DEPUTADO SIMÃO SESSIM PP/RJ. discurso.) - Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, o jornal

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1 DEPUTADO SIMÃO SESSIM PP/RJ D O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Senhor presidente, senhoras e senhores deputados, o jornal o Globo de 25 de junho de 2006, publicou reportagem dando conta de uma questão, há muito tempo debatida nesta Casa, mas que parece persistir sem que haja uma solução para o problema. De acordo com o jornal carioca, a cada 15 minutos, pelo menos uma pessoa foi internada em 2005 nos hospitais do Estado do Rio de Janeiro, devido a doenças causadas por más condições de saneamento. Foram quase cem pessoas por dia. São dados que constam do levantamento feito pela Associação Brasileira da Infra-Estrutura da Indústria de Base (Abdib), com base em estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre internações. Esta trágica notícia me faz lembrar o alerta do professor Paulo Canedo, da Coordenação de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, quando nos alerta de que a falta de saneamento básico, além de prejudicar a saúde da população,

2 também eleva os gastos da saúde com o tratamento das vítimas de doenças causadas pela falta de abastecimento de água adequado, sistema de tratamento de esgoto e coleta de lixo. Segundo a pesquisa da UFRJ, 68% das internações nos hospitais públicos são decorrentes de doenças provocadas por água contaminada. Já a pesquisa da Abdib, publicada em 25 de junho, pelo O Globo, tomou como referência informações sobre 93 milhões de internações e três milhões de óbitos em oito anos, em todo o Brasil de 1998 a E o que se observou, senhor presidente, é que a pesquisa aponta para uma piora do quadro nos últimos anos. Para termos um pequeno exemplo, só no Estado do Rio de Janeiro, região que represento nesta Casa, pessoas foram internadas com sintomas de doenças sanitárias em 2005, contra casos registrados sete anos antes. Os dados são ainda mais reveladores e preocupantes. Até porque, a situação é muito crítica, principalmente na população infantil. Segundo a pesquisa da Abdib, crianças de até 9 anos de idade precisaram permanecer hospitalizadas por um ou mais dias com diarréia, dengue e leptospirose em 2005, somente no Estado do Rio de

3 Janeiro. Isto significa dizer ainda que o aumento de internações nesta faixa etária foi de 26,2% em relação a 1998, quando foram hospitalizadas crianças. Lembro-me bem de uma matéria da revista Isto É, publicada em 2002, exibindo dados de uma Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. O trabalho revelava um Brasil mergulhado na sujeira, com 47,8% dos municípios brasileiros sem serviço de esgoto sanitário, enquanto que 68,5% dos resíduos das grandes cidades eram jogados em lixões e alagados. Só para termos uma pequena idéia, senhor presidente, os brasileiros produzem todos os dias algo em torno de toneladas de lixo, além dos 14,5 milhões de metros cúbicos de esgoto. E a destinação inadequada desse material ajuda a explicar por que ainda estamos às voltas com males do século XIX, como a febre amarela, a hepatite, a diarréia e mesmo a dengue. É assustador saber que as principais capitais brasileiras não cuidam de seus dejetos. No Rio de Janeiro, mais de 50% do esgoto coletado ainda não recebe tratamento adequado.

4 Com isso, senhor presidente e nobres deputados, o Ministério da Saúde gasta cerca de R$ 250 milhões se for mais ainda -, por mês para atender a estes casos. Até porque, estima-se que cerca de 40 milhões de brasileiros ainda não tenham acesso a água potável e somente 6% do esgoto produzido no país é tratado. São números que deixam o Brasil com um dos piores indicadores da América Latina. Os números servem de alerta à sociedade, sobretudo aos nossos governantes. Sou representante nesta Casa de uma região, a Baixada Fluminense, onde a questão do saneamento básico é também gravíssima. No entanto, a gente sabe perfeitamente que investir em saneamento básico é economizar dinheiro público. Há inclusive uma clássica afirmativa de que cada dólar gasto em saneamento provoca uma economia de US$ 4 a US$ 5 para os governos, seja ele municipal, estadual ou federal. Hoje, pelos cálculos mais otimistas, o País teria de investir algo em torno de R$ 180 bilhões para poder melhorar a situação do saneamento básico, garantindo para toda a população água, tratamento de esgoto e coleta de lixo. Foi oportuna, portanto, a matéria do jornal O Globo. Esperamos que ela sirva de alerta para as nossas autoridades no sentido de haja

5 mais investimento, mais ação e maior vontade política, de forma a proporcionarmos mais saúde e melhor qualidade de vida à nossa população. Muito obrigado!