A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA NAS COOPERATIVAS DE SAÚDE RESUMO
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- Ivan da Mota Philippi
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1 1 A IMPORTÂNCIA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA NAS COOPERATIVAS DE SAÚDE Edna Maria da Silva Bernardes FAFIJAN Marilda da Silva Bueno FAFIJAN RESUMO Este estudo discute a relevância da responsabilidade social no meio cooperativista, contextualizando a conjuntura social e econômica de atuação das cooperativas de trabalhos médicos diante à profissionalização de sua gestão e a relevância dos investimentos em processos de responsabilidade social. De forma ideológica, objetiva contribuir para mudanças de comportamentos em prol de causas voltadas ao bem-estar dos menos favorecidos. Apresenta realizações da Unimed, cooperativa de trabalhos médicos que, avançando a um protocolo de intenções em desenvolvimento de projetos sociais, vem engajando organizações econômicas frente à interdependência e comprometimento social. Busca expor a importância da divulgação dessas atividades quando aborda e elaboração e divulgação do Balanço Social, demonstrativo obrigatório a todas cooperativas. Enfoca a questão da filantropia e responsabilidade social, da adoção de comportamentos éticos, orientação sobre valores e princípios que almejam a busca das melhores práticas organizacionais que proporcionam melhor qualidade de vida para as pessoas. Palavras-chave: Responsabilidade Social. Ética. Cooperativismo.
2 2 1 INTRODUÇÃO Ao pensar na questão da responsabilidade social, já é possível visualizar o que crescimento das atividades econômicas e os avanços tecnológicos estão intimamente relacionados com o aumento populacional, dado que há necessidade da existência de um mercado consumidor para a absorção do produto de ambos: atividades econômicas e novas tecnologias. O aumento demográfico e a consequente elevação na demanda é que impulsionam a expansão das atividades econômicas e o desenvolvimento de novas tecnologias, porém deve-se observar que a demanda é ilimitada, mas os recursos são limitados. Neste contexto, a responsabilidade social passou a significar um compromisso necessário no âmbito empresarial, despertando para outra realidade, que é a importância de contribuir para uma comunidade atuante. Também através da preocupação com a cultura, educação, meio ambiente, saúde, financiamento de projetos geração de renda, apoio a pessoas portadoras de deficiência, dentre outros, é que uma organização pode ajudar seus colaboradores a melhorar a qualidade de vida e também buscar resultados positivos. Baldo 2002, p.1, traz que: a responsabilidade social é vista como um compromisso da empresa com relação à sociedade e a humanidade em geral, é uma forma de prestação de contas de seu desempenho, baseada na apropriação e uso de recursos que originariamente não lhe pertencem. Esta prestação de contas da empresa é feita através da apresentação do balanço social e das atividades sociais que ela realiza na comunidade. Embora a realização de atividades sociais seja indispensável para o crescimento de uma comunidade, é preciso atentar-se que nenhuma sociedade sobrevive sem os benefícios gerados pelas atividades econômicas, bem como sofre seus impactos. Os efeitos nocivos decorrentes destas atividades econômicas prejudicam o meio externo acarretando perdas na qualidade de vida da população (aumento do índice de doenças) e destruição dos recursos naturais (contaminação das águas, do ar, dos solos, extinção de espécies animais, vegetais e minerais entre outros), causando mal estar social, a fome, o desemprego, a falta de escolas, a violência, as desigualdades. Muitas empresas têm levado a sério suas relações com a comunidade, com o meio ambiente e com seu próprio corpo de colaboradores, certo que essas relações tornaram-se uma questão de estratégia e de sobrevivência empresarial, isto sem falar, é claro, do lado ético, moral e humano da responsabilidade social. No entanto, muitas empresas e cooperativas já
3 3 despertaram, e outros estão despertando para o fato de que auferir grandes lucros à custa da saúde física e mental dos colaboradores, da destruição do meio ambiente e do desprezo por uma parcela considerável da sociedade, pode acabar gerando prejuízos em longo prazo. Ao se envolver em projetos sociais, culturais, educacionais, as empresas passam a ter uma boa imagem perante a sociedade. Elas estão cada vez mais obrigadas a fornecerem informações sobre sua administração de seus recursos em extratos sociais progressivamente mais amplos. O estudo desenvolvido enfoca a atuação da Unimed do Brasil e a fundação Unimed, que fizeram uma avaliação detalhada referente à performance social de cada cooperativa inscrita e foram considerados alguns indicadores como, os valores e a transparência da instituição; o público interno; o público externo; a comunidade; o meio ambiente; o cliente; os fornecedores; o governo e a sociedade. 2 RESPONSABILIDADE SOCIAL VERSUS FILANTROPIA Muitos ainda confundem responsabilidade social com o conceito de filantropia. O Instituto Ethos (2012), explica a diferença entre Responsabilidade Social e Filantropia, esclarecendo que a filantropia trata basicamente de ação social externa da empresa, tendo como beneficiário principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não governamentais, associações comunitárias etc.) e organização. Já a Responsabilidade Social, é quando as empresas passam a adotar comportamentos éticos assumindo compromisso maior com a sociedade, ajudando a diminuir a desigualdade social, dando apoio em projetos sociais e ambientais tornando parceiras pelo desenvolvimento social. As empresas se preocupam com um publico maior (acionistas, colaboradores, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), ela é uma ação transformadora por buscar desenvolver o cidadão. Santos (2004, p. 33) esclarece dizendo que, podemos, assim, resumir que a filantropia difere de responsabilidade social basicamente por ser uma ação social, praticada seja isolada ou sistematicamente, ao passo que os compromissos de responsabilidade social compreendem ações pró-ativas, integradas e inseridas tanto no planejamento estratégico quanto na cultura da organização, envolvendo todos os colaboradores. Por meio dos dizeres de Santos, percebe-se que a filantropia possui uma ideologia um tanto paternalista, ao passo que a responsabilidade social gera compromisso, integração e crescimento das pessoas, diferença capaz de gerar mudança de postura.
4 4 3 RESPONSABILIDADE SOCIAL E COOPERATIVISMO As cooperativas em geral tem se desenvolvido em projetos na área de desenvolvimento sustentável da comunidade em que está inserida. Muitas cooperativas são responsáveis socialmente para com as suas comunidades, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de seus cooperados e familiares, de seus colaboradores, e das pessoas não diretamente ligadas à cooperativa. A Unimed não é diferente, tanto que: ética, transparência, cooperação, igualdade e responsabilidade social são valores que compõem o DNA da Unimed desde sua fundação. [...] o nosso maior desafio é fazer com que essa vocação genética se multiplique em cada município onde existir uma Unimed, de modo que a sustentabilidade e o bem estar das gerações futuras continuem a fazer parte de nossa história. (BARROS, 2004, p.17) Com as exigências de transparência e ética, as empresas estão adotando a responsabilidade social com estratégia de negócios, as empresas que adotavam a prática de filantropia, agora exercem a responsabilidade social tornando empresas cidadãs. As cooperativas já têm como prática a responsabilidade social, e por esta razão, procuram manter atividades desta natureza de maneira a contribuir com o bem-estar social. O meio mais eficaz de disseminar a cultura de Responsabilidade Social nas cooperativas é através da Educação Cooperativista, que consiste nos esforços de difundir aos cooperados e aos seus familiares, os conceitos e princípios cooperativistas, a importância e o valor da união entre eles na sustentação do empreendimento cooperativo. 4 ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS COOPERATIVAS Cada vez mais as cooperativas estão conduzindo suas atividades seguindo os padrões de responsabilidade social corporativa, por meio de ações sociais que agem sobre as comunidades em geral, colaboradores, cooperados, clientes e parceiros. Hoje a ética para as empresas é uma questão de sobrevivência. Ao dizer que uma empresa é ética se está dizendo que ela possui valores. Nesse sentido, Trespach, (2012, p. 17) escreve que respeitando os valores e os princípios do cooperativismo as cooperativas passam a exercer a função social na sociedade em que está inserida, incluindo a responsabilidade social como forma de estratégia e de negócio, com o intuito de contribuir de forma ética e transparência para ajudar a
5 5 melhorar as condições sociais e ambientais nos municípios de sua área de atuação. Entre os valores mais comuns podem ser citadas a qualidade, segurança e a comodidade, características que fazem os consumidores identificarem, rapidamente, uma marca específica. Nessa ideologia, as cooperativas devem estar presentes de forma transparente buscando contribuir para o desenvolvimento comunitário, praticando a cidadania e a responsabilidade social. A ética se pratica interna e externamente, desenvolvendo e formando profissionais, respeitando sempre as diferenças. 5 A UNIMED APUCARANA Fundada em 09/08/1988 por um grupo de médicos que acreditavam na força do cooperativismo médico, tendo instalação oficializada em 3 de novembro de O grupo iniciou com 21 cooperados, constando hoje com uma equipe de 152 médicos cooperados e 6 aspirantes a cooperados, atendendo nos 29 municípios que compõem a sua área de atuação. A Unimed Apucarana está em um ritmo constante de crescimento, serviços e especialidades são incorporados à cooperativa, sempre de olho nas inovações que surgem no mercado. Os novos cooperados são aceitos sem restrições desde que atendam às necessidades da cooperativa, que tenham em prática de trabalhos éticos e estejam comprometidos a dar um bom atendimento aos pacientes. A preocupação em melhorar o atendimento, tanto aos usuários como aos cooperados, é uma constante. A Unimed Apucarana está totalmente informatizada e se encontra interligada com todo Paraná. A informatização contribui para desburocratizar e deu mais agilidade aos processos (SARAIVA, p. 11, ). Tanto envolvimento, aliado à austeridade dos diretores, inibiu o surgimento de empresas de planos de saúde na cidade. A Unimed Apucarana domina parte do mercado local, sendo que 99% dos médicos em atividade são cooperados. A Unimed Apucarana sempre se preocupou com o social, desde a sua fundação mantém parcerias com clubes de serviços e associações de classe e muitas outras entidades e instituições de forma institucional ou de patrocínio que tenham o objetivo de proteger e melhorar a qualidade de vida da população. Uma das ações sociais está ligada ao atendimento gratuito dos alunos das APAES de sua área de atuação, um total de 1873 alunos. Com este
6 6 atendimento os portadores de deficiência e seus familiares tiveram amenizado o sofrimento e a incerteza do atendimento no serviço de saúde pública. A Unimed Apucarana oferece a seus clientes e cooperados o informativo Mais Saúde, onde constam informações sobre a cooperativa, em geral orientações sobre a prevenção de doenças. Por intermédio dos médicos cooperados são distribuídos folders com orientações sobre estresse, doenças cardíacas, diabetes, câncer de mama, depressão, tabagismo, hepatite, entre outros. Apoio ao esporte também é uma preocupação da Unimed Apucarana, que desenvolveu um projeto visando incentivar a prática das atividades físicas junto à Escola Monsenhor Arnaldo Beltrami com o projeto atleta do futuro, beneficiando 241 alunos, isso com o apoio da Prefeitura Municipal de Apucarana. Com início em 2003, a ginástica laboral veio para orientar e ajudar na prevenção de doenças relacionadas ao trabalho (DORT) dos colaboradores. Anualmente faz a campanha de vacinação antigripe com o intuito de evitar a doença oferecida aos seus colaboradores, cooperados e seus dependentes. A Unimed Apucarana busca sempre praticar as ações condizentes com a política nacional de responsabilidade social, contribuindo para uma sociedade mais comprometida com o desenvolvimento sustentável, por isso, no ano de 2012, recebe a certificação do selo de responsabilidade social. Esse processo de avaliação se baseia na análise de temas como valores e transparência, público interno e externo, meio ambiente, comunidade, clientes, fornecedores, governo e sociedade. 6 RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS UNIMEDS O sistema Unimed tem um grande envolvimento com a responsabilidade social com o objetivo de fortalecer os princípios cooperativistas e incentivar as cooperativas a construir uma sociedade mais justa e sustentável, para esse fim a Unimed do Brasil, em 2001, lançou a política nacional de responsabilidade social. Foram realizadas diversas ações para estimular as Unimed a implantarem a prática da responsabilidade social na gestão de seu negócio, por meio de estratégias que privilegiam o diálogo com os diversos públicos de relacionamento do Sistema. As cooperativas médicas e empresas do complexo abraçaram esse movimento e reafirmam seus compromissos em realizar projetos reais e
7 7 duradouros, destinados a modificar a vida das pessoas e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, unindo cooperados, clientes e colaboradores, numa ação de cidadania reconhecida e aplaudida pela população. (BARROS, 2004, p.11) Para a implementação destas ações, a Política Nacional atua em três pilares: Orientação e Informação, Ferramentas e Práticas de Gestão. Esses pilares são acompanhados, ainda, por compromissos nacionais e internacionais assumidos ao longo dos anos, tais como o Pacto Global, o Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção e os Objetivos do Milênio, que pautam a tomada de decisões para a criação de novos programas e projetos de Responsabilidade Social. 7 BALANÇO SOCIAL O Balanço Social teve seu início na França com informações exclusivas dos recursos humanos. Essas informações eram de fundamental importância ao público interno, pois eles estariam sempre informados sobre as atividades sociais desenvolvidas em seu benefício. Em meados dos anos sessenta nos Estados Unidos e na Europa devido à guerra do Vietnã, a população teve rejeição à compra de produtos de empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigiu uma postura ética dessas empresas que passaram a prestar contas de seus projetos e ações de objetivos sociais, com a elaboração e divulgação de informações que resultou no que se chama hoje de Balanço Social. Na década de 70, começou a ser discutido, porém os primeiro Balanços Sociais surgiram mesmo nos anos 80. A partir década de 90 diferentes setores começaram elaborar e publicar seus Balanços Sociais anualmente. O Balanço Social encontrou defensores de expressão que incentivaram sua publicação, chamando a atenção da comunidade política e empresarial. O sociólogo Hebert de Souza (Betinho, ) talvez tenha sido o grande interlocutor e promotor dessa nova realidade, pois lutou de forma incansável para realizar um de seus sonhos: implantar um Balanço Social adequado à realidade brasileira, apoiando-se sempre no Instituto Brasileiro de Análise Sociais-Econômicas (IBSE). (KROETZ, p 59, 2000). No entanto, essa proposta ganhou amplitude em junho de 1997, quando foi lançada uma campanha pela divulgação voluntária do Balanço Social.
8 8 Balanço Social é o instrumento que possibilita à sociedade ter conhecimento dessas ações empresariais. Esse conhecimento se processa mediante a divulgação de um conjunto de informações relevantes, normalmente agrupadas em indicadores que evidenciem, dentre outros, os gastos e investimentos feitos em benefício dos empregados e em benefício da comunidade. (RCB, p. 63,64, Ano XXIX Nº ). A respeito da elaboração e publicação do Balanço Social, é importante saber que estas informações devem ser auditadas para que possam contribuir com maior confiabilidade no processo de administrar a melhoria exigida pela necessidade da responsabilidade social. "A Auditoria do Balanço social é uma função organizacional de estudo, revisão, avaliação e emissão de opinião quanto ao ciclo de gestão administrativa de caráter da célula social" (KROETZ, 2000, p. 90). Devido a sua característica, é um relatório de informações sociais que tem como propósito demonstrar tais informações utilizando o método das partidas dobradas. O Balanço Social teve sua origem não só para suprir a pressão social, mas também teve a intenção de fazer a entidade alcançar objetivos como o de ser um instrumento gerencial na identificação de problemas, oportunidades e, consequentemente, ferramenta de apoio para a administração. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo mostrou pontos sobre a importância da responsabilidade social, permitindo observar que é possível fazer com que as cooperativas tenham um papel de considerável importância junto à sociedade, isto por estarem ligadas à ajuda mútua e ao comprometimento de melhorar sua qualidade de atendimento às diversas áreas de atuação. Fez lembrar que a cooperação é a base de todas as atividades de características sociais, portanto, a Responsabilidade Social vai além do que as organizações econômicas fazem para a sociedade, é algo além das obrigações impostas pelo governo, ela representa um passo adiante, significa mais que o cumprimento dos compromissos contratuais com seus colaboradores, fornecedores, cooperados e clientes, representando o interesse da organização em preservar e aprimorar as diversas relações com os agentes que a cerca, com o intuito de tornar sustentáveis e duradouros tais vínculos. Dessa forma, a Responsabilidade Social é o caminho para a sustentabilidade, e as cooperativas trabalham em prol de projetos buscando os três eixos da sustentabilidade que são: proteção ambiental, equidade social e crescimento econômico, além de ser preceito de uma administração transparente que é norteada pela ética e valores.
9 9 REFERÊNCIAS BALDO, Roberta. A empresa cidadã frente ao Balanço Social, São Paulo: Atlas, BARROS, Celso Corrêa de. Relatório da Política Nacional de Responsabilidade Social do Sistema Unimed. Novembro, INSTITUTO ETHOS. Disponível em: < Acesso em: 20 ago KROETZ, C. E. S. Balanço Social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, RCB, Revista Brasileira de Contabilidade. Ano XXIX - Nº 122. Março/Abril de SARAIVA, Osmundo Pereira. Uma história de trabalho, dedicação e profissionalismo Revista Comemorativa dos 10 anos Unimed Apucarana.. Julho/1999. SANTOS, Elenice Roginski. Revista FAE Business, nº 9, setembro de TRESPACH, Tatiane de Oliveira. Relatório de Gestão e Sustentabilidade - Sustentabilidade, a força que nos move, 2012.
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