PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO E PARA O TRABALHO PROJETO APRENDIZ HORTICULTOR
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- Gilberto Silva Rosa
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1 PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO E PARA O TRABALHO PROJETO APRENDIZ HORTICULTOR BRUNO CAETANO FRANCO 1 ; LEANDRA VICENTINA DOS REIS LEITE 2 ; VICENTE GUALBERTO 3 1 Graduando em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Lavras - caetanofranco@hotmail.com 2 Graduanda em Agronomia, Universidade Federal de Lavras leandraleite@yahoo.com.br 3 Professor, Dr, Universidade Federal de Lavras DCS- PET- Agronomia vgualber@ufla.br Resumo Acredita-se que a educação como instituição social, deve ser o caminho para igualdade entre classes sociais e o desenvolvimento da humanidade, trabalhando as potencialidades do ser humano. Porém discute-se a educação desempenhada nos tempos atuais, que trabalha na contra mão do desenvolvimento social e profissional dos educandos, formando pessoas capazes de funcionar da maneira prevista, desejável e apropriada à manutenção do sistema hierárquico e rígido, que caracteriza o processo de produção e distribuição dos bens materiais e culturais inerente aos modelos governistas vigentes, no momento atual o capitalista, dentro de uma sociedade de classes, vivendo uma cultura industrial urbana. Enquadrado nesse sistema encontra-se o jovem que, mais tarde na vida, sobrecarregado de demandas e conseqüentes pressões sobre a formação da visão de mundo, é exigido a exercer uma profissão, ou ocupação, no mundo do trabalho. É nesse contexto que o COMBEM (Conselho Municipal do Bem Estar do Menor), órgão da Prefeitura Municipal de Lavras, e em parceria com o grupo PET- Agronomia DEPEM / SESu / MEC, desenvolve o projeto Aprendiz de Horticultor, inserido no programa Educando pelo e para o Trabalho, executando atividades junto aos Núcleos Comunitários do COMBEM em Lavras, como aulas teóricas e práticas, visitas técnicas e palestras envolvendo temas sobre educação e produção olerícola, tendo como objetivo atender jovens e adolescentes carentes, com formação continuada e treinamento específico, a fim de inseri-los ao mercado formal de trabalho. Palavras-chave: educação, trabalho, desenvolvimento, social, horticultor.
2 Introdução Em nossa sociedade, estratificada por classes socioeconômicas, sabe-se que o caminho para unificação baseia-se na educação, instituição social, capaz de preparar pessoas a fim de questionar, pensar, tomar decisões e agir para benefício próprio e dos outros. Delegar à educação o papel de socializar a humanidade é instigar jovens e adultos a desenvolver valores, críticas e concepções do mundo em que vivem. Para isso a educação deve ser comprometida com seu educando, fornecendo instrumentos ao processo de aprendizagem e percepção holística dos problemas da sociedade. Segundo Guenther (1997) por outro lado, na sociedade industrial capitalista do mundo atual, tem-se discutido e apontado frenquentemente a contradição: de um lado o objetivo teórico atribuído à educação, o de promover cidadãos livres, capazes de pensar, tomar decisões e melhorar a sua própria vida; de outro, a função oculta embora real, subentendida, dissimulada, mas vitalmente necessária a uma sociedade industrial capitalista a de produzir pessoas capazes de obedecer, de funcionar em boa sincronia com as máquinas, de aceitar hierarquias impostas sem questioná-las, de desempenhar tarefas rotineiras e tediosas, sem jamais tomar decisão efetiva. Enfim, a tarefa real da educação seria formar pessoas capazes de funcionar da maneira prevista, desejável e apropriada ao sistema hierárquico e rígido que caracteriza o processo de produção e distribuição dos bens materiais e culturais inerente ao capitalismo, dentro de uma sociedade de classes, vivendo uma cultura industrial urbana. Enquadrado nesse sistema encontra-se o jovem que, mais tarde na vida, geralmente as demandas e consequentes pressões sobre a formação da visão de mundo representadas pela escola, vão sendo substituídas pelas exigências e pressões inerentes ao exercício de uma profissão, ou ocupação, no mundo do trabalho. É importante citar o fato de que em pleno limiar do século XXI, a participação relativa do segmento etário de 15 a 24 anos no total da população economicamente ativa é de 25%, embora o jovem responda por 50% do desemprego nacional; ao passo que a taxa de desemprego aberto dos jovens gira em torno de 18%, a taxa média nacional esteve em 9,4% do total da força de trabalho segundo o IBGE (PNAD) no ano de 2001 (POCHMANN, 2004). Na atualidade, o jovem tem buscado motivação para projetar sua vida em um constante anseio consumista, que faz com que o trabalho, antes considerado digno e respeitoso, mesmo sem o retorno financeiro e capaz de modificar o padrão social, seja deixado de lado parar dar lugar ao anseio pelo ganho fácil, tentando modificar seu status dentro da sociedade. O trabalho e a
3 educação, fontes de dignidade e valorização humana, atividades sociais úteis, fontes de emanação de direitos sociais e cidadania, devem ser encarados como instrumentos para a construção de uma sociedade igualitária e justa e não apenas como objetivos financeiros. É nesse contexto que o programa Educando pelo e para o Trabalho desenvolvido pelo COMBEM (Conselho Municipal do Bem Estar do Menor), órgão da Prefeitura Municipal de Lavras, sem fins lucrativos e para atendimento a crianças e adolescentes em áreas periféricas da cidade de Lavras e em parceria com o grupo PET-Agronomia da UFLA, realiza atividades em Núcleos Comunitários, com a metodologia da Educação pelo trabalho em que o educando aprende fazendo, e suas atividades têm por finalidade o desenvolvimento integral do ser. Objetivos Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo PET-Agronomia DEPEM / SESu / MEC, no COMBEM, baseiam-se no fundamento da Educação pelo Trabalho, sendo atividades de caráter coletivo que possibilitam aos jovens indentificar, incorporar e vivenciar valores, no tocante a construção da autonomia e da solidariedade em termos pessoais e sociais. Como objetivo geral, o programa deve atender jovens e adolescentes carentes, com formação continuada e um treinamento mínimo específico, a fim de inseri-los ao mercado formal de trabalho - através de atividades práticas como oficinas artesanais e cursos profissionalizantes, o programa deve estimular a criatividade, habilidade e competências dos alunos. Como objetivo específico, o projeto Aprendiz de Horticultor deve transmitir aos adolescentes os princípios básicos e fundamentais relativos ao desenvolvimento da olericultura orgânica, administração de recursos humanos e financeiros, planejamento e comercialização da produção. Metodologia O projeto Aprendiz de Horticultor foi conduzido todas as quartas-feiras, das 13h00min as 16h00min, durante o período de 06 de agosto a 03 de dezembro de 2008, no núcleo T ARTE do COMBEM, localizado no município de Lavras MG. As preleções temáticas ficaram a cargo do graduando em Engenharia Agrícola, Bruno Caetano Franco, e da graduanda em Agronomia, Leandra Vicentina dos Reis Leite, da Universidade Federal de Lavras.
4 Foram elaborados, visando apoio didático, folhetos seguindo o conteúdo programático, que considera a escala de produção das hortaliças comumente cultivadas na horta comunitária do COMBEM, abordando temas imprescindíveis ao cultivo agrícola (Anexo1). As abordagens temáticas foram, sempre, divididas em aulas práticas e teóricas. Em um primeiro momento, os alunos dedicavam-se a leitura, escrita e discussões dos temas contidos nos folhetos entreguem nas respectivas aulas visando, sempre, o aprofundamento da temática leitura e interpretação de textos; fundamentais em nosso cotidiano. Continuando, os conhecimentos recém adquiridos eram aplicados nas práticas de manutenção e ampliação da horta comunitária do COMBEM. No contexto das atividades práticas, os alunos desempenhavam atividades relacionadas ao controle fitossanitário, tratos culturais, e implantação das hortaliças, dentre elas a da alface, do repolho, da couve, da cenoura, da beterraba, etc. Durante o período de execução do projeto, diversas visitas técnicas foram realizadas junto a diversos setores da Universidade Federal de Lavras, a UFLA, dentre eles: (a) ao laboratório de Mineralogia do Departamento de Ciência do Solo, DCS / UFLA, tendo com facilitador o Professor Vicente Gualberto, abordando temas referentes à importância da água para humanidade e a agricultura, mineralogia e formação de solos e, (b) ao Setor de Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia, DEG / UFLA da Universidade Federal de Lavras, tendo como facilitador o Professor Nilson Salvador, abordando temas referentes a máquinas de preparo primário e secundário do solo. No tocante ás temáticas comercialização e planejamento para horticultura, abordaram-se conhecimentos referentes à logística, escala de produção, pontos de venda, custo e benefício da produção olerícola, formas de agregar valor ao produto, etc. é importante enfatizar que todo valor arrecado pela comercialização das hortaliças eram aplicados na manutenção da horta e na alimentação dos alunos.
5 Resultados Como resultado final do projeto, os alunos participantes do Projeto Aprendiz de Horticultor foram agraciados, pela Prefeitura Municipal de Lavras, com o certificado de participação e conclusão do curso sendo que alguns dos alunos conseguiram inserção no mercado formal de trabalho em atividades relacionadas à temática do projeto, em alguns seguimentos da sociedade lavrense. É lícito citar, também, que alguns alunos ficaram muito entusiasmados pelos conhecimentos abordados e manifestaram profundo interesse em continuar os estudos, visando, quem sabe, uma futura formação universitária. Outros, visando uma futura alimentação saudável implantaram uma pequena horta em suas respectivas residências. Conclusão Dentre outros, foi identificado pelos atores envolvidos no projeto: - a necessidade da construção de uma sociedade mais igualitária e com perspectiva de crescimento para a comunidade mais necessitada. - a necessidade de criação e implementação de políticas públicas mais efetivas e inerentes a temáticas educacionais e profissionalizantes voltadas para a comunidade mais carente. - apesar dos resultados positivos é explícita a desmotivação por parte da grande maioria dos participantes; um fato pernicioso quanto ao futuro de nossos jovens. Referências Bibliográficas Educação para Todos: avaliação da Década. Brasília: MEC/INEP, GUENTHER, ZENITA CUNHA. Educando o Ser Humano: uma abordagem da psicologia humanista. 1. Ed. Campinas, SP: Mercado de Letras, Lavras, MG: Universidade Federal de Lavras, 1997, 271 p. SILVA, MANUEL CARVALHO DA. Os jovens na Sociedade e no Trabalho. Disponível em: < Acesso em: 18 mar
6 Anexo. Conteúdo Programático: 01. Introdução à horticultura e sua importância sócio econômica; 02. O clima e sua importância para o cultivo agrícola (noções de biologia celular, histologia, anatomia e fisiologia de plantas); 03. O solo e sua importância para o cultivo agrícola (noções de química, física e microbiologia de solos e nutrição mineral de plantas); 04. Preparo do solo para plantio (manejo e práticas conservacionistas do solo e da água); 05. Adubação orgânica; 06. Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Daninhas (com enfoque no controle biológico, cultural e natural); 07. Culturas (Brássicas, Solanáceaes, Asteráceaes, Liliáceaes, Curcubitáceaes); 08. Planejamento de uma produção escalonada de hortaliças; OBS. O trabalho deverá ser avaliado na área de educação.
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