UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UnB FACULDADE DE DIREITO FDD TEORIA GERAL DO PROCESSO /1 TURMA A PROFESSOR: DR. VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA
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- Bárbara Arruda Freire
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1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UnB FACULDADE DE DIREITO FDD TEORIA GERAL DO PROCESSO /1 TURMA A PROFESSOR: DR. VALLISNEY DE SOUZA OLIVEIRA ANA LUISA VOGADO DE OLIVEIRA DAVID PEDROSO CORRÊA JOÃO PAULO SOUSA MACIEL PEDRO HENRIQUE MOURA DE FARIAS PRIMEIRO TRABALHO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO 2: ESTUDO SOBRE O PROCEDIMENTO PROCEDIMENTO DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA PENAL: PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE E ALTERNATIVAS DE DIREITO Brasília DF 2015
2 1 Introdução O objetivo do presente trabalho é apresentar, de forma sintética, o procedimento de cumprimento de sentenças penais, englobando tanto as penas privativas de liberdade como as penas alternativas ou restritivas de direitos. Por se tratar de um trabalho introdutório, além da descrição propriamente dita do procedimento de cumprimento dessas sentenças, será também apresentada uma breve explicação sobre o que são as penas privativas de liberdade e as alternativas, com enfoque especial para a reforma patrocinada pela Lei n 9.714, de 25 de novembro de 1998, a qual altera dispositivos do Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Deve ser mencionada, também, a atuação da Lei de Execução Penal (Lei n 7.210/84), a qual é texto pilar à consecução do jus puniendi do Estado. 2 Das penas: 2.1 Penas privativas de liberdade O Código Penal (CP) estabelece que as penas privativas de liberdade para os delitos e crimes constituem-se em detenção e reclusão, respectivamente. A diferença substancial entre tais penas encontra substrato no fato de que os crimes, que são de ordem mais gravosa, são puníveis com a pena de reclusão a ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto, enquanto que os delitos, que são de menor gravidade, têm como punição a detenção a ser cumprida em regime semiaberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado, caracterizando a regressão a regime mais rigoroso do cumprimento de pena. Segundo o art. 33, 1º, do CP, entende-se por regime fechado a execução da pena sob segurança máxima ou média, enquanto que o regime semiaberto se dá com a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Por fim, no regime aberto, a execução da pena se faz em casa de albergado ou estabelecimento adequado. Dentro da execução penal, as penas privativas de liberdade adotam uma natureza progressista, com a finalidade de ressocialização do agente criminoso. Assim, leva-se em consideração o mérito do condenado, resguardadas as hipóteses de regressão a regime mais rigoroso. Para tanto, o art. 33, 3º, do CP estabelece três critérios: o primeiro refere-se ao cumprimento de pena em regime fechado para aqueles condenados a pena superior a oito anos. O segundo refere-se ao regime semiaberto, destinado àquele condenado não reincidente, cuja pena tenha como limite oito anos e seja superior a quatro. Por último, tem-se o terceiro critério, que se referencia no regime aberto, destinado, desde o início, àquele condenado também não reincidente, que possua pena igual ou inferior a quatro anos. 2
3 2.2 Penas restritivas de direitos Existe, no processo de execução penal, uma sanção que é imposta com a finalidade de substituição da pena privativa de liberdade por outra pena (alternativa ou restritiva de direitos) que visa ao desaparecimento ou diminuição de um ou mais direitos do condenado. Doutrina majoritária vem atentando-se para a distinção entre penas alternativas e alternativas à pena. Entende-se que a pena alternativa pressupõe a etapa de condenação do réu para então, a partir daí, falar-se em substituição da pena privativa de liberdade. Por outro lado, na alternativa à pena não há a condenação, ocorrendo escusa à aplicação da pena. O art. 43 do Código Penal estabelece cinco espécies de penas restritivas de direitos. Na composição delas, há três vertentes que possuem natureza pessoal e duas, investidas de natureza real. Quanto à natureza pessoal, tem-se: prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; limitação de fim de semana; interdição temporária de direitos. Quanto à natureza real, tem-se: perda de bens e valores; prestação pecuniária. Em seu artigo 44, o CP traz as principais características das penas restritivas de direito. São elas a autonomia e a substitutividade. Segundo o legislador, por autonomia entende-se que a pena não apresenta caráter acessório, possui existência própria e jamais se acumula à pena privativa de liberdade para punição de mesmo ato relevante ao Direito Penal. Já a substitutividade é entendida como a necessária fixação prévia da pena privativa de liberdade para substituição por pena restritiva de direito. De acordo com o supracitado artigo, norteiam o juiz, na aplicação da pena restritiva de direito, três requisitos que são, necessariamente, cumulativos. 1. Quando do crime doloso, avalia a existência de pena igual ou inferior a 4 anos, e existência de crime praticado sem violência e sem grave ameaça. Quando do crime culposo, não há qualquer restrição na aplicação da pena alternativa. 2. Quando nota-se a não reincidência do condenado em crime doloso. 3. Quando o condenado apresenta condições judiciais favoráveis, como disposto no art. 59 do CP. Há duas condições de aplicação de substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direito, segundo o disposto pelo art. 44, 2º do Código Penal. A primeira seria quando a condenação é igual ou inferior a 1 (um) ano, situação em que se aplica uma pena restritiva de direito ou multa. A segunda condição se faz presente quando a condenação é superior a 1 (um) ano, situação em que se deve aplicar uma pena restritiva de direitos e uma multa ou duas penas restritivas de direitos. 3
4 Por outro lado, quando o juiz faz a conversão contrária, ou seja, converte as penas restritivas de direitos em pena privativa de liberdade, o art. 44, 4º e 5º estabelece duas hipóteses. A primeira delas ( 4º) é quando há o descumprimento injustificado da restrição imposta. A segunda ( 5º) ocorre por intermédio da condenação do réu por outro crime, devendo o juiz atentar para a necessidade de o cumprimento da pena superveniente não apresentar incompatibilidade com o anterior cumprimento da pena restritiva de direitos. O CP em seu art. 45, 1º dispõe acerca da prestação pecuniária alegando que esta é uma espécie de pena restritiva de direito, podendo, portanto, ser convertida em pena privativa de liberdade. Em contraposição, tem-se a multa, que é uma sanção penal de natureza pecuniária, não podendo, portanto, ser convertida em pena privativa de liberdade. Por último, cabe ressaltar a existência de um instituto de política criminal chamado de sursis, que consiste basicamente na suspensão condicional da execução da pena. Dentro desse instituto, o condenado (fora do recolhimento prisional) é submetido à observância de prévios requisitos legais e condições estabelecidas pelo juiz, durante tempo estipulado, que quando de seu fim, não revogada a concessão, o juiz considerará extinta a punibilidade. 3 O sistema de aplicação das penas: O sistema de aplicação de pena privativa de liberdade foi objeto de importante alteração com a entrada em vigor da Lei n 9.714/98, que permitiu a substituição da pena privativa de liberdade pelas chamadas penas restritivas de direitos, também chamadas de alternativas. As penas são, em geral, aplicadas pelos juízes no momento da sentença penal condenatória. No caso das penas tradicionais (privativas de liberdade ou pecuniária), elas são atribuídas aos tipos penais. Já no caso das penas restritivas de direitos, elas não estão conferidas diretamente aos tipos penais, pois sua aplicação é feita no momento da fixação da pena em decorrência do processo de substituição. No tocante à execução da pena, seu pressuposto básico é a própria existência de uma sentença condenatória ou absolutória imprópria, que é a absolvição com imposição de medida de segurança, transitada em julgado. O processo de cumprimento da pena se desenvolve por impulso oficial, não havendo necessidade, portanto, de provocação do juiz. Ademais, geralmente 1, o condenado não precisa ser citado nessa etapa visto que já possui ciência da acusação e da sentença final. O sujeito ativo na execução penal é o Estado, por meio da sua jurisdição, não sendo permitida a intromissão do particular, enquanto o passivo é o executado. Por fim, o objeto da execução, segundo a doutrina, seria a efetivação do mandamento incorporado à sentença penal e a reinserção social do condenado. Nesse contexto de execução da pena, as penas alternativas são, muitas vezes, denominadas de 1 Exceção feita a execução forçada da pena de multa. 4
5 Direito Penal Mínimo, pois visam retribuir o agente que comete crimes considerados de menor potencial ofensivo, sendo uma pena proporcional ao delito por ele cometido, mas não com o tolhimento de sua liberdade, ou seja, são alternativas à prisão. 4 A Execução Penal De acordo com a Lei de Execuções Penais (Lei n 7.210/84), competirá ao juiz indicado na lei local da organização judiciária e, na sua ausência, da sentença a execução penal. Caso a execução seja transferida para outra unidade da Federação, a execução da pena executar-se-á de acordo com a respectiva Lei de Organização Judicial. Pelo art. 3º da LEP, todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei estarão assegurados ao condenado. Nesse contexto, é importante ressaltar que, por imposição legal, o condenado não tem o direito subjetivo de escolher o presídio onde pretende cumprir a pena, sendo o local de cumprimento uma atribuição do juízo da conveniência da Administração Penitenciária, sob a direção do juízo da Vara de Execução Penal. Não é permitido, tampouco, tratamento diferenciado com relação aos homossexuais, pessoas portadoras de necessidades especiais, ou por critérios raciais, sociais, religiosos ou políticos. 5 Disposições finais O propósito de se estudar o procedimento do cumprimento de sentença penal, enquanto temática orbitante ao ramo do Direito Processual lato sensu, que é de viés Público, é de suma importância para que seja configurado o Estado Democrático de Direito. Nesse paradigma, falar em substituição de pena, bem como em prerrogativas garantidas ao condenado e no processo geral a ser culminado em uma sentença condenatória, significa haver atenção às etapas que conferem legitimidade à execução constitucional sine qua non das penas. Segundo Juarez Cirino dos Santos (2012), o discurso oficial que orbita a aplicação do controle penal se manifesta em três âmbitos, a saber, a pena como retribuição da culpabilidade do agente; a pena como prevenção especial, ou aquela decorrente de ideologias calcadas na ressocialização dos indivíduos infratores; e há a ideia da pena como prevenção geral, que age num viés negativo, por meio da ideia de que o Estado espera que a ameaça da pena desestimule pessoas de praticarem crimes. (ibidem, p. 426), e que age num sentido positivo, que tem o fundamento de estabilizar as expectativas normativas e de restabelecer a confiança no Direito, frustradas pelo crime. (ibidem, p. 427). É importante dizer, assim, que a retribuição a ser feita pelo sistema penal, sob a forma da aplicação das penas, deve ser voltada a uma certa limitação do rol de direitos e deveres fundamentais do condenado, principalmente sobre a sua liberdade, mas sem significar que o condenado deva ser tolhido de todos os seus direitos e do consequente procedimento para que sua sentença seja cumprida. 5
6 Referências Bibliográficas BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei n /84, de 11 de julho de Institui a Lei de Execução Penal.. Lei n /98, de 25 de novembro de Altera dispositivos do Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de Código Penal.. Decreto-Lei n /40, de 7 de dezembro de Código Penal.. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, CARDOSO, Eliane Gomes de Bastos. As penas privativas de liberdade e as alternativas. In: Âmbito Jurídico. Acesso em 8 abr LEITE, Gisele. Considerações sobre execução penal na sistemática penal brasileira. In: JusBrasil. Disponível em: < Acesso em 8 abr MISSAGLIA, Rafael Oliveira. Penas e medidas alternativas de Direito: Uma interpretação sob o olhar de um Direito Penal mínimo. In: Âmbito Jurídico. Disponível em: < n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8830>. Acesso em 8 abr SANCHES, Rogério. Penas restritivas de Direito (resumo). Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes (LFG). Disponível em: < df>. Acesso em 8 abr SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal Parte Geral. Florianópolis: Conceito Editorial,
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