores. Como consequência sugiram, segundo Serra (1991), duas classes: a dos produtores rurais e latifundiários e a dos empregados rurais. O trabalhador (empregado rural) começou a encontrar dificuldades para viver apenas da produção agrícola e muitos tiveram que se assalariar para garantir o sustento de sua família. Podemos dizer que este momento constituiu a semente para a modernização do campo, pois a terra passou assumir novos valores e funções sociais. Durante a década de 60 o campo passou por esse período de desequilíbrio no desenvolvimento da produção familiar, que até então era a maior fonte de renda da população rural. E no final de 60 e inicio dos anos 70 ocorre a ascensão da produção capitalista e inicio da modernização da agricultura. O Brasil, como um todo, vinha adotando politicas públicas que facilitavam esta modernização,entretanto tais politicas não estavam ao alcance dos pequenos produtores. A modernização da agricultura aconteceu de maneira rápida na década de 70 e desencadeou uma série de problemas sociais e econômicos no espaço rural e urbano das cidades. Os pequenos agricultores se depararam com uma concorrência desleal com os empresários rurais. Muitos se dirigiram às cidades, que não estavam prontas para receber um contingente populacional de uma vez. Isto gerou problemas com moradia, segregação social, favelização, saneamento básico, violência, transporte, além da falta de qualificação dos trabalhadores para o mercado urbano. Aqueles que permaneceram no campo foram obrigados a adotar o pacote tecnológico imposto pela modernização da agricultura. Passaram a utilizar sementes selecionadas, insumos industriais e maquinários, para conseguirem competir no mercado com seus produtos. A forma como foi inserida a tecnologia na agricultura brasileira favoreceu o desenvolvimento de um sistema latifundiário no país. O acesso a terra e aos meios de
5 produção se tornaram cada vez mais restritos aos produtores capitalistas etransformou a produção,quepassou a ser cada vez mais independente das barreiras naturais e do trabalho manual. Hoje, o arrendamento de terras constitui uma valiosa ferramenta para o agronegócio nacional. Este tipo de exploração da terra é regulamentado pela Lei n 4.504/64 (Estatuto da Terra) e difere do sistema de parcerias,poisoproprietário deixou de ter contato direto com a terra. Analisando o noroeste paranaense, levantamos que boa parte das terras arrendadas são destinadas para o plantio da cana-de-açúcar. Esta ferramenta beneficia muito as usinas e destilarias deste produto. Arrendandoterras próximas as suas indústrias, diminuindo os gastos com o transporte, que tem grande impacto no preço final da mercadoria, não realizam grandes investimentos em terras, afinal a expansão das plantações de cana eleva o valor das propriedades, e criam um monopólio nas localidades que atuam. Segundo Guedes, Peres e Terci (s/d) os proprietários de terras ficam com poucas alternativas para suas propriedades. Estes podem plantar outras culturas, cultivar a cana-de-açúcar e entregar às destilarias, vender suas terras ou arrenda-las a essas usinas. Entre estas quatro opções o arrendamento constitui a mais viável. As usinas oferecem um maior preço pelas terras mais próximas, o proprietário rural terá uma renda fixa, sem trabalhar direto com a terra e não estará sujeito às oscilações climáticas ou no sistema econômico que possam vir a abalar seu retorno financeiro. Como consequência ocorre o afastamento cada vez maior dos agricultores do campo, a tendência ao monopólio das atividades agroaçucareiras pelos grandes capitais. Os pequenos e médios produtores dificilmente conseguem sobreviver em tal meio, e de agricultores passam a viver como proprietários rurais, deslocando-separa as cidades e perdendo o vínculo direto com a terra. Muitos buscam os centros urbanos e se dedicam a outras atividades, e suas terras passam a ser apenas um complemento de sua renda, pois estes infelizmente não conseguem mais sobreviver apenas da agricultura.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FLEISCHFRESSER, Vanessa. Modernização tecnológica da agricultura: contrastes regionais e diferenciação social no Paraná da década de 70. Curitiba: Livraria Chain: CONCITEC: IPARDES,1988. GRAzIANO DA SILVA, José. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 2 ed.rev.- Campinas, SP: UNICAMP. IE, GRAZIANO DA SILVA, José. Modernização dolorosa: Estrutura agrária, fronteira agrícola e trabalhadores rurais no Brasil. Rio de Janeiro:ZAHAR, 1982 BUENO, Francisco de Godoy. Arrendamentos e parcerias rurais questões civis e tributárias relevantes novas alterações. São Paulo, Disponível em: < Acesso em: 20 mar ALMEIDA, P.J; BUAINAIN, A.M; SILVEIRA, J.M. O arrendamento de terras no Brasil: uma abordagem regional. Campinas, Disponível em: < Acesso em 21 mar BALSAN, Rosane. Impactos decorrentes da modernização da Agricultura brasileira.campo - Território: Revista de Geografia Agrária, Uberlândia, v. 01, n 02, Disponível em: Acesso em: 20 mar GRALEIRO, João Carlos. Novo regime do arrendamento rural. Rio Grande do Sul, Disponível em: < Acesso em: 20 mar
7 GUEDES,S.N; PERES, M.T.M; TERCI, E.T. Propriedade e arrendamento: estratégias de acesso à terra para viabilização da produção canavieira dos fornecedores de cana dos estados de São Paulo e do Paraná.Piracicaba, s/d. Disponível em: < Acesso em: 21 mar
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