PROPRIEDADES DAS SOLUÇÕES
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- Aníbal Araújo Angelim
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1 PROPRIEDADES DAS SOLUÇÕES M Filomena Botelho Objectivos Identificar e aplicar as propriedades das soluções Compreender a importância das propriedades coligativas Aplicar os conceito de pressão osmótica Identificar e descrever os métodos de medir a pressão osmótica Escolher o método de medir π de acordo com o tipo de solução Ser capaz de interpretar a imporância da pressão osmótica: Soro sanguíneo Plasma sanguíneo Ultrafiltração renal Equilíbrio de Starling 1
2 Propriedades das soluções As propriedades das soluções são muito importantes em Biologia -Aditivas - Constitutivas - Coligativas Propriedades Aditivas Estão relacionadas com a massa das soluções Propriedades Constitutivas Dependem da natureza do soluto Propriedades Coligativas Dependem da unicamente do número de partículas por unidade de volume, em solução, sendo pois independentes da natureza do soluto Propriedades Coligativas Dependem da unicamente do número de partículas por unidade de volume, em solução, sendo pois independentes da natureza do soluto 1 abaixamento relativo da tensão de vapor 2 abaixamento da temperatura de congelação (ponto crioscópico) 3 elevação da temperatura de ebulição (ponto ebulioscópico) 4 osmose 2
3 1 - Abaixamento relativo da tensão de vapor Para qualquer temperatura, a pressão do vapor do solvente em solução é menor do que a pressão do solvente puro (à mesma temperatura) Numa solução diluída o abaixamento relativo da pressão de vapor do solvente, em relação ao solvente puro, é igual à relação entre os números de moles do -do soluto -do solvente, ou proporcional à concentração molar da solução. 1ª Lei de Raoult - Tomonetria 1º Lei de Raoult Lei da Tomonetria P 0 -P P 0 = n n = K C s n número de moles da solução n numero de moles do solvente T constante P 0 pressão de vapor do solvente puro P pressão de vapor do solvente em solução C s concentração molar O abaixamento relativo da pressão de vapor da solução, em relação ao solvente puro, é proporcional à concentração molar da solução (solução diluída) Solvente = água 3
4 Solvente = água P = P(t) - para os diferentes estados P 2 líquido 1 Curva 1 - É a curva P(t) correspondente à passagem da água líquida a vapor de água líquida (vaporização) - Separa os valores de pressão e temperatura para os quais a água é líquida ou gasosa 0 sólido 3 M vapor t Curva 2 - É a curva P(t) correspondente à passagem da água sólida a água líquida (fusão do gelo) - Separa os valores de pressão e temperatura para os quais a água é solida ou líquida As curvas 1, 2 e 3 convergem no ponto M (ponto triplo) Curva 3 - É a curva P(t) correspondente à passagem da água sólida a vapor de água (sublimação do gelo) - Separa os valores de pressão e temperatura para os quais a água é solida ou vapor de água Solvente = água P = P(t) - para os diferentes estados P 0,006 atm sólido 3 2 M líquido vapor 1 ponto triplo Corresponde aos valores de pressão e temperatura para os quais existem em equilíbrio: - água sólida gelo - água líquida - vapor de água 0 0,01ºC t Corresponde ao par de valores de pressão e temperatura de 0,006 atm e de 0,01ºC 4
5 P P E P M P N 0 sólido N 3 M Se no solvente puro dissolvermos um soluto, obteremos uma solução. Observa-se então um: - abaixamento da pressão de vapor da água (em relação à pressão de vapor da água pura) líquido vapor θ t M 100 t 1 1 t Curva 1 - Traduz a variação da pressão de vapor da água com a temperatura, quando consideramos uma solução diluída, em que a água é o solvente Curva 2 e 3 - o mesmo que as 2 e 3 mas com uma solução em vez de solvente puro Ponto N (novo ponto triplo) corresponde aos valores de pressão e temperatura, para os quais, quando estamos em presença de uma solução diluída, coexistem simultaneamente e em equilíbrio os três estados da água: sólido, líquido e gasoso Esta temperatura é θº inferior a 0ºC 2 - Abaixamento da temperatura de congelação O valor de θ P É o abaixamento da temperatura de congelação, isto é, o abaixamento crioscópico da solução em relação ao solvente puro sólido 2 2 N 3 3 M líquido vapor 1 1 Se a solução for muito diluída, o ponto N é suficientemente próximo do ponto M, para se poder considerar o segmento MN como uma recta 0 θ t 5
6 P 2 líquido 1 1 P M P N sólido 2 N 3 3 M vapor Se o segmento MN for uma recta significa que P θ = constante 0 θ t Pela 1ª Lei de Raoult estabelece-se uma relação entre a: - variação relativa da pressão de vapor, e a - concentração molar para uma determinada temperatura 1ª Lei de Raoult P 0 -P P 0 = K C s Se a variação da pressão de vapor for considerada em relação à pressão do ponto M, vem: P = K C P s M Combinando estas equações, e como P = P M P N, vem: P = P M K C s e θ = Const P θ = K C s O abaixamento do ponto de congelação de uma solução, em relação ao ponto de congelação do solvente, é proporcional à concentração molar da solução 2ª Lei de Raoult - Crioscopia θ -depende da concentração molar natureza do solvente - não depende da natureza do soluto 6
7 3 Elevação da temperatura de ebulição Quando a pressão do vapor do solvente iguala a pressão atmosférica, é quando se atinge o: - ponto de ebulição P P E P M P N sólido 2 2 N 3 3 M líquido vapor 1 1 Para o caso do solvente puro (curva 1), a temperatura correspondente à pressão de vapor do solvente de 760 mmhg, isto é, a pressão atmosférica, é de: ºC 0 θ t M 100 t t Para o caso de uma solução diluída (curva 1 ), a temperatura para a qual a pressão de vapor do solvente é de 760 mmhg, é maior do que 100 ºC, isto é: -(100 + t) ºC P P E P M P N sólido 2 2 N 3 3 M líquido vapor 1 E R1 F Do mesmo modo que em relação ao ponto crioscópico, se o segmento FR for rectilíneo, vem P t = constante 0 θ t M 100 t t Usando outra vez a 1ª Lei de Raoult: P = K C, podemos obter a seguinte ralação: P s E t = K C s 3ª Lei de Raoult - Lei da ebulioscopia O aumento da temperatura de ebulição de uma solução é proporcional à concentração molar do solução 7
8 t = K C s 3ª Lei de Raoult - Lei da ebulioscopia A variação da temperatura ( t): - não depende da natureza do soluto -depende da concentração molar do soluto natureza do solvente 4 Osmose - propriedade coligativa Difusão de solvente através de membranas pela presença de moléculas em solução incapazes de atravessar a membrana - Supondo dois recipientes separados por uma membrana - Num dos recipientes existe uma solução diluída - No outro recipiente só há solvente puro - A membrana é semi-permeável: M - permeável ao solvente - impermeável ao soluto I II solução só solvente puro 8
9 Passado algum tempo, a água desceu no recipiente II (só solvente puro) e subiu no recipiente I (solução) M I II O nível atingido no recipiente I, é tanto maior quanto mais concentrada for a solução inicial h Para definirmos pressão osmótica, vamos pensar no caso anterior: é a pressão que se tem que exercer sobre uma solução em contacto com solvente puro, através de uma membrana semi-permeável, de modo a impedir a osmose É a força de pressão que é necessária para equilibrar a resultante das forças de difusão do solvente através da membrana Dimensões dine/cm 2 Objectivos Identificar e aplicar as propriedades das soluções Compreender a importância das propriedades coligativas Aplicar os conceito de pressão osmótica 9
10 PRESSÃO OSMÓTICA M Filomena Botelho Medição da pressão osmótica Três métodos para medir a pressão osmótica 1. Osmometria 2. Crioscopia 3. Tonometria 10
11 1 - Osmometria Método que usa um osmómetro, onde uma membrana semipermeável: - mede-se a altura que a solução atinge no tubo capilar Este método só mede a: - pressão osmótica produzida pelas partículas para as quais a membrana é impermeável. Esta característica, torna a pressão osmótica sem valor absoluto, uma vez que o seu valor fica a depender fundamentalmente - propriedades da membrana - características do soluto Como geralmente não se conseguem arranjar membranas semipermeáveis a: - pequenos iões - moléculas de pequenas dimensões Este método é inadequado para avaliar a pressão osmótica de soluções micromoleculares. A osmometria é um método importante para a medição da pressão osmótica de soluções de macromoléculas, para as quais é relativamente fácil arranjar membranas impermeáveis. 11
12 2 - Crioscopia A aplicação da 2ª lei de Raoult, está na base deste método: a temperatura de congelação de uma solução é mais baixa do que a do solvente puro (abaixamento do ponto crioscópico) Abaixamento crioscópico θ = K Cs Pressão osmótica π = RT Cs Relacionando as duas equações com eliminação de Cs, vem: π = RT θ K π = RT K θ R = 8,314 x 10 7 erg ºK -1 mol -1 K (solvente água) = 1,87 x 10 3 ºK mol -1 cm 3 π = 8,314 x ,87 x 10 3 T θ π = 4,44 x 10 4 T θ dines/cm 2 1 atm = 1,012 x 10 6 dines/cm 2 π = 0,044 T θ atm Baseando-se no facto de que a temperatura de congelação de uma solução é mais baixa do que a temperatura de congelação do solvente puro 12
13 O equilíbrio água-gelo à temperatura de 0ºC, é um: equilíbrio dinâmico compensando os caudais moleculares que se estabelecem nos dois sentidos: água em direcção ao gelo gelo em direcção à água líquida Quando a água líquida contém um soluto, o: - caudal água-gelo - diminui, rompendo-se o equilíbrio e aumentando o caudal de solvente através da interface gelo-água líquida. O gelo funde O equilíbrio só é recuperado se diminuirmos a temperatura A temperatura de fusão é mais baixa para uma solução do que para o solvente puro Os valores da pressão que se obtêm com a crioscopia referem-se à: totalidade das partículas em solução. Geralmente este método não é aplicável a macromoléculas, pois para se obter um abaixamneto crioscópico mensurável, é necessário que a concentração seja elevada: θ = K C M C = concentração ponderal Como para as macromoléculas M é também elevada, fica que só para grandes concentrações é que θ émensurável. 13
14 Exemplo Para se ter um abaixamento de 0,1ºK no ponto de congelação, a concentração molar será de: θ = K Cs K (água) = 1,87 x 10 3 ºK mol -1 cm 3 0,1 Cs = = 5,3 x 10-5 mol/cm 1,87 x Para uma proteína, com um peso molecular de Dalton, a concentração molar será de: Cs = 5,3 g/cm 3 Muito longe de uma solução diluída Os valores da pressão que se obtêm com a crioscopia referem-se à: totalidade das partículas em solução. Geralmente este método não é aplicável a macromoléculas, pois para se obter um abaixamneto crioscópico mensurável, é necessário que a concentração seja elevada: θ = K C M C = concentração ponderal Como para as macromoléculas M é também elevada, fica que só para grandes concentrações é que θ émensurável. Porém para as micromoléculas, a crioscopia é um método muito útil A osmometria e a crioscopia são métodos complementares de medição da pressão osmótica 14
15 3 - Tonometria Usa a determinação do: abaixamento da tensão de vapor de um solvente em solução relativamente à tensão de vapor do solvente puro Permite medir a pressão osmótica, qualquer que seja a temperatura Apresenta dificuldades, mas permite por vezes medições em fases biológicas (37ºC) Aplicações Pressão oncótica - pressão osmótica devida exclusivamente às proteínas plasmáticas O abaixamento crioscópico do soro humano é: θ = 0,56 ºK Pela 2ª Lei de Raoult: θ = K Cs Como π = RT Cs, vem: π = RT K θ π = 8,314 x ,87 x 10 3 T θ K (água) = 1,87 x 10 3 ºK mol -1 cm 3 R = 8,314 J ºK mol -1 ºK -1 π = 4,44 x 10 4 T θ dine/cm 2 15
16 O abaixamento crioscópico do soro humano é: θ = 0,56 ºK Pela 2ª Lei de Raoult: θ = K Cs Como π = RT Cs, vem: π = RT K θ π = 8,314 x ,87 x 10 3 T θ K (água) = 1,87 x 10 3 ºK mol -1 cm 3 R = 8,314 J ºK mol -1 ºK -1 π = 4,44 x 10 4 T θ dine/cm 2 A pressão osmótica do soro, para a temperatura de 37ºC, é: T = = 310 ºK π = 4,44 x 10 4 x 310 x 0,56 1,012 x 10 6 = 7,6 atm A concentração de proteínas no plasma é = 70 g/l A massa molecular média das proteínas do plasma ± A pressão osmótica do plasma é então: n C π onc = RT = RT V M 70 g/l = 70 x 10-3 g/ml R = 8,314 J ºK mol -1 ºK x 10 π onc = -3 x 8,314 x 10 7 x 310 = 2,6 x 10 4 dine/cm π onc = 0,026 atm pressão oncótica do plasma = 0,026 atm Como a pressão osmótica do soro = 7,6 atm π onc 0,026 = = 0,0033 7,6 π soro 0,33 % A pressão oncótica é 0,33% da pressão osmótica total do soro 16
17 Aplicações Osmolaridade Vamos supor uma solução onde existem: - n moles de soluto Resultando: - n A - partículas em solução ( A número de Avogadro) Se: 1 osmole - corresponde ao número de Avogadro de partículas em solução, independentemente da sua espécie Podemos então dizer, que para a solução acima, a sua osmolaridade é N (a pressão osmótica só depende do número de partículas em solução e não da sua natureza) No caso de iões: N = n (1 α) + n δα α grau de ionização δ nº de iões/moléculas dissociadas A partir do abaixamento crioscópico é pois possível calcular a osmolaridade do soro: θ 0,56 Cs = = = 0,298 osmol/litro K 1,87 17
18 Aplicações Qual a concentração de uma solução de NaCl com a mesma osmolaridade? NaCl - massa molecular = 58,5 α 1 δ 2 Número de iões = 2 = N 58,5 g contêm em solução 2 x 6,023 x partículas (correspondem a 2 osmoles) A concentração ponderal é: θ 0,56 Cs = = = 0,298 osmol/l K 1,87 58,5 2 X 0,298 = 9,75 g/l Concentração do soro fisiológico Teoricamente Duas soluções com a mesma osmolaridade, produzem a mesma pressão osmótica: são duas soluções isotónicas Na prática Quando duas soluções estão separadas por uma membrana, elas só apresentam a mesma pressão osmótica aparente se a membrana for perfeitamente semi-permeável para os dois solutos Se a membrana tiver permeabilidade selectiva para alguns iões, duas soluções com igual osmolaridade, podem apresentar pressões osmóticas diferentes 18
19 As características das membranas semi-permeáveis usadas, podem originar diferentes medições da pressão osmótica, para a mesma solução Assim: usando membranas semi-permeáveis reais (não absolutamente impermeáveis às moléculas de quaisquer solutos em solução) as pressões osmóticas aparentes obtidas pela: osmometria - mais baixa são diferentes das obtidas pela crioscopia Nestas circunstâncias, o solvente é considerado como sendo constituído pela: água partículas para as quais a membrana é permeável Usando uma membrana que deixe passar algumas moléculas do soluto (as mais pequenas) é como se a: - osmolaridade da solução diminuísse A pressão osmótica efectiva é a pressão osmótica obtida pelo método da osmometria A pressão oncótica dos líquidos biológicos equivale quase sempre à pressão osmótica efectiva 19
20 Soluções hipotónicas Uma solução é hipotónica em relação a outra, separada dela por uma membrana semi-permeável, quando: perde solvente Esta perda de solvente ocorre, porque a solução que perde solvente, tem menor pressão osmótica efectiva Soluções hipertónicas Uma solução é hipertónica em relação a outra, separada dela por uma membrana semi-permeável, quando: ganha solvente No caso anterior, a solução que ganha o solvente, é hipertónica. Soluções isotónicas Quando não existe transporte de solvente entre duas soluções separadas por uma membrana semi-permeável, elas são: isotónicas Glóbulos vermelhos colocados numa solução hipertónica diminuem o seu volume - ocorre plasmólise Glóbulos vermelhos colocados numa solução hipotónica aumentam o seu volume - ocorre hemólise 20
21 Resistência globular A maior parte das membranas biológicas, são permeáveis aos pequenos iões: ex. Membranas capilares sanguíneos Uma excepção importante, é a: Membranas plasmática dos glóbulos vermelhos a qual não é permeável as iões de NaCl a 0,15 M, o que corresponde solução de cloreto de sódio a 9 g/l (0,9 g%) isotónica com a plasma soro fisiológico Deste modo: os glóbulos vermelhos colocados numa solução destas, não variam o seu volume. Alterações da resistência globular Estes conhecimentos são importantes para o estudo da resistência da membrana dos glóbulos vermelhos, pois há situações patológicas onde ela se encontra reduzida Os glóbulos vermelhos normais, só: - começam a sofrer hemólise, para soluções de cloreto de sódio com concentrações entre 0,4 e 0,48 g% (0,07 a 0,08 M) - sofrem hemólise total, para soluções de cloreto de sódio com concentrações 0,3 g% Em situações patológicas: - a hemólise inicia-se para soluções de cloreto de sódio com concentrações da ordem dos 0,6-0,7 g% 21
22 Objectivos Identificar e aplicar as propriedades das soluções Compreender a importância das propriedades coligativas Aplicar os conceito de pressão osmótica Identificar e descrever os métodos de medir a pressão osmótica Escolher o método de medir π de acordo com o tipo de solução ULTRAFILTRAÇÃO M Filomena Botelho 22
23 Ultrafiltração renal A ultrafiltração renal, é uma situação muito importante, dependente dos movimentos do solvente Processo de filtração glomerular no rim, com formação da urina primitiva Vamos ver esquematicamente o que sucede: Membrana semipermeável real P 2 Solvente puro Solução P > π P 1 Jw = Lp ( P σ π) P = P 1 P 2 Membrana semipermeável real P 2 Solvente puro Solução P > π P 1 Jw = Lp ( P - σ π) P = P 1 P 2 A pressão hidrostática P ( P) ésuperior àpressão osmótica efectiva (π), donde resulta uma: corrente de solvente da solução para o solvente puro ultrafiltração ultrafiltração Nesta situação, a pressão hidrostática: anula a osmose Forças de difusão a actuar sobre as moléculas do solvente fornece uma força de pressão adicional que faz deslocar o solvente para o lado do solvente puro, através da membrana 23
24 Filtração glomerular renal No caso da filtração glomerular renal: a nível da componente sanguínea a pressão hidrostática do sangue nos capilares glomerulares (resultante da acção mecânica do coração) é superior à pressão oncótica do sangue a nível da parede dos capilares glomerulares há uma corrente de solvente (solvente mais pequenas moléculas e iões) que vai dos capilares para o espaço glomerular (solução - solvente ) Esta corrente de solvente, corresponde à formação de: - urina primitiva O trabalho dispendido na ultrafiltração glomerular é fornecido pelo coração: Forças de pressão (P) Se o coração não conseguir gerar esta pressão (caso de algumas situações de insuficiência cardíaca) no glomérulo, P pode não conseguir ultrapassar π deixando de se poder realizar a ultrafiltração glomerular anúria 24
25 Trabalho osmótico Solução I Solvente puro II Êmbolo x a x 0 x 0 + x x m Membrana semi-permeável tem área A Funciona como êmbolo Lado I contém solução de macromoléculas com concentração C -(moles/cm 3 ) Lado II contém solvente puro Êmbolo E fixo Solução I Solvente puro II Êmbolo x a x 0 x 0 + x x m Membrana semi-permeável área A Funciona como êmbolo Lado I solução de macromoléculas Lado II solvente puro Êmbolo E fixo A temperatura constante, e em condições reversíveis: o trabalho das forças de difusão para deslocar a membrana de x 0 para x 0 + x, é: W = π. A. x (trabalho elementar) (Após este trabalho π diminui, pois a concentração da solução diminui, isto é, a pressão osmótica π éfunção de x) 25
26 Solução I Solvente puro II Êmbolo x a x 0 x 0 + x x m Membrana semi-permeável área A Funciona como êmbolo Lado I solução de macromoléculas Lado II solvente puro Êmbolo E fixo o trabalho das forças de difusão para deslocar o êmbolo de x 0 para x m, é: W = W = π. A. x x 0, x m Como: A. x = V (volume do cilindro de área A e comprimento de x a x 0 + x) vem: W = π. V Mas tendo em atenção que o número de moles de soluto que existe no compartimento I, para as diversas posições do êmbolo (membrana), pode ser escrito: n = C 0. A. x 0 Para a posição x 0 n = C 1. A. x 1 Para a posição x 1 n = C 2. A. x 2 Para a posição x 2 Se n = 1, vem: C 0. A = x0 1 C 1. A = x1 1 C 2. A = x2 1 Generalizando: C. A = x 1 26
27 Voltando à equação do trabalho das forças de difusão para o deslocamento do êmbolo de x 0 a x m : W = π. A. x No limite, quando dx 0, o somatório transforma-se no integral definido: x m W = π. A. dx x 0 Como: π = C R T C = concentração molar Vem: x m W = C. R. T. A. dx x 0 x m W = R T C. A. dx x 0 x m W = R T C. A. dx x 0 Mas já vimos que: C. A = x 1 Então: x m W = R T 1 x x 0 dx W = R T ln x m x0 27
28 Mas: W = R T ln x m x0 W = π. A. x π 1 = C 1 RT π 2 = C 2 RT π 1 C 1 π = 2 C 2 Contudo, sabemos também que: π 1 C 1 π = 2 C 2 1 Uma vez que C A = x Sendo assim: C 0 W = R T ln Cm C 0 W = R T ln Cm W = R T ln π 0 πm Trabalho realizado pelas forças de pressão osmótica para diluir a solução desde a concentração C 0 a C m π 0 pressão osmótica da solução para a posição x 0 π m pressão osmótica da solução para a posição x m C 0 concentração do soluto para a posição x 0 C m concentração do soluto para a posição x m 28
29 Voltando ao esquema anterior: Solução I C Solvente puro II Êmbolo E x A x 0 x m Se no êmbolo E actuar uma força de pressão hidrostática P, de tal maneira que se ultrapasse a pressão osmótica da solução π: - a membrana (que se comporta como um êmbolo) desloca-se para uma posição à esquerda do x 0. Quando este deslocamento ocorre, a pressão hidrostática da solução fica maior do que a pressão osmótica. Nesta situação vai haver um: - deslocamento de solvente do lado da solução para o lado do solvente (a solução tende a concentrar). ULTRAFILTRAÇÃO Voltando ao esquema anterior: Solução I C Solvente puro II Êmbolo E x A x 0 x m Se a membrana se deslocar para x, podemos A dizer que a concentração da solução é C A. Neste caso, o trabalho efectivo pela força de pressão hidrostática P, em condições de reversibilidade, é de: W = R T ln W = R T ln π A π0 C A C0 Trabalho realizado contra as forças de pressão osmótica 29
30 Trabalho do Rim Poderia por-se então uma pergunta: qual o trabalho renal na excreção de 1 osmole? Abaixamento crioscópico do soro: - θ = 0,56 ºC 0,298 osmoles/l Abaixamento crioscópico da urina: - θ = 3,5 ºC 1,8 osmoles/l Isto significa que o rim produz trabalho para aumentar o osmolaridade. Então: W = R T ln C u C s = R T ln π u π s W = R T ln C u C s = R T ln π u π s Como: θ = K Cs Vem que: θ W = R T ln u θs W = 8,314 x 310 x ln 6 W = 2600 x ln J/osmole Este trabalho, contudo, não é realizado reversivelmente, pois, o rim dispende energia noutro tipo de processos 30
31 Por dia: O rim elimina cerca de 1,5 l de urina, o que corresponde a 2,7 osmoles. Sendo assim: o trabalho total renal é: W = J/dia (Se for realizado reversivelmente) Na realidade é maior Fenómeno de Starling M Filomena Botelho 31
32 Fenómeno de Starling Capilares arteriais Espaço extravascular Capilares venosos J wa J wv P A = 48 cmh 2 O π A = 42 cm H 2 O J wa P = 4 cmh 2 O π = 6 cm H 2 O J wv P V = 21 cmh 2 O π V = 42 cm H 2 O P A π A P π P V π V - Pressão hidrostática nos capilares arteriais - Pressão osmótica nos capilares arteriais - Pressão hidrostática no espaço extravascular - Pressão osmótica no espaço extravascular - Pressão hidrostática nos capilares venosos - Pressão osmótica nos capilares venosos Aplicando a expressão da densidade de corrente de água a cada tipo capilar, e considerando as diferenças de pressões entre o interior e o exterior dos vasos, vem: Parte arterial J wa = Lp ( P π) = Lp [(P A P) (π A π)] = Lp ( ) = Lp 8 J wa > 0 Na porção arterial dos capilares: J wa tem sinal positivo, o que significa que o solvente sai do interior para o exterior do vaso capilar (para o espaço extracelular) 32
33 Parte venosa J wv = Lp ( P π) = Lp [(P V P) (π V π)] = Lp ( ) = - Lp 19 J wv < 0 Na porção venosa dos capilares: J wv tem sinal negativo, pelo o que o solvente passa do espaço extracelular para o interior do capilar venoso É a esta entrada de solvente para os capilares venosos que constitui o: Fenómeno de Starling Qualquer alteração deste mecanismo, pode provocar a acumulação de fluidos no espaço extravascular, provocando os: edemas Causas para o aparecimento de edemas: 1. Diminuição da concentração de proteínas na plasma π A JwA - aumenta - diminui J wv Situações de nefroses 2. Aumento da pressão hidrostática venosa P V Insuficiência cardíaca 33
34 Membranas Biológicas As membranas biológicas são: - modelos de permeabilidade - outras funções Constituição da membrana biológica: Porção lipídica barreira à permeabilidade de moléculas e iões hidrossolúveis Porção proteica (proteínas intercaladas) formas de: transporte diferentes (transporte facilitado, transporte activo) transferência de energia transferência de carga eléctrica Outras funções: Dependentes de componentes funcionais próprios - bombas iónicas - canais de transporte - receptores membranares Objectivos Identificar e aplicar as propriedades das soluções Compreender a importância das propriedades coligativas Aplicar os conceito de pressão osmótica Identificar e descrever os métodos de medir a pressão osmótica Escolher o método de medir π de acordo com o tipo de solução Ser capaz de interpretar a imporância da pressão osmótica: Soro sanguíneo Plasma sanguíneo Ultrafiltração renal Equilíbrio de Starling 34
35 Leitura adicional Biofísica Médica. JJ Pedroso de Lima Capítulo I Pag. 45 a 51 Pag. 53 a 63 35
ULTRAFILTRAÇÃO. M Filomena Botelho
ULTRAFILTRAÇÃO M Filomena Botelho Ultrafiltração renal A ultrafiltração renal, é uma situação muito importante, dependente dos movimentos do solvente Processo de filtração glomerular no rim, com formação
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