Matéria: Literatura Assunto: naturalismo Prof. Ibirá costa
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- Benedito Camilo Castro
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1 Matéria: Literatura Assunto: naturalismo Prof. Ibirá costa
2 Literatura Naturalismo (Séc. XIX) O Naturalismo, e este sim, identificado com as matrizes européias do movimento, estrutura-se com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, publicado em Todas características do Realismo!!! Em decorrência desse projeto cientista, a ficção do Naturalismo assume ainda outras características: O romance, a exemplo da medicina, torna-se "experimental"; Há um nivelamento entre a narração e a descrição; Predominam personagens patológicos. Características O naturalismo acrescenta às características do Realismo extrema preocupação científica, materialismo, o resultado do meio ambiente físico e social e da hereditariedade (Determinismo). A temática do Naturalismo dá preferência aos aspectos mais cruentos e sórdidos da vida humana: o crime, as taras, a miséria, isso para retratar o anormal e o patológico. Assim, podemos dizer que o Naturalismo é um Realismo levado aos extremos.
3 Literatura Prof. Ibirá Costa Cientificismo Os autores expõem e comprovam as doutrinas científicas da época. É o Determinismo Hereditário, o Determinismo do meio ambiente e social. O realismo produziu os romances de tese documental, e o naturalismo, os de tese experimental. Personagens patológicas O naturalismo dava preferêcia à sociedade decadente, ao homem na sua parte mais animal: atos fisiológicos, instintos, apetites sexuais, personagens degenerados, com raras taras e vícios. As ações humanas são descritas e narradas como se fossem experimentos científicos, como nas freqüentes cenas de sexo. Linguagem objetiva A linguagem presente nos textos naturalistas é simplificada e comum, aproximando-se dos textos informativos. A ênfase é pela narração dos fatos, e não mais pela descrição. Combate ao Romantismo O Naturalismo contrasta com o romantismo em vários aspectos. Aqui, destacam-se o adultério, a valorização do presente e da razão, a desmistificação das personagens (elas agora podem ser feias, pobres e comuns, por exemplo), a preferência pelo dia e pela realidade. O Naturalismo se volta para as camadas populares de baixa renda da sociedade, o submundo do vício e do crime. Tanto o Realismo como o Naturalismo são anticlericais, antimonárquicos, anti-românticos e antiburgueses, querendo retratar a sociedade em que estão inseridos.
4 Romance Naturalista Aluísio de Azevedo ( ) Obras: O Mulato (1881); Casa de Pensão (1884) e O Cortiço (1890) Embora tenha escrito folhetins românticos para sobreviver, foi na estética naturalista que Aluísio atingiu o seu apogeu artístico. Já em O Mulato, obra dividida entre o enredo folhetinesco e a concepção naturalista de denúncia (o preconceito de cor contra Raimundo) percebiase nele o caminho para um tipo de ficção que privilegiasse o meio e colocasse o indivíduo como resultante de ambientes degradados. Neste sentido, O Mulato e Casa de Pensão funcionam como preparação para O Cortiço, obra-prima do Naturalismo brasileiro. O Cortiço O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso. Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois. Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, freqüentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa. No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é
5 Literatura Prof. Ibirá Costa o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos. A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão. O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão. Casa de Pensão Amâncio de Vasconcelos, um jovem maranhense, vem para o Rio de Janeiro, com o propósito de realizar o curso de Medicina. De início hospeda-se em casa de um conhecido da família, Luís Campos, que vivia com sua mulher Dona Maria Hortência e uma cunhada, Dona Cadotinha. Entretanto, Amâncio encontrara-se! com um amigo e coprovinciano, Paiva Rocha, e passa a viver uma vida desvairada e boêmia. As extravagâncias de chegar altas horas da noite, faltar às aulas, embebedar-se, não lhe eram permitidas em casa de Campos. Por outro lado, o jovem estudante começara a despertar um certo interesse no coração de Hortência. Levado por esses motivos resolve mudar-se para a pensão de João Coqueiro, que lhe fora apresentado por Paiva Rocha. Acaba envolvido por Amélia, irmã de João Coqueiro, que finge ignorar o romance e explora-a, exigindo dinheiro do rapaz [Amâncio]. Enredado no ambiente asfixiante e corrupto da pensão de João Coqueiro e de Mme. Brizard, sua mulher, envolvido em uma série de tramas, Amâncio resolve viajar para São Luís, para rever a mãe, agora viúva. João Coqueiro suspeita da viagem, e consegue que a polícia prenda
6 Amâncio sob acusação de defloramento, da qual o estudante é absolvido, em rumoroso julgamento. Inconformado com a absolvição, João Coqueiro assassina Amâncio com um tiro. Observações: Casa de Pensão é uma espécie de narrativa intermediária entre o romance de personagem [O Mulato] e o romance de espaço [O Cortiço]. Como em O Mulato, todas as ações ainda estão vinculadas à trajetória do herói, nesse caso, Amâncio de Vasconcelos. Mas, como em O Cortiço, a conquista, ordenação e manutenção de um espaço é que impulsiona, motiva e ordena a ação. Espaço e personagem lutam, lado a lado, para evitar a degradação. O romance foi inspirado em um caso verídico, a Questão Capistrano, crime que sensibilizou o Rio de Janeiro em 1876/77, envolvendo dois estudantes, em situação muito próxima à da narração de Aluísio Azevedo. As teses naturalistas, especialmente o Determinismo, alicerçam a construção das personagens e das tramas.
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