Com efeito, na questão aqui particularmente discutida, assim dispõe a proposta da norma:
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1 Rio de Janeiro, 8 de setembro de Doc. nº.: 064/2009 O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes SINDICOM, entidade que congrega as principais empresas distribuidoras de combustíveis e de lubrificantes do país (Air BP Brasil S/A, AleSat Combustíveis S/A, Castrol Brasil Ltda, Chevron Brasil Lubrificantes Ltda, Cosan Combustíveis e Lubrificantes S/A, Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga, Petrobras Distribuidora S/A, Petronas Lubrificantes Brasil S/A, Repsol YPF Brasil S/A, Petróleo Sabbá S/A e Shell Brasil Ltda), a partir do que ficou estabelecido na audiência pública realizada em , serve do presente para demonstrar algumas particularidades do setor econômico aqui representado, bem como para mencionar as razões pelas quais a Proposta da Norma aprovada pela Resolução nº ANTAQ-de 16 de julho de 2009, na forma apresentada, está em desacordo com a legislação Federal em vigor, interfere em resolução de agência reguladora competente para disciplinar o setor de distribuição de combustíveis, e diretamente compromete a distribuição de produtos combustíveis no território nacional. A Proposta da Norma aprovada pela Resolução acima mencionada tem por objetivo estabelecer os critérios e os procedimentos que deverão ser observados para a outorga de autorização para a construção, a exploração e a ampliação de terminal portuário de uso privativo de pessoa jurídica regularmente constituída. A inviabilidade da norma proposta em audiência pública, com relação ao segmento aqui representado, é constatada já a partir das disposições preliminares contidas no seu artigo 2º, através do qual o Poder Público representado pela ANTAQ trouxe as definições para efeitos da própria norma. Com efeito, na questão aqui particularmente discutida, assim dispõe a proposta da norma: Art. 2º. Para os efeitos desta norma considera-se: (...)
2 III terminal portuário de uso privativo misto: a instalação explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado, não integrante do patrimônio do porto público, localizada dentro ou fora da área do porto organizado, utilizada na movimentação ou armazenagem de cargas próprias e de cargas de terceiros, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV carga própria: aquela que pertença ao autorizado, à sua controladora, ou à sua controlada, que justifique por si só, técnica e economicamente, a implantação e a operação da instalação portuária objeto da outorga; V carga de terceiros: aquela compatível com as características técnicas da infraestrutura e da superestrutura do terminal autorizado, tendo as mesmas características de armazenamento e movimentação, a mesma natureza da carga própria autorizada que justificou técnica e economicamente o pedido de instalação do terminal privativo, e cuja operação seja eventual e subsidiária. A combinação dos dispositivos normativos acima reproduzidos enseja a conclusão de que os beneficiários da outorga de autorização para utilização de terminal portuário de uso privativo misto poderão movimentar em seus terminais, de forma indiscriminada, apenas e tão somente carga própria, sendo certo que a autorização para armazenamento de carga de terceiros deverá se dar de maneira eventual e subsidiária. Definitivamente, por mais de uma razão, recomendamos que a Proposta da Norma seja modificada de forma a excepcionar sua aplicação para o segmento de distribuição de produtos combustíveis, senão vejamos: Para viabilizar o fornecimento de produtos combustíveis em todo o território nacional, conforme determina a própria Constituição Federal e a Lei 9.478/1997, as Companhias Distribuidoras de Combustíveis lançam mão de um aparato logístico de grande complexidade, sobretudo num País de dimensões continentais como o Brasil. Nestas condições, inevitavelmente, as Companhias Distribuidoras de Combustíveis, a despeito de competidoras, utilizam da infraestrutura instalada ociosa de determinada congênere para, habitual e constantemente, compartilhar espaço destinado ao armazenamento de seus respectivos produtos.
3 Esse compartilhamento de espaço para armazenamento de combustíveis é estratégia logística há muito adotada pelas Distribuidoras, sendo empregado não só nos terminais portuários de uso privativo misto, como também nas bases supridoras localizadas em áreas situadas fora de porto organizado, tudo ajustado a partir das disposições contidas nas Portarias números 202 e 251 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ANP e através de instrumentos contratuais. Dentro desta premissa, tem-se que o mecanismo de armazenamento de produtos combustíveis em diversos terminais portuários de uso privativo misto é disciplinado pela ANP e por certo foi pensado de maneira a permitir que os produtos combustíveis sejam distribuídos de forma eficiente em todo o País, de maneira que impor limitações na movimentação e armazenamento de carga de terceiros em terminal portuário de uso privativo misto, dentro da realidade do setor, certamente prejudicará o abastecimento de várias regiões do Brasil com produtos combustíveis, colocando em risco a própria viabilidade da atividade em algumas localidades. Ao empregar o adjetivo eventual no conceito de carga de terceiro, na prática, a proposta de norma em fase de audiência pública objetivou proibir que os titulares da outorga de autorização de exploração de terminais de uso privativo misto possam movimentar carga de terceiros, passando por cima não só de norma da agência que regula o setor de combustíveis, como também dos referidos instrumentos contratuais, diga-se de passagem, legítimos, celebrados para atender exigências da própria ANP ex vi do art. 11, parágrafo único, da Portaria ANP nº 202, de 30 de dezembro de A propósito da norma da ANP, acima mencionada, o Sindicato aqui requerente aproveita o ensejo para demonstrar perante a ANTAQ, a título de exemplo, como a agência reguladora do setor de combustíveis formaliza a autorização para que as empresas distribuidoras contratem a cessão de espaços para armazenagem de carga (combustíveis) de terceiros em terminais próprios ou privativos. 1 Art. 11. Os contratos de cessão de espaço e de arrendamento de instalações de terceiros somente serão homologados, pela ANP, após o atendimento da capacidade mínima de armazenamento estabelecida no inciso II, do art. 10 desta portaria. Parágrafo único. O distribuidor deverá apresentar à ANP, para os casos previstos no caput deste artigo, os contratos registrados em cartório, na forma de extrato, bem como o Formulário de Comprovação de Tancagem- FCT, preenchida pela empresa locadora, em modelo próprio da ANP.
4 Note-se, como não poderia ser diferente, que tudo é feito de forma absolutamente transparente, sendo o ato administrativo da autoridade competente levado à publicação pelo Diário Oficial da União, demonstrado de forma clara a homologação do contrato de cessão que contempla a localidade da instalação, as figuras do cedente e cessionário, o número do registro no cartório competente e o número do processo administrativo onde tramitou o pedido de autorização para a contratação de cessão de espaço. O compartilhamento de espaço para armazenamento de produtos combustíveis em bases de distribuição e terminais portuários é uma prática já consolidada no setor. Verdadeiramente, as Companhias Distribuidoras aqui representadas enxergam no armazenamento compartilhado, na locação de espaço em terminais, um importante mecanismo de redução de custos e incremento da capacidade de distribuição, de maneira a assegurar que os produtos combustíveis possam chegar nos quatro cantos do extenso território brasileiro. A Proposta de Norma apresentada pela ANTAQ, na forma que veio redigida, vai de encontro a tudo isto e além de afrontar a Constituição Federal, a Lei e as normas reguladoras do Setor de Combustíveis, conforme visto acima gera uma desestabilidade absolutamente desnecessária no setor, o que autoriza e legitima o SINDICOM, na qualidade de representante das maiores Companhias Distribuidoras, a se insurgir contra a Proposta da Norma aprovada pela Resolução ANTAQ nº 1.401, de 16 de julho de Em suma, tem-se que o armazenamento compartilhado e habitual (não eventual) de combustíveis em terminais portuários de uso privativo misto de titularidade de várias das distribuidoras aqui representadas, assegura a boa distribuição de combustíveis e tem autorização da competente agência reguladora do setor, de maneira que não há espaço para a restrição na movimentação de carga de terceiros. Adicionalmente a tudo isto e talvez reside aqui o que há de mais relevante nesta manifestação -, não se pode olvidar que desde a edição do Decreto-Lei nº 395, de , foi declarado de utilidade pública o abastecimento nacional de petróleo, entendendo-se por abastecimento nacional de petróleo, na letra do próprio Decreto-Lei, a produção, a importação, o transporte, a distribuição, dentre outros. Ao impor restrições no sentido de vedar o armazenamento de combustíveis de terceiros, de forma habitual e irrestrita, em terminais portuários de uso privativo misto de uma distribuidora ou de
5 outra, via norma aqui insurgida, a ANTAQ estará criando dificuldades que certamente impactarão no sistema de distribuição de combustíveis e de resto inviabilizando a atividade das próprias companhias distribuidoras. Por fim, sendo esta a oportunidade do SINDICOM de manifestar acerca da Proposta da Norma da ANTAQ, conforme disposto em audiência pública, não se pode deixar de questionar a legalidade da referida Proposta da Norma quando pretende dispor sobre penalidades. Definitivamente, Resolução não é instrumento hábil a impor penalidade. A matéria deverá estar prevista em Lei específica com a finalidade de fiscalizar as instalações em terminais aquaviários. Expendidas tais razões, a partir do que ficou disposto na audiência pública realizada no dia e no prazo que lhe foi assinado, tendo em vista que a atividade de distribuição de combustíveis é declarada de utilidade pública, considerando ainda que a ANP, competente para regular o setor, já disciplinou e há muito vem possibilitando a cessão de espaço ocioso em bases e terminais das empresas, inclusive em terminais portuários de uso privativo misto, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes SINDICOM serve da presente para requerer a modificação no texto da Proposta da Norma, de forma a que possa excepcionar e permitir que as Companhias Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes movimentem nos terminais portuários de uso privativo misto carga de terceiros sem qualquer restrição. Nesta oportunidade apresentamos nossa proposta de alteração do texto da futura Resolução, conforme redação anexada ao presente requerimento. Por derradeiro, além do encaminhamento eletrônico desta manifestação e conseqüente requerimento, estaremos levando estas razões a protocolo perante essa Agência Nacional de Transportes Aquaviários ANTAQ. Atenciosamente, ALISIO J. M. VAZ Vice-Presidente Executivo
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