O Registrador Ideal e o Real

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Ângela Fonseca Candal
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1 O Registrador Ideal e o Real

2 Começo quebrando o protocolo, ao mencionar diretamente a Gisele, minha esposa, por meio da qual refiro também meus filhos Arthur e Guilherme, para declarar meu inefável apreço e render minha sempre insuficiente homenagem a eles, porque creio firmemente, senhoras e senhores, que a dignidade do notário e do registrador tem sua gênese no ser humano que ele revela ser quando está a sós com a família; a dignidade do notário e do registrador tem sua gênese no ser humano que ele revela ser quando está fraco e carente do auxílio do cônjuge; a digni, L,ade e honra mais proeminentes de qualquer profissional são as encontradas no aconchego do seu lar. Por certo, orgulho-me de ter vencido junto com todos os demais colegas vencedores esta carreira que nos estava proposta, porque atingimos uma marca ideal segundo o justo critério utilizado pela C. Comissão Examinadora do 9 Concurso Público de Provas e

$família; a dignidade do notário e do registrador tem sua gênese no ser humano que ele revela ser quando está fraco e carente do auxílio do cônjuge; a digni, L,ade e honra mais proeminentes de$

3 Títulos para Outorga de Delegações de Notas e de Registro do Estado de São Paulo, porém, por mais- prazer que esta marca e vitória nos concedam, até agora tratamos tão somente, repetindo, da marca ideal, mas será a partir de amanhã que calcaremos nossa marca real na vida real da sociedade que aguarda por nossas competências provadas ao extremo na teoria, porém, ainda intocadas na prática da nossa novel titulação. Até agora, nossos cartórios foram feitos de sonhos e imagens, mas a partir de amanhã veremos que palavras como registros, certidões, tutelas, casamentos, contratos, imóveis, partes, usuários, celetistas e estatutários são apenas meios de nos referirmos a pessoas que choram, sentem dor, têm necessidades, expectativas, esperanças, fé e amor. A partir de amanhã poderemos ver pessoas adentrarem o átrio do cartório sob o signo da habilitação do casamento, e saírem prenhes de esperanças de famílias; entrarem sob o signo do registro da escritura e saírem transpirando a fé de proprietário; entrarem cautelosos em nossas presenças sob o signo da incerteza do emprego e saírem conforme o humor do patrão que somos permitir que saiam.

4 Não saberei governar meu cartório, sem antes pensar em minha família, berço da minha primeira lei e espelho da minha primeira opinião corregedora. Da saúde do meu lar jorrarão a independência e a qualidade do caráter do registrador que almejo ser, não como uma função exercida, mas como estado de consciência de quem sou. Creio absolutamente que a garantia da soberania, da liberdade, da ordem, do progresso e da democracia da sociedade brasileira estão amparados em três pilares: no Poder Político, no Poder Judiciário? nos notários e registradores. Se parece ousada minha crença, submeto-me ao dever de explicá-la. Na minha crença, sem Poder Político legítimo não há esperança social adequada, e o povo se corrompe; sem Poder Judiciário eficaz, não há fé social coesa o bastante para evitar que o povo se corrompa; sem notários e registradores ;nteiramente íntegros e probos, as sustentações extrajudiciais da imparcialidade nas relações do homem moderno terão falecido, e a lei concedido lugar ao dinheiro. Tentarei ser mais claro. Na ausência de impávida segurança notaria! e de registros, posta a luz por notários e registradores incorruptíveis, a segurança das

Creio absolutamente que a garantia da soberania, da liberdade, da ordem, do progresso e da democracia da sociedade brasileira estão amparados em três pilares: no Poder Político, no Poder Judiciário?

5 famílias estará nas apólices de seguro dos grandes conglomerados finaweros. Se o Estado for insuficiente para garantir a paz, a guerra estará à venda. E aqui refirome ao vetusto Código Civil de Beviláqua, que em seu art. Art Rezava: O gestor responde pelo caso fortuito, quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesses deste por amor dos seus. A partir de amanhã estaremos gerindo vidas sob a delegação do Estado. Se o Estado nos delegou tal tarefa, é porque compreendeu que a operação era ariscada demais para ele realizar por s:, mas se a aceitamos é porque compreendemos que o êxito da empreitada está em não preterirmos interesses alheios por amor dos nossos. Um santo católico certa vez me disse que no amor ao dinheiro está a raiz de todos os males, e foi quando conclui que a incorruptibilidade do notário e dó registrador não está em que os tais fujam do mal, mas que fujam até da aparência do mal. Que a nenhum de nós falte a fé na palavra dada, falte a fé no Eterno, falte a fé no ser humano como veículo da

Rezava: O gestor responde pelo caso fortuito, quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesses deste por amor dos seus.

6 verdade; que a nenhum de nós falte a esperança de um futuro melhor, falte a esperança de crianças brincando, falte a esperança de idosos sorrindo, falte a esperança de mulheres dando à luz e a de homens plantando; que a nenhum de nós falte o amor, o amor à terra, o amor à vida, o amor às pessoas, porque o amor é o único antídoto eficaz contra o medo. E segundo reza lenda, notários e registradores são pessoas que naturalmente deliberaram e decidiram viver sem medo!

falte o amor, o amor à terra, o amor à vida, o amor às pessoas, porque o amor é o único antídoto eficaz contra o

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