O CORTIÇO ALUÍSIO AZEVEDO
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- Elias Pinheiro Duarte
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1 O CORTIÇO ALUÍSIO AZEVEDO
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3 TÓPICOS Breve biografia de Aluísio Azevedo Naturalismo Resumo do Enredo Estrutura de O Cortiço
4 Breve Biografia Aluísio Azevedo Nasceu em São Luís, Maranhão, em 1857 e faleceu na Argentina, em Estudou na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, foi jornalista e diplomata. Inaugurou o Naturalismo no Brasil. Crítico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições. Seus temas prediletos foram o anticlericalismo, a luta contra o preconceito de cor, o adultério, os vícios, o povo humilde.
5 Naturalismo O Naturalismo é uma espécie de vertente do Realismo e assume seus princípios básicos: Predomínio da objetividade na observação da realidade. Visão cientificista da existência. Abordagem de patologias sociais.
6 Foco Narrativo Foco narrativo em 3ª pessoa, narrador onisciente. Sempre em mangas de camisa, sem domingo nem dia santo, não perdendo nunca a ocasião de assenhorear-se do alheio, deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber, enganando os fregueses, roubando nos pesos e nas medidas, comprando por dez réis de mel coado o que os escravos furtavam da casa dos seus senhores, apertando cada vez mais as próprias despesas, empilhando privações sobre privações, trabalhando e mais a amiga como uma junta de bois, (...) contemplava de longe com um resignado olhar de cobiça.
7 RESUMO DO ENREDO Foco narrativo em 3ª pessoa, narrador onisciente. É a história do Cortiço personagem principal da obra. Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente.(...) Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. João Romão, português, trabalha em uma vendinha em Botafogo. Quando o dono da venda decide voltar para Portugal, João Romão recebe a venda e mais um dinheiro como pagamento de salários vencidos.
8 Junta-se a Bertoleza escrava quitandeira, que vendia peixes fritos e iscas de boi, submissiva e trabalhadeira. Bertoleza pagava ao seu dono todo mês para manter-se livre e juntava dinheiro para comprar sua carta de Alforria. João Romão simula uma carta de Alforria e a dá à Bertoleza que em troca passa a ser o braço direito de João Romão. Romão compra o terreno ao lado da venda e constrói o cortiço com material roubado das fábricas em construção na redondeza do cortiço e ajuda de Bertoleza. Além de alugar as casinhas do cortiço, João Romão monta um restaurante para vender almoço aos trabalhadores das fábricas.
9 Ao lado do cortiço, constrói um casarão, um outro português, mas de classe elevada, com certos ares de pessoa importante, o Senhor Miranda, cuja mulher leva vida irregular. Miranda não se dá com João Romão, nem vê com bons olhos o cortiço perto de sua casa. Os dois mantêm uma relação de inveja um pelo outro, pois Romão inveja a vida pomposa de Miranda; enquanto Miranda inveja a liberdade de Romão, pois Miranda precisa viver com uma mulher que o trai, para poder manter ser status.
10 No cortiço moram os mais variados tipos: brancos, pretos, mulatos, lavadeiras, malandros, assassinos, vadios, benzedeiras etc. Entre outros: a Machona, lavadeira gritalhona, "cujos filhos não se pareciam uns com os outros"; Alexandre, mulato pernóstico; Pombinha, moça franzina que se desencaminha por influência das más companhias; Rita Baiana, mulata faceira que andava amigada na ocasião com Firmo, malandro valentão; Jerônimo e sua mulher, e outros mais.
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12 João Romão compra uma pedreira que existe no fundo do cortiço e passa a enriquecer de modo acelerado, pois a cidade do Rio está passando por um processo de urbanização e as ruas são pavimentadas com paralelepípedos retirados das pedreiras. No cortiço há festas com certa frequência, destacando-se nelas Rita Baiana como dançarina provocante e sensual, o que faz Jerônimo perder a cabeça. Enciumado, Firmo acaba brigando com Jerônimo e, hábil na capoeira, abre a barriga dó rival com a navalha e foge.
13 Naquela mesma rua, outro cortiço se forma. Os moradores do cortiço de João Romão chamam-no de "Cabeça-de-gato"; como revide, recebem o apelido de "Carapicus (peixe mais vendido por Bertoleza). Firmo passa a morar no "Cabeça-de- Gato", onde se torna chefe dos malandros. Jerônimo, que havia sido internado em um hospital após a briga com Firmo, arma uma emboscada traiçoeira para o malandro e o mata a pauladas, fugindo em seguida com Rita Baiana, abandonando a mulher.
14 Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do "Cabeça-de-gato" travam séria briga com os "Carapicus". Um incêndio, porém, em vários barracos do cortiço de João Romão põe fim à briga coletiva. O português, agora endinheirado, reconstrói o cortiço, dando-lhe nova feição e pretende realizar um objetivo que há tempos vinha alimentando: casar-se com uma mulher "de fina educação", legitimamente.
15 Lança os olhos em Zulmira, filha do Miranda. Botelho, um velho parasita que reside com a família do Miranda e de grande influência junto deste, aplaina o caminho para João Romão, mediante o pagamento de vinte contos de réis. E logo os dois patrícios, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Só há uma dificuldade: Bertoleza. João Romão arranja um plano para livrar- se dela: manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro.
16 Pouco tempo depois, surge a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos senhores. A escrava compreende o destino que lhe estava reservado, suicida-se, cortando o ventre com a mesma faca com que estava limpando o peixe para a refeição de João Romão.
17 ESTRUTURA DE O CORTIÇO A CRÍTICA DO CAPITALiSMO E ANÁLISE DA LUTA DE CLASSES: O Cortiço aborda a ambição e a exploração do homem pelo próprio homem. De um lado, João Romão que aspira à riqueza e Miranda, já rico, que aspira à nobreza. Do outro, a gentalha, caracterizada como um conjunto de animais, movidos pelo instinto sexual e pela fome.
18 DETERMINISMO: Segundo os deterministas, o comportamento humano é condicionado por três fatores: a raça (o fator biológico, genético), o meio (o fator social); e o momento (o fator histórico). Em O cortiço, nota-se nitidamente a análise determinista em personagens como Bertoleza (devido à sua raça negra; sua condição social pobre; e momento histórico escravismo no Brasil; a personagem vive e morre de maneira degradante.
19 ZOOMORFISMO: As personagens adquirem características de bicho à medida que não apresentam algum grau de intelectualidade que nos diferenciaria dos outros animais. Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum [fedor] de bestas no coito. (...) Daí a pouco, em volta das bicas eram um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
20 CIENTIFICISMO PATOLOGIAS Em O cortiço, há uma série de doenças e o que na época eram considerados distúrbios patológicos, como a loucura e o homossexualismo, presentes. Zulmira, filha de Miranda, por exemplo, não podia sequer sair a janela para não adquirir as moléstias que vinham do cortiço: Vá passando, menos as de casa aberta, que isso é perigoso por causa das moléstias... Pombinha, filha da lavadeira Isabel, não menstruava, apesar da idade já avançada: A filha era a flor do cortiço. Chamavam-lhe Pombinha. Bonita, posto que enfermiça [doente] e nervosa ao último ponto; loura, muito pálida, com uns modos de menina de família. A mãe não lhe permitia lavar, nem engomar, mesmo porque o médico proibira expressamente.
O cortiço. Aluísio Azevedo
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